Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Vales Encantados

A Luz pavoneando-se espairece pelos vales como a beleza preenche todo o espaço válido da estética, excepto o incorruptível vale das tormentas, sombrio e soturno, somente à espera, de ser digno de ser atingido ou contemplado, por um raio de luminosidade.

Mas porque não se torna então essa reunião plausível e realista?

Essa Luz tão contempladora, abrangente e resignante, a desejada por todos, mas tão selectiva na sua longitude.

Pobres almas daltónicas insensíveis a esse espectro de luz que exasperam nas profundezas da escuridão eterna e irresoluta, antimatéria da Luz.

Porque não só a Luz é bela ou é vida, as trevas e a escuridão são tão ou mais inebriantes e enternecedoras que a mais profunda e doce Luz matriarcal.

Salvé a penumbra absoluta, porque dela renasce a Luz ofuscante e genuinamente verdadeira. Pois Ela nasceu do crepúsculo de toda a luminosidade profícua e indulgente.

Tal como na magnitude total da luminosidade precoce e envolvente, ou na escuridão obscura e insalubre, o que ressalta da sua incompatibilidade e não sobreposição são laivos de esperança, de liberdade, de negação e anticonformismo tal e qual genes alterados e mutáveis.

Apóstolos da diferença e do contraditório dialéctico, guerreiros anarquistas contra a frivolidade ignóbil reinante.

Pois deles depende a evolução Humana, tanto biológica como culturalmente.

LX, 17-6-2001

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