Mário-Henrique Leiria

Mário-Henrique Leiria

Mário Henrique Batista Leiria, escritor surrealista português. Foi aluno na Escola Superior de Belas Artes, de onde foi expulso em 1942 por motivos políticos. Participou nas actividades do Grupo Surrealista de Lisboa, entre 1949 e 1951 e em 1962.

1923-01-02 Lisboa
1980-01-09 Cascais
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Alguns Poemas

CANÇÃO DA MANHÃ

como os estranhos pássaros nascidos em tua boca
como os rios que te correm entre os olhos
como   as   esmeraldas   que   formam   as   asas   dos   teus ombros
como os longos ramos da árvore de sono do teu braço
como o grande espaço em que o teu corpo repousa
deitado na tua própria mão
como a tua sombra idêntica à nuvem
que se encontra no mar

assim é a presença que de ti tenho
nas noites em que o fogo se acende
nas montanhas longínquas e fulgurantes
quando os meus passos me projetam
para os mais elevados cumes solitários
quando o sangue canta
através do aço vibrante do meu corpo
levando-me ao longo do caminho de flores rubras
que tu plantaste

assim é o desejo de te encontrar
nascida nas minhas mãos
erguida como torre de catedral perdida
envolta na minha boca
caminhando comigo
pela estrada que nossos pés abrirão triunfantes

Deixa que eu quebre tudo que tenho e que terei
tudo o que é de todos e que só a mim pertence
deixa-me quebrar o cavalo que me deste
na noite do nosso primeiro encontro
deixa-me partir a bola o cão o espaço
deixa-me quebrar a minha casa e a minha cama
a minha única cama. . .
não o,uero que me contem a aventura
nem que me dêem almofadas
não quero que me ofereçam sombras
só por mim construídas e logo abandonadas
nem sequer esquinas de ruas
não quero a vida
sei claramente que a não quero
a não ser que ela esteja partida quebrada
quebrada por mim e por ti

e a minha infância
essa dou-ta
inteira muito longa e cruel
deixa que dela me fique apenas
essa crueldade
e que nela só eu siga
ignorando o que me deste
e que
martelo ou pedra
eu continue partindo quebrando
esfacelando dilacerando
o teu corpo que já não está ao meu alcance
deixa-me ser anatomicamente autêntico
sem êrro
sangrando
perdido para sempre
Poeta português, nascido em Cascais. Esteve ligado ao surrealismo e foi membro do Grupo Surrealista Dissidente. A sua obra, composta maioritariamente por poemas e breves textos narrativos, encontrou-se até aos anos 70 dispersa por jornais e revistas. Só a partir dessa altura começou a publicar livros, basicamente constituídos por poemas e pequenos textos sobre casos insólitos. A sua poesia, fortemente influenciada pelo surrealismo, incide sobre imagens invulgares, muitas das vezes associadas à mulher, que o autor compara aos mais diferentes objectos ou seres. A antropofagia, tema típico do surrealismo, está também presente nalguns dos seus textos. Nas suas obras Contos do Gin-Tonic (1973), Novos Contos do Gin (1974) e Casos do Direito Galáctico, Seguido de o Mundo Inquietante de Josela (1975), assistimos a breves narrativas, quase sempre pontuadas pelo humor negro, pelo nonsense e pelo estranho (presença de seres extra-terrestres ou animais protagonistas de cenas bizarras). O seu último livro de ficção publicado em vida intitulou-se Lisboa ao Voo do Pássaro (1979). Postumamente, foi também publicado um conjunto de textos, intitulado Depoimentos Escritos (1997
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