Alguns Poemas

Minhas Letras Estão Mortas

Minhas letras estão mortas
e todos os meus demônios estão vivos
Me sinto sem eu mesmo
E sem minhas palavras para declamar
E sem letras,sem eu
Sem o meu eu,não há o que se dizer
Como uma ridícula simbiose

Estou sem mãos
Estou sem pés
Estou sem garganta
Para poder gritar
Sem corpo
Para poder ser alguém

Meus sentidos empatam todas as sensações
Do caloroso brilho de verão
Abafado pela estufa de nuvens
Habitando um céu nublado
De um sol que já habitou dias melhores

Queria tomar banho nessas belas ondas
Que se debruçam umas nas outras
Quebrando-se com uma violência magnífica
Mas tudo que vejo
Escuto
Cheiro
Sinto
É um fogaréu transvestido de sonho;
Um sonho vindo do outro lado do mar
Só me esperando para sonhá-lo
E assim dormir
Com um sorriso tatuado no rosto.

Não sei quem foi o desprovido de amor
Que matou o sonho em sua travessia
Rumo a minha felicidade;
Só sei que choro
Pelos buracos onde haviam olhos:
Onde não olho mais.

Um grito inaudível imunda o mundo
Um grito morimbundo
Que reabte nos infelizes e desgraçados por todo o espaço.
Mas é um som indiferente para eles
Pois só prestam atenção
Em tentar sentir
Suas próprias desgraças e desesperos.

Procuro todos os rostos:
Um rosto de um culpado.
Um rosto infanticida
Um rosto de sorriso churumoso
Com os dentes a cair
Rindo feito o inferno.
Procuro,mas sem olhos
Como poderei saber quem é?

Então tenho um terrível pesadelo:
Um mesmo rosto habitando os céus de labaredas
Escarnando-me.
Escarnando meu sonho
O meu belo sonho!
Choro de raiva
E me aproximo do vil ser
E seu rosto é um quadro impressionista
Sem contornos
Sem detalhes
Mas eu sei exatamente que rosto é aquele:
O meu.

Eu matei meu sonho
Não com uma faca
Com uma arma
Ou com minhas mãos
Nem sequer o toquei
Mas o matei
Inocentemente e sem culpa o matei
Um crime sem culpado
Ele só morreu.

O sonho foi morto
E eu sou a vítima.

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