Procurar Críticas de Mal de amores
29 resultadosDe Eros, representaçao do Amor entre os gregos, desde o século VI a.C. cultuado principalmente como o deus da Paixão, vem erotismo. Significa paixão amorosa — o amor, não tanto no seu lado "cavalheiresco", platônico, dominante na poesia trovadoresca, por exemplo, mas antes no seu aspecto físico, sexual. A maior ou menor franqueza com que se pode, sem escândalo, falar do amor erótico, em literatura, varia de civilização para civilização; assim, obras que têm, em determinado país e tempo, serena posição nas letras, alhures ou em outra época poderão ser consideradas pornográficas. É como sói ser encarado no Ocidente o Kama-Sutra, antigo manual hindu de técnicas sexuais.
Mesmo em relação a obras da nossa cultura e do nosso tempo, é muita vez difícil a distinção entre arte e pornografia; e é verdade que a mesma obra pode agasalhar, lado a lado, ou misturados, imbricados, traços artísticos e traços pornográficos. Há de haver, sem embargo, meios ao alcance do leitor — e falo em leitor porque nos estamos cingindo à literatura, mais especificamente à poesia — para essa distinção. Tentando estabelecê-los, recorro a um breve discurso paralelo acerca do que chamo "a psicologia do palavrão".
Que vem a ser isto, um palavrão? Uma "palavra obscena ou grosseira", diz Mestre Aurélio, no seu dicionário. Mas, se temos duas palavras significando a mesma coisa, como, por que se há de associar a uma delas conotação de obscenidade, ou grosseria, e não à outra?
O que determina essa carga negativa, ou positiva, ou neutra, das palavras é a intenção. Deste modo, tem a língua, para significar os órgãos sexuais, palavras de uso restrito a meios técnicos ou científicos, e que podem ser fora daí empregadas sem susto, por serem meramente denotativas, eticamente neutras; palavras de uso familiar, carregadas de variável gama afetiva, que podemos dizer portadoras de conotação positiva; e palavras de baixo calão, que, além do significado, basicamente igual ao de suas irmãs retromencionadas, imantam-se de uma intenção negativa — de depreciação, achincalhe, deboche. Normalmente, estas últimas têm curso no escuso dos becos, em esconsos quartos ou frias salas, em meios onde os homens, vítimas da própria miséria, passam a ser uns para os outros não mais que objetos de egoístico prazer, ou sujo lucro. Por isto, não é necessariamente fruto de condenável preconceito a recusa de trânsito em níveis mais altos a certas palavras forjadas ou em curso naqueles meios; pois o que se recusa, ou deve recusar, nelas é a intenção que visa a diminuir o destinatário e que avilta o emitente. (Conseqüentemente, as palavras podem mudar de categoria, subir ou descer, degradar-se ou reabilitar-se, conforme o uso social que se lhes dê; e pode a mesma palavra pertencer a opostas categorias, em meios diversos.)
De modo semelhante, a qualificação de erótica ou pornográfica a obra literária depende do ponto de vista em que se coloque o autor (ou o leitor, o que relativiza ainda mais a questão). Transcrevo o que dizem a respeito Otto Maria Carpeaux e Sebastião Uchoa Leite, no verbete "erotismo" da Enciclopédia Mirador Internacional:
"A pornografia não provoca, em geral, questões de crítica literária; há, até, quem duvide se esses produtos pertencem à literatura em qualquer sentido da palavra. Essa dúvida atinge sobretudo as obras pornográficas que foram escritas com o único fim de estimular sensações sexuais. Mas em muitos casos a confecção de obras pornográficas serve para satisfazer os estímulos irrealizáveis dos próprios autores; trata-se, nesses casos, de fantasias de regressão infantil, de sonhos de poder sobre órgãos genitais alheios, que são o único tópico da pornografia ("pornotopia"). A exclusão de todos os outros motivos e a redução dos personagens a seus órgãos genitais são traços característicos da pornografia e indícios de que não se trata acaso de literatura propriamente dita."
Pornográfica é a obra em que se objetualiza o ser humano como pasto de paixões, reduzido o amor à bestialidade, isto é, à exacerbação e cega satisfação do instinto. E diria que a pornografia está para o erotismo assim como a prostituição está para o amor.
Não me lembra que escritor se perguntava, com real ou ficta perplexidade, por que não se dignavam os poetas de cantar os prazeres do paladar, como cantam os do amor. Sim, por que não merecerem algumas notas líricas as delícias do tutu com torresmo, o êxtase da feijoada completa, a ingenuidade da salada vegetal, os mistérios espirituais dos álcoois? (Estes até que não podem se queixar ... )
Poesia é transcendência. Por isto não canta o poeta o bom prato, a não ser no poema satírico. Por isto, ao cantar o amor, se não lhe despreza as materialidades, procura colher-lhe a volátil essência; nem é verdadeiramente poesia, senão torpe simulacro, essa, pseudo-erótica, incapaz de ultrapassar o descritivismo no âmbito da física sexual.
Uma e outra coisa existem e são necessárias. Só que não são, em si mesmas, objeto de poesia, como não o é o econômico, o técnico em geral. E, forçadas a um papel mais alto que o que lhes compete, tornam-se grotescas, ou obscenas.
