

Paulo Jorge
A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.
1970-07-17 Lisboa
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Contemplando
No cimo dum cume contemplo,
A paisagem enche-me a alma,
O Sol beija o granito do templo,
O vento acorda a seara calma,
Inspiro profundamente a brisa pura,
Deleito-me com os odores doces no ar,
Confundo-me com o Todo que perdura,
A água dos ribeiros anseia pelo mar.
As nuvens esbatem-se nas colinas,
Como um teatro velho de sombras,
As personagens são tão antigas,
Repara bem Deus não te lembras.
Começa a chover cada vez mais,
Os pardais albergam-se onde podem,
As crias desaparecem nos matagais,
Nos rios correntes de água sobem.
O vento esmorece e a noite cai,
A tempestade já lá vai e o sono vem,
A Lua calma resplandecente sai,
E embala-me ao relento num vai vem.
Lx, 25-10-1999
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