Gabriel Albuquerque

Gabriel Albuquerque

Um jovem escritor, agricultor e ceifador da minha existência.

2001-04-10
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Alguns Poemas

Monólogo sobre Ernesto

Parte 1: "Das loucuras profanas da mente jovem e revolucionária"

Minha vida revolucionária conduz meus caminhos tortos
Honra pela honra, a justiça ufana prefere os mortos
Já que estás em mim, ó brilho cruel dos portos
Que se abre aos rebelados e mostra-te pelas fotos

Já que o tempo fez-te a graça de visitares os rebeldes, leve notícias de mim
Diga àqueles da terra branca e vermelha que veste perigo: o explorador grande enfim
Conte aos patrões, senhores, doutores, bandolins que abandonei a escola pra servir ao Terceiro Mundo tão afim
Por amor inerte à minh'alma, dar-lhe-ei o sangue carmesim.

Com a mesma dura ternura em nunca ter
que aprendi na estrada e em Che!

Ah, ódio sinto à metrópole, paraíso, violenta
que extermina os miseráveis, negros, teus meninos!
E lá vem mais uma estação do inferno, polenta,
ó Dante eterno, pois será de haver outros destinos?

E, no tangente à família, dá-lhe um abraço apertado
que a todos possa abarcar
fora-da-lei, procurado me convém família unida contra quem me rebelar!

Com contra quem me dá dura, com dedo na cara
me mandando calar!
Com contra quem me dá dura, com dedo na cara
me mandando calar!

Ah, Carlos Máximo, tu sabias do sabiá grená.

Cai o muro de Berlim, cai sobre ti, sobre mim, ó comuna Internacional
Chamam-no de assassino, para quem conhece, ao menos, o velho gozo animal.

Dê flores ao comandante que, um dia, dispensou-me do serviço militar
Ah, quem precisa de heróis? Com dura ternura: feras que fuzilam na guerra e choram na volta ao lar.

Gênios do mal tropicais, poderosos vestigiais: a vergonha da Mãe Gentil
Ah, quem dera fosse eu um Bel, um Gil, um Chico, um Caetano, e dançaria todo ufano, passando pela Guerra Civil.

Como o nosso pai, que se pergunta: "onde errei?"
É elogiando o meu espírito revolucionário
e pondo-me entre os sonhadores do vestiário
que direi-voz em alto: "Capitalismo, morrei, pois o show já comecei!"

Minha voz será ouvida a toda Cuba:

"Trogloditas, traficantes, neonazistas, farsantes: barbárie, devastação
Até um rinoceronte é mais decente do que essa gente demente
do Ocidente tão tão cristão!"

Avante, vítimas da fome!
firme a cobrir, famélicos da pública terra!
A chama vermelha de ideia consome
A crosta bruta que a soterra

Apartai-vos do mundo explorador profundo
agora de pé, de pé, não mais os senhores!
Se nada produzem deste mundo
sejamos nós, ó produtores!

Sejamos nós que consquistemos
pois nada esperamos de nenhum
senhores, patrões, chefes supremos
À terra Mãe Gentil, livre e comum
não me vendo pelo rum, uhum!

Nós destruiremos toda a violência do fundo
inteiramente, e, em seguida, contudo
construiremos um admirável novo mundo
e, quem não era nada, tornar-se-á tudo.

Sobre os frutos do gozo do capital:

Como filhote de Bob Dylan faço, e
como o patrão da Coca-Cola fez,
sem sangue nas veias, com nervos de aço
rejeito a esmola que ele me dá por mês.

Socorro, Socorro, socorre-me, soviete.

É como o meu velho amigo Assunção:

Que vai pro seu trabalho todo dia
sem saber se é bom ou se é ruim.
Quando quer chorar vai ao banheiro, na pia
Assuncao, as coisas não são assim!

Toda vez que eu sinto o paraíso (Ah, Alighieri)
Ou me queimo torto no torno do contorno do inferno
Eu penso ti, pobre Assunção milionário
Que usa sempre o caro terno

Ó, Assunção, ensine-me tuas coisas:
que a vida é séria, fria e a guerra é utópica e dura
Mas se não puder, cale essa boca!
E deixe-me viver a loucura.

Lembro-me, pois, Assunção, daqueles dias
quando filosofávamos sobre o mundo
e hoje eu te chamo de careta e simpatia;
e você, de vagabundo.


-
rebeca
Gabriel, parabéns pelo poema. Abraços campônios.
24/fevereiro/2019
manuela
legal
18/janeiro/2019
-
nathanael
Demais!
13/janeiro/2019

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