Mas, esperem aí! — somos corpo e espírito, espírito e corpo. Quando sugiro espiritualização, não me entendam mal, não estou recusando o corpóreo. Nem me esqueço de que a poesia erótica ocidental tem raiz em seu livro sagrado — na Bíblia, no Velho Testamento, no Cântico dos Cânticos de Salomão. E como, nos seus cantares, se refere o rei poeta aos dotes da Sulamita? Em termos como estes, cuja sensualidade não elide a pureza:
"Quão belos são os teus pés
nas sandálias que trazes, ó filha de príncipe!
As colunas das tuas pernas são como anéis trabalhados por
mãos de artista.
o teu umbigo é uma taça arredondada,
que nunca está desprovida de vinho.
O teu ventre é como um monte de trigo
cercado de lírios.
Os teus dois seios são como dois filhinhos
gêmeos duma gazela.
O teu pescoço é como uma torre de marfim.
Os teus olhos são como as piscinas de Hesebon,
que estão situadas junto da porta de Bat-Rabim.
O teu nariz é como a torre do Líbano,
que olha para Damasco.
A tua cabeça levanta-se como o monte Carmelo;
os cabelos da tua cabeça são como a púrpura
um rei ficou preso às suas madeixas.
Quão formosa e encantadora és,
meu amor, minhas delícias!
A tua figura é semelhante a uma palmeira.
Eu disse. Subirei à palmeira,
e colherei os seus frutos.
Os teus seios serão, para mim, como cachos de uvas,
e o perfume da tua boca como o das maçãs."
Feito o intróito, cuja extensão espero me seja perdoada, passemos aos verdadeiros falantes desta jornada.
Álvares de Azevedo, um dos "gênios adolescentes" do nosso Romantismo, em cuja época se praticou pela primeira vez uma poesia caracterizadamente brasileira, morreu aos vinte anos, "sem na vida ter sentido nunca" — conforme se queixava no poema "Idéias Íntimas" — "na suave atração de um róseo corpo" os "olhos turvos se fechar de gozo". Não obstante, ou talvez por isso mesmo, sua lírica amorosa revela, no dizer de Antônio Soares Amora, erotismo tão explícito corno nunca antes, entre nós. É, pois, merecedor das honras da abertura. Leiam-se as estrofes iniciais de "Seio de Virgem":
"0 qu
Exmo. Sr. — É boa e grande fortuna conhecer um poeta; melhor e maior fortuna é recebê-lo das mãos de V. Exa, com uma carta que vale um diploma, com uma recomendação que é uma sagração. A musa do Sr. Castro Alves não podia ter mais feliz intróito na vida literária. Abre os olhos em pleno Capitólio. Os seus primeiros cantos obtêm o aplauso de um mestre. — Mas se isto me entusiasma, outra coisa há que me comove e confunde, é a extrema confiança, que é ao mesmo tempo um motivo de orgulho para mim. De orgulho, repito, e tão inútil fera dissimular esta impressão, quão arrojado seria ver nas palavras de V. Exa. mais do que uma animação generosa. — A tarefa da crítica precisa destes parabéns; é tão árdua de praticar, já pelos estudos que exige, já pelas lutas que impõe, que a palavra eloqüente de um chefe é muitas vezes necessária para reavivar as forças exaustas e reerguer o ânimo abatido. — Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido pela idéia de contribuir com alguma coisa para a reforma do gosto que se ia perdendo, e efetivamente se perde. Meus limitadíssimos esforços não podiam impedir o tremendo desastre. Como impedi-lo, se, por influência irresistível, o mal vinha de fora, e se impunha ao espírito literário do país, ainda mal formado e quase sem consciência de si? Era difícil plantar as leis do gosto, onde se havia estabelecido uma sombra de literatura, sem alento nem ideal, falseada e frívola, mal imitada e mal copiada. Nem os esforços dos que, como V. Exa, sabem exprimir sentimentos e idéias na língua que nos legaram os mestres clássicos, nem esses puderam opor um dique à torrente invasora. Se a sabedoria popular não mente, a universalidade da doença podia dar-nos alguma consolação quando não se antolha remédio ao mal. — Se a magnitude da tarefa era de assombrar espíritos mais robustos, outro risco havia: e a este já não era a inteligência que se expunha, era o caráter. Compreende V. Ex.a que, onde a crítica não é instituição formada e assentada, a análise literária tem de lutar contra esse entranhado amor paternal que faz dos nossos filhos as mais belas crianças do mundo. Não raro se originam ódios onde era natural travarem-se afetos. Desfiguram-se os intentos da crítica, atribui-se à inveja o que vem da imparcialidade: chama-se antipatia o que é consciência. Fosse esse, porém, o único obstáculo, estou convencido que ele não pesaria no ânimo de quem põe acima do interesse pessoal o interesse perpétuo da sociedade, porque a boa fama das musas o é também. — Cansados de ouvir chamar bela à poesia, os novos atenienses resolveram bani-la da república. — O elemento poético é hoje um tropeço ao sucesso de uma obra. Aposentaram a imaginação. As musas, que já estavam apeadas dos templos, foram também apeadas dos livros. A poesia dos sentidos veio sentar-se no santuário e assim generalizou-se uma crise funesta às letras. Que enorme Alfeu não seria preciso desviar do seu curso para limpar este presepe de Augias? — Eu