

Paulo Jorge
A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.
Vales Encantados
A
Luz pavoneando-se espairece pelos vales como a beleza preenche todo o espaço
válido da estética, excepto o incorruptível vale das tormentas, sombrio e
soturno, somente à espera, de ser digno de ser atingido ou contemplado, por um
raio de luminosidade.
Mas
porque não se torna então essa reunião plausível e realista?
Essa
Luz tão contempladora, abrangente e resignante, a desejada por todos, mas tão
selectiva na sua longitude.
Pobres
almas daltónicas insensíveis a esse espectro de luz que exasperam nas
profundezas da escuridão eterna e irresoluta, antimatéria da Luz.
Porque
não só a Luz é bela ou é vida, as trevas e a escuridão são tão ou mais
inebriantes e enternecedoras que a mais profunda e doce Luz matriarcal.
Salvé
a penumbra absoluta, porque dela renasce a Luz ofuscante e genuinamente
verdadeira. Pois Ela nasceu do crepúsculo de toda a luminosidade profícua e
indulgente.
Tal
como na magnitude total da luminosidade precoce e envolvente, ou na escuridão
obscura e insalubre, o que ressalta da sua incompatibilidade e não sobreposição
são laivos de esperança, de liberdade, de negação e anticonformismo tal e qual genes
alterados e mutáveis.
Apóstolos
da diferença e do contraditório dialéctico, guerreiros anarquistas contra a
frivolidade ignóbil reinante.
Pois
deles depende a evolução Humana, tanto biológica como culturalmente.
LX,
17-6-2001
Escritas.org