Tchicaya U Tam'si

Tchicaya U Tam'si

1931-08-25 Mpili, French Equatorial Africa (now Republic of t
1988-04-22 Bazancourt
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Alguns Poemas

Através de tempo e rio

Um dia será preciso se pôr
a andar alto os ventos
como as folhas das árvores
para o estrume para o fogo

que importa
outras eras farão de nossas almas
silícios
porto para os pés desnudos
estaremos em todos os caminhos

porto para a sede
porto para o amor
porto para o tempo

nós vimos a areia
nós vimos a espuma
que a ignora
vimos os rios e as árvores
quem dirá

nós acreditamos
nós acreditamos
quem negará
pegamos carpas enchemos as redes
bastava um gesto com o polegar
o mundo estava salvo pelo silêncio

mas então
o mar salta a espuma
mas então
a espuma derruba o mar
ao longe se vão os sete rios
para saber a quem cantam as folhas

resta ainda um rio
e a chave dos sonhos nos seus flancos
mas quanto a saber por que
cantam as folhas
ah mágoa mágoa
hurra as trovoadas

caminhar com punhos fechados
caminhar
contar as estrelas
e saltar acima das jângals
para tanto não ser hiena nem jiboia

depois aplaudir um rio
e as corças e as zebras e as gazelas
depois saltar com ele alto a lâmina
a formiga diz
vou esfolar o búfalo
ah deixe o rio
venha cá mulher-rã

as libélulas dançavam
veladas de azul e de pólen

resta o rio
e o arco-íris
à beira um ancião

ancião lava tua chaga
mas diz a minha mãe diz a meu pai
eis-me mulher-jacaré
ó mãe amante-crocodilo
ó pai mulher-jacaré
ancião lava tua chaga

os peixes das águas avistaram essas lágrimas
cuspiram para salvar aquelas lágrimas
mas as gaivotas fecharam a cara
pobre afogada guarda teu leito de rio

resta-nos esse rio
e o arco-íris
em relevo
dos papagaios portadores de totens

a savana entre seus troncos
faz dançar fulvos viscosos

e eu gritei
por sobre as jângal
fica a direitura do caminho esquecido

mas eis a areia
ao longe é o mar

mas eis o ovo
uma crista ao redor
de sua vida
se calar ou simplesmente chorar
a criança dorme
a mãe se esquece
a coruja ulula
a lua está tranquila

o tempo passa
a lua desaparece
a flor d’água se quebra
a criança dorme

morre sua mãe

os jacarés partiam a água
com a cauda

a coruja ressona não espere a noite
pois não basta gritar estupro
assim saltou o astro inicial
pois o escorpião nunca foi um vicioso

mil formigas vão esfolar o búfalo
que degolou o cordeiro diante dos homens

café bananas algodão tapioca
morre morre quem quiser

não basta recriar o estupro

uma manhã
uma clara manhã
não mais totens e seus papagaios
uma manhã
uma clara manhã
não mais folhas em parte alguma

ao longe se foram
sete rios de ondas perdidas
a criança dorme
o atabaque sua
a lua está tranquila
o tempo passa
sobre suas montarias de silêncios

(tradução de Leo Gonçalves)

:

À travers temps et fleuve
Tchicaya U Tam´si

Un jour il faudra se prendre
marcher haut les vents
comme les feuilles des arbres
pour un fumier pour un feu

qu’importe
d’autres âges feront de nos âmes
des silex
gare aux pieds nus
nous serons sur tous les chemins

gare à la soif
gare à l’amour
gare au temps

nous avons vu le sable
nous avons vu l’écueil
qui l’ignore
nous avons les fleuves et les arbres
qui le dira

nous avons cru
nous avons cru
qui le niera
nous avons pris des carpes plein nos filets
il suffisait d’un coup de pouce
le monde était sauvé par le silence

mais voici
la mer saute l’écueil
mais voici
l’écueil culbute la mer
au loin s’en vont les sept fleuves
à savoir pour qui chantent les feuilles

il reste un fleuve
et la clé des songes dans ses flancs
mais quant à savoir pourquoi
chantent les feuilles
ah chagrin chagrin
hourra les tonneres

marcher les poings fermés
marcher d’abord
compter les étoiles
et sauter par-dessus les jungles
pour cela n’être ni hyène ni python