bem sei que no Brasil, como fora dele, severos espíritos protestam com o trabalho e a lição contra esse estado de coisas: tal é, porém, a feição geral da situação, ao começar a tarde do século. Mas sempre há de triunfar a vida inteligente. Basta que se trabalhe sem trégua. Pela minha parte, estava e está acima das minhas posses semelhante papel, contudo. entendia e entendo — adotando a bela definição do poeta que V. Exa dá em sua carta — que há para o cidadão da arte e do belo deveres imprescritíveis, e que, quando uma tendência do espírito o impele para certa ordem de atividade, é sua obrigação prestar esse serviço às letras. — Em todo o caso não tive imitadores. Tive um antecessor ilustre, apto para este árduo mister, erudito e profundo, que teria prosseguido no caminho das suas estréias, se a imaginação possante e vivaz não lhe estivesse exigindo as criações que depois nos deu. Será preciso acrescentar que aludo a V. Ex.a? — Escolhendo-me para Virgílio do jovem Dante que nos vem da pátria de Moema, impõe-me um dever, cuja responsabilidade seria grande se a própria carta de V. Exa não houvesse aberto ao neófito as portas da mais vasta publicidade. A análise pode agora esmerilhar nos escritos do poeta belezas e descuidos. O principal trabalho está feito. — Procurei o poeta cujo nome havia sido ligado ao meu, e, com a natural ansiedade que nos produz a notícia de um talento robusto, pedi-lhe que me lesse o seu drama e os seus versos. — Não tive, como V. Exa, a fortuna de os ouvir diante de um magnífico panorama. Não se rasgavam horizontes diante de mim: não tinha os pés nessa formosa Tijuca, que V. Exa chama um escabelo entre a nuvem e o pântano. Eu estava no pântano, em torno de nós agitava-se a vida tumultuosa da cidade. Não era o ruído das paixões nem dos interesses; os interesses e as paixões tinham passado a vara à loucura: estávamos no carnaval. — No meio desse tumulto abrimos um oásis de solidão. — Ouvi o Gonzaga e algumas poesias. — V. Exa já sabe o que é o drama e o que são os versos, já os apreciou consigo, já resumiu a sua opinião. Esta carta, destinada a ser lida pelo público, conterá as impressões que recebi com a leitura dos escritos do poeta. — Não podiam ser melhores as impressões. Achei uma vocação literária, cheia de vida e robustez, deixando antever nas magnificências do presente as promessas do futuro. Achei um poeta original. O mal da nossa poesia contemporânea é ser copista — no dizer, nas idéias e nas imagens. Copiá-las é anular-se. A musa do Sr. Castro Alves tem feição própria. Se se adivinha que a sua escola é a de Vítor Hugo, não é porque o copie servilmente, mas porque uma índole irmã levou-o a preferir o poeta das Orientais ao poeta das Meditações. Não lhe aprazem certamente as tintas brancas e desmaiadas da elegia; quer antes as cores vivas e os traços vigorosos da ode. — Como o poeta que tomou por mestre, o Sr. Castro Alves canta simultaneamente o que é grande e o que é delicado, mas com igual inspiração e método idêntico a pompa das figuras, a sonoridade do vocábulo, uma forma esculpida com arte, sentindo-se por baixo desses lavores o estro, a espontaneidade, o ímpeto. Não é raro andarem separadas estas duas qualidades da poesia: a forma e o estro. Os verdadeiros poetas são os que as têm ambas. Vê-se que o Sr. Castro Alves as possui; veste as suas idéias com roupas finas e trabalhadas. O receio de cair em um defeito, não o levará a cair no defeito contrário? Não me parece que lhe haja acontecido isso; mas indico-lhe o mal, para que fuja dele. É possível que uma segunda leitura dos seus versos me mostrasse alguns senões fáceis de remediar; confesso que os não percebi no meio de tantas belezas. — O drama, esse li-o atentamente; depois de ouvi-lo, li-o, e reli-o, e não sei bem se era a necessidade de o apreciar, se o encanto da obra, que me demorava os olhos em cada página do volume. — O poeta explica o dramaturgo. Reaparecem no drama as qualidades do verso; as metáforas enchem o período; sente-se de quando em quando o arrojo da ode. Sófocles pede as asas a Píndaro. Parece ao poeta que o tablado é pequeno; rompe o céu de lona e arroja-se ao espaço livre e azul. — Esta exuberância que V. Exa com justa razão atribui à idade, concordo que o poeta há de reprimi-la com os anos. Então conseguirá separar completamente a língua lírica da língua dramática; e do muito que devemos esperar temos prova e fiança no que nos dá hoje. — Estreando no teatro com um assunto histórico, e assunto de uma revolução infeliz, o Sr. Castro Alves consultou a índole do seu gênio poético. Precisava de figuras que o tempo houvesse consagrado; as da Inconfidência tinham além disso a auréola do martírio. Que melhor assunto para excitar a piedade? A tentativa abortada de uma revolução, que tinha por fim consagrar a nossa independência, merece do Brasil de hoje aquela veneração que as raças livres devem aos seus Espártacos. O insucesso fê
Coro de pastoras
Violeta suave,
Santa MARIA,
O teu pranto nos lave
De noite e dia.
