Procurar pinto do amor
43 resultadosé um labirinto.
Nele me perdi
com o coração
cheio de ter fome
do mundo e de ti
(sabes o teu nome),
sombra necessária
de um Sol que não vejo,
onde cabe o pária,
a Revolução
e a Reforma Agrária
sonho do Alentejo.
Só assim me pinto
neste Amor que sinto.
Amor que me fere,
chame-se mulher,
onda de veludo,
pátria mal-amada,
chame-se "amar nada"
chame-se "amar tudo".
E porque não minto
sou um labirinto.
Ouvido ouve o que deseja e o que não
O pinto duro pulsa forte como um coração
Trepar é o melhor remédio pra tesão
Um terço é muita penitência pra masturbação
A grávida não tem saudades da menstruação
Se não consegue fazer sexo vê televisão
Manteiga não se usa apenas pra passar no pão
Boceta não é cu mas ambos são palavrão
Gozo não significa ejaculação
O tato mais experiente é a palma da mão
O olho enxerga o que deseja e o que não
Ouvido ouve o que deseja e o que não
Depois de ejacular espera por outra ereção
O ânus precisa de mais lubrificação
Por mais que se reprima nunca seca a secreção
O corpo não é templo, casa nem prisão
Uns comem outros fodem uns cometem outros dão
Por graça por esporte ou tara por amor ou não
Velocidade se controla com respiração
O pau se aprofunda mais conforme a posição
O tato mais experiente é a palma da mão
Cantei do injusto amor o vencimento;
Sem saber, que o veneno mais violento
Nas doces expressões falso encobria.
Que amor era benigno, eu persuadia
A qualquer coração de amor isento;
Inda agora de amor cantara atento,
Se lhe não conhecera a aleivosia.
Ninguém de amor se fie: agora canto
Somente os seus enganos; porque sinto,
Que me tem destinado estrago tanto.
De seu favor hoje as quimeras pinto:
Amor de uma alma é pesaroso encanto;
Amor de um coração é labirinto.
Publicado no livro Obras (1768).
In: COSTA, Cláudio Manuel da. Obras. Introd. cronol. e bibliogr. Antônio Soares Amora. Lisboa: Bertrand, 1959. (Obras primas da língua portuguesa
A festa acaba impreterivelmente às 4 da matina,
mas se houver vaia
continuará até as 5.
Wilza Carla de ovos de ouro distribui pintos de prata
à distinta comissão julgadora
indecisa entre Tason, o ídolo de Marfim
e Eleonora de Aquitânia à la tour abolie.
Helena entra a cavalo.
Pode não, pode não, cavalo não é paetê.
Prego! pregou na hora e vez de desfilar.
Minuto de silêncio corta o samba
em duas fatias doloridas de nunca mais.
Naval navega onde que não vejo?
70 PMs, 40 detetives especializados
engrossam o Golden Room do Copa.
Ford e Veruschka, o Poder e a Glória,
dividem entre si o terceiro mundo,
mas resta sempre um quarto, um quinto, um
solivagante Eu Sozinho a carregar
todo o peso da graça antiga na Avenida.
Boneco gigante prende o passarinho na gaiola,
embaixo o letreiro: SOL E ALEGRIA.
Salgueiro ao sol
abafa no atabaque e na harmonia.
A gata de vison arranha a bela
acordada nos bosques de Portela.
Dante já não escreve: assiste
à divina comédia de Bornay.
Machado de Assis segue no encalço
de Capitu metida num enredo
mano a mano com Gabriela amor-amado.
Turistas fantasiados de
turista
em vão tentam galgar o olimpo das bancadas.
Pau comeu.
400 músicas gravadas,
6 ou 7 cantadas,
52 mortos em desastre,
17 homicídios,
suicídios 5,
2 fetos,
355 menores apreendidos,
400 garis a postos
para varrer o lixo da alegria.
É cedo, espera um pouco; Chave de Ouro,
festa depois da festa, enfrenta o gás
e o cassetete.
Júri soberano,
os grandes derrotados te saúdam.
Júri safado,
premiou fantasia do baile de 1920.
Pobre júri de escolas,
20 horas, 20 anos indormidos.
A noite cobre a noite do desfile
interminável qual fio de navalha
e deixa cair a peteca.
Que é que eu vou, que é que eu vou dizer em casa?
Levanta a cabeça,
já não precisas dizer nada.
A moça no pula-pula do salão
perdeu o umbigo.
Quem encontrar favor telefonar,
será gratificado.
Bem disse Nana Caymmi: Carnaval
me dá falta de ar.
E resta um bafo da onça na calçada
junto a um confete roxo e um pareô
sem corpo, nu e só, ô ô ô ô.
23/02/1969
II — CARNAVAL 1970
Quatrocentas mil pessoas fogem do Rio
duzentas mil pessoas correm para o Rio
inclusive travestis, que um vale por dois.
A festa assusta e atrai, a festa é festa
ou um raio caindo na cidade?
Que peste passou no ar e foi matando
formas simples de vida costumeira?
A cidade morreu nos escritórios,
nas indústrias, nas lojas. Bairros inteiros
petrificados em mutismo. Janelas
trancadas em protesto ou submissão.
A cidade explode nos clubes
cantansambando
sambatucando
vociferapulando.
Estoura no asfalto em flores furta-cores girandólias
entre florestas metálicas batendo palmas e vaiando
entre postes fantasiados e vinte mil policiais.
Explode meu Rio e sobe,
até a Lua vai a nave da rua
e sambaluando exala em quatro noitidias
queixumes recalcados o ano inteiro.
A decoração desta cidade
eram mares, montanhas e palmeiras
convivendo com gente.
Acharam pouco. Há muitos anos
acrescentam-se bonecos de plástico, sarrafos
em fila processional sobre as cabeças,
brincando no lugar dos que não brincam
ou mandando brincar, ordem turística.
E meu Rio bordado de palhaço
brincou na pauta, brincou fora da pauta.
Brincar é seu destino, ainda quando
há desrazões de ser feliz,
ou por isso mesmo, quem entende?
(Quem quiser que sofra em meu lugar.)
E repetiu os gestos, renovando-os
um após outro, como se este fosse
o carnaval primeiro sobre a Terra
ou o último carnaval, adeus adeus.
E foram todos
ao primo baile
do Municipal
e os ouropéis
das fantasias
monumentais
ninguém sonhara
tão divinais
e as escolas
de samba autêntico
(menos ou mais)
nunca estiveram,
caros ouvintes,
tão geniais.
Meu Deus, acode,
este samba é demais.
Na tribuna computadores críticos
analistas, objetivos: “Não foi bem assim.
A bateria deixou a desejar.
Aquele prêmio? Plágio de plágio
de 58 (veja nos arquivos).
Faltou isso & aquilo, faltou garra,
faltou carnaval ao carnaval”.
Ah, deixa falar, deixa pra lá.
Deixa o cavo coveiro resmungar
que há longo tempo o grande Pan morreu.
No bafo da festa da onça
na vibração da pluma do cacique
no rebolado de Dodô Crioulo
no treme-treme de bloco frevo rancho
na bandeira branca da paz e mais amor,
todo carnaval
é o bom é o bom é o bom.
E ficou barato o pagode, meu compadre?
Oh, quase nada: todos os enfeites
não chegam a um milhão e meio de cruzeiros
novos: contas radiantes de colar
no colo da cidade à beira-mar.
E quem fez os coretos do subúrbio?
Foi o subúrbio mesmo, na pobreza
sem paetê, que finge de brincar
na distância, no ermo e profundeza
de buracos de estrada por tapar.
Mas deixa pra lá, deixa falar
a voz da Penha, de Madureira e Jacarepaguá.
O carnaval é sempre o mesmo e sempre novo
com turista ou sem turista
com dinheiro ou sem dinheirocom máscara proibida e sonho censurado
máquina de alegria montada desmontada,
sempre o mesmo, sempre novo
no infantasiado coração do povo.
12/02/1970
Os corpos adestros lá davam sutis!...
Que risos, que galas, que formas faceiras
Das jovens matutas nos lindos perfis!...
Gemia a viola nos seus devaneios,
No ar se perdiam das cordas os sons...
Nos olhos quebrados, nos trêmulos seios
Que graças, que sustos, que mimos, que tons!...
Na dança em vertigem, as frontes pendidas,
Aos meigos requebros, volvia-se um par;
Dos trenos suaves, das notas sentidas
Nas almas caía sereno orvalhar...
E os olhos falavam de gozos celestes —
Brotados nos seios dos sonhos em flor: —
Cochichos, carinhos... ruídos de vestes...
Mas lá do recato sentia-se o olor.
Que doces sonidos de passos sonoros,
Que belas miragens revolvem-se então!...
Aos bons desafios dos peitos canoros
A dança redobra no seu turbilhão...
Recresce o baiano; nos seus refervidos,
Em tais rodopios um céu se desfaz...
Um céu de desejos, de sons, de gemidos,
De sonhos, de cismas que a vida nos traz...
Cansadas as notas, estanque a loquela,
Deixadas as danças, o par se assentou:
"Agora a modinha!..." "Sim, vamos a ela!..."
"Quem canta, que chegue!..." "Se querem eu vou!"
Disse um da festa: e, pondo os dedos trépidos
No violão que geme ao seu ardor,
Dá começo, ao depois que ledo o empalma,
"Às belas por quem minh'alma
Empalidece de amor!..."
E cresce o canto alegre, suavíssimo
Como puras manhãs todas em flor...
O ruído do mundo lá se acalma
"Nas belas por quem minh'alma
Empalidece de amor!..."
E das notas que vibra ali dulcíssimas
Sonora a voz do lúcido cantor,
Do belo e da saudade cabe a palma
"Às belas por quem minh'alma
Empalidece de amor!..."
