Cruz e Sousa

Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro. Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil.

1861-11-24 Desterro, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
1898-03-19 Sítio, Brasil
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Prémios e Movimentos

Simbolismo

Alguns Poemas

MISSAL (trecho- ORAÇÃO DO MAR)

                                                               ORAÇÃO DO MAR


Ó Mar! Estranho Leviatã verde! Formidável pássaro selvagem, que levas nas tuas asas imensas, através do mundo, turbilhões de pérolas e turbilhões de músicas! Órgão maravilhoso de todos os nostalgismos, de todas as plangências e dolências...
Mar! Mar azul! Mar de ouro! Mar glacial!
Mar das luas trágicas e das luas serenas, meigas, como castas adolescentes!
Mar dos sóis purpurais, sangrentos, dos nababescos ocasos rubros! No teu seio virgem, de onde derivam as correntes cristalinas da Originalidade, de onde procedem os rios largos e claros do supremo vigor, eu quero guardar, vivos, palpitantes, estes Pensamentos, como tu guardas os corais e as algas.   

Nessa frescura iodada, nesse acre e ácido salitre vivificante, Eles seperpetuarão, sem mácula, à saúde das tuas águas mucilaginosas onde geram-se prodígios como de uma luz imortal fecundadora.
Nos mistérios verdes das tuas ondas, dentre os profundos e amargos Salmos luteranos que elas cantam eternamente, estes Pensamentos acerbos viverão para sempre, à augusta solenidade dos astros resplandecentes e mudos.
Rogo-te, ó Mar suntuoso e supremo! Para que conserves no íntimo da tu'alma heróica e ateniense toda esta dolorosa Via-Láctea de sensações e idéias, emoções e formas evangélicas, religiosas, estas rosas exóticas, de aromas tristes, colhidas com enternecido afeto nas infinitas aléias do Ideal, para perfumar e florir, num Abril e Maio perpétuos, as aras imaculadas da Arte.
Em nenhuma outra região, Mar triunfal! ficarão estes Pensamentos melhor guardados do que no fundo das tuas vagas cheias de primorosas relíquias de corações gelados, de noivas pulcras, angélicas, mortas no derradeiro espasmo frio das paixões enervantes...
Lá, nessas ignotas e argentadas areias, estas páginas se eternizarão, sempre puras, sempre brancas, sempre inacessíveis a mãos brutais e poluídas, que as manchem, os olhos sem entendimento, indiferentes e desdenhosos, que as vejam, a espíritos sem harmonia e claridade, que as leiam...
Pelas tuas alegrias radiantes e garças; pelas alacridades salgadas, picantes,  primaveris e elétricas que os matinais esplendores derramam, alastram sobre o teu dorso, em pompas; pelas convulsas e mefistofélicas orquestrações das borrascas; pelo epilético chicotear, pelas vergastantes nevroses dos ventos colossais que te revolvem; pelas nostálgicas sinfonias que violinam e choram nas harpas da cordoalha dos Navios, Ó Mar! guarda nos recônditos Sacrários d'esmeralda as Idéias que este Missal encerra, dá-o, pelas noites, a ler às meditadoras Estrelas, à emoção dos Ângelus espiritualizados e, majestosamente, envolve-o, deixa que Ele repouse, calmo, sereno, por entre as raras púrpuras olímpicas dos teus ocasos...


Publicado em Missal (Fevereiro de 1893)
 

Cruz e Sousa (Desterro [Florianópolis] SC 1861 - Sítio MG 1898) era filho de escravos alforriados e foi criado pelo Marechal-de-Campo Guilherme Xavier de Sousa, que cedeu-lhe o sobrenome e tutelou sua educação até a adolescência. Em 1881, o poeta fundou o Colombo, periódico crítico e literário, em Florianópolis. Nos anos seguintes, foi colaborador do jornal Tribuna Popular (republicano e abolicionista) e redator do jornal O Moleque. Publicou, em co-autoria com Virgílio Várzea, o livro Tropos e Fantasias. Em 1890 formou, no Rio de Janeiro, o primeiro grupo simbolista brasileiro, com B. Lopes e Oscar Rosas. Trabalhou como redator do jornal Cidade do Rio e colaborou nos periódicos Folha Popular, Novidades e Revista Ilustrada. Seu livro Missal e Broquéis, marco inicial do movimento simbolista no Brasil, saiu em 1893. Seguiram-se Evocações (1898) e os póstumos Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). Sua Obra Completa foi publicada em 1961. Cruz e Souza é considerado verdadeiro fundador e principal nome da poesia simbolista no Brasil. Para Manuel Bandeira, “dos sofrimentos físicos e morais de sua vida, do seu penoso esforço de ascensão na escala social, do seu sonho místico de uma arte que seria uma 'eucarística espiritualização', do fundo indômito do seu ser de 'Emparedado' dentro da raça desprezada, tirou Cruz e Sousa os acentos patéticos que lhe garantem a perpetuidade de sua obra na literatura brasileira”.
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Para quem n entendeu, ele ta falando de, atenção - tire as crianças da sala - sexo.
16/abril/2024
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Meu poeta preferido. A musicalidade e o ambiente de sonhos de seus versos me fascinam e inspiram.
15/setembro/2021
eu
help nao entendi nada
05/abril/2021
G. Dias
Nossa, muito bom, adorei.. NOTA 2
17/novembro/2020
Maria:)
Que pena que ele morreu era muito bom em poesia
12/agosto/2020
kauan
Vim apenas estudar e acabei gostando muito..
19/maio/2020
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leyawalken
Perfeiçao!!!
15/maio/2020
niro
cala a boca cuié vai lavar a louça
28/junho/2023
Gumma
Olá amigos! Estou musicando alguns poemas do Cruz e Sousa. Para aqueles que dele gostam segue o link https://soundcloud.com/gumma87/sets/sounds-of-cruz-e-sousa
06/abril/2020
alguem
clbc mano
06/março/2020
biridin
very gu naici beibi..entendi nada tbm :)
06/março/2020
poenirbix
uauu muito legal, nao entendi nada
02/dezembro/2019

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