Murilo Porfírio

1995-07-28 Minas Gerais
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I-XXXV Jaezes de vida e morte

Crânio sem esqueleto, previna-me, ó beldade exilada, do tropeço.

Por nosso parentesco revogado, por nosso acordo impugnado.

Esculpida alma em tenesso, tão pesada quanto meu anseio.

Abra-me qualquer brecha para além deste meio.

Previna-me do que quero, pois cuspo o que tateio.

Encontre-me desolado, para que de mim não queira cuidado.

E eu padeça, sem ti, sem mim, sem quem queira, por décadas e centenas.

 

Talvez eu mude, mas as coisas não irão.

Não tens ideia do quão grave foi o que vi.

Canso-me de ouvir-te fingir, de temer me extinguir.

É triste por ser o último inverno,

é uma benção por ser o último verão.

 

Quão poético Senhor, quão profundo o sermão.

Se mais cego estivesse, confundir-me-ia com Seol,

ou com qualquer vácuo em vão.

De onde virias se não do fim,

se dizes saber o que será de mim.
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