

MARIA DE FATIMA FERREIRA RODRIGUES
Sou um ser humano em constante construção. Me sinto parte da natureza e a ela vinculada no sentido material e imaterial. Gosto de lidar com as palavras construindo e desconstruindo castelos. Portanto, escrevo como um exercício de compreensão de mim e do mundo.
1957-12-21 Farias Brito - Ceará
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Afagos à natureza
O dia foi de jardinagem
Por um longo tempo eu e as plantas nos olhamos e trocamos carinho
Depois mirei outras espécies
Lembro dos bem-te-vis e dos sabiás
expostos aos raios de sol
Uns cantaram
outros banharam-se de luz
Beija-flores, borboletas e formigas
fizeram seus afagos e faina no ambiente
Ao sabor do tempo ficaram as lagartixas
Abelhas instalaram-se na trepadeira
De carinho impregnadas
as plantas regozijaram-se
Algumas perderam galhos e folhas
Respiraram aliviadas
De alegria, folhas e flores
transbordaram em cores
Lindas rosas desabrocharam
Outras ficaram prenhes
Os mandacarus pareciam descontentes
Fiquei curiosa
Desejariam os sertões?
O seu habitat ?
Amo a aspereza dos cactos
e insisto em tê-los comigo
É por amor que os conservo em meu jardim
Mas eles exigem condição !
Os mandacarus são mágicos
Guardam em si água e flor
Resistem às intempéries e ao sol escaldante
E somente florescem uma vez ao ano
Por um longo tempo hibernam
Tento imitá-los
e com a sua sabedoria aprendo
Nem tudo são asperezas na vida
Se um dia é pesado
o outro é pura leveza
Sorvo as lições dos mandacarus
mas também das xananas
Os dias pesados se vão sem amargura
Guardo a leveza dos dias bons
numa espécie de ensilagem
Assim a vida prossegue
Inspirada ora no mandacaru
ora na xanana
Exposta ora ao sol ora ao vento
absorvo lições da vida e da natureza
Como ocorre com o mandacaru
nunca me faltam flores
Elas se acomodam
nas minhas entranhas até a maturação
Após a hibernação nascem plenas
E fortalecidos andam mundo afora
enquanto o ser prepara-se
para novas concepções
Em 22 de novembro de 2014.
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