Rodrigo Conte Cunha

Rodrigo Conte Cunha

1978-03-07 Belém do Pará
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Alguns Poemas

O vestido é seu!

Nada além das minhas palavras poderei lhe dar
Espero que através delas consiga lhe transportar e te fazer lembrar
Embora, pelo sentimento que possa imperar por aí
O som ecoe de forma menos saudosa
Nem tão interessante ou tocante assim
Mas
Teimoso, persistente, sempre respeitoso
Continuarei
E quão belo o tempo
Tempo raro, estonteante e curto em que fomos dois
E cogitamos, ainda que minimamente, estendê-lo por tempos e tempos
Da simplicidade das horas que trocamos confidências e carinhos
À complexidade do sentimento que brotou por aqui e me consome
Que me fez confirmar e ter a vontade de estender, de te levar por todo o resto que ainda me falta viver
E se há quem diga que o amor se mede por suspiros
O final abrupto expôs meu coração e por noites e noites ainda engulo no vazio
E suspiro, suspirei, suspirarei
Da mesma forma que o primeiro beijo jamais me saiu da cabeça
Tão difícil esquecer foi o último, e o penúltimo, e o antepenúltimo
Porque cada um foi único, intenso
E de últimos em últimos fomos levando, passo a passo
Até o verdadeiro último
Logo após um dos melhores momentos de todos os tempos
A decisão foi tomada e fere, arde, queima, machuca, faz doer
Um adeus tão forte e avassalador que me impede de te ver
E desde então, traço novas rotas, viajo por caminhos tortos
Dou voltas e mais voltas por esse mundão frio e cruel
Lá dentro, contudo, toda vez que lembro do teu último olhar e da despedida com um beijo
Me projeto adiante e, esperançoso e radiante, sonho com o reencontro
Se não fosse assim, esse não seria eu
Quem sempre lutou e aos poucos foi chegando
Ainda não fui!
E no dia em que te reencontrar
Não consigo prever mais o que poderá acontecer
Se te encorajaria a viver aqui ou, mais uma vez, me surpreenderia com uma nova fuga repentina por entre meus dedos
Até lá
Vontade por vontade eu tenho é de nunca esquecer
Torcendo pra que a realidade se encarregue de curar, cicatrizar até você voltar e encontrar um coração vigoroso e forte pra reviver
Eu poderia te dar um bouquet com as flores mais lindas
Um perfume raro, embora o seu cheiro seja o melhor entre os melhores
Poderia te dar cores em batons ou outra maquilagem...
Caixas de bombons recheadas de mensagens
Jóias para tentar iluminar ainda mais o que já é perfeito
Mas, diferente disso
Se eu pudesse escolher algo a oferecer além dessas palavras
Te entregaria a minha vida, humildemente, pra cuidar da sua
E te fazer a mulher dentre todas as mulheres
Quanto àquele vestido cochichado ao teu ouvido
No dia em que maduros nos encontrarmos
Estará separado e é de você!
Por ontem, hoje e não sei por mais quanto de mim adiante
Um amor queima, está aceso e nele eu só penso em te ter
Por ontem e anteontem
Inesquecível praze.

Posso falar?

Oi
Tudo bem?
Posso falar?
Queria gastar teu tempo
Te encontrar
E conversar
Mas se não der
Sem problemas, entendo
Após tantos anos
Percebi que tudo deveria ter sido dito
Lá atrás
Agora
Já mais perto do fim
Nem tem mais sentido
A não ser que
Se descubra um jeito real
De estender por outra vida
Os sentimentos corrompidos pelos amores carnais
Gostaria de antecipar esse momento
Pra ter a certeza de que meu esforço
Quase um sacrifício da alma
Ainda pudesse ter efeito
A covardia até agora me dominou
A coragem até então me abandonou
Mas eu vou falar

Aprisionado em mim
Assim meu coração seguiu
Sufocado, amordaçado
Lutou insensantemente para enganar até meu olhar
E disfarçar, desviar
Por que?

Eu não sei dizer
Mas sinto o quão forte é amar você
E jamais dizer
Engasga, aperta
Eu nunca consegui dizer

E então
As palavras escritas passaram a ser o meu refúgio
Um escape da solidão
Uma vazão de todo o meu amor

Há mais dele aqui dentro do que a minha capacidade de usar as palavras para escancará-lo
Há mais dele aqui dentro do que a capacidade de vazão de um vulcão que tenta explodir

Explodir
Talvez essa seja a vontade
Mas

Aprisionado em mim
Assim meu coração seguiu
Sufocado, amordaçado
Lutou insensantemente para corromper até meu olhar
E disfarçar, desviar

E tem vencido

Um amor verdadeiro
É esse que quer explodir
E então
Na impossibilidade de o ser nesta vida
Ao menos o será por aqui

Daquele que maltrata
Não correspondido, leviano
Sem reciprocidade, sem caminho
Amigo da tristeza
Primo da desolação
De infinita grandeza
Medíocre na execução

Me causa dor
Me faz chorar

Que um dia
Mesmo por telepatia
Eu consiga falar.
Nascido em Belém do Pará, é autor do blog conteatemil.blogspot.com.br, um espaço no qual expõe pequenos textos autorais através dos quais busca compartilhar as suas impressões do mundo no que diz respeito ao que emociona. A emoção enquanto conexão com os prazeres - ou desprazeres - da alma. Tornar isso público representa o desejo de contagiar, inspirar, emocionar.

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