parente22

Neste dia
Tão cheio de tudo e de nada,
Lembrei-me que me esqueci.
Por dias,
Daqueles cheios
Em que me olhavas como se eu fosse um tesouro, 
E como se toda a existência,
Toda a alegria e a paz, fossem,
Estar contigo. 
Passaram os infernos,
Os invernos.
E a tua mão quente, 
Quase que já não me toca.
Estou frio neste serão. 
Mas estou cada vez mais quente
Comigo só,
Quase que sim,
Mas às vezes não.
 

Parece que a telepatia pode existir.
E eu, desconfiado, mas esvaido,
De qualquer mísera esperança de conseguir,
Concentro-me em pensar em ti,
Como se tu ainda existisses,
E eu tivesse conseguido.
Sabe-se lá se não consegui,
De uma qualquer forma,
Com tolices, atingido.
E os pensamentos te trazem aqui,
Acordada, fora de norma.
E visses, que estou perdido.

E se és tu quem transmite?
E é minha a apatia?
Ah, telepatia...
Só existe,
Fantasia.
Tu não,
Como eu queria.

Esquecer é difícil, 
E amar também.
Esquecer quem se ama, 
Torna se impossível. 
Mesmo com a teima, 
E a chama. 
Queima.

Se há algo por fazer,
E mesmo que não faça sentido, 
Quem ama quer voltar
Ao impossível acontecer.
Mesmo que não dê
É mentira que esqueça
Quem não se vê.

E em cada noite e cada dia
Esqueço-me de te esquecer. 
Mesmo que aconteça, 
Tenho alegria, 
Até que não me esqueça. 
Que te amo, 
Pelo menos agora, 
Antes que enlouqueça.

Que não me esqueças,
Porque não precisas. 
Ao não me amares, 
Ficas só com as memórias, 
Boas. 
Para contares. 
Eu seguro 
Olhares... 
Histórias... 
E o muro.
Para que com outras pessoas. 
Sejas mais feliz do outro lado, 
Do que deste, do teu passado, 
Inseguro.