São sonhos palpitantes, ameníssimos
Que ao peito nos imergem seu candor;
Transparece do céu a vida calma
"Nas belas por quem minh'alma
Empalidece de amor..."
Poema integrante da série Recordações.
In: ROMERO, Sílvio. Últimos harpejos: fragmentos poéticos. Pelotas: Carlos Pinto, 1883
Com seu olhar profundo e lânguido cismar,
Um dia despertando aos tépidos bafejos,
Deu seu colo moreno aos homens de além-mar.
Deu seus lábios de fogo aos bravos navegantes,
Sedentos d'emoções, de lutas e de amor,
Que achando pouco o mar e a pátria, cá tiveram
Nas frontes mais suor, nos peitos mais ardor.
E na macia trança, impávida a cabocla,
Que a cútis cetinosa às flores imitou,
Prendendo de uma vez os nobres lutadores,
De uma alma de amazona a fé lhes confiou.
De uns sonhos de amazona o mel de eflúvios tantos
Colhido no fervor da força e da paixão,
Foi como um filtro mago em corações de deuses,
Como um beijo da brisa em juba de leão!
A vida estua aqui. Nos leques das palmeiras
Pensamento do céu se move impresso em luz;
São raios deste sol eterno que nos ama,
São mimos que este ar brilhante aqui produz.
Exala a natureza em tudo um devaneio,
Sua alma inda mais fulge aos toques do luar;
E o belo navegante, envolto na magia,
Cativo, se esqueceu das terras de além-mar.
Poema integrante da série O Primeiro Instante.
In: ROMERO, Sílvio. Últimos harpejos: fragmentos poéticos. Pelotas: Carlos Pinto, 1883
O salto/assalto é a nossa vocação.
De salto passámos as barreiras, as metas
Que vão desde as Berlengas, para além de Ceilão.
De salto vencemos Cabos,
Ultrapassámos Esperanças.
De salto perdemos Montes Pirinéus
E o alto mar!
De salto conquistámos Franças e Aranganças
E enfrentámos Deus
Com as mãos a abanar.
De salto voámos
Nas rotas do sonho.
De salto rastejámos
À procura do pão.
De salto chegamos,
De salto partimos os cornos
E ardemos nos fornos
Da Stª. Inquisição.
Foi o salto, o assalto,
Foi a estrada, o asfalto,
O carreiro, o mar alto
Que nos abriu a porta;
Foi o filho, foi a fome,
A mulher, o renome,
A vaidade dum "home";
Foi a nossa avó torta
Que não tinha na horta
Caldo para nos dar.
Foi o mar... Foi o mar...
Ai a cruz das caravelas,
Cruz da Stª. Inquisição,
Ai a cruz do Tormentório
Da pimenta e Mazagão.
Ai a cruz que nos puseram
Sexta-feira de paixão.
Ai a cruz que arrastamos
Mundo fora: este Calvário,
Sem Cirinéu nem sudário,
Que a ela nos deite a mão.
Ai a cruz! ai maldição!
Porque a terra nos negou
Um canto de amor e pão,
Eternamente metidos
Nesta vã "peregrinação"
Sempre atrás do vil metal,
Eu, Fernão Mendes Pinto,
Cheirando ao bagaço e ao tinto,
Eu é que sou
Portugal!
a colher da tarde, é o fruto que ficou na árvore onde
os pássaros o procuram, e passam de lado, como se
o não sentissem. É o fruto que me resta olhar, com
a sua pele tecida pelos ventos do verão, e a polpa
a sair, como se a terra estivesse pronta para a
receber. Estendo-a com a sua frescura de nuvem,
que pinto com a cor tensa do amanhecer, ouvindo
a música dos seus lábios descer-me para o fundo
da alma, onde lhe dou a guarida dos amantes. É
ela o centro da cedilha que ponho no intervalo
de cada frase, para que um sopro de silêncio se
instale no coração da primavera. E se um
murmúrio o rompe, levem-no os ouvidos em que
pousou, para que alguém o repita, e noutros
lábios se faça o que aqui se vê, e já passou.
Nuno Júdice | "A pura inscrição do amor", pág. 73 | Publicações Dom Quixote, 1ª. edição. Jan. 2018
Assim escreveu Luiz de Aquino, sobre as raízes da frondosa e generosa árvore em que busca transformar-se, como ser humano, e como criador: "Meu pai tem mãos de amaciar violão (feito as de Rabelo e Reny, Marcelo e João Bosco). Minha mãe tem mãos-carinho (como as de Mel e Iliana, de Zaira e Mariana). Tenho mãos de escrever poemas de amor e coisas afins. O mundo tem mãos que espancam e afagam, esculpem e coloram. As de Reny fazem sons, as de meu pai criam acordes, despertam amores, acalentam dores, adormecem temores e saudades. As minhas molham-se em molhos sensuais. Tenho mãos que amansam vãos". É assim, emotiva, e saudosa de suas raízes, a poe-sia de Luiz, que hoje recebemos, jubilosos. E como o poeta conhece e decifra, sem medo, a linguagem do amor, sabe, como a poetisa Re-nata Pallotini, que para amar, de verdade, é pre-ciso ter a suprema coragem de atirar nossas coi-sas para o mar, e partir sem bagagem. Quem, como Luiz de Aquino, teve a coragem kamikaze de vender poesias de amor, de bar em bar, aos casais de namorados, sabe que a vida, a literatu-ra e o amor, só valem se fizerem parte de um único projeto. Por absurdo que pareça, disse Guimarães Rosa, três dias antes de morrer (acabara de tomar posse na Academia Brasileira de Letras), a gente nasce, vive e morre. E, como se estivesse a adivinhar o fim próximo, de sua vida e obra, assinalou: "Esta vida horária não nos deixa encerrar parágrafos, quanto mais terminar capítulos".
Mas o que tem a ver, tanto devaneio poético, com as sisudas e bem comportadas pala-vras, que devem constar de uma saudação aca-dêmica?, poderão alguns indagar. Se é verdade que as melhores palavras de um poeta são os seus próprios poemas, entendo que a linguagem mais apropriada, para saudar um poeta, é a que vibra, e se manifesta em seus próprios poemas. Se o que nós amamos verdadeiramente perma-nece, sendo entulho, todo o resto, então, para quem decifra a aventura de viver aprendendo a ária de silêncio das palavras, só o que couber na dimensão mágica da poesia tem razão e sentido. Assim sendo, não me escuso por brandir, aqui, mais a minha lira do que meus frágeis saberes acadêmicos; até porque, como bem disse o po-eta Gabriel Nascente, "A poesia não pede licen-ça pra chegar".
Luiz de Aquino Alves Neto nasceu em Caldas Novas, na praça da Matriz, em uma ca-sinha já demolida, onde se construiu, há mais de 20 anos, uma confortável morada, onde hoje funciona uma butique. Coisa da especulação turística. Era sábado, 15 de setembro de 1945, um pouco mais de um mês após os americanos detonarem, sobre Hiroshima e Nagazaki, as du-as primeiras bombas atômicas, que atiraram a humanidade nos horrores e no dantesco espetá-culo da guerra nuclear. O poeta acha que, aba-lado pela explosão do mundo, nasceu turrão. "Sou alegre e maleável até que alguém pise, distraidamente ou por querer, no nervo que os-tento na cauda". A Caldas Novas seu pai che-gou em 1940, buscando trabalho. Dois de seus tios maternos moravam lá e já desfrutavam de certa influência inexpressiva na corrutela que, 26 anos depois, despontaria como o mais pro-missor pólo turístico do Brasil Central. Ele vi-nha de Pirenópolis e — isto é curioso — pelo lado materno descende de Martinho Coelho de Siqueira, o descobridor das águas termais no findar do século XVIII.
O clima, em sua casa, no período de 45 a 56, fazia jus à raiz musical, vinda de seu avô. O pai de Luiz, Israel de Aquino, trouxe, de Pire-nópolis, a habilidade para executar, ao violão, valsas e modinhas bem ao gosto da época. Ali, aos 17 anos, encontrou um rapaz de sua idade, moço, dotado de rara inteligência e que, apaixo-nado por música e artes, conseguiu a façanha de estudar música por correspondência: José Pinto Neto, que já está do outro lado da vida. Com Zé Pinto, seu pai formou a mais marcante dupla da vida boêmia de Caldas Novas. Aos quatro anos de idade, Luiz de Aquino acompanhou os seresteiros, em sua primeira serenata. As letras das músicas (sempre antigas), eram transcritas em letra bonita, em cadernos de capa dura. Ele se lembra de ver José Pinto afastar o sax para vomitar, tanto tinha bebido. Mas a responsabili-dade do instrumentista não lhe permitia, com toda a cachaça, vomitar no instrumento. As se-renatas, tirando o período de dez aos dezessete anos, foram marcantes, em sua vida, até quando, aos 33 anos, teve a voz afetada por papilomas vocais. Por esta ocasião, o poeta empunhava, todo lampeiro, um cavaquinho que, então, teve de aposentar. "Eram comuns, as rodas musicais em minha casa. Eram viajantes que apreciavam música, eram juízes ou promotores com voca-ções musicais, que vinham buscar a companhia do meu velho, Zé Pinto sempre ao lado. E meu pai era convidado permanente para as festas de família, ou mesmo as quermesses da igreja, ape-sar de maçom. Cresci, pois, aprendendo letras de valsas e modinhas. A leitura, conheci-a nas práticas de minha mãe. Quando aprendi a ler, antes dos cinco anos, apaixonei-me pelos gibis e os lia todos, da coleção do primo Rogério. Não demorou para que eu fosse cortado dos jogos de bola ao lado da igreja, porque jamais podiam contar comigo. Era descuidarem, e eu me es-condia na casa de tia Dorinha para ler gibis".
