Amor e Ódio


 Achando-se sabedor
De muito bom humor
Um ser admoestador
Assim clamava o amor:

Eis a condescendência
A tão grande simpleza
Eis a mãe da prudência
O senhorio da afouteza

Vendo o lindo episódio
Tornou-se furibundo
Exasperado e iracundo
Logo, proferiu o Ódio:

Enxerga-te! Ridiculez!
Não viva nesta agnosia
Liberta-te da teimosia
Repara a tua vaziez

E, com seu primor
Respondeu o Amor:

Então, diz-me quem es
Bem sei que não sabes
Eis o conhecimento à rés
Para que não te aldrabes

Es a extrema penúria
Opróbio para a natureza
A disnorme absurdeza
Desde a primeira sentúria

O Ódio ouvindo, gracejou
Pois, conjeturava deboche
Projetava extinguir, forcejou
Designando-o por fantoche

Nada es sem mim
Não passas de pilhérias
Meu pobre culumim
Anda, deixa-se de lérias

Sou eu a força melânia
Do mal afrouxando a luz
Olhe a vecalharia de truz
Sensatez que traz insânia

Eis o fidalgo da brejeirice
De um mundo amoral
Ascendência da chocarrice
Eis a degeneração moral

Amor ouvindo aquilo
Sentiu-se destroçado
Restitui-se tranquilo
Ordenando o seu recado:

Sem receio te digo
Para ti meu amigo

Já desde tenra idade
Está o Amor ao pódio
Como amigo da verdade
Digo eu, não existe ódio

— Não existe ódio, existem pessoas que amam fazer o mal.
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