Tu que em Belém nos deste
A graça suma,
Açucena celeste,
Tu nos perfuma.
Rosa d'amor primeva,
Casta e pudica,
Tu nos levanta, enleva
E glorifica.
E, até que enfim desponte
A alta ventura,
Corra a água desta fonte
Perene e pura.
Coro de fiéis
Abril, de violetas coroado,
Pinta de cores mil o verde prado
E em ledos bosques e vergéis risonhos
Voam amores, ilusões e sonhos.
Desliza o rio, duma e doutra margem
Flores fragrantes fresco aroma espargem
E surgem dentre lírios amorosos
Doces desejos e mais doces gozos.
É já passado o inverno duro e ingrato,
A primavera ostenta rico ornato
E já lá vêm chegando as três donzelas
Sábias, prudentes, ínclitas e belas
Que inspiraram o engenho peregrino
Do Angélico Doutor Tomás d'Aquino.
Eis a Fé, a Esperança e a Caridade,
Trazendo co'o prazer que nos invade,
A santa cruz, luzindo eternamente,
A âncora forte e o coração ardente.
Fé
Minhas irmãs caríssimas e amáveis,
Dizei-me em que lugar remoto andáveis,
Pois quase nunca a vós me vejo unida,
Almas salvando para a eterna vida.
Porém aqui, nesta sagrada gruta,
Do mal nos livra a Virgem impoluta
E não tememos nunca força ou manha,
Quando a graça de Deus nos acompanha
E o resplendor da estrela matutina
O caminho do céu nos ilumina.
Esperança
Às vezes, Fé, contigo também ando,
Pois por todo o universo vou voando,
Porém por que tão raras vezes vejo
Da Caridade o rosto benfazejo?
Caridade
Não faltam os que creiam e que esperem,
Mas, ó tristeza, amar bem poucos querem.
E ai dos que deixam a inocência casta,
Todo o prazer do mundo não lhes basta.
(...)
Publicado no livro Comédia Angélica (1918).
In: ALBANO, José. Rimas: poesia reunida e prefaciada por Manuel Bandeira. Pref. Bernardo de Mendonça. 3.ed. acrescida de perfis biográficos, estudos críticos e bibliografia. Rio de Janeiro: Graphia, 1993. p.150-152. (Série Revisões, 3
Projeto de Vida- Depoimento de Um Poeta Sexagenário
Silas Corrêa Leite
(Da Série "Testamento de Uma Jornada")
A partir de uma tenra idade, muito precoce ainda, pais honestos, meio probo, vc começa a delinear um básico projeto de vida. De origem humilde, você cisma: -Estudar muito, ler bastante, trabalhar o mais cedo possível, ganhar a vida honestamente, com as mãos limpas. Simples assim.
Começa a trabalhar, sempre lendo, sendo honesto, pontual, produtivo, criativo, admirado e elogiado pelos patrões, tipo "esse menino vai longe". Quando tem a chance de estudar, se entrega loucamente aos estudos que acabou parando na quarta-série primária ainda guri, para trabalhar e ajudar a família carecida. E exemplos de dignidade, criatividade, honestidade em casa, no meio, no clã. Siga os bons.
Cedo sai de casa em busca de melhores condições de trabalho e estudos. Passa necessidade, passa fome, dorme em cortiço, pensão, dorme na rua. Sempre com um ideal, um sonho, esperanças limpas. Nunca é tarde para recomeçar, e a busca de ser feliz ainda que tardia.
Acaba se formando com dificuldades, acaba melhorando de empregos, sempre respeitado pelos colegas, subalternos, amigos, chefes, patrões, donos. Podem confiar em você. Seu sonho é vencer na vida com esforço e por merecimento. Em todo trampo, mesmo começando por baixo, logo acaba chefe por mérito. Começa a ganhar bem. Ajuda amigos, parentes, familiares. Seu projeto de vida é digno. Aprende a respeitar a dor do outro, estender a mão, ser solidário, também tem um projeto de vida ético-humanitário. Vai realizando seus sonhos...
Erra e acerta no amor. Romântico, poeta, sabe como é. Comete erros que pode dizer que cometeu, na caminhadura. Nada a esconder. Nenhum mal feito que revele você interesseiro, mau caráter, roubando a firma, o patrão, o meio, nem nunca chamado de caloteiro, de velhaco, nem nunca sofrendo despejo por falta de pagamento, nunca ostentando nada que não fizesse por merecer ter com sangue, suor e lágrimas. Projeto de vida. Simples assim.
Vez em quando, levando um tombo da vida, uma mentira, uma traição, uma punhalada pelas costas de parente ou amigo, mas sempre saindo da queda, do chão, limpo, se levantando com mais trabalho, resiliência, mais esforços, três trampos, acordando cedo, dormindo tarde, vendendo as férias para fazer caixa, fazendo cursos em finais de semana, nas férias. Projeto: evoluir, comprar uma casa para si, uma casa prometida para a mãe. Finalmente, entre lonjuras e escolhas, acerta e acha a mulher de sua vida, uma mão na roda, honesta, estudiosa, que trabalha muito também, que estuda até tarde, que dá um show em casa, gerencia sua cabeça, suas loucuras, dá estrutura aos seus planos... Luz atrai luz.