Foram belos e difíceis, seus anos de giná-sio, no Rio. Em português, adotava-se o mesmo livro para todos os quatro anos do ginásio: an-tologia, organizada pelo professor Clóvis Mon-teiro, diretor do colégio, que viria a falecer justo naquele ano de 1958, seu primeiro ano ginasial. Foi nesse livro que tomou contato definitivo com textos literários, tanto em prosa como em verso: "No Pedro II, ensinava-se gramática pela literatura. Uma professora, particularmente, marcou minha vida: Maria Helena Silveira, de quem nunca mais tive notícias. Ela tinha um defeito físico, aquela corcunda com protuberân-cia no osso externo, o que chamam de peito-de-pombo. Foi, talvez, a personalidade mais linda que conheci na adolescência, exemplo de ho-nestidade intelectual e integridade ética". No quarto ano, para ensinar História do Brasil, che-gou o mais famoso poeta brasileiro da época, J.G. de Araújo Jorge. Com ele Luiz aprendeu, quem sabe, a cantar em poesia as paixões que, é claro, são um capítulo à parte, na vida de todos (ou quase todos) os poetas: "Minha primeira paixão era uma garotinha do primário, colega de classe, com quem jamais troquei uma palavra sequer. E
por um bergantim
de nossa companhia se perdera: como não veio
mandou o Capitão pôr uma cruz na ilha e nela
atada
uma carta emburilhada em cera
e nela
dizia ao Capitão do bergantim
o que fizesse vindo ali ter:
e emburilhada em cera e mel
fincada com punhal no coração
esta é uma carta, amor, é teu canto de morte —
epitáfio
da primavera:
naquela madrugada
do Hospital dos Espanhóis:
quando teus olhos foram se afundando
na doce caravela de teu corpo,
a herança
de um quinhão de luz tocou aos meus e a camarinha
doou ao coração sua parte de ar
e no formal de partilha o silêncio
era só meu e o rumor
de uma voz — individido —
sucedeu ao ouvido solitário:
o amante da amada morta tem um ouvido a mais
et video cherubim ac seraphim
et audio:
no rádio de Paquita o tango de ontem
é agora mais forte sobre a rua
Benjamim Constant e no Largo da Glória, ó Paulo Flerrúng,
as merencórias putas são mais tristes
batem mais os relógios pela madrugada no sobrado
de Alice
e no bar do Soares se contemplam mais
as cadeiras espectantes:
partiu quem repartia
comigo o ar e a luz e o silêncio e o rumor
e de ar e de luz e de silêncio e vozes
resultou, amor, mais rico o teu cantor — e agora
resta
percorrer teu inventário e nele
a doação de um anel, de uma estrela,
de um céu de agosto e a promessa
da resposta ao beijo na defunta boca — e quem
pudera cantar — que voz se modulara dentro
deste quarto quando
das maçãs do silêncio vive a morte
de teu rosto — na maçã
de teu rosto — pálida rosa entre as outras flores:
pois à pálida rosa submissa
a rosa de ferro do rosto de Albrecht Engels
flor cinérea dos olhos de Heinz Lorenz e outros
guerreiros alemães:
celebravam a princesa morta
e Chagall e Edgar e os cárceres se abriram
requiem para a infanta morta
Guido Corti e Edmondo di Robilant, dos condados
de Veneza:
à pálida rosa respondia a flor
de mármore do rosto dos fidalgos de Itália
e Enrico Marchesini era florentino e chorava
e Amleto Albieri era vêneto — e chorava
e George Blass, o formoso velho, era do sul da
Alemanha — e chorava
e celebrava a lágrima o melhor azul de seus olhos
renanos
e Meyer-Clason viera da Westphalia — e chorava
os sinos dobraram nas lpueiras e entre os poetas
— entre
Marcos Konder e os outros — entre bons ladrões
bons assassinos tomados de doçura — e
a doçura
pungira o duro olhar de Manoel Bento e o belo
inesquecido rosto de Frau Malik — viera de Bonn
am Rheín e chorava
erue, Domine, trenavam vozes
Padre Frederico Prfllwitz — viera da Prússia e
chorava
viera o Padre Fernando do Rio Comprido — e
chorava
e Frei Meinulfo da Baviera e chorava
e o Padre José — de Turim — e chorava
e Monsenhor Felício Magaldi era napolitano e
chorava
e o Padre Waldir era alagoano — e chorava
e o grande rosto compassivo de Castro Pinto —
chorava.
Naquela tarde sobre o lgarapé das Almas no país
do Pará
a velha Maria Cândida sentiu um nó nas entranhas
transfigurou-se de súbito à beira das águas e
clamou a Manuel e Lourdes e Antônio e
João e Zaida
e aos vizinhos atônitos
apontando a vitória-régia que se afundava nas
águas ao terral de junho:
— Magdalena está morrendo — é a flor
da morte no rosto da princesa" —
e no rosto
mongol do velho pai, da velha mãe
no igarapé dos olhos dourados
a pétala da morta desmaiava.
Pois canto agora sua sombra:
já rosa entre as mulheres — conhecido
foi seu corpo ao macho à borboleta ao óleo-santo
e à manjerona em flor:
entre formas
de brisa e moldes de luar
é lida a sua forma — e sabe dela
a raiz da relva — e à volta
das hortelãs cheirosas
Yugo Kusakabe — era japonês — e chorava
e lavrou-lhe a pedra da sepultura e por ali
sei o caminho do homem em sua mocidade.
Sentado junto à Ponte Vecchio o poeta
examinava o mapa de Eleusis e ensinava aos pés
várzea, lezíria e vertentes do monte
e a lira de Tibulo a tiracolo
pastor da morte a morte o pastoreia
venho de onde para onde parto
Madgalena
da raça dos Mourões
na adega do sepulcro amadurece
a ancoreta do vinho desejado —
sou o axnante de bronze: da espada empunho os
copos
e nos copos de seu vinho com a ponta da espada
mergulhe a macerar-se o coração
e da romã partida
regale-se na lágrima a semente
de amor e morte para sempre
esparzida em teu vôo
E as amantes na alcova e os algozes no ergástulo e
o confessor na extrema-unção e o médico
na autópsia sobre o peito hão de
encontrar-me
de teu pássaro e teu nome a tatuagem azul
.........................
(e ainda cantarei de ti)
.....................
E foi o funeral — esse — de Magdalena domadora
de coração
nas moradas altas do cemitério — testemunha
Efraín — e uma palmeira
cresceu de súbito de sua fina cintura — lembra
Bárbara —
e seu jeito guarda
na boca desse frade alemão
nome de milagre —
good night, sweet Princess,
amadures
no chão da sepultura
e da haste do florido corpo
nas auroras eternas
te encontrarei, formosa, e a mão
arredondada às curvas morenas
macia de madeixas a mão
demorarei no fruto de teu rosto
e à luz dos olhos
põe-te um vestido verde
por formosura
como a pera
quando madura.
uma garota de Galveston me dá
US$ 50 por um quadro de um homem
segurando uma bengala doce enquanto
flutua por um céu escuro.
então um jovem com uma barba negra
aparece
e eu lhe vendo três por US$ 80.
ele gosta de telas grosseiras
nas quais escrevo coisas como –
“cague” ou “GRANDE ARTE É
BOSTA DE CAVALO, COMPRE TACOS”.
posso fazer um quadro em 5 minutos.
uso tinta acrílica, direto do
tubo.
pinto o lado esquerdo do quadro
primeiro com minha mão esquerda e depois
termino o lado direito com minha
mão direita.
agora o jovem barbudo
retorna com um amigo com um cabelo
todo espetado e eles trazem uma loirinha
com eles.
o barba negra continua sendo o mesmo otário:
vendo-lhe um punhado de merda –
um cachorro laranja com a palavra
“CACHORRO” escrita ao seu lado.
o cabelos espetados quer 3 quadros
pelos quais peço US$ 70.
ele não tem a grana.
fico com as telas mas
ele promete me mandar uma
garota chamada Judy
de cinta-liga e saltos altos.
ele já lhe contou sobre mim:
“um escritor de fama internacional”, ele disse
e ela respondeu, “oh, não!” e puxou
seu vestido sobre sua cabeça.
“eu quero isso”, eu lhe disse.
depois discutimos as condições
eu queria comê-la primeiro
e depois receber um boquete.
“que tal o boquete primeiro e
depois a foda?”, ele perguntou.
“isso não funciona”, eu
disse.
então chegamos a um acordo:
Judy viria até aqui e
depois
eu alcançaria a ela as
3 pinturas.
e assim estamos:
de volta ao escambo
o único modo de vencer a
inflação.
apesar disso
gostaria de
iniciar aqui o Movimento pela Libertação Masculina:
quero uma mulher que me dê 3 de
suas pinturas após fazer
amor comigo,
e se ela não souber pintar
pode me deixar
um par de brincos de ouro
ou talvez um pedaço de orelha
em homenagem àquele que
era capaz.
na água sem fundo nem forma, na abóbada negra do mundo,
nas pobres cabinas o homem resolve suas mínimas normas,
a roupa, o relógio, o anel, os livros sangrentos que lê:
o amor escolheu seu esconderijo e a sombra entrelaça
um férreo relâmpago que cai frustrado no vazio
e em plena substância impassível resvala o navio
com um carregamento de pobres desnudos e mercadorias.
Ali, no começo da primavera marinha,
quando a ave assustada e faminta persegue a nave
e no sal aprazível do céu e da água aparece o aroma
do bosque da Europa, o cheiro da menta terrestre,
soubemos, amada, que o Chile sofria quebrado por um terremoto.