puis applaudir un fleuve
et les biches et les zèbres et les gazelles
puis bondir avec lui haut la lame
la fourmi dit
je vais dépecer le buffle
hé quitte le fleuve
viens-t’en femme grenouille

les libellules dansaient
voilées d’azur et de pollent

il reste le fleuve
et l’arc-en-ciel
en bordure un vieil homme

vieil homme lave ta plaie
mais dis à ma mère dis à mon père
me voici femme caïman
me voici amante-crocodile
ô mère amante-crocodile
ô père femme-caïman
vieil homme lave ta plaie

les poissons de l’eau ont vu ces larmes
ils ont craché pour sauver ces larmes-là
mais les mouettes ont fait la moue
pauvre noyée garde ton lit de fleuve

il nous reste ce fleuve
et l’arc-en-ciel
en saillie
des perroquets porteurs de totems

la brousse entre ses troncs
fait danser des fleuves visqueux

et j’ai crié
par-dessus les jungles
est la droiture du chemin oublié

mais voici le sable
au loin est la mer

mais voici l’œuf
une coquille entoure
sa vie
se taire ou simplement pleurer
l’enfant dort
la mère s’oublie
la chouette ulule
la lune est tranquille

le temps passe
la lune disparaît
la fleur d’eau se brise
l’enfant dort

se meurt sa mère

les caïmans cassaient l’eau
avec leur queues

le hibou somnole n’attendez la nuit
car il ne suffit pas de crier au viol
ainsi a sauté l’astre initial
car le scorpion ne fut jamais vicieux

un mille de fourmis va dépecer le buffle
qui a égorgé l’agneau devant les hommes

café bananes coton tapioca
meure meure qui voudra

il ne suffit pas de recréer le viol

un matin
un clair matin
plus de totems et leurs perroquets
un matin
un clair matin
plus de feuilles nulle parte

au loin s’en sont allés
sept fleuves à flots perdus
l’enfant dort
le tam-tam s’ébruite
la lune est tranquille
le temps passe
sur ses montures de silences


(1957)

O signo do sangue ruim

Eu sou o Bronze a liga do sangue forte que esguicha quando sopra o vento das marés salientes

O destino das divindades antigas através do meu será razão de dançar sempre ao avesso a canção?

Eu era amante a cabriolar com as libélulas; era meu passado – minha mãe colocou uma flor de verbena sobre a menina dos meus olhos brunos.

Eu senti a liga do meu sangue ensurdecer cadências roucas onde bocejavam sapos pios como amigos.

Puríssimo o destino de um sapo!

Um país todo laterita, pesadelos que fendem o crânio com o machado das febres.

Acuso a luz de me haver traído.

Acuso a noite de me ter perdido.

Em vão, levo para passear uma morte no meu destino e o riso das mães e meu coração que se afunda e esse rio tão liso onde não brotará a convúlvula fina eu trago aos mundos duas mãos e seus dedos para uma aritmética elementar onde se cifram nascer amar morrer e o corolário que é coral colorido.

De memória de homem o orgulho foi vício eu faço disso um Deus para viver à altura dos homens de honestas fortunas.

Sou homem sou negro por que isso tem o sentido de uma decepção?

Dez dedos para uma aritmética elementar.

De nada adiantou ser o Bronze ele me faz lembrar: todo judeu é um regicida nato o cristo é um inocente e é preciso que morram os inocentes, mas eu não ouso meu suicídio.

Então o Gólgota o que é? Eu não escolhi ser bastardo. Veio a crueldade salvá-la nos lábios.

A lógica quer: é preciso construir o mundo...

Mas foi preciso gravar sobre as pedras outros símbolos e ver a todo custo no mundo olhares que se afundam em lágrimas.

Eu teria pagado meu tributo.
Esplendor!...

Rio não mar não lago não, árvore sim árvore malva a caminho do sol redondo, árvore a noite mil e mil pirilampos fazem um diamante bruto como o nascimento e eu abro meus braços para procurar uma mãe-Miséria! Piedade! Esplendor! Clop-clop claudicante de infernal cadência! rio mar lago não não virá o ourives Eu fecharei meus braços para reencontrar o coração de pedra. Racha então.

