jvgq_30

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Sou paulista e, desde criança, me interessei pelo grande acervo de possibilidades literárias.

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Alguns Poemas

meu quarto


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MEU QUARTO 
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SP


Caos da cidade

Um abraço pra comemorar a amizade

Sorriso desperto

Amores secretos

Verdades ocultas

Artes noturnas.

-j.v

Uruguai


Caminhando pelas ruas das minhas estantes

Pelos calendários fechados

Por horizontes rasgados

Por palavras cruzadas e jornais rasgados

Tento escrever

Tento sentir 

Tento viver

-j.v

Ipiranga

Um barulho

“O que aconteceu?”

Hospital e fraturas.

Achei que tinha mudado

Achei que ela tinha se transformado

Achei que ela tinha me amado.

-j.v

Consolação

Que se fodam os meus sentimentos

escondidos em lugares secretos.

Eu te amo.

Isso não é o suficiente?

-j.v

Parque Ibirapuera


Labirintos fechados

Cabelos molhados

Banhos escaldantes

Amores vigilantes

Sexo selvagem

Beijos discretos

Amores secretos.

-j.v

Avenida Paulista


6 meses e sua imagem não sai da minha cabeça

O seu cheiro não sai do meu shorts de âncora

e da minha blusa cinza preferida

Os seus olhos não saem da minha alma.

Você não sai de mim.

-j.v

Mar e Estrela

Quantas vezes eu dei mais do que podia?

Pedra do sol e diamantes...

Nada foi mais cintilante

do que o meu choro durante a noite

que não passava em instantes.

-j.v

Reiki


Oceano profundo

Relaxamento profundo e pesado

1,2,3: respire.

Solte em 4 tempos

Acenda o seu incenso

Deixe com o tempo.

-j.v

Redes Sociais

Eu saí

Sumi

Desinstalei

e dormi.

Não adiantou nada

Ainda continuo assim

Nada muda.

Tudo cresce.

-j.v

Meu Quarto

A angústia me domina.

As palavras estão soltas

mas os sentimentos estão presos

e a culpa é sua.

-j.v

Sala 12


Parece que nada muda.

Não consigo me achar.

Estou preso.

Estou estagnado.

Matei o antigo "eu" pra nada.

Eu não me encontro

Eu me perdi tanto

mas tanto que eu nem me reconheço mais.

Não reconheço essa pessoa.

Não sinto essa pessoa.

Eu morri por causa sua.

Por causa das suas maneiras

de você.

Agora eu tô perdido 

tento me encaixar em universos paralelos.

Sinto angústia e ansiedade

e a culpa é sua.

-j.v

Basquete


Não é a escola que me mata.

É você.

As suas palavras.

Ainda sinto que meu nome não sai da sua boca.

Você tá me matando aos poucos

-j.v

Você não faz


Como eu

Como seu pai

ou talvez seu avô.

Mas eu faço como

eu

como a minha mãe

como meu irmão

e como você.

-j.v

Amizade


Eu nunca tive senso crítico

Eu sempre tive você

e agora eu tenho nada.

-j.v

15

Minha mente tá me matando.

Eu sinto vocês

em todos os lugares

em tudo.

Eu me cansei.

Eu não tenho solução.

-j.v

24.02.2020

Por que você não volta?

A saudade tá me matando.

Você não tem noção.