Deus meu, tocou o sino a língua do antepassado na minha boca,
outra vez, outra vez o cavalo iracundo pateia o planeta
e escolhe a pátria delgada, a beira do páramo andino
a terra que deu em sua angustura a uva celeste e o cobre absoluto
outra vez, outra vez a ferradura no rosto
da pobre família que nasce e padece outra vez o espanto e a greta,
o solo que separa os pés e divide o volume da alma
até fazê-la um lenço, um punhado de pó, um gemido.
Talvez és, Chile, a cauda do mundo, o cometa marinho
apenas colado ao assombro nevado da cordilheira
e o passo instantâneo de um átomo solto na veia magnética:
treme tua sombra de âmbar e tua geologia
como se o rechaço do Polo ao ímã de tuas vinhas azuis
fizesse o conflito, e tua essência, outra vez derramada,
outra vez deve unir sua desgraça e sua graça e nascer outra vez.
Pelos muros caídos, o pranto no triste hospital,
pelas ruas cobertas de escombros e medo,
pela mina que forma a sombra às doze do dia,
pela ave que voa sem árvore e o cachorro que uiva sem olhos,
pátria de água e de vinho, filha e mãe de minha alma,
deixa-me confundir-me contigo no vento e no pranto
e que o mesmo iracundo destino aniquile meu corpo e minha terra.
Oh sem par formosura do Norte deserto,
a areia infinita, os rastros metálicos dos meteoros,
a sombra cortando o desenho de sua geografia violeta
na clara paciência do dia vazio como uma basílica
na que estiveram sentadas as pedras caídas desde outro planeta:
a seu redor as colinas de colo irisado esperando e mais tarde
as estrelas mais frescas do mundo palpitam tão perto
que cheiram à sombra, a jasmim, à neve do céu.
Oh pampas desnudos, capítulos cruéis que só percorrem os olhos do ceibo2,
sem par é o nome do homem que cava na porta maldita
e rompe deixando suas mãos nos cemitérios
a crosta do astro escondido, nitrato, sulfato, bismuto,
e acima na neve deserta de cruzes a altura eriçada,
a entrega através de seu sangue o sangue maligno do cobre,
sem par é o nome do homem e modesto é seu suave costume,
se chama chileno, está acima e abaixo no fogo, no frio,
não tem outro nome e isso lhe basta, não tem sobrenome,
se chama também areal ou salitre ou quebranto
e somente se olhas suas mãos amargas saberás que é meu irmão.
Rosales, Ramírez, Machucas, Sotos, Aguileras,
Quevedos, Basoaltos, Urrutias, Ortegas, Navarros, Loyolas,
Sánchez, Pérez, Reyes, Tapias,
Conejeros, González, Martínez,
Cerdas, Montes, López, Aguirres, Morenos, Castillos,
Ampueros, Salinas, Bernales, Pintos, Navarretes,
Núñez, Carvajales, Carillos, Candias, Alegrías,
Parras, Rojas, Lagos, Jiménez, Azócares,
Oyarzunes, Arces, Sepúlvedas, Díaz,
Álvarez, Rodríguez, Zuñigas, Pereiras, Robles, Fuentes, Silvas,
nomes que são homens ou grãos de pólvora ou trigo,
estes são os nomes que assinam as páginas da primavera,
do vinho, do duro torrão, do carvão, do arado,
estes são os nomes de inverno, dos escritórios, dos
ministérios,
nomes de soldados, de agrários, de pobres e muitos, de
entrada cedo
e saída aberta na sombra sem glória e sem ouro:
a estes pertenço e agora na noite de alarma, tão longe
no meio do mar, na noite, os chamo e me chamo;
quem cai cai em mim, o ferido me fere, o que morre me
mata.
Oh pátria, formosura de pedras, tomates, peixes, cereais, abelhas, tonéis,
mulheres de doce cintura que inveja a lua minguante,
metais que formam teu claro esqueleto de espada,
aromas de assados de inverno com luz de guitarras noturnas,
perais carregados de mel cheiroso, cigarras, rumores
de estio repleto como os canastros das chacareiras,
oh amor de rocio do Chile em minha fronte, destrói este sonho de ira,
devolve-me intacta minha pátria pequena, infinita, calada, sonora e profunda!
Oh ramos do Sul quando o trem deixou para trás os limões
e segue para o Sul galopando e ofegando rolando para o Polo,
e passam os rios e entram os vulcões pelas janelinhas
e um cheiro de frio se estende como se a cor da terra
mudasse e minha infância
tomasse seu poncho molhado para percorrer os caminhosde agosto.
Recordo que a folha quebrada do peumo3 em minha boca cantou uma toada
e o cheiro do raulí4 enquanto chove se abriu como uma arca
e todos os sonhos do mundo são um arvoredo
por onde caminha a lembrança pisando as folhas.
Ai canta guitarra do Sul na chuva, no sol lancinante
que lambe os carvalhos queimados pintando-lhes asas,
ai canta, racimo de selvas, a terra empapada, os rápidos rios,
o inabarcável silêncio da primavera molhada,
e que tua canção me devolva a pátria em perigo:
que corram as cordas do canto no vento estrangeiro
porque meu sangue circula no meu canto se cantas,
se cantas, oh pátria terrível, no centro dos terremotos
porque assim necessitas de mim, ressurgida,
porque canta tua boca em minha boca e só o amor ressuscita.
Não sei se morrestes e se morri: esperando sabê-lo te
canto este canto.
nada sabia do exterior, se com ou sem dor.
Pinto em formação, não tinha idéia da concepção
do amor em questão
um ovo sem as implicações do ser ou não ser
cozido ou frito
um ovo só, um ovo O
que já cansado de não ser
pôs-se.
o grave movimento das palavras. E, desde então,
uma guitarra te espera na noite flamejante. Uma guitarra,
e suas cordas que estendem
sobre o abissal olhar das amadas
ou sobre o silêncio de cactos. Uma guitarra
que constrói, sem degraus, uma escada. Uma guitarra
que adormece o cansaço das lavadeiras. Uma guitarra
que aponta, no escuro, o riso do ditador. Uma guitarra
que cata siri, com as crianças,
nos mangues do Recife. Uma guitarra
que despe a moça de blusa azul
e a pluma de seus sapatos. Uma guitarra
que se estende sobre o longo caminhar das formigas
e conhece de cor a sanha das urtigas. Uma guitarra
que persegue os verdes abutres da colina
e espia de cócoras o pão que o diabo amassou.
Uma guitarra
que, espinha do arco-íris
impele navios como se fossem canções.
II
Guardas, dentro de mim,
um povoado: o poste aceso escorado no oitãoda memória.
Calado, conversas com tua gente: um moinho de vento
girando sem sentido. No Alto dos Angicos,
aprendeste a suportar todas as pragas, os presságios todos,
tantas visões, os sofrimentos tantos. Desde então,
compreendes os homens, debulhas suas espigas,
aprendeste o amor e as veredas de suas sílabas.
Desde então, recuperas pés soçobrados nos curtumes,
mãos em chagas de espinhos,
olhos derramados por sobre léguas em brasa. Desde então,
adormeces nos cabelos de palha da amada
ou rondas a madrugada como um lobo, porque, antes,
certamente, contemplaste o poente
que, em rugas, se dissolvia no peito azul da água de um rio imemorial.
III
Tua poesia
és tu mesmo, e somos todos nós.
Nós que pendoam nos labirintos noturnos.
Nós que cosem e descosem dúvidas, anseios,
boca esquecida num fragmento de tarde,
olhos que tecem adeuses com finíssimas agulhas,
mãos que catam siris e,
da lama,
fazem brotar a flor do poema.
Tua poesia são os olhos sem cal do pássaro morto,
a lucidez de um piano, o corvo a assombrar as estrelas,
tuas horas e teu suor acumulados.
Por isso carrego comigo o teu Pequeno Caderno de Palavras,
Os Seres, os Cantos de Lúcifer, a Ilha dos Patrupachas,
de onde fluem as águas, as pontes, o chão
de apodrecidas frutas, o tortuoso vôo de um morcego.
Lá, às vezes, só brota a flora vegetal das urtigas,
sob os indiferentes pés da moça de preto,
que, por ser um poema, é mesmo tua namorada.
IV
Um dia, desceste ao Vale dos Abutres
e te anunciaste o guardião dos corpos insepultos,
dançaste para os gatos e para tua própria morte.
E como houvesse uma irremediável aurora,
e como o cigarro se transformasse num corvo,
e como o tempo nada mais fosse
que tardes e montanhas incendiadas,
costuraste, em silêncio, as melodias de um secreto carnaval.
Leia José Alcides Pinto
Biografia de um Santo por Soares Feitosa
a espalhar as cores com que te pinto.
A tela não é toda a minha insónia,
os olhos já não vêem o que sinto.
O tempo, já não corre a meu favor,
a luz vai-se apagando na memoria,
por entre cinzas, fumo e calor
o amor vai perdendo toda a gloria.
E no calor do fogo em que ardeu,
a tua imagem e a minha mão
muito se ganhou e se perdeu,
subtraindo ao amor a perfeição
que a penumbra da noite sugeria.
Sem querer o céu começa a soluçar
E você se afasta e se cala
Teus olhos mouros se tornam lágrimas de inverno.
Fique este noite aqui amor
Fica aqui e não fique melancólico como o azul dos céus.
Mas eu sei o que você esconde por trás desse conjunto de cores
Suavemente devastando a terra.
Talvez você possa apressar a primavera
Talvez a vida feche teus olhos
Talvez aconteça antes do fim do verão
Eu posso te ensinar a ver
Com os olhos da alma.
Agora que já não há nada tão triste
Talvez você me pergunte na caminhada
Porque te sigo quando o outono cai
Ao escrever em vermelho de teu nome
Ao escrever no azul de meus versos
Mesmo que a tristeza dos mares
Siga a tua sombra
Não importa. Eu te canto, eu te pinto, eu te amo mais
Porque você pode ser muitas vezes
Como eu mais quero
Uma gaivota de luz na terra
Uma viagem de tentação à noite.
