O ÚLTIMO CARNAVAL
O carnalval da minha janela cega
de onde vêm as fantasias
donde vem o berro, a algazarra
donde vem os beijos e as heresias
Dois anos de mortos
Dois anos de escuridão
dois anos sem a alegria de Carlos
Sem a safadeza gostosa de conceição
Não, não, não, não
O mundo não acabou
Ou pelo menos, é o carnaval, o purgatório
não, não não não não
Não é o juízo final
Se fosse não me apaixonaria por Natália
Pode haver amor no inferno?
Negra cor de ouro
Leva meu coração pela Ribeira
Vou atrás até chegar à prefeitura
Emendou os beiços com uma loira
E agora… é cana, é pau do índio
É da cerveja 3 por 15
O que faço? Vou pra casa?
Claro que não
Não não não não
Amor de carnaval não acaba em quatro dias
Depois a encontro na subida de um bloco
Tum maracatu, tum maracatu
Tum maracatu, Tum maracatu
Lá vem nossos ancestrais escravizados
É a sua guerra, Tum maracatu
O batuque é muito forte
Domina até alemães, uma gringa gira, gira,
Pomba gira, Pomba gira,
Um carioca se atira no chão,
O mestre o levanta, o ampara,
Manda cuidarem dele
Que logo depois levanta no embalo
Tum maracatu, tum maracatu
Portugueses boquiabertos,
Com medo, mas não conseguem não entrar na dança
Acompanham o ritmo, dois passos, mãos unidas pra cima
Tum Maracatu, tum maracatu
Agora estou louco por Daniela,
Sou tímido, mas ao cruzar o olhar com o meu
Danou-se, quase engoliu a minha boca,
A paixão foi repentina, nunca vi um beijo desse
Fomos para frente da Pitombeira
Um samba dos diabos tava rolado
Era impossível ficar parado
Passava a escola Patusco
Nossa senhora a cachaça subiu no quengo
Virei passista, juntou gente
Já tinha gente, junto multidão
Que me levantou como campeão
Foi bom mas Daniela sumiu
Puta que pariu
Começar tudo de novo