Antes escuta é o canto do galo a terra é luz nós vamos morrer o círculo da vida vai se desfechar sobre nós seu enigma os bichos são fantasmas nós somos sua consciência, psshht! A lua... eu morri por vilania morte morte sangrante – Esplêndida! Por um luar do algodão branco em minhas narinas negras.

Os chacais se calaram para me ouvir cantar Ó terra habitada Três vezes eu te exorcizo. Sou eu – eu chamo loucura o que é desfecho do homem.

As lesmas alisam seu caminho não falam de audácia onde encontrar um símbolo forte: os piolhos atacam meu corpo.

Dança ele dança no meu coração como um terror. Eu bocejo como um Cristão Viva eu – nem quente nem frio nem castrado vivendo em meio à luxúria.

Eles marcham a passos lentos órfãos nus de vergonha como se com o sentido que temos do mundo fosse permitido a órfãos privilegiados ser sem pai Que comédia!...

Eles têm unhas as fazem cada manhã quando a alva estoura e eles veem no deserto dos espelhos o pouco de profundeza que têm suas almas eles despelam o coração.

Não retornemos à Matéria O fogo arde a água molha a luz não deixa rastros.

O vinho bebido me levava a esta outra certeza é preciso sofrer para ser um homem de verdade e ter fora dos delírios dos castelos na Espanha – (a Espanha é um falso país) – Um homem de verdade quer dizer um homem demente um homem no sentido baixo da palavra homem – um “agá” mudo um “eu te amo” um nó um M anasalado abstrai o corolário uma aritmética elementar...

Os corvos como as codornas veneram os espantalhos. São dizem eles ídolos humanos; nós somos pela igualdade, o respeito das culturas das ante-sessões! E eles abrem grandes suas asas e cantam Te Deum em baixo latim codornas-corvos.

Não adiantou eu ser o Bronze se não me falha a memória é permitido ser um regicida é ruim ser portador de uma coroa de espinhos mesmo para inocentar um povo inocente.

Meus pés sobre minha savana inscreverão caminhos a calma Alva estoura na minha garganta eu pinto a noite para que o dia seja eternidade. Eu crio a Fraternidade uma vez que Cristo esse Judeu vendido pagou por todas as almas danadas. Havia cascalhos negros e pontudos no caminho que levava ao Gólgota. Portanto eu proclamo a força e a cifra humanas. Eu não grito o ódio eu irei por toda parte procurar aonde se dispersaram todos os meus fetiches de pregos para lhes retirar os três pregos da cruz. O cristo se serviu de uma cruz de madeira para usurpar contra o tempo o destino de um povo mais concreto que todos os punhais tirados do crime.

Aí está esses são os tratores que esgoelam na minha savana.

Não é meu sangue em minhas veias!

Ó sangue ruim!

(tradução de Leo Gonçalves)

:

Le signe du mauvais sang
Tchicaya U Tam´si

Je suis le Bronze l’alliage du sang fort qui gicle quand souffle le vent des marées saillantes

Le destin des divinités anciennes en travers du mien est-ce raison de danser toujours à rebours la chanson ?

J’étais amant à folâtrer avec les libellules ; c’était mon passé – ma mère me mit une fleur de verveine sur ma prunelle brune.

Je sentis mon sang allié sourdre des cadences rauques où bâillaient des crapauds pieux comme des amis.

Très pur le destin d’un crapaud !

Un pays tout latérite, des cauchemars qui fendent le crâne avec la hache des fièvres.

J’accuse la lumière de m’avoir trahi.

J’accuse la nuit de m’avoir perdu.

En vain, je promène une morte dans mon destin et le rire des mères et mon cœur enlisant et ce fleuve si lisse où ne poussera le liseron fin je porte aux mondes deux mains et leurs dix doigts pour une arithmétique élémentaire où se chiffrent naître aimer mourir et le corollaire qui est du corail colorié.

De mémoire d’homme l’orgueil fut vice j’en fais un Dieu pour vivre à la hauteur des hommes d’honnêtes fortunes.

Je suis homme je suis nègre pourquoi cela prend-il le sens d’une déception ?

Dix doigts pour une arithmétique élémentaire.