Você não deve chorar
Se você ver o gesto de uma mão solitária
Que já não pega mais no lápis frio
Nem no anjinho criança que de repente
Do papel olha para você.
E não se afaste de mim
Porque tua respiração já não funciona
E talvez a terra te escondas
Desse bando de relâmpagos
Que peregrinam no longo caminho de teu olhar.
Mas você já sabe que eu não posso mergulhar
Nos atalho do teu silêncio. Aqui há sangue, fogo, alma,
Por isso vou apenas dizer na vasta onda de suicídio crepuscular
Que quando você precisar dele
Pense que eu voei numa tarde cinzenta
Pra me despedir do sol.
com as cores
dos meus
sentimentos
quadro real
na
moldura
irreal
onde
você
não
se
enquadra
inacabada pintura
misto de
escultura
onde
cultivo
mil flores
nada se vê
e
tudo que pinto
logo se
desvanece
você tão imensa
num piscar
de olhos
diante
de mim
desaparece
imagem fortúita
que escapa
ao movimento
de minha compreensão
por
entres os dedos
de
minhas próprias mãos
revelando
no espaço
da tela viva
o seu mais belo
não visto
indomável
esboço
do meu
imaginário
sem começo
ou
fim
contorno
o
volátil
ao
tentar
descrever
e
desenhar
você
sou eu
revelado
em
meus
contornos grafados
incapaz
de
ser
algo
que vê
você
você não se molda
nem se conforma
você é sem forma
no inexato
que
apenas
me sente e contorna
com graça
me
grafas
me
enquadrando
em
meus
próprios
riscos
retrato abstrato
de meu
auto retrato
cheio
de
sentidos
existe
a
idéia
na
minha
tela
repleta
de
idéias
em branco
conjunto
de cores
vivas
e
transparentes
de
um
amor
vivo
e
quente
seu ser
é
claro
com a
divina
luz
me
inspira
a
amar
e
me
enche
de
cores
em
nuances
imaculáveis
numa miríade
de
incolores
Disse-lhe sem tirar os olhos d'ele --
-- "Vá! Eu não entendo isto que te impele..." --
Respondeu-me parado já na porta.
-- "O que quero é querer! Já não importa
Se cu, boceta ou pinto (o que se revele!)
Se índio, branco ou retinto, a cor da pele.
Só não serei feliz depois de morta!"
-- "Não sabes me causar senão assombros..." --
E ficou ali olhando os olhos meus
Com aquela frase à guisa já de adeus.
-- "Meu corpo, minhas regras." -- e dei de ombros.
-- "Teu amor, tuas negras..." -- e explodiu:
-- "Poliamor é a puta que o pariu!"
Belo Horizonte - 20 02 2018

Degrau a degrau sobe o silêncio até aos
Píncaros da solidão reflectida num inefável
Momento de tempo tão vulnerável
Precinto em mim o grito de tantos silêncios interiores
Alinhando ilusões inigualáveis e usurpadoras até colonizar
Cada palavra desafiadora, implacável...apaziguadora
Desta saudade que povoa a memória essencial, retenho
E retoco cada sonho insaciável bloqueando aqueles sussurros
Arrebatados onde pinto a gravidez da minha solidão inviolável
Flameja a madrugada espanejando a luz mortiça pulsando
Sempre mais imperscrutável deixando na alma a tatuagem
De muitos beijos revigorando este amor quase...quase indomável
Calou-se de vez a tristeza, reerguendo um aqueduto de esperança onde
Desaguam as paixões e as ressacas de tantos desejos intermináveis
Cerzindo a melancolia refugiada a dois passos deste silêncio diria...indubitável
Frederico de Castro
Eu apenas te sinto e após me sinto...
Pratico e o sofro o acto que desminto
Tão-logo me percebo do teu lado.
Não deixo... Tudo ainda está errado!
Sim, o amor vence tudo, mas pressinto
Não ser a hora tão bela quanto pinto,
Amando um olho aberto e outro fechado.
Não cuido se questão de sim ou não:
É preciso cegar-me para cair
D'amores e de dores pelo chão.
Mas busco o teu punhal a me ferir...
E quando enfim partir meu coração
Sei eu, d'olhos fechados, te sorrir.
Betim - 18 09 2018
“Eu canto porque O instante existe E a minha vida Está completa. Não sou alegre Nem sou triste Sou poeta”
Pretensões à parte, porém calcado no poema Motivo, de Cecília Meireles, inicio agradecendo o Altíssimo por me conceder a coragem e a ousadia da perseverança na literatura. Trago comigo a séria convicção de que não chego a ser, nem tenho pretensões da intelectualidade, mas unicamente em continuar a ser autor de poesias. Ainda assim atrevo-me a estar aqui com o objetivo de somar junto aos doutos e ilustres pares. Considero-me um humilde artesão dos versos, sendo minha maior matéria-prima, portanto, a palavra. E como bem diz Victor Hugo, “As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade”. Assim, o que produzimos por vezes são brisas e por vezes, dedos que calcam feridas. Porém sempre justos e próprios pela grandeza da arte.
Parafraseando o poeta Carpinejar: ‘Todos somos poetas, entretanto alguns são autores’. Em assim sendo, respeitando a ótica de Carpinejar, além de poeta, também me atrevo a dizer que sou autor de poemas. E é por essa escola que venho me especializando através de ferrenho e continuado exercício da inspiração. E por assim ser, mais um sonhador; e por ser assim um mero aprendiz na labuta esmerilada das palavras, acredito-me pronto a também passar a colaborar com esta Casa em prol da Cultura, da Educação e dos bons costumes à nossa Sociedade junto às Senhoras e Senhores Acadêmicos, fazendo jus aos votos e à confiança que mui generosamente me foram dados.
Confesso que o cotidiano me tem proporcionado gratas e inexplicáveis saudáveis surpresas. E poder estar aqui em vosso meio hoje me é uma das mais engrandecedoras conquistas e das mais prazerosas alegrias alcançadas. Por isso, repito, sou muito grato à vida, a Deus, à família e aos senhores, partícipes desse meu cotidiano.
Quando ainda menino e pela juventude, muito escrevi, preguei, falei, apregoei poesia, caminhando por essa seara bastante espinhosa, porem deveras gratificante. Nasci ha dois mil quilômetros do mar, porém cantando com muita propriedade as belezas do Centro Oeste Brasileiro, minha origem, com muita transparência e sensatez. Tenho impregnadas nas ruas da minha amada Três Lagoas e Guaraçai, os ingredientes do Oeste Paulista e do Mato Grosso do Sul - uma ferrenha militância nas Letras, através de Jornais, Livros, Revistas, Escolas, Universidade, Instituições e sólidas parcerias e amizades sempre ainda presentes e até hoje muito altivas. Foram bons tempos falando de poesia e espalhando poemas por onde andei.
No final dos anos 80, passando a residir na Costa do Descobrimento, fui eu, literalmente falando, o descobridor da felicidade plena ao ter tido o privilégio de ter sido tão bem identificado e criado meus laços e espaços entre vós, portosegurenses, gozando do afago nativo dessa gente baiana. As últimas três décadas, portanto, passei incubando valores literários os quais vieram à tona novamente e que, repito, graças à generosidade dos meus pares, me trouxeram até aqui. Confesso que até cobicei esse momento na Academia, mas em face a tanta intelectualidade existente nessa cosmopolita Cidade de Porto Seguro, não sentia acontecer tão rápido e hoje. Entretanto o Supremo Arquiteto do Universo assim o faz realizar. Por isso minha eterna gratidão a todos.
MEU PATRONO – CADEIRA Nº 18
Destarte, ao tomar posse da Cadeira de nº 18, reformulo meu compromisso com a literatura, prometendo honrar os ensinamentos do meu patrono LUIZ GONZAGA PINTO DA GAMA, sobre o qual passo agora a discorrer:
Quando me fora dada a opção de escolha da Cadeira 18, me chamou a atenção a vida e obra desse baiano nascido no dia 21 de Junho de 1830 na capital Salvador. Luiz Gama foi um rábula, orador, jornalista e escritor dos mais respeitados e admirados de sua época. Nascido de mãe negra africana livre, vinda da Costa da Mina (correspondente ao Golfo da Guiné, Litoral da África Ocidental) que ganhava a vida fazendo quitandas, e de um fidalgo português que vivia em Salvador, cujo nome o poeta nunca revelou. Em 1837, Luiza Mahin deixa a cidade e parte em direção ao Rio de Janeiro, ficando o filho aos cuidados do pai. Este, segundo o próprio Gama relata, era um homem de posses, apaixonado pela pesca, pela caça e principalmente pelas cartas. Vivia de uma herança que havia recebido em 1838 e, dois anos depois, já se encontrava em plena miséria.
Em novembro deste mesmo ano, portanto aos dez anos de idade, o menino Luiz Gama foi levado pelo pai a bordo do navio “Saraiva”, e lá vendido como escravo. Dias depois, ao desembarcar no Rio de Janeiro, foi levado para a casa de um negociante português que negociava escravos sob comissão. No mês seguinte, foi novamente vendido, junto com um lote de “cento e tantos escravos”, ao “negociante e contrabandista” Antônio Pereira Cardoso, que os levou para São Paulo.
Porém os escravos vindos da Bahia eram tidos como “desordeiros” e “revolucionários”, devido ao marco histórico que foi a Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835, da qual a mãe de Gama, Luiza Mahin, teria participado. A Revolta, portanto, foi um levante de escravos de maioria muçulmana na cidade de Salvador, capital da Bahia, que aconteceu na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835. Os Malês eram negros de origem islâmica, que organizaram o levante. Depois disso, os escravos oriundos dessa cidade eram preteridos pelos compradores, como deixa transparecer o depoimento do poeta: “Fui escolhido por muitos compradores, nesta cidade, em Jundiaí e Campinas; e por todos repelido, como se repelem cousas ruins, pelo simples fato de ser eu ‘baiano’”.
