ela estava em meus braços
e num instante se apagou
se envolvia em meus abraços
lamentei muito quando acabou
essa noite a tristeza me visitou
sua pele morena era macia
em seu disfarce me enganou
tarde demais soube que mentia
os meus sonhos são confusos
sua lentidão me envolve
sei lidar com as dores
mas e quando me comove?
eis minha perdição
o feitiço perfeito
a batalha do cotiano é intensa
e isso continua quando me deito
as lembranças do dia me tranquilizam
vivo sempre nesse tormento
minhas dores me apresentam
será assim até o fim do meu tempo
mas meus sonhos infiéis
invadem minhas noites
e sem eu querer me libertam
e me livram desses açoites
uma ilusão incrível se constrói
um berço para repousar
uma linda mulher que me ouve
e muito tempo para amar
tal cela em que fui preso
possui barras de ouro
luto para sair
não quero esse tesouro
mas como ignorar meus desejos
como partir quando aqui jaz
todos esses anos transformados
numa eterna e linda paz
ai de mim que anseio
pelo leve roçar da grama
em meus pés enquanto caminho
indo mais profundo nessa trama
pobre alma que há aqui dentro
os sonhos me mostram o que não posso ter
acordo com lágrimas no rosto
vi mais do que podia ver
assim apresento minha condenação
estou acostumado com a escuridão
mas não sei lidar com essa indecisão
não se perdoa quem não sabe o que é perdão
ela entrou no quarto
e arrumou as cobertas
do jeito que eu gosto
despiu-se e deitou em meu peito
me pedindo um pouco de atenção
vi em seus olhos o sumo da paixão
seus cabelos me remetem a girassóis
que se elevam quando é verão
acordei em um sobressalto
maldita felicidade
que me invadiu as noites
menos mal sonhar com a dor
do que com o amor