Já viste o sol que brilha lá fora? Um dia de Outono maravilhoso e eu na mesma, com a muleta atrás e uma mochila. Porém, a muleta não é o meu principal foco nesta carta. Alguma vez pensaste que eu iria escrever uma carta para ti? Bem, se calhar até não, mas eu sou instável e por alguma razão, só penso em ti e não na razão. Vou muitas vezes pelos impulsos que desencadeias e não pela razão e esse é o meu maior mal, muitas das vezes. Seguir-te é uma das etapas mais bonitas que terei na minha vida, mas se por vezes tudo parece dar certo, outras vezes é tudo um conto imaginário que os miúdos escrevem na quarta classe. Todos temos fraquezas e desvios, eu tenho os meus e não serei o único.
Faz-me mal pensar em demasia, como estou a fazer neste momento, mas se tudo isto pode parecer algo para encher chouriços ou distribuir palha, enganas-te, porque na verdade, estou a pensar em ti enquanto escrevo. Nasci com o sague quente,a ferver, quase como se quisesse despontar para algo. Virei muitas vezes as costas à paz, embora a pratique todos os dias. Mas não é a guerra que quero começar, apenas digo que nem sempre sou a melhor pessoa a escolher palavras, não sei, é um defeito meu que não tem remédio e por vezes chego a pensar se não será uma questão de feitio.
Sei que amadurecemos com a idade e é isso que pretendo. Perdi muito tempo a explodir sem necessidade, aprendi que o silêncio às vezes é a melhor arma, porque como todos nós sabemos, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Mas eu sou assim, rabugento e impertinente, muitas vezes com quem não merece e desde que parti a rótula há seis meses, apercebi-me de que o exercício físico ajuda-me a libertar um pouco dessa raiva em excesso. Tu que me acompanhas, sabes que voltei à natação e que me sinto bem quado vou lá. Isto tudo para te dizer que o impulso não mata mas por vezes destrói a pessoa. O problema é que enquanto eu perco tempo e energia com o que não interessa, também estou a magoar as pessoas de quem gosto.
Não te entrego à penúria, afinal de contas gosto de viver contigo, mas sinto que tens de ir mais vezes morar com a razão, ela sim, a pragmática. Mas sei que vais estar comigo até ao meu último dia, afinal de contas é bom amar enquanto vivo contigo.