Sendo assim mais uma vez renegado por ser negro e pela origem, Luiz permaneceu por mera conveniência do destino, na casa do senhor Cardoso, onde foi encarregado dos serviços domésticos, tendo aprendido com outro escravo, também baiano, o ofício de sapateiro. Ali se estabeleceu, aos dezessete anos de idade, o primeiro contato de Luiz Gama com as letras, através de um hóspede que viera de Campinas para a capital, com o objetivo de estudar.
Em 1848, Gama fugiu da casa de seus senhores, tendo conseguido, logo depois, documentos que confirmavam a sua liberdade, uma vez que era filho de uma negra liberta. Em 1856, foi nomeado amanuense da Secretaria da Polícia, onde serviu até 1868, quando foi demitido por “bem do serviço público”. Para esclarecer o motivo real da demissão, o poeta faz a seguinte confissão em carta ao amigo Lúcio de Mendonça: ‘A turbulência consistia em fazer eu parte do Partido Liberal; e, pela imprensa e pelas urnas, pugnar pela vitória de minhas e suas ideias, e promover processos em favor de pessoas livres criminosamente escravizadas; e auxiliar licitamente, na medida de meus esforços, a alforria de escravos, porque detesto o cativeiro e todos os senhores, principalmente os reis.’
Em 1859, Gama publicou Primeiras trovas burlescas de Getulino, no qual consta o famoso poema “Quem sou eu”, mais conhecido como Bodarrada, no qual expõe o preconceito de cor na sociedade brasileira. O poema foi escrito em resposta ao apelido que os intelectuais da época tentaram lhe impor: bode - termo usado de forma depreciativa para designar os negros. Também como jornalista, Luiz Gama teve uma atuação política bastante intensa: foi aprendiz de tipógrafo do jornal O Ipiranga, e redator do Radical Paulistano, no qual colaboraram, entre outros, Castro Alves, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. Foi ainda responsável pela redação de O Polichinelo – primeiro periódico político satírico da cidade de São Paulo, o que faz Alberto Faria atribuir a Luiz Gama a fundação da imprensa humorística paulistana.
Nos anos 60, o advogado autodidata Luiz Gama se esforçava para tratar dos casos de escravizações ilegais e de abolições individuais e coletivas do Estado de São Paulo. Costumava dizer: “Eu advogo de graça, por dedicação sincera à causa dos desgraçados; não pretendo lucros, não temo represálias”. Segundo consta, Gama teria sido o responsável direto pela liberdade de aproximadamente quinhentos escravos.
Além de advogar, Gama realizava conferências e publicava polêmicos artigos nos quais explicitava seus ideais abolicionistas, motivos pelos quais era perseguido e ameaçado de morte. Liberal exaltado, foi o primeiro negro brasileiro a lutar contra os ideais de branqueamento da sociedade e pelo fim da escravidão. Mesmo debilitado pela doença, saía carregado em uma maca, para atender seus clientes desejosos da liberdade. Faleceu em São Paulo, em 24 de agosto de 1882, deixando uma emocionante carta-testamento ao filho, que se configura para nós, seus leitores de hoje, como vivo exemplo de homem público e literato que, mesmo diante das vicissitudes da vida, não abandona seus ideais.
Existencial, num de seus nobres poemas indaga:
Quem sou eu?
E ele mesmo responde:
Que importa quem?
Sou um trovador proscrito, Que trago na fronte escrito Esta palavra — Ninguém! —
NOSSO COTIDIANO
Meus queridos: perdoem se acima tratei do lado um tanto sofrido e melancólico do Poeta Luiz Gama, digno patrono da Cadeira 18 desta Academia de Letras de Porto Seguro, da qual agora passo a ocupar. Mas assim o fizera no intuito de mostrar o quão a vida nos é por vezes ingrata, e o quanto diuturnamente necessitamos encontrar maneiras de dar a volta por cima, procurar reconstruir espaços mais dignos para nós e nossos filhos, e até contar com a sorte, ainda que seja a duras penas. Descrevemos acima, portanto um cenário de dois séculos atrás.
Porém quero citar neste momento, o jornalista Leonardo Sakamoto, em uma de suas recentes colunas no Uol deste Janeiro do ano do ano de 2020, século XXI:
“ Vivemos ainda hoje, em pleno século XXI - um contexto de ultrapolarização política. Nele, desumaniza-se quem defende posicionamentos diferentes dos nossos, não reconhecendo que essas pessoas tenham os mesmos direitos constitucionais. Pelo contrário, defende-se que sejam caladas e punidas por pensarem diferente. À força, se necessário. Passando por cima das leis, se preciso.”
Sem querer me alongar, faço apenas observar que os anos, as décadas, os séculos e gerações se sucedem e não conseguimos aparar as arestas, fazer as aparas do preconceito reinante num país tão grande, tão rico, tão oprimido e ao mesmo tempo opressor como é o nosso amado Brasil. Não é lástima, porque não choramos nem jamais lamentaremos em vão, e sim observações cabíveis a um grupo pensante e ativo como o nosso.
De uma coisa estamos convictos: a arte liberta, fala, é ouvida, demove, comove, impõe, modifica e nalgum momento renasce, floresce e produz seus frutos. Por isso é tão profusa, por isso tão significativa na vida de todos nós. Se existe algo que devamos diuturnamente questionar de nossos líderes e autoridades e também de nós mesmos como sociedade civil organizada - é que nos deem conta da saúde da Cultura e da Educação pelo menos dentro dos quadrantes do nosso Município. Se nos indignamos com o índice de analfabetismo em nosso gigante Brasil, quantas vezes indagamos dos nossos próceres, quantos ao alcance dos nossos olhos ainda não possuem acesso à escola, a um livro, e são privados de um mínimo de conhecimento para que possam dizer-se alfabetizados! Lembro Mario Quintana, a despeito da importância da Literatura: “O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.” Infelizmente são tão poucos que assim procedem. Com dignas e raras exceções, nossa gente tem dificuldade de pensar porque utilizam-se poucos mecanismos de apoio e incentivo à arte e à cultura.
Em assim sendo e considerando, somando-me aos demais Confreiras e Confrades desta Academia, desejo e prometo continuar no ofício da palavra não na intenção de apresentar respostas prontas ou insensatas, mas sim permanentemente questionar o quão possível é, o que a vida faz de nós, afetos da alcunha dos versos, e o que com ela contribuímos para minorar sofrimentos e injustiças tendo a arte por instrumento, através do belo, da fantasia, da realidade, do poema, dos textos elaborados que possam instruir, comover, permitir alegrias e gerar vida pensante seja em qual for a realidade.
Que nossas letras possam até estarem chochas, nuas ou gélidas quando de certa forma incomodamos, mas jamais desconexas ou fora de contexto quando tantos pretendem que possamos a qualquer preço e custo cultuar a mudez. Afinal como diz Nietzsche, “Nada é tão nosso quanto os nossos Sonhos”.
Continuemos a falar de amor, a cantar a vida em todas as suas nuances, a cultuar o belo, o prazer e a alma, e a também saber incomodar por meio dos severos pensamentos e do aclaramento das ideias e ideais, a sonhada liberdade, quando a realidade assim exigir de nós. Que através dos nossos versos, frases, parágrafos, cadernos, livros e palestras, consigamos disseminar o belo e a fantasia, ainda que a realidade por vezes se torne inóspita. Deus nos permita um longo tempo entre vós para que sejam plenos de realizações e graça, os nossos passos. Mas caso disso venhamos a ser privados, que ao menos “seja eterno enquanto dure (Vinícius de Moraes)”.
Viva a arte, viva esse momento, vivamos todos com dignidade, decoro, honradez e humildade. Mas sobretudo, sejamos fraternos difusores da arte e necessidade do pensar.
Porto Seguro, 14 de Fevereiro de 2020.
Paulo Sergio Rosseto
Referências:
• eBiografia
• Wikipedia
• Arcodacultura
• Letras UFMG
= www.psrosseto.com.br =
Contentamentos! Sim! Sem maus ventos!
Sem tempos, nem tormentos!...
Neste meu pintar, de quadro.
Neste meu escrever, no quarto.
Assim pinto e escrevo, a minha alma!
Sem, que mal me faça perder, a calma.
Pinto dor!... Amor!... Verdade!...
Lealdade!... Caridade, sem idade!
Pinto... Com palavras e não com pincéis
Nem tão pouco, nos dedos uso anéis!...
E pinto uma pintura de escrita, à tarde!...
Que vai ficar, para sempre pintado...
No tempo e no não tempo. Não será, pois apagado.
Este meu quadro, lindo, sem idade!...
Ele fica fora, também do tempo...
Para meu, vosso, contentamento!
Sim! Povo do tempo e do amar...
Povo dos séculos e não séculos;
Povo dos milénios e fora d'eles.
Povo! E Deus dos tempos e sem ventos...
Assim pinto, meus e vossos contentamentos!...
minha face é geografia
uma aprendida lição
a vida a mão me estendia
e à vida estendi a mão...
palavra é como fruto
quer-se bem amadurecida
é com ela que eu luto
trago-a da maldade despida
ser menina... se pudesse
uma vez, inda outra vez
meu coração envelhece
fecha-se na sua mudez
profundo é meu olhar
que perscruta os sinais
e de tudo o que restar
as lágrimas serão fatais
trago o tempo no rosto
coração cheio de esperança
anda a vida a contragosto
e eu levada nesta dança
meu dia fica cinzento
aguardo uma oportunidade
se a vida não traz alento
deixo-me a viver de saudade
se invento ou me invento
ou pinto de escuro a vida
há um dia que sempre tento
pintá-la... de côr colorida.
hoje espero a lua nova
para fazer versos outra vez
cego a noite c' minha trova
e depois amor... talvez!
talvez que a noite seja nossa
como nunca antes tenha sido
talvez que a vida ainda possa
voltar amor... a fazer sentido
natalia nuno
rosafogo
com a letra me escrevo em interior,
chego há paz escrevendo amor.
