sebastiao_machado

sebastiao_machado

tentando algum texto

330
0
0


Alguns Poemas

Início

A geometria de cada encontro é próxima do quatro, se não do cinco, tem a forma da graça, com a forma do medo, e a forma que não ameaça, a forma do nosso encontro, do encontro entre duas pessoas que não se conhecem, tudo é tão incoerente, quero escrever para ter escrito, ter menos medo do produto finito, desse nada, desse defeito tão aparente, da falta de mérito que se alavanca a cada palavra, o nada, o nada é o vazio? O nada é a falta, o que me falta existe onde? Que lugar é esse que me falta? A natureza, a ciência do meu ser, a minha ociosidade, o que não encontro nem nos momentos de absoluta memória e pouca lucidez, esse falta é lúcida, será exatamente nela o lugar da consciência bruta, desse medo, dessa dificuldade essencial do meu ser. Não sei se olho para mim, se olho os outros.

Cada dia novo, cada dia mais sozinho e mais envolto na memória, tomará que exista o não-lugar da memória, aquilo que não sou e que me olha, que me encara, que me ameaça, o desprezo, a fúria.

Pedro pegou sua bola, levou-a ao canto mais fechado do condomínio e admirou-a por tanto tempo, aquele objeto tão presente na sua memória, aquela felicidade de não ir embora, aquele consciência súbita de si, minha alma canta mas me apavora, tanto medo assim de mim é pura falta de compreensão, minha completa ignorância da natureza, que me faz entregue ao colchão. OLHA, OLHA, OLHA, OLHA. Esse ser vazio, fugitivo, selvagem por um copo de água, por uma nova visão de seu passado. Escrevo um pedido de socorro que jamais será lido. E a mim idealizo, e componho de mim diversas imagens tão desconexas, de profundidades sem chão, sem fundo, sempre a queda, principalmente a vertigem.

Será a literatura um diário? Uma lápide? A vontade de ser entendido, quando tudo se fragmenta, quando eu sou um fragmento, um laço solto que balança na chuva e se molha de ressentimento, de tensão úmida. Nesses textos eu vejo o poeta que nunca será reconhecido e quem de tanto desejá-lo, se perde em desvarios, em vontades de morte, em medos tão conscientes.

Gostaria de conselhos...

Vejo o texto concluído e sinto a dor de tê-lo escrito, sinto que a memória ferve em gases da minha consciência enovelada. Gostaria de suavizá-la e pensar sem a reflexão, sem o retorno amaldiçoado. Encontro com o Diabo em cada releitura, sinto o malefício onisciente da morte, desejo, desejo, desejo a voz, o que sai de mim.

Quero publicar tudo, encontrar cada vez mais a minha prosa, entender os limites de mim que estraçalham o meu orgulho, o meu ressentimento.

Ontem antes de dormir sonhei muito, sonhei com uma forma mais sólida, sonhei com uma casa, sonhei com as minhas obsessões, sonhei com uma mulher que existe por alguns dias, sonhei com minha namorada transitória, efêmera, a única que não desejo. Desejo alguém além de mim, alguém eterno e inexistente, um corpo que me livre da consciência, essa criatura do medo. O que pensa é o corpo ou a alma? A alma pensa o corpo que pensa o pensamento.

Esse colchão tão intenso do meu sono, o sono metafísico, o sono do pós-mundo, o sono que perco a cada dia, essa ilusão inventada pela morte, porque se vivo, não sei por quanto tempo, se quantas vezes já vivi ou se estou preso na mesma vida e no mesmo tempo que se alterna por efemeridades. Dessa forma, há algo que não é efêmero, há uma substância em mim que se reflete e pensa, e se uma substância existe, algo anterior a ela ferve e me condena a me expressar. A poesia e o sonho do sublime, o sublime como a verdade associada a convicção, a verdade e a fé juntas criaram o Divino, metafísica deprimida.

Ainda me falta o projeto, a organização, o plano, o cálculo, falta a linha e o real de que tanto fujo. O real cotidiano. Preguiça consumidora de almas!!!!! A alma, palavra dialética, palavra vazia, criar, criar, criar, criar, criar parece muito com crer. Peço desculpas pela confusão, mas estou tão perdido que gostaria de conselhos...

Quem Gosta

Seguidores