De vez em quando um novo curso, um novo diploma, um prêmio literário de renome, um convite pra palestra paga, uma entrevista no rádio, outra na tevê, em programa de alto nível cult, depois bola um livro pioneiro, de vanguarda e único no gênero que sai na chamada grande mídia, vira tese de mestrado, no doutorado, consta em centenas de sites, até em antologias literárias no exterior, ou mesmo na Biblioteca Nacional, e você com seu projeto de vida ganhando amplitude, destaque, reconhecimento. De três sonhos impossíveis quando criança berebenta com amarelão, realizou mais de dez sonhos impossíveis ao longo de seu projeto de vida. E como escritor elogiado entre outros por Elio Gaspari, Fernando Jorge, Lygia Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão, Álvaro Alves de faria, Moacir Scliar e Carlos Nejar,ambos da ABL-Academia Brasileira de Letras. Sentiu firmeza.
Encontra colegas de trabalho, patrões, alunos. Em todos o reconhecimento claro e cristalino. Seus textos em sites, até internacionais, em redes socais, em convites de formatura, em discursos, citações, em teses de TCCS, em posses de academias de letras regionais, em agendas, até fora do Brasil. O menino pobre, pondo suas dores pra fora, seu projeto de vida relido e contato, e novos prêmios, outros livros. E palestras, até em universidades federais, publicado em jornal da USP, onde foi bolsista pesquisador, seus textos em sites da Argentina, Itália, Chile, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Angola,Moçambique, Rússia, no Pravda. Seu Estatuto de Poeta vertido para o inglês,francês, espanhol e russo. Seu projeto de vida tem o que dizer,o que valer, o que fazer sentido numa croniqueta, num poema, num livro. Você compra a casa para sua mãe. E a sua mãe descendente de negros com índios, vendo você na TV Cultura, duas vezes, na TV Band, em capa de jornais de sua cidade, em matérias e em revistas, e diz: -Ele sempre foi meio espeloteado. Você a honra. E conta que vc esteve para morrer seis vezes, quando criança. Que seu pai gastou vários terrenos para comprar remédios, tratar de vc, para que você sobrevivesse. Você venceu a morte... a miséria... a batalha da vida dura... Os padres dizem que vc seria um ótimo Frei. Os crentes dizem que vc seria um ótimo pastor. Os Médiuns dizem que vc é médium... Será o impossível? E vc na sua vidinha, fé com obras...
Um dia chutam: -Você deu sorte na vida. Não sabem um terço da missa. Um dia perguntam: -E se você fosse avisado por um medico, de que tem pouco tempo de vida,o que faria? Você responde: Eu olharia para trás, vendo que deixei o mundo de meu clã melhor do que recebi, olharia minha origem, minha trajetória, e diria, curto e grosso: -Pintei e bordei.
Cada coisa em sua casa, conquistada com esforço e dignidade. Nunca colocou nada em casa que fosse tirado, furtado, roubado, enganando alguém, a empresa, o amigo, o parente, a facilidade de extorsão, o enriquecimento ilícito com divida, peculato, prevaricação. E ainda socialista, sonhando um humanismo de resultados. Um amigo brinca: Se vc fosse de direita, mau caráter, mulherengo,interesseiro,olho grande,mão rápida, dinheirista, continuasse na área de advocacia, estaria podre de rico? E indagam: -Vc está rico? Vc responde na bucha: -Estou digno.
Quando não te chateiam: -Por que vc estuda tanto,lê tanto, feito um E.T.? Ninguém sabe a sua dor.O que você passou para continuar limpo e para ser o que é. Vc cai no Vestibular na faculdade de letras de sua cidade, da qual é autor de um hino. Cai, junto com Machado de Assis e Vinicius de Moraes no Vestibular da VUNESP.Seu projeto de vida cresceu com você. E vc não ostenta posses,nem nada que valore mais você,a não ser a sua própria história de vida, que já daria um romance de tristeza,de conquista e determinação...
Projeto de vida: vencer com a força de sua cabeça,seus braços; o que tem fazer por merecer e coadugnar com seus ganhos em três trampos e trabalhos de assessorias em escritas,orelhas e prefácios de livros,resenhas criticas, criticas literárias e sociais, escrevendo em mais de 800 links de sites. Você fez além de seu projeto de vida. Há um Deus. Quando chegar a sua hora de ir embora, cantar noutra fregesia do céu, numa Itararezinha Celeste, dirão: -Passou a vida lendo e escrevendo e estudando feito um louco. Alguma pessoa que sabe sua história,dirá: -Queria ter um filho como ele.Uma aluna dirá novamente: -Foi o melhor professor que eu tive,foi como um pai pra mim,e regia aulas como um professor de cursinho, cantava na sala, fazia historias em quadrinhos,teatro,letras de rock, entrevista,rodas vidas de aulas... tudo isso em Geografia,História, Filosofia e Ética e Cidadania, Didática...