Sim paz interior!
Fartas são as palavras pintadas em cada letra,
vindas em tom dourado,
da amante ou do amado.
Escrevo sem pensar no escrever,
entro no mar sinto o azul
cor aconchegante do paraíso,
entre telas e canetas prevalece a palavra
escrita em sentimento.
Passei pela escuridão,
a luz pintou-me de momento,
a letra escreve o amor
com que te viajo no pensamento.
Verdade amor é apenas sentimento.
ser caneta no escrever sorrir
sempre em alma interior,
pinto luz sinto amor.
Quero ser o universo
humilde estrela sem regresso,
entro em mim mesmo
espero por Deus, sinto a fé,
no todo realizar.
Sou vida vida viver
sinto liberdade, liberdade quero ser,
uso o sorriso a quem o merecer.
Amor sorriso é total viver
em fé a Deus pertencer.

Visto pele diferente
E falas pela minha boca
Rasgo-me na fúria dos teus medos
E sangro a tua solidão em cada
lágrima
De luto me pinto como a noite
E sou escuro
Vou e venho
Procuro
Só te acho amor
No eco do meu choro
in "Corpo de Abrigo"
Edgardo Xavier
Floração poética,
Mais amor do que emoção,
Rosa imortal em esplendor,
Assim sutil me apresento,
Cubro-te com o meu amor,
- o maior sentimento
Pinto a nossa constelação,
- íntima e luminosa
Descoberta e estrelada,
- autêntica
Floração em movimento,
Uma contemplação mútua,
- ao extremo
Do pico do amor tremendo.
Floração extremada,
- externada
Consentida, indiscreta
E assanhada...
Floração perfumada,
- e apaixonada
Por causa dessa paixão
Secreta que tenho por você.
Seus lábios como doces martelos
Me deixaram tonto
Seu lábio me constrói
No seu beijo me desmonto
Não copio, eu transformo
Se quiser, te consumo, eu que pinto.... não contorno
AMOR. Faz um favor,
vira que eu te entorno.
Quer mais uma, eu faço metade
E você completa o dobro
Sempre será maior que a minha folha
Mais brilhante que ouro
Dourada como prata
Prateada como uma carta
Enviada
Recebida
Criptografada
Escrita
Bêbado
Escrevo; Escrevo?
?
uma trança de reflexões e sentimentos;
quem dera feições de primavera revolvesse
ainda que tessitura cobrasse depois.
Trama de fios, artérias a desconectar paixão
de um órgão qualquer ventríloquo
sem ideia de propagação, requer
interesse e desafio no palpitar do sono.
Sonho no dormir de abraço e nego
dia quem me desse pente escova
impossibilidades de malas postas
com as quais traços se remova.
Dia que noite fosse enfim luar
estrelas costuradas lantejoulas botões
matemática canção de firmamento
desconjuradas suas notas musicais, senões.
Que vida é silêncio e verbo
sorriso quando o chão nos falta
e beijo nos toma raro o momento
de luz e sombra, revelação e mistério.
Tudo o mais descondero e creio
de azul o céu reconfigurado
banidos os raios da manhã
em um sonho ensimesmado.
Tranca de penteado recomposta
espádua coxas costas
de volta o lugar quem mim se perde
portões puídos janelas de verão.
Nunca solidão se faz prosa contínua
de amiga de um instante sem concerto
que de amor jardim efeito avesso
onde almas se despem de joelhos.
Perdão que se reza a si mesmo
quando tudo é saudade e recomeço
espelho com o qual se fala por inteiro
a existência vivida aos pedaços.
E eu felino de garras pinto a canção
que fio de carretel põe-me a enrolar;
se tardo ou se é pobre sensação
olhar divaga recordação Niemeyer.
Sólida, corpos depois de embriagar
arquitetura quer a trama dos cabelos
de volta e de viés mesmo lugar.
Sempre seu colo, carretel novelo
nos quais debruço os cotovelos
e alma ponho alinhavar meu mar.
Eu tinha decidido não morar com ela, embora adorasse a menina,
Tal nostalgia, alcoolémia, ainda se o peito aperta 17 anos passados
Dançamos até a temperana tarde se tornar alvorada húmida...
Vou encontrar as emoçôes por ti Simone kondack que me deste um ataque.
Atacaste pelas costas no dentista, coisa para colunista,
Fazias um amor óptimo e acredito que não melhor comigo do que qualquer outro
Grandes transas rápidas e noites a foder sem parar, tudo é mais para não enjoar
Mulher que sabia ser bonita sendo gostosa e atraente,
Sabia dar um toque de classe e era uma puta linda com o tesão,
Gozava muitas e contraídas vezes, com 23 anos gozava tanto que ficava sem ar...
(umas tive de parar de transar, pois deixei de aguentar o esgar de gozo quando ia ao clímax...)
E
Salve seja uma delas, amiga e mais.
É assim a vida. Coitada. Gostava de mim.
Com a Simone não, Transamos no sofá de reclinar, no quarto da frente, no chão da sala, no pátio da garagem, na mesa da sala, no banheiro dos bares, no meio da mata atlântica em cima do capô,
Eu prefiro ficar por baixo e ria quando ela me montava como num rodeio de peão,
Me dava aquela linda boceta na boca no nariz na testa, nada nela, naquela bella havia q se não beijasse, lambesse, chupas se, gozasse, dentro em cima conforme o clima.
A língua no cu bem feita, os sacos bem lambidos, o boquete, dava graças a Deus que ela tivesse fodido tanto e tantos.
Não que eu não causasse impressão na chupilancia onde sou bom bom, as mulheres passam-se ou se mais convencionais assustam-se ou negam no dia seguinte que se esqueceram ou estavam bebinhas...
Conseguia pô-las a gozar umas vezes em cima das outras, às vezes uma hora de porrinha branquinha, a língua nos buraquinhos todos, o nariz, a testa, do cli para os lábios, a bunda, o cuzinho ansioso...
Algumas vezes com sincera admiração outras porque diziam isso a qualquer Pinto com boca e ouvidos para ser bajulado...
MasMas VC sabe a diferença excepto quanto as mestras, mães de Santo da fudilância, em que fica mesmo difícil distinguir o falso do verdadeiro.. estão para além da minha liga...
A minha liga era muito elevada para um gordo, apesar de bonito e sem pau grande ou principalmente grosso, que as queridas gostam mais....
Usava uma prótese para alargar o pau e era boa porque me massageava a base enquanto batia e batia, e gozava mais e mais tempo.
Com mdma e cocaína, no terceiro dia chegava a gozar a gritar como uma garota teatral, e vinha-me, gozava, e a seguir gozava e ficava doido de tesão, ela pensavam que eu estava a passar mal, gritava e insulta a o ar como um possesso e não conseguia parar, às vezes mais de quinze minutos...
E aaa seguir ficava a tremer todo e passado 5 minutos ia outra(s) vezes até q já não saia porra nenhuma e o orgasmo era forte na mesma.
As queridas diziam que nunca tinham visto e as menos espertas ou experientes achavam que eu estava a fingir.
Já ouvi, de si para si ao lado da outra,
VC não pense que este cabrão está a dar linha para nós,
O cara é doido de todo mas não mentiroso.
Só não entendo, puta, como o cara consegue.
São as porras sãs substâncias e o treino.
Nunca vi um homem gozar como uma mulher passada...
Se há um querida, vai por mim, há mais destes por aí... acha um pra VC que este é meu chapa... entendeu,
Pode foder com ele mas não foder ele.
Putaria de homem de meia idade, a loucura dos 35/45 foi o pico para mim.
Fazia a prancha de pica engatada na boceta ou na bunda enquanto chupava outra ou outra fazia sanduíche total, usando aparelho no meu cu.
Uma beleza.
Hei-de analisar bem.
A ducha dourada também... quando os dois gostavam... Cinco Cinco estrelas.
O top, exceptuando umas de duas ou dez transa o top foi a grande pequena Tereza dos Santos Silva. A super Foda.
Esta puta que me fodeu mãe dos meus filhos não lhe ficava muito atrás e era mais super puta linda grande corpasso...
A Tereza era paixão pura.
Mútua. Amor e ódio, amor grande,...
Apesar de ser sapatona ou bi ou sei lá o quê, sei que garota de presença dos sentidos excitados, ela foi aquela coisa. Falamos e eu fico doido de vontade de a ir buscar.
Vou tentar ligar para ela.
Já tentei e liguei
E não resisti e pu-la em linha com a amiga que estava comigo. Andrea.
Claro: Jú VC continua doido...
Pois
Jú continua doido dez anos depois sem beber sem cheirar... Sem trabalhar...no papel.
Que pena, pequena, que pena.
Não sei onde é que o cais vai dar,
Cais de cara no chão,
Levanta-te cabrão!
Há um lugar no mar da amarga solidāo a que me devoto,
E ò Tu, querida gata que me deu a patinha,
Tu é e será para sempre adoraçāo minha.
Sarava, que saudade da idade, da cidade, da verdade.
Brilhantes dias, mulheres grandes, gatas vadias,
Dentro da noite, presentes nos dias, felicidades,
Fica o meu respeito, o meu peito, o vazio no meu leito.
Eu tinha decidido não morar com ela, embora adorasse a menina,
Tal nostalgia, a alcoolémia, ainda se o peito aperta 17 anos passados
Dançamos até a temperana tarde se tornar enevoada alvorada.
