Biancardi

Biancardi

Aqui vão alguns pensamentos e frases que talvez tenham importância.

2001-05-09 09/05/2001
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Alguns Poemas

Um livro pouco lembrado

   Desde que eu me propus a escrever estas anotações, compostas muitas vezes em horas mais calmas, pude perceber algumas soluções pouco felizes por quais a minha escrita enveredou. Sou um escritor amador e, na medida do possível, tento conciliar meu cotidiano simples com os lampejos literários que me ocorrem. Busco unir o meu desejo de escrever a temas que me vem ou com aqueles que se esvoaçam no meu pensamento por terem uma compleição especial agradável a mim. Por estas linhas já é possível descobrir que meu motivo é modesto, não querendo alcançar o sublime. Quero, enfim, escrever textos não muito longos, buscando expor certas questões. 
   A natureza destas questões pode ser bastante diversificada. Cada uma pode guardar um quadro fechado em si; podendo ser apreciado individualmente. Contudo, ao olhar com atenção os textos anteriores, pude chegar a um veredicto: – nenhum até agora se empenhou em ser mais profundo, conciliando e analisando variadas questões ao mesmo tempo. Posso afirmar que até aqui só fiquei ao pé de uma borda, deixando a longa ponderação para outro momento. É hora de mudar de caminho, de ir de encontro a outra vereda. De ampliar finalmente a feitura deste volume. 
   A obra de Eça de Queiroz é grande; porém há um livro dentro de sua vasta produção que sempre despertou em mim um grande interesse: – as Cartas de Inglaterra. Ao começar a sua leitura é impossível não se surpreender com momentos maravilhosos; guardando por vezes um sabor de novidade aos olhos desatentos. É, em bons aspectos, um livro completo. Há ali momentos ternos e momentos grandiosos; pequenas e grandes histórias, sempre entremeadas com soluções pitorescas do autor. Finalmente destaco que cada natureza dos assuntos das cartas é muito diversificada, podendo ser cada uma delas um verdadeiro convite à análise da boa prosa portuguesa. 
   Na primeira carta, intitulada Afeganistão e Irlanda, já é possível ver uma parte da geopolítica inglesa no século XIX. Um verdadeiro quadro dos costumes ingleses vai se revelando ao leitor; e não é um despropósito a comparação que é feita entre o Afeganistão e a Irlanda – ambos territórios influenciados pela Inglaterra. O Imperialismo das nações industrializadas já estava atuante na segunda metade do século XIX, sendo os seus principais representantes a França e a Inglaterra. A tomada do Afeganistão representou as aspirações imperialistas da Inglaterra para uma região muito longe do seu governo central, enquanto o caso da Irlanda foi entendido como um motim dentro do seu próprio império. 
   Todas as doze cartas que compõem este livro valem a pena serem lidas; são verdadeiras preciosidades dentro da literatura de língua portuguesa.

(Trecho de uma anotação minha).

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