Persona
Por achar que existe uma multidão em nós,
fico comigo a sós,
e essa multidão invade minha solidão.
Para não me sentir, totalmente, solitário,
encontro vários de mim,
e comigo estou eu: que sou meu maior adversário. Vejo vários assim,
com o mesmo perfil,
que são frutos mil,
que são meus próprios frutos.
Quando, simplesmente, me despacho,
num outro me acho.
Procuro um substituto
que fará parte de mim no futuro.
Mas, de todos que sou,
vejo que junto,
também, estou fazendo parte desse mesmo produto.
De todos, no fundo,
sou eu, somente, todo assunto,
sou eu, somente, todo mundo;
ou, mesmo, um indigente
no meio de tanta gente; enfim, absoluto.
Mesmo eu sendo um,
num todo, existe, ainda, algum.
Sem todos, sinto um Deus que se torna ateu;
de todos, dá nenhum,
pois de todos, sou mais eu.
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