Nesses erros e acertos,altos e baixos,idas e vindas, tempos de vacas magras e vacas gordas, perdas e saudades, rupturas e desastres, tragédias e lamentos,procura honrar a memória de seus ancestrais. Você foi forte,dizem. Você deu no couro,diz um parente. E você, passando dos sessenta, jogando limpo, segue o trajeto final de sua vida. Exigindo pelo pai,criticado,cobrado, sancionado,correspondeu, fez bonito. Criticado, foi estudar mais. Cada pé na bunda que levava, um novo curso,um novo livro,um novo diploma. Sempre assim. Primeiro dizem que você é pobre, é feio,filho de preto,de crente, de mãe lavadeira de roupas, faxineira, depois dizem que você é metido (escreve pro jornal com 16 anos), depois que é viado, depois que maconheiro,depois que é bêbado, depois que é comunista, petralha, depois você Vence sem fazer parte do sistema, sem entrar em nenhum esqueminha, sem corporativismo, sem jogos sujos, sem tramoias. E quem humilhou você num determinado tempo de pobrinho, humilhou sua mãe até,hoje compra seus livros no site da Livraria Cutura e pede autografo para você. Já pensou que demais?
A sua primeira professora, que, com a diferenciada pedagogia do afeto alfabetizou você e descobriu sua primeira poesiazinha certamente pueril, décadas depois,num lançamento de mais um livro seu, na Casa das Rosas lotada, na Avenida Paulista, em SP, depõe:--O Silas foi o aluno mais pobre que eu tive. O Silas foi ao aluno mais inteligente que tive.Você chora. Alguns presentes choram.Mais de dez anos depois, você encontra uma ex-aluna que abraça você chama você de pai.Você olha a mãe da aluna chorando por finalmente conhecer você,e diz:-Você ajudou a criar minha filha. Ela estudou oito anos com vc e vc encheu o coração dela de sonhos... e mudou a cabeça. O sr foi como um pai pra ela,que era filha de mãe solteira...
Com quase cinco mil amigos no facebook,muitos até do exterior, entre centenas de ex-alunos, e o surpreso marido de uma ex aluna na pg do facebook diz:-Minha esposa está aqui na sala, na frente dos filhos,chorando,por encontrar o senhor de novo,que diz que foi o melhor professor que ela teve. Esse reconhecimento vale mais que um holerite, vale uma vida, uma alma. Somos todos aprendizes?
Por essas e outras, vencedor com as mãos limpas, sem obter vantagem em nada, sem ludibriar a empresa em que trabalha, ou valer-se do cargo ou situação de meio para ter status, pose, posses, conquistas amorais ou ilegais,você segue seu final de vida, como que lhe couber. Não fiz feio.
Na longa estrada da vida, os amigos podem contar com você. Os parentes podem contar com você. Seu pai contava com você, pois precisou. Você nunca abandonou sua mãe, e ela com você sabia que podia sempre contar.
Todos nós temos uma história pra contar.
Qual é a sua, vai encarar?
Se forem fazer uma auditoria,confirmariam isso. E saberiam de processos que sofreu por corruptos em quem os outros votaram,você não, e vc ainda continua primário apesar de tudo, 47 anos escrevendo para o Jornal O Guarani de Itararé,onde tudo começou como uma escada,uma escola,uma estrada, um treino, um aprendizado básico.
Consciência limpa,sem remorso,várias perdas e tristezas,marcas no corpo e na alma, sem tatuagens mas com várias cicatrizes, e você segue sobrevivendo sem esperar muito da vida agora,afinal,estamos todos no mesmo roçado de trajeto e entornos, e, parafraseando Caetano Veloso, sabemos que uns vão, uns não, uns hão,uns cão, uns chão,e não existem outros...
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Silas Corrêa Leite
E-mail:poesilas@terra.com.br
WWW.artistasdeitarare.blogspot.com/
Texto da Série "Daquilo Que Eu Sei e Vivi Plenamente"
Pequena Resenha Critica
As Sobras Humanas do Romance SOMBRAS SOBRE A TERRA de Francisco Espínola
Quem somos nós, autointitulados humanos, senão
meros cavalos passando de mão em mão e servindo
como veículos para que a vida possa escorrer
por meio de nossas existências? Roberto Damatta
-As vezes penso que escrever é alimentar algum monstro que mora em nossas escuridões. Outras vezes tento, desesperadamente, ser apenas uma alma humana tentando compreender e expor as dilacerações de percurso de outras almas humanas, nas suas difíceis e delicadas (quando não endiabradas) sobrevivências possíveis, e, volta e meia dou-me a compreender as dilacerações humanas expostas em quadros cênicos, como se o contar do romancista fosse (ou tentasse ser) um mero band-aid nas escurezas das sombras, das contundências das terras humildes ilustradas com nódoas de sangue, dizendo das almas que atravessam a árvore da vida, e como se também fossem meras tábuas empenadas, e ainda assim revelando flancos mal compostos, nós cegos, desajustes de veias e veios, imperfeições e tristices desamasiado humanas. Afinal, pensando na escrevivência do autor, tentamos entender que o talento também se forma na solidão, revelando então o caráter daquele que contempla o mundo em todas as suas mixórdias, rudezas, e zonas de conflito. Ah, a carne é fraca. E o ócio é duro de ruir.
