Olhos que devoram (Tua Foto)
Eu tomo um gole
Um gole que me engole.
Sigo por entalhos de letras não proferidas
Sofrendo por amores escondidos
Por desejos entorpecidos
E indecisões ancestrais.
Hoje vivo de sobras
Envolto em sombras
Armazenado em nuvens
Subtraindo tua imagem de uma era digital.
Ainda sofro
Quando me fitas
Inerte em fotos abstrais.
Mamífero carnívoro, selênico.
Vivo entre amontoados de sons não proferidos
Atormentado por amores escondidos
Cheio de vontades desiguais.
Essa luz na tela dos teus olhos
Meteoros rompendo o nitrogênio
Roubando meu oxigênio.
Teu corpo é labirinto
Tua imagem é espólio de uma realidade virtual
Fruto do furto de uma era digital.
Eu tomo outro gole...
Teus olhos me engolem.