Vou encontrar as emoções por ti Simone kondack que me deste um ataque.
Atacaste pelas costas no dentista,
Coisa para colunista,
Fazias um amor óptimo,
Talvez não melhor comigo do que com qualquer outro,
Grandes transas rápidas e noites a foder sem parar,
Tudo é demais mas para nunca enjoar,
Mulher que sabia ser bonita sendo gostosa e atraente,
Sabia dar um toque de classe
Uma puta linda com o tesão,
Gozava muitas e contraídas vezes,
Com 23 anos gozava tanto que ficava hipóxica...arte em privação de O2
E depois e depois, adição em progressão e depois?
Au contraire,
(com certa donzela tive de parar de transar pois deixei de aguentar a herética contemplação,
Um pecado de aversão,
Ao seu esgar de gozo quando ia ao clímax...)
E
É assim a vida.
Coitada.
Gostava de mim?
E isso importa?
Q. E. D.
Com a Simone não,
Transamos no sofá de reclinar,
No quarto da frente, no chão da sala,
No pátio da garagem, na mesa da sala,
No banheiro dos bares,
No meio da mata atlântica em cima do capô,
Invocando Oxalá Oxum e Xangô.
Eu prefiro ficar por baixo e ria quando ela me montava como num rodeio de peão,
Me dava aquela linda boceta na boca,
No nariz, na testa,
Nada nela, naquela bella havia que se não beijasse,
Lambesse, chupasse, gozasse, dentro, em cima, na narina,
Conforme o clima.
A língua no cu bem feita, os sacos bem lambidos, o boquete,
Dava graças a Deus que ela tivesse fodido tanto e tantos.
Não que eu não causasse impressão na chupilância onde sou bom bom,
As mulheres passam-se e dizem mais umas lambidinhas,
Se mais convencionais vacilam com os orgasmos múltiplos,
Ou negam no dia seguinte,
É que se esqueceram ou estavam bebinhas...queridinhas!
Conseguia pô-las a gozar umas vezes em cima das outras,
Às vezes uma hora de porrinha branquinha, a língua nos buraquinhos todos,
O nariz, a testa, do cli para os lábios, a bunda, o cuzinho ansioso...
Algumas vezes com sincera admiração,
Outras porque diziam isso a qualquer Pinto abaulado
Com bolso e ouvidos para ser bajulado...
Mas VC sabe a diferença,
Excepto quanto às mestras,
Mães de Santo da fudilância,
Em que fica mesmo difícil distinguir o falso do verdadeiro.
Estão para além da minha liga…
Vestais, Geichas, Vénus do mundo inteiro.
A minha liga era muito elevada para um gordo,
Apesar de bonito e sem pau grande
Ou, principalmente, grosso, que as queridas gostam mais....
Usava uma prótese para alargar o pau,
Boa porque me massageava a base enquanto batia e batia,
E gozava mais e mais tempo.
Com mdma e cocaína, no terceiro dia chegava a gozar a gritar como uma garota teatral,
Vinha-me, gozava, e a seguir gozava e ficava doido de tesão, elas pensavam que eu estava a passar mal,
Gritava e insultava o ar como um possesso e não conseguia parar,
Às vezes mais de quinze minutos...
E a seguir ficava a tremer todo e passado 5 minutos ia outra(s) vezes
Até que já não saia porra nenhuma
E o orgasmo era forte na mesma.
As queridas diziam que nunca tinham visto e as menos espertas,
Ou experientes achavam que eu estava a fingir.
Já ouvi, de si para si ao lado da outra,
VC não pense que este cabrão está a dar linha para nós,
O cara é doido de todo mas não mentiroso.
Só não entendo, puta, como o cara consegue.
São as porras das substâncias e o treino.
Nunca vi um homem gozar como uma mulher passada...
Se há um querida, vai por mim, há mais desses por aí...
Acha um pra VC que este é meu chapa... entendeu,
Pode foder com ele mas não foder ele.
Putaria de homem de meia idade, a loucura dos 35/45 foi o pico do meu bico.
Fazia a prancha de pica engatada na boceta ou na bunda enquanto chupava outra ou outra fazia sanduíche total, usando aparelho no meu cu.
Uma beleza.
Hei-de analisar bem.
A ducha dourada...quando todos gostavam... estrelas.
O top, exceptuando umas de duas ou dez transas
O top foi a grande pequena Tereza dos Santos Silva.
A super Foda, seja louvada, madresilva.
Diga-se que outra batia bem,
Esta morena que me fodeu, e o corpo nāo esqueceu,
Mãe dos meus filhos, não lhe ficava muito atrás e era mais super puta,
Demónio, linda, grande corpasso...
A Tereza era paixão pura.
Mútua.
Amor e ódio, amor grande,...
Apesar de ser sapatona ou bi
Sei lá o quê, interessa?
Sei que, garota de presença, dos sentidos excitados, ela foi aquela coisa.
Falamos e eu fico doido de vontade de a ir buscar.
Vou tentar ligar para ela.
Já tentei e liguei
E não resisti e pu-la em linha com a amiga que estava comigo.
Andrea.
Claro: Jú VC continua doido...
Pois.
Jú continua doido dez anos depois sem beber sem cheirar...
Nem trabalhar.
Que pena, pequena, que pena.
Não sei, Sr. Horizonte, onde este cais vai dar,
Mas sei que se
Cais de cara no chão,
Levanta-te, aí, cabrão!
Há um lugar no mar da amarga solidāo a que me devoto,
E ò Tu, querida gata que me deu a patinha,
Tu é e será para sempre adoraçāo minha.
Sarava, que saudade da idade, da cidade, da verdade.
Brilhantes dias, mulheres grandes, gatas vadias,
Dentro da noite, presentes nos dias, felicidades,
Fica o meu respeito, o meu peito, o vazio no meu leito.
Deixo-o passear por um zepelim
Uso social completo e compro o véu
Pra você acreditar em mim
Invado seus sonhos
Desperto sua madrugada
Pinto seu rosto em óleo sobre tela
Faço todas as curvas da sua estrada
Dou-lhe todas as cores da aquarela
Troco açúcar pelo adoçante
Aprendo a amar seus trejeitos
Vou de apartidário a militante
Esqueço todos os nossos defeitos
Trago um pedaço da lua
Viro lanterna pra sua escuridão
Se estiver incendiada de raiva
Faço chuva
E só deixo queimando o seu coração
O livro que você adora eu leio
Faço o pôr do sol não ter mais fim
Dedico-te o meu melhor devaneio
Pra você acreditar em mim
Floresce o Cedro-branco
nesta terra de Anguilla,
Não há quem admire
esta linda árvore nativa.
Até os ventos antilhanos
sabem o quê ando
procurando enquanto pinto
murais e escrevo poesia.
É de você que estou
falando que nasceu para
ser o amor da minha vida.
De Sol a Sol continuo
me preparando para viver
tudo aquilo que nos destina.
Floresce o Cedro-branco
nesta terra de Anguilla,
Não há quem admire
esta linda árvore nativa.
Até os ventos antilhanos
sabem o quê ando
procurando enquanto pinto
murais e escrevo poesia.
É de você que estou
falando que nasceu para
ser o amor da minha vida.
De Sol a Sol continuo
me preparando para viver
tudo aquilo que nos destina.
Tudo seria um deslumbre sem fim
Mais se não fosse esse desespero todo
Você não tinha se apaixonado por mim.
Um amor meio louco que eu sei
Mais que vai dando muito certo
Uns dias a gente briga
Em outros a gente rouba até a coberta.
Saudade mesmo era das colcha de retalho
Era uma peleja pra esconder do frio
Hoje tem edredom, aquecedor
Nem os pinto sente arrepio.
Qualquer dia a gente toma um café
Mais daquele bem fresquinho
Porque café se não tiver quente
Não acorda esses novos franguinho.
Floresce o Cedro-branco
nesta terra de Anguilla,
Não há quem admire
esta linda árvore nativa.
Até os ventos antilhanos
sabem o quê ando
procurando enquanto pinto
murais e escrevo poesia.
É de você que estou
falando que nasceu para
ser o amor da minha vida.
De Sol a Sol continuo
me preparando para viver
tudo aquilo que nos destina.
Quando te secas em interior,
mostras a travessia no deserto.
A chama sem alento!
Inseres o teu momento,
pronto a desbravar, a alma em espírito.
Te pinto em tons de amor,
és sinceridade na forma de flor.
Plantar atrevimento,
sem perder a dignidade.
Falas luz, sinto verdade.
Gratidão na tua espiritualidade!
São os momentos por Deus designados.
Que nos mostram a jornada,
o ensino, a estrada!
Sem fé não somos nada!
Somos a semente perdidos em nós mesmos,
o murchar em plena planta!
Que puni mento, ter de vivenciar este momento.
Sem água no lavar!
O coração chora,
a alma teima em chorar!
Sim, amor!
Deus chamou, a esperança voltou ao seu lugar!
No ser luz,
abençoa o amar!
Deus marca presença.
Voltou a chamar.
Floresce o Cedro-branco
nesta terra de Anguilla,
Não há quem admire
esta linda árvore nativa.
Até os ventos antilhanos
sabem o quê ando
procurando enquanto pinto
murais e escrevo poesia.
É de você que estou
falando que nasceu para
ser o amor da minha vida.
De Sol a Sol continuo
me preparando para viver
tudo aquilo que nos destina.
só nunca me poderás proibir que te ame,
cada dia que passa pinto rosas com a cor da paixão,
nunca deixei de colorir de verde a tua esperança,
de cor de rosa pintarei todo o teu carinho,
de vermelho matizo o teu amor,
e de negro tinjo a tristeza do nosso triste desamor.
Luzerna, 14.04.2021, João Neves.
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