nana_tine

Tenho 22 anos, gosto de arte, leitura, nerdices. Gosto de me sentir em paz, gosto de escrever pois é onde me solto completamente. Amo meus amigos e busco ser grata ao que tenho. Luto pelos animais, pelos meus ideais. Atualmente buscando me descobrir, e a não ter e sim ser.

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Alguns Poemas

Observo a mim mesmo em silêncio.

Meus lábios tocam a caneca devagar, sinto a palma das mãos queimarem morosamente no toque do recipiente. Gosto dessa vaga distração de curto tempo antes de sentir o amargo do café tomando conta da minha boca, enquanto o amargoso pensamento sobre você volta a minha cabeça. Li uma vez que, nunca mais deixaria de beber café pois é preferível lembrar das piores e mais amargas partes suas, a não ter nenhuma. Discordo. O amargo diz respeito bem mais sobre mim. Eu te deixei. Sempre os deixo. Não me arrependo, soa tão sátira a forma como posso amá-los num segundo e desampara-los em outro. “Mas talvez amor seja mais que isso, o amor não precisa ser ficar, precisa?”
Murmuro com desgosto, e repito o processo com minha caneca quente, refletindo minhas partidas e meus desamores. No fim, talvez eu os deixe por serem rasos demais. E então com escárnio quase que leviano, eu sorrio e concluo que os deixo por amor próprio, amargo e terno. No fim das contas, acabo fazendo algo por mim.
E de repente, o amargo se torna o sabor mais inebriante possível. E concluo bem, não sou cruel. Sou amável. Sou capaz de amá-los a ponto de reconhecer além de egoísmos quando sou ou não a pessoa que deve estar ali. Mas também sou capaz de amar a mim, sou capaz de ser fria comigo e tudo no fim, soa como amor. Prezo por mim. Sim, amar é mais do que é dito por aí.

Caixa de pandora.

O toque sem sentimento de suas mãos em meus cabelos sedosos e joviais nunca foram carinhosos. Você os puxava com ódio e raiva.
Seu olhar nunca pousou sobre meus sorrisos e apreciou toda pureza nele contida, seu olhar possuía obsessão e desejo de esconder-me do mundo para aproveitar-se de tudo que meu ser tem de bom ate o ultimo segundo.
Namorar você era como estar sendo a própria caixa de Pandora. Era uma caixa linda, e em cima de cada sentimento insolito e belo você colocou medos, dores e maldades. Mas você não os matou.
Você me fez uma caixa de Pandora, e ver o mundo como uma aberta também. Você usou meu corpo, machucou-o e me fez sangrar por dentro e por fora.
Estuprou meus desejos, destruiu minhas vontades e sentiu prazer ao executa-lo. E acredito que pretendia em algum momento cessar minha voz e ceifar minha vitalidade.
Seu toque fez sentir-me tóxica e impura.
Quando finalmente consegui livrar minha vida da sua repulsiva presença, o céu ficou límpido e vi que a caixa de Pandora é um mito.
Pandora era uma mulher corajosa. Não temeu ninguém, abriu uma caixa que diziam conter os males do mundo, quando na verdade o mundo por si já era corrompido e sempre sempre culpando e fazendo mulheres corajosas serem temidas e taxadas de ignorantes. O mundo nos poda dia após dia.

Sou uma Pandora sim, pura e corajosa. Sou uma mulher que luta todos os dias contra homens repugnantes como você que nos calaram por séculos a fora e transformaram-nos em mitos ruins para assombrar a humanidade.

Partida

Não sei mais o que eu quero pra minha vida,

Não sei mais o que eu quero pra minha vida, mas sei o que não quero nela.

Não sei mais qual caminho devo seguir, mas sei que devo começar por essa estrada aqui.
Não sei mais quem sou eu, mas sei do que não gosto, esse é o primeiro passo.
Sei que quero me encontrar, sei que tenho uma procura a fazer e coisas fantásticas a encontrar
Então por isso te digo, estou indo embora.
Estou caindo fora, quero explorar, aprender.
Quero me conhecer, de forma que nunca pude antes. De forma que com você nunca foi permitido.
Pois fique bem e saiba que estarei contente por você, mas aqui não há mais lugar pra você.