-j.v

para sempre

as folhas caíram
o sol não existe
a lua desapareceu
e a neve chegou....
eu grito pelas ruas
picho cada muro com o sangue que você deixou na beira da nossa cama
o meu peito grita de tantas saudades das nossas noites
das suas mãos agarrando os meus pontos mais íntimos 
do seu guarda-roupa bagunçado 
do nosso álbum de escape
das vezes que eu fugi de casa pra te achar na esquina...
agora você se foi...
a minha vida não faz mais sentido
todas as noites acordados
todas as nossas feridas curadas
todas as nossas esquinas curvadas
todos os nossos universos criados
todos os nossos momentos íntimos
foram cobertos pela neve 
eles não existem mais...
nenhum baile de despedida
nenhum sexo no carro
nada
você sumiu
você não existe mais...
eu continuo berrando pelas cidades e ninguém me escuta.
ninguém me parou no shopping...
ninguém me parou no banco...
todoa viram a minha cara de cansado?
todos viram a minha alma?
todos viram as nossas noites de dezembro?
todos viram a nossa carcaça?
as nossas velas acesas?
a nossa cabana alugada?
os nossos momentos na floresta?
no parque de diversão?
eu não acho nenhuma foto na nossa gaveta
não acho o seu shampoo no meu banheiro
não acho o meu lençol no guarda-roupa.
você levou tudo...
e eu estou aqui no nosso banco de areia
perto da represa.
o tempo está congelado 
nada acontece
o meu piano está enferrujado 
os meus violões sumiram
e você também.
o que eu vou fazer com as nossas noites de verão?
o inverno te levou para sempre 
para todo o sempre...
eu vejo tantas pessoas se afogando na represa 
eu vejo tantas almas mortas
eu escuto tantos gritos de socorro...
eles não conseguiram se salvar...
eu vou me salvar?
você irá me ver no cemitério?
você vai subir na minha lápide e berrar pela minha presença?
você vai voltar?
você vai sumir?
você tá vivo?
a saudade me mata a cada dia...
a represa ainda continua sendo o meu lugar preferido 
eu não consigo sair daqui
eu não consigo voltar para a nossa cabana
ninguém fala comigo 
todos me ignoram 
eu prefiro ficar aqui 
e eu ficaria até o fim da minha vida
esperando você voltar
e me abraçar 
esperando você me mandar uma carta
ou me ligar....
nada mais faz sentido...
eu achei que o nosso amor seria para sempre
para sempre
para sempre 
para sempre 
para sempre....
a minha válvula de escape era você...
o fim dos meus remédios era você...
o fim do meu tratamento era você...
e agora?
eu joguei tudo fora
eu fugi com você
eu vivi com você...
eu sou um fantasma nessa cidade tentando se recuperar de problemas invisíveis 
problemas que eu mesmo crio
enquanto eu tentava me afogar na fria água da represa
enquanto a correnteza me levava para muito longe
para cabanas distantes
para vidas distantes
para histórias distantes
para chances distantes
para tratamentos distantes
............
os azulejos do banheiro estão sujos do seu sangue 
a cozinha está pegando fogo
e eu apenas observo 
eu apenas fujo 
eu apenas choro
eu apenas pixo
eu apenas choro
eu apenas morro
eu apenas me suicido....
........................................ 
a neve está ficando cada vez mais forte
a minha casa não existe
o seu corpo foi embora 
a neve barrou todas as nossas lembranças...
espero que eu poste isso algum dia
eu sempre precisei de ajuda
sempre precisei de apoio
e ninguém me escutava
e todos brigavam comigo
e todoa cagavam pra mim
e todos me criticavam pelo o que eu escutava 
e todos colocavam culpa nos meus discos de vinil
ninguém me escutava
o problema era você...
as suas músicas...
as suas apresentações....
você causou o inferno na minha vida
você sumiu 
e eles ainda continuam aqui.....
eu estou sozinho na cidade
ninguém ouve os meus gritos de desespero noturnos 
ninguém me manda um bolo 
ou me dá uma caixa de ovos
ninguém me escuta 
a floresta está coberta de neve
e a represa, congelada.
eu não escuto nada 
não consigo respirar 
sinto um cheiro horrível de madeira....
esse cheiro de pó...
não acho nada 
só um papel e uma caneta...
os meus melhores amigos de toda a minha vida.....
eu morreria com a certeza de que eu teria te amado para todo o sempre....

                                                                                                                                                                        -j.v

o fim do meu mundo

Eu abri a janela e olhei para fora.
A neve me chamava para o fim.

Contava cada passo,
cada pegada,
cada carta,
cada poema,
cada abraço,
cada sonho 
e eu nunca achava onde eu tinha errado.
Toneladas de fumaça invadindo o meu pulmão e destruindo o meu corpo.

Acordo todo dia,
pensando se eu te perdi pra sempre ou se eu nunca te tive.
É a dúvida mais cruel e dolorosa que eu já tive.

Ninguém vai decifrar 
o ódio
e a tristeza
que eu jogava em cada poema,
em cada carta,
em cada folha.
Era tão irreal para parecer real.
Agora eu entro no meu quarto e te escrevo as piores linhas
as linhas mais sentimentais 
com o maior ressentimento do mundo.
Noites de sábado que viraram um inferno,
minha paz morreu
e meu espírito se diluiu no céu da solidão.

