Jorge Santos (namastibet)

Jorge Santos (namastibet)

Que fazer, se assombro tudo que faço de medo e a fracasso ...

1961-07-03 Setúbal
196368
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Alguns Poemas

S'isto que tenho dito, fosse verdade ao menos ...



S'isto que tenho dito, ao menos fosse verdade,

S'isto que tenho dito ao menos fosse verdade, pois "de-verdade" nem eu sou, de cortiça antes, de prego e ferro, fezes de cavalo são meras frases, ditas por mim "Icónicas", mestiças como todas a partes abaixo da linha de cintura minha o são, chamo-lhe uma corrente de ar ou corda, cabresto, mas simplesmente sou eu o "não" o anão espalhando-se pelo chão, descrente de pensamentos e expressões; não me fluem com o o equilíbrio e inteligência que usava, como o galo do quintal do vizinho para me anunciar num simples poleiro empoleirado a verdade e toda a verdade sobre a existência dele próprio quando cantava de galo antes de morrer na panela.

Se fosse de verdade ao menos e o quintal noutro mundo, eu deixava acender o restolho e aí as ideias copulavam, mas fui varrido pelo desencanto, folha morta no furgão do lixo.

S'isso ao menos fosse verdade, pois se tudo quanto sei e dou me voltou em dobro, era cuspo e culpa por não ter dito, eu que pensava ter da vastidão exéquias, recebo feijões anémicos, cicuta e terr'inculta.

S'isto fosse um elo real ferro podre ou ralo de esgoto, eu desfilaria através dele até ao escroto de um deus minúsculo que fed,e porque ele o criou assim, como me fez criado sorridente, escravo de uma necessidade com grades que me segura prende, fede e arde...

Há o Homem que pensa que eu sou esse entre eles, não sou!
Não há meio de pensar que serei o Homem que o pensar soube ser, se Rei ou senhor do mundo, não servente mas hei...de ser sempre e pra sempre, delito em gente,prezo tudo quanto sinto e diferente desse outr'homem que'bem sei não ser, sou o genoma do futuro, o cabo do mundo, a verdade não existe, nem se comprova, não me comprovo eu.

A varanda é de grades. os antípodas e o horizonte tão curto, quanto eu para entender as luzes, serem eternos sinais com o instinto preso neste quintal suspenso, malditas frases espetadas nestas grades...

Houve um jardim quando não havia regatos e eu me ria nos espaços abertos, meu agora coração parado não ouve o tempo misturando-se e a vantagem da angustia é não ter fim, assim houve um jardim em mim e meu coração não ouve o fim do fim do mundo, ouve escutando o que pensa ser a capacidade de sofrer em fazer e o ser humano fecundo, o universo e tudo...a arte é o mundo e a nitidez crescente em mim...a verdade que suporto.

A capacidade de criar torna-me mais intenso, aceso mesmo quando não estou pensando em nada e mais em que tudo é íntimo, quando estudo um modo de dizer que me transcende e aí ouço o passar do tempo como num carrossel acelerado, chamo-lhe ar corrente e ao tempo o intervalo em que disse isto e por isso sei que existo em tudo, nesse momento acordei, acordo e sou tudo, perco-me da visão e a emoção é uma morada semelhante a álgebra numérica magma e espaço, filamentos e galáxias-heras.

Hei-de ser, ouço em mim esse poder de pensar fundo que trago e sigo há séculos e séculos ...um mundo presente aquém e além da minha morte depois, a verdade é isso, intemporal e futuro

Joel Matos (05/2018)
http://joel-matos.blogspot.com
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filipemalaia
Gostei muito de o descobrir Jorge. Obrigado!
31/dezembro/2019
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nilza_azzi
É bom ler o que escreves; tens ritmo, domínio da línguagem poética e abordas temas intensos.
22/agosto/2019
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namastibet
obrigado a todos que me leram
09/janeiro/2019
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ricardoc
Igualmente! Estou me familiarizando com a plataforma. Abraços, RicardoC.
23/abril/2018
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131992
muito intenso seus poemas, adorei.
26/outubro/2017
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Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa! Raimundo Correia

-Raimundo Correia
07/fevereiro/2013

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