J’ai beau être le Bronze il m’en souvient : tout Juif est un régicide-né le Christ est un innocent et il faut que meurent les innocents, mais moi je n’ose mon suicide.

Alors le Golgotha c’est quoi ? Je n’ai pas choisi d’être bâtard. Vint la cruauté la saveur aux lèvres.

La logique veut : il faut construire le monde…

Mais il eût fallu graver sur les pierres d’autres symboles et voir à tout prix dans le monde des regards qui fondent en larmes.

J’aurais payé mon tribut.
Splendeur !...

Fleuve non mer non lac non, arbre oui arbre mauve à l’endroit du soleil rond, arbre la nuit mille et mille lucioles en font un diamant brut comme la naissance et j’ouvre mes bras pour me chercher une mère misère ! Pitié ! Splendeur ! Clopin-clopant infernale cadence ! fleuve mer lac non non viendra l’orfèvre Je fermerai mes bras pour retrouver un cœur de pierre. Crève donc !

Avant écoute c’est le chant du coq la terre est lumière nous allons mourir le cercle de la vie va nouer sur nous son énigme les bêtes sont des fantômes nous sommes leur conscience chut ! la lune… je suis mort par vilenie mort mort sanglant – Splendide ! par un clair de lune du coton blanc dans mes narines noires.

Les chacals se sont tus pour m’entendre chanter Ô terre hantée Trois fois je t’exorcise. C’est moi – j’appelle folie ce qui dénoue l’homme.

Les limaces lissant leur chemin ne parlent pas d’audace où trouver un symbole fort : les poux tenaient à mon corps.

Danse il danse dans mon cœur comme une terreur. Je bâille à la Chrétienté Vive moi – ni chaud ni froid ni châtré parmi la luxure.

Ils marchent à pas lents des orphelins nuns de honte comme si avec le sens que nos avons du monde il est permis à des orphelins privilégiés d’être sans père Quelle comédie !...

Ils ont des ongles qu’ils se font chaque matin quand l’aube éclate et ils voient dans le désert des miroirs le peu de profondeur qu’ont leurs âmes ils s’écorchent le cœur.

Non nous retournons à la Matière Le feu brûle l’eau mouille la lumière n’a pas de trace.

Le vin bu me ramenait à cette autre certitude-ci il faut souffrir pour être un homme comme il faut et avoir hors des songeries des châteaux en Espagne – (l’Espagne est un faux pays) – Un homme comme il faut c’est-à-dire un homme dément un homme au bas sens du mot homme - un « hache » aspirée deux « je t’aime » un nœud E muet abstrait le corollaire une arithmétique élémentaire…

Les corbeaux comme les pies vénèrent les épouvantails. Ce sont disent-ils des idoles humaines ; nous nous sommes pour la légalité, le respect des cultures, des préséances ! Et ils ouvrent grandes leurs ailes et chantent des Te Deum en bas latin pies-corbeaux.

J’ai beau être le Bronze il m’en souvient il est permis d’être un régicide il est mal de porter une couronne d’épines même pour innocenter un peuple innocent.

Mes pieds sur ma savane inscriront des chemins l’Aube douce éclate dans ma gorge je peins la nuit pour que le jour soit éternité. Je crée la Fraternité puisque le Christ ce Juif vendu a payé pour toutes les âmes damnées. Il y avait des cailloux noirs et blessants sur les sentiers qui menait au Golgotha. Je ne crie pas la haine j’irai partout chercher où sont dispersés tous mes fétiches à clous pour leur retrancher les trois clous de la croix. Le Christ se servit d’une croix de bois pour usurper contre le temps le destin d’un peuple plus concret que tous les couteaux tirés du crime.

Ça y est ce sont bien les tracteurs qui s’engueulent sur ma savane.

Non c’est mon sang dans me veines !
Quel mauvais sang !

Tchicaya U Tam´si foi um poeta congolês, nascido em 1931 na cidade de Mpili, Congo. O poeta passou parte da infância em  Pointe-Noire, seguindo para a França, onde estudou e trabalhou ali durante anos como jornalista. Influenciado pelo surrealismo francês, língua na qual escreveria, publica seu primeiro livro em 1955, intitulado Mauvais Sang, seguido de Feu de brousse (1957). Retorna ao Congo em 1960, seguindo seu trabalho como jornalista. Publicaria em seguida as coletâneas À triche-coeur (1960), La veste d'intérieur suivi de Notes de veille (1977) e Les Cancrelats 1980. Em 1990, o póstumo Ces fruits si doux de l'arbre a pain. O poeta morreu em 1988, na pequena cidade francesa de Bazancourt, nos arredores de Paris.
 
