beneditocglimadonquixotepant

Sou como o morcego

Em voo cego na noite

Busco me esconder

Na penumbra do teu olhar sagaz

E  num piscar  relampago

Despejo a claridade dos meus poemas.

Gosto de tomar café

de manhã cedo

antes do alvorecer

junto do canto dos galos

em xícara alva

e fico sentado

na porta de casa

olhando a madrugada se afastar

para dar chegada ao astro-rei

E assim vou tomando o meu café literário

em verso libertário

que se espreguiça no vapor

exalando o aroma doce mo ar.

Sou andarilho sem gatilho
Mochila
Matula
Ou cantil
Vou pelo Brasil
E pelas fronteiras
Caçando o El Dorado do existir
E na soleira da inquietude avisto a virtude
De poder encontrar
A Fonte da Vida Eterna em seu olhar
E andarilhando nos eflúvios poéticos
Da sua voz
Tamborilo ao compasso da canção
O tempo passa na argamassa do Destino
E eu menino choramingo a saudade
De um passado que longuíquo ficou.
E lá vou eu,alma em farrapos
Trançando os trapos do que restou.

Sou um pássaro cujo voo cego
Se perdenas fímbrias da solidão
Enquanto meu coração luco e apaixonado
Busca nas entranhas do meu existir
Descobrir
A trilha que me leve a sorrir
A cantar
Porque a tristeza se instalou
E não quer mais ir embora
Inquilina dos meus sonhos.

Lá vai o estro cambaleando nas trilhas dos versos
Sem bússula
Sem guia
Apenas pensando no alvorecer
E lá no céu na cesta do beleléu a Lua
Quase nua de nuvens desvenda o pudor
E o pássaro noturno espedaça o seu voo
Na cortina invisivel.
E em cada esquina a luzerna ilumina a solidão
Do existir
E o Poeta nem se importa
Com a sombra velha da porta
Vai vagando de esquina em esquina
Tomando o porre da nostalgia

Nem quer saber da alegria...
Em cada esquina vomita uma estrofe
E faz
das pedras um travesseiro.
Para dormir na incerteza de acordar

Sou negro,

sou forte

na busca da sorte

e viver

sou bravo

sou rude

mas fiz o que pude

para sobreviver

não choro

e até oro

e os dias se esvaziam

na taça do sofrimento

mas não lamento

sou bom de argumento

o jeito é saber

o lugar de destaque

no som da atabaque

sou negro

sou um heròi.

Eu gosto do sábado

porque neste dia

a Poesia

invade a saudade

e troca de lugar

nos corações das pessoas.

Sábado é o dia da ternura.

Meus versos feito caramujo-flor
Se escorregaram nas fímbrias da Saudade
E viraram poemas
Para quem puder me ler nas entrelinhas do sobreviver
E a Lua modorrenta espreguiça na amplidão
Enquanto os galhos do Flamboyant tentam filtrar a luz
Que insolente se instala na calçada
cheia de musgo verde alcatifa aveludada
que disfarça a sujeira
E o formigueiro assanhado
Segue a trilha maravilha da natureza.
O sabiá da laranjeira
Agora se delicia no pé de Acerola
Pois a boa chuva ainda não rola.
O jeito é cantar.
Pois não tenho nem arranjo prá assovio.

Sol pantaneiro é isso aí:

brilha forte

queima a testa

sol faz festa pra o suor escorrer

salgado

e o pobre coitado

moureja no asfalto

cortando a gramínea

e a fadiga vai chegando

mas o rei abrasador

não termina

apenas esquenta

enquanto o poeta inventa

de sonhar com as estrelas

olhando o céu azul

nem garça

nem urubu

apenas uns dedinhos de nuvens brancas

brincando de riscar o céu.

E o sol pantaneiro dardeja insolente

inclemente

e o saiá no pé de acerola

rola o seu canto já triste

pedindo prá chuva chegar

mas é inútil

o sol pantaneiro é assim mesmo

só para quando chega a noite.

Meu pai é um guerreiro

trabalha de dia

me ajuda de noite

meu pai alegria

herói do meu lar

me dá o sustento

meu Sol meu Luar

Meu pai homem forte

guerreiro audaz

sujeito de sorte

bandeira da Paz!