AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
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Frevo II

assim no frevo desatado
das amarras todas da vida
quem poderá não descobrir
o rumo tanto da avenida
 que se alarga pelo peito
como um imenso grito
que sonha todos os mares
e afoga todos os sentidos
 
é que ao frevo compete

um dançar tão renitente

que chega a molhar a liberdade
dos ossos todos da gente

como se fora rebelião

de tudo que se consente
 
não lhe cabe a desfaçatez
de parecer-se inanimado
pois antes fora um pendão
pela avenida desfraldado
juntando todo perdão
terçando todo pecado
 
assim se faça compostura
de quem lhe traz pelos pés
como uma escrita inventada
em que lhe caiba o viés

de parecer-se deflagrado
nas costas de quem lhe usa
como uma bomba-relógio
dos tempos que se procura
 
urdido em todos os cantos
cantado em todos os ócios
caiba-lhe a contrafação

a tudo que seja o ódio
por lhe restar a candura

das humanas composturas
como se fora bandeira

de tremular em quem lhe cuida
 
o som seja o indício

de que a vida vaga e prossegue
rompendo todas as cercas
cercando todos os medos
construindo um quê de sonho
no meio dos seus segredos
 
o frevo assim desatado

é uma forma indefinida

na rua tanta do nada

de construir todas as vidas
como se o passo fosse razão
 pra derramar-se tão frequente
como um caminho aberto
no peito todo da gente
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