--- Ricardo Domeneck
 
 
Tchicaya U TAM'SI – Une Vie, une Œuvre : 1931-1988 (France Culture, 1998)
Tchicaya U TAM'SI – Autoportrait (DOCUMENTAIRE, 1976)
"Tchicaya U Tam'si, vie et oeuvre d'un maudit"
Congo : le poète Tchicaya U Tam'si, 30 ans après
Debout, Tchicaya U Tam'si
Les grandes Voix de l'Unesco – Tchicaya U Tam’si (1966) • RFI
Découverte : Tchikaya U Tam'si
BOMOYI 3 - Une vie, une œuvre : Tchicaya U'Tamsi
Le poète Tchicaya U Tam' si défendu par le Critique Mongo Mboussa
j'habitais les palais insonores de l'oubli..., (Extrait de Épitomé), Tchicaya U Tam'si
Poèmes confinés 3: Le Vertige de Tchicaya U Tam'Si par Roch Amedet Banzouzi
Soirée spéciale Tchicaya U Tam'Si sur Ziana TV - Ce 22/04/2020
"Le bal de Ndinga", beau texte de Tchicaya U Tam’si à redécouvrir 30 ans après sa mort (Congo) #FDA
Prix Tchicaya U Tamsi de la Poésie Africaine - Assilah 2018
Le signe du mauvais sang (extrait), Tchicaya U Tam’si
Donc fichu mon destin sauvez seul mon cerveau... (extrait), Tchicaya U Tam'si
Natte à tisser (extrait), Tchicaya U Tam'si
''Agony'' Tchicaya U Tam'si
Prix Tchicaya U Tam’si de la Poésie africaine - 12ème édition
À travers temps et fleuve (extrait), Tchicaya U Tam'si
Tchicaya U Tam Si (Congo)
Liss Kihindou présente un roman de Tchicaya U Tam'si
''Communion'' (Tchicaya U Tam'si)
‘’Le Zulu’’ de Tchicaya U Tam’si qui met en scène le destin tragique du légendaire chef zulu.
Tchicaya U Tam'si, J’étais nu pour le premier baiser de ma mère, Gallimard, 2013
Tchicaya U Tam'si
Marche (extrait), Tchicaya U Tam'si
Perpétuel, Tchicaya U Tam'si
📚 Tchicaya U TAM'SI 🇨🇬 Ces Fruits Si Doux De L'arbre À Pain
Hommage à Tchicaya U Tam’Si
#SoranoChezVous #SoranoDigital #SoranoetSaDiaspora Le zulu de Tchicaya U Tam’si en tournée
Extrait de art musical
Le Zulu - Tchicaya U Tam'si, mis en scène par Pierre Claver Mabiala de l'Espace Yaro
Extrait de à triche-cœur
''Fragile'' (Tchicaya U Tam'si)
Debout
Biographie + Sonnet Sur Tchicaya U Tam`si
La rencontre avec lumumba
Poèmes confinés 4: Marche de Tchicaya U Tam'Si par Roch Amedet Banzouzi
11 février 2020-Belles-lettres- Baptême du livre TCHICAYA U TAM'SI: LE FEU ET LE CHANT de MASEGABIO
FuneraillesDeJP T TCHICAYA
Lecture RFI à Avignon: «Le bal de Ndinga», de Tchicaya U Tam’si (Congo)
Extrait de feu de brousse, pt. 5
Be inspired by Tchicaya Missamou's incredible story
tchico-tchicaya - pamela
📚 Tchicaya U TAM'SI 🇨🇬 Ces Fruits Si Doux De L'arbre À Pain [Extrait 2️⃣]
Extrait de epitome, pt. 1
Ahe Congo
Extrait de feu de brousse, pt. 2
Premier roman de Tchicaya U Tam’si, "Les Cancrelats" - Hacène Arab - "Pages Africaines"

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