Pois eu só quero seguir, me buscar e no fim sorrir. Não sinto muito por te deixar, sinto muito por me segurar tanto tempo.
Deus sabe o quanto eu sofri, e agora sei que tenho que ir.

Não sigo ninguém além de minha razão, e sei que é esse caminho que irei seguir.

Brincar com fogo

Cada vez que cedemos a um desejo por conta desse amor que nos trai o tempo todo fazemos uma renúncia.
Cada vez que nosso amor fica a mercê da corda bamba, recuamos.
Brincamos o tempo todo com fogo, sabemos que vamos nos queimar e brincamos sorrindo. Corremos muito riscos, mas ainda acredito que somos fortes pra brincar com pólvora sem terminar numa alegria violenta.
Vamos nos consumir em beijos e carícias ao longo da vida toda, até que chegue nossa vez definitiva, e terá esta.
Dizem que ama-se com o coração, outros com a mente. Mas comigo, como dizia Vladmir Maiakovsk, "a anatomia ficou louca e te sinto em tudo, sou toda coração." Todo meu corpo ama você. Cada átomo meu pode perceber o timbre da sua voz e entra em combustão, enrola e palpita as batidas de meu coração, pira minha cabeça e me deixa suspirando com tanta emoção! Como não ceder a essa revolução chamada pelos mundamos de "amor"?

A questão é exatamente esta: o nosso amor... ele é revolucionário.

Romance de café.

Um romance coado no filtro de café.
Quente, fresco.
Aquele que na primeira bebericada você sente tudo junto:
o cheiro, seu corpo eufórico e a sensação de bem-estar quando seus lábios deixam a caneca.
O aroma que inebria o ambiente e te causa aconchego.
Café que tem aquele cheiro de lar, de conforto.
Como os beijos que ele te dá,
quando vocês no amargo,
encontram o mais doce sabor.

Um breve romance no bosque

Cheiro de grama umedecida com águas cristalinas dos céus, luzes irradiando nossos olhos até tornar nossas pupilas minúsculas. Brilhos incandescentes junto de uma bela melodia saída de um alaúde e flautas bem tocadas por elfos. Nossos olhares cruzam-se incontáveis vezes durante toda noite, dançando de forma festiva como fazem os sátiros, nossas palmas se encontram finalmente após tantas voltas no círculo mágico. Você transmite calor com toque de suas mãos e sinto um percurso de ternura correndo por minhas veias, causando-me arrepios, o perfume vindo de seus escuros cachos inebriam-me. O rubor toma meu rosto e você sorri. Não dissemos nada, apenas prosseguimos a rodar ignorando qualquer sinal de troca saído do alaúde, o som tornava-se cada vez mais imperceptível a nossas peculiares e pontiagudas orelhas. Você sorri e então escorrega seu polegar a meu pulso, esperando permissão para prosseguir; assenti e as costas de suas mãos pousaram sobre a maçã de meu rosto, que queimava como uma estrela que arde por seyfert, fecho meus olhos ao toque e você sussurra em meu ouvido “vendë lissë” (doce donzela). Sorrio, e então sinto o sabor de pitangas e morangos quando você enfim toma meus lábios.

histórias élficas.

Apatia.

Quantos amores eu não inventei em minha cabeça pelo simples prazer de sentir algo, ainda que mínimo? Quantas borboletas em meu estômago eu trouxe apenas pela saudade de sentir? Saudade de sentir, sim.
A vida torna-se grandiosa e bela quando está apaixonado. As cores mudam sua intensidade, nada estraga seu dia. O problema de amores inventados é que eles cessam muito rapidamente. A fantasia logo rui e trás um vazio maior ainda do que o sentido anteriormente, antes de criá-la e deste vazio vem a apatia. Você passa a sentir-se um fruto que só nutre a casca, por dentro decompõe-se.

Somos do universo

Não sou sua
Tampouco você é meu
Somos do universo, das estrelas e dos céus
Sou amargo, você é doce
A única coisa que une nossas vidas são nossos corações.
Mas preciso ser do mundo, preciso liberá-lo das mãos que não podem garantir-lhe nada agora.
Mas veja,
Somos do universo, pedaços de estrela e poeira galática,

somos da cor dos céus

e no fim seremos de nós dois.

- Se assim desejarmos.