Com SOMBRAS SOBRE A TERRA de Francisco "Paco" Espínola não poderia ser diferente, com sua alma também latina, e sua latinidade órfã. O autor junta cenas, encorpa-as, costura, pinça janelas, entrecortes, e, autobiográfico que o seja, vai contando do seu jeito como se floreasse um tango deslocado, um tango uruguaio, em insalubridades psicológicas de acomodação, feito escrever ser o fazer soar o seu bandoneon, a dizer de rufiões, prostitutas, cafetões, a marginária s/a, em que o personagem (autor?) tenta também encontrar-se a si de alguma maneira ou forma, numa busca consigo mesmo do narrar a vidinha merreca dos sofridos, como quem que se junta a eles, mas saca e revela as asperezas escarradas e mal cuspidas de amores corrompidos, companhias etílicas, amantes e namoradeiras de percurso e estadias. Sabe da vida humilde dos baixos escalões buscando prazer, nem que seja a química paz na alma pra se coçar...
Milongas, frustrações, desassossegos, prostíbulos mal caiados, muambas, drinques avessos, tudo sob o enlevo do transitório, do mal acomodado, do lamento, das impurezas que aqui e ali se deslocam, mas continuam buscas, certas escondidezas de ser e de não ser de vidas solitárias sem fios desencapados, acomodadas no trivial de simplezas, ora uma realidade dolente, uma sofrência desafinada de feitio e meio, e as almas são levantadas como meros sabugos respigados do chão nas contações do autor; feito o relato de uma boêmica gente em sua sobrevivência possível naqueles cafundós ordinários de um quase desmundo ribanceiro. É um romance da alma paraguaia, diz o crítico literato da USP-Universidade de São Paulo Adelto Gonçalves, sobre o consagrado romance SOMBRAS SOBRE A TERRA do Francisco "Paco" Espínola.
Aliás, A própria vida-obra de Francisco Paco Espínola aqui e ali nos remete a Oscar Wilde, que nos diz: "Prezo as pessoas mais do que os princípios; e as pessoas sem princípios, mais do que tudo neste mundo. Todo o efeito que causamos nos arranja um inimigo. Só a mediocridade é popular. A vantagem das emoções é que elas nos desencaminham. Ser natural é simplesmente uma pose, a mais irritante que eu conheço. Os que são fiéis conhecem só o lado trivial do amor. A infidelidade é que sabe das tragédias do amor. As emoções alheias são mais divertidas que as ideias alheias. A mutilação do selvagem subsiste tragicamente na renúncia que nos estraga a vida. Peque o corpo uma vez e estará livre do pecado. Porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento. As criaturas vulgares não nos impressionam a imaginação. São seres esperando que a vida lhes desvende todos os segredos (...); Os seres sem egoísmo são incolores. Carecem de personalidade(...). A discordância está em sermos forçados a viver em harmonia com os outros. Civilizar-se não é fácil. Só se consegue por dois meios: cultivando-se ou pervertendo-se. Consciência e covardia, são, na verdade, a mesma coisa.(...)"
Sombras Sobre a Terra enquanto romance, são parágrafos com contações feito afetos trigueiros de figurinhas carimbadas de baixio chão, sombras da terra, sobras, carcaças, refugos, como pequeninos cães. Professor, crítico literário e teatral, comunista de carteirinha e utopia, mesmo sendo de origem "blanca", Paco escreve como se narrasse a cena inteirinha e com detalhes para ser montada num palco alhures, num filme em que esmiuça idas e vindas, e este seu romance diz dessas histórias que fulguram na obra como seu melhor livro, a sua cara, ápice de seu oficinário criativo, tendo sempre aqui e ali, um "de que" en passant de Dostoievski tropical, numa narrativa peculiar, bem elaborada, meio indolente que seja, vivendo suas erratas de vícios e arremedos de buscas de um cerne existencial que seja, dado a própria impossibilidade de ser feliz nesse seu jeito de "aleijado por dentro" até mesmo de ter esse defeito incurável e pertinente de querer ser feliz...
Galo cego, gato pardo, ele evoca-(se):
"Oh noite, que ocultas ao homem as leis dos homens e fazes de cada beco um caminho seguro até a burla dos juízes, até o descanso e o esquecimento, cegando a vista de olhos altivos que não te frequentam! A quem temem os que te dormem, os de muitos ferrolhos, os que deles te afugentam com lâmpadas poderosas, porque lhes traz de longe, entre tuas dobras, esses clamores gemebundos que os estremecem sobre o travesseiro. Oh, noite, onde as sombras baixam ao coração do homem; por onde sobem as sombras do coração do homem; onde o homem envolve em sombras o coração"". (pg. 77).
Ah a dura realidade que cerca os infelizes, os sensíveis, que forma os sentidores em buscadores, entre a miserabilidade de abismos intrigueiros, queixumes, mais as carências, os sofrimentos de perdas, o dezelo íntimo nas quebradas do mundaréu em que vagam, bebem, se dopam, dormem, sonham praias distantes, almejam viagens sem fim, recontam paixões prazenteiras, tentam sonhar impossibilidades rasteiras, ou feitos futurais sem saber como, como fugas, escapadas, bebemorações de cantos, valas, barrancos e barracos, com a base da vidinha entre noiteadeiros, os notívagos, cavando purgações, tentando se livrar dessa ferida que é sobreviver, lambendo fissuras, feridas, ressacas, papos homéricos, entre isolamentos de sombras e companhias de sobras corrompidas.