Eu não te amei pra sempre.
Eu não te amo
e nunca vou.

Só me conta como eu posso sumir?
Como eu paro de sentir essa dor?
Esse sentimento?
Os dias se repetem que nem um calendário.
Eu sinto a minha vida perder todo o sentido.
Mas eu fico calado
e não espero.
Não corro atrás
e nem tento.

Foi a pior luta da minha vida.

Agora, eu sento em um banco de terra
e olho pro horizonte
tentando achar inspiração
menos em você.
Eu acabei de jogar as nossas fotos (ou as suas?) no lago
e eu volto pra casa sangrando 
e morrendo cada vez mais.

Eu transformei uma paisagem tão bela no pior inferno possível.
A dor é tão gigante
e você se foi
e continuou indo
sem olhar pra trás.

E eu congelei no tempo
e esperei
a neve me matar e me tirar esse sofrimento
pra sempre
pra sempre
pra sempre
pra sempre.

                                                                                                                                                                                      -j.v

origem dos poemas: laços infantis, reputação, cidades infinitas e #33


laços infantis:
 em 2020, eu tive o imenso prazer em dividir a minha quarentena com uma pessoa muito especial: a Estrela. eu não tenho palavras pra descrever o quanto aquela cachorrinha me dava inspiração. além de tudo, por causa de uma má formação, ela não tinha um olhinho e eu não sei o porquê, mas isso fazia ela ser mais elegante e mais ela. a gente não sabe como, mas em outurbro, ela morre e a dor foi tão grande, porque, todo sábado, praticamente, eu via algum filme com ela e ligava os piscas-piscas do meu quarto. depois da morte dela, esses atos foram tão dolorosos que eu até parei de fazer isso. concluindo, esse poema é uma homengem a ela e a todos os momentos que tivemos juntos. ela é inesquecível e eu ainda sinto falta dela mordendo meu nariz enquanto eu dormia.

reputação: "reputação" foi um poema em que eu escrevi pensando, exclusivamente, na minha reputação (kkk). na verdade, essa coletânea gira entorno das palavras "medo", "reputação" e imagem. por isso, eu escrevi um poema que descreve o sentimento de perceber que a sua imagem, em pouco tempo, foi destruída, a ponto de ter sido deixada em ruínas. ter uma má reputação é horrível, você não pode fazer nada, porque as pessoas sempre vão achar que você faz aquilo com segundas intenções. além disso, ninguém acredita em você, porque eles só te conhecem por aquilo que eles ouviram dos outros e não quem você realmente é.

cidades infinitas: 
durante a coletânea "espinhos macios" (vou postá-la algum dia aqui), eu senti que a vida vivia me fazendo essa pergunta: "josé, você escreve pros outros ou pra você?" e a resposta era simples: "não sei". por conta disso, eu decidi dar uma sumida para refletir sobre isso e o resultado foi a criação desse poema. eu acho que ele é a síntese desse processo da criação de "2017: sou o que penso que sou". pra concluir, "cidades infinitas" é uma metáfora para a imensidão que eu sentia dentro de mim. eu não parava de escrever e sempre pensava no ambiente urbano. por isso, decidi nomear o poema assim.

#33: 
é simples: você já conheceu alguém que fez algum tipo de merda com você e ainda saía por aí falando que a culpa era sua? pois é, isso aconteceu comigo e eu decidi dar uma resposta bem curta e grossa. a única coisa que muda é que isso não me importa mais. eu consegui me estabilizar e você nunca mais vai me derrubar. 

                                                                                                                                                                                                                 -j.v
Sou paulista e, desde criança, me interessei pelo grande acervo de possibilidades literárias. Porém, como não tinha uma maturidade formada, nunca me aprofundei, apenas ficava parafraseando roteiros de séries e, às vezes, criando as minhas. Em 2020, em decorrência do isolamento social, tive que viver comigo e com a minha cebeça, tipo, 24 horas por dia e, por incrível que pareça, me levou à escrita, o que, hoje, pra mim, é um processo catártico! espero que você goste dos meus poemas!
Katia Siqueira Kouzelis
Well done José.
26/janeiro/2024
-
Gabriela Lages Veloso
Parabéns pelos seus textos!
13/julho/2021
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José Vitor Gomes
obrigado <3
14/julho/2021

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