O abandono de um ideal, a fuga de um remorso, a inaceitação de ser como é em situação de ausência, para a busca de uma zona de conforto nesse caos existencial que é a vida e, pior, a sobrevida nessas paragens de relatos, pois Juan Carlos, perdidão, cego de alguma maneira, busca uma família perfeita e certa na evocação da morte e seus chamamés de encordoamentos de imagens, miragens, revisitanças, em situações que trazem névoas e o ambiente pesado de um café periférico, uma bodega de flanco, uma baiuca de quebrada, numa zona de meretrício iluminada de sombras da terra... Há uma ambição humilhada num mundo desfavorável? E a dor de escrever o que é? Um grande romance.
Haruki Murakami disse "Quando paramos para escrever um romance, quando usamos a escrita para criar uma história, queiramos ou não, um tipo de toxina que jaz nas profundezas de toda humanidade sobe à superfície. Todo escritor precisa ficar cara a cara com essa toxina e, consciente do perigo envolvido, descobrir um jeito de lidar com ela". Pois Paco em Sombras Sobre a Terra faz isso com garbo, com estilo, porque o romance dele é crivado de olhares profundos, contemplativos, investigatórios e cheios de ilusão, pondo (dando) petiscos de prosas aos seus monstros, face aos seus humildes, feitios ao seu tempo, espaço e lugar, revelando-os a seus privilegiados leitores de sua literatura de quilate. O underground regurgitando vagidos letrais. Acende luzes-parágrafos entremeados de arremedos de retalhos de gente, contando daqueles que se esqueceram de si mesmos, de suas cruzes, de suas broncas, amarras e perdições. Sombras sobre a Terra é sombra sobre a noite, é a sombra sobre almas, e, talvez, a própria alma do autor repaginada, assim também revisitada numa obra de peso, de vulto, onde ele mesmo é, nessa névoa toda que ascende em bela prosa, um vulto de si mesmo se passando a limpo, se passando a limo, a húmus, aqui no caso se passando a livro, das sombras da terra sobre a terra.
-0-
Silas Corrêa Leite - Professor, Jornalista Comunitário e Conselheiro em Direitos Humanos. Ciberpoeta e blogueiro premiado, escritor membro da UBE-União Brasileira de Escritores, Autor entre outros de GUTE-GUTE, Barriga Experimental de Repertório, romance
-0-
BOX
SOMBRAS SOBRE A TERRA - Francisco Espínola, Editora LetraSelvagem, SP, Coleção Gente Pobre, Organização Nicodemos Sena, 2016 - 360 Páginas - www.letraselvagem.com.br - E-mail: letraselvagem@letraselvagem.com.br
como um coração
que a certeza contamina
minguando o longe
do sentido eterno da vida
você não me entenda!
de que talvez seja isso
uma mentira...
por sinal... grande verdade!
afinal
tantas certezas vãs
do mal que me levou a morte
em seu coração apertado
cheio de certas duvidas
talvezes e mais vezes
os erros que me
acometeram de senso de julgamento
Sou sem medidas cabidas
do vazio total e ilimitante
que por instantes me abduz
e me conduz
ao portal
de
toda a existência que há
sem oferecer-me limites nem portas
sem resistência morta
não me dá trabalho
faço por puro prazer
dos meus sentimentos soltos
verdadeiros
livres
de
esforço
Nem urna me conteria
vulgo fulana de tal
Que os tolos... podem achar ser eu
nem ao que veio... Pois!!!
apenas somem de nossos olhares
Já cansados e nascidos
com a síndrome
do não ver
e me olhe direto na face
a sua
e
só...
então me compreenda
o senho...
na face ou...
se bloqueie o tal do facebook...
ainda se escreve
contigo junto
a nossa verdade histórica
a
genealógica
em sua vida ainda
talvez então tudo se cure
e
você não mais me renegue
talvez
e eu desde sempre
abençoo-te num continum
por inteiro ou por meios
Seu todo pouco,
que acreditas SER
pois que...
Uma espécie de erro
e que eu FALHEI
POR meios e
Por INTEIROS ordinários
meu amor
é
sem limites
transpaço
barreiras
paredes
medos
e
creia
não creio
em seus fantasmas
diurnos
pensar em você é o mais difícil.
eu choro
meu coração aperta
você era o meu mar,
o meu oceano.
agora eu nem sei mais.
hoje é noite de halloween
já faz uma semana
que eu sumi de tudo.
o que eu achava que era incrível
virou uma máquina de tortura.
eu não sinto mais
aquela conexão
aquele amor
aquela piada
aquele abraço astral.
eu sinto o frio,
a dor,
a tristeza,
a frieza e a falta de assunto.
não sei se tem amor.
eu posso estar delirando ou ficando louco.
eu te amo demais
esses meses foram incríveis e maravilhosos.
eu preciso de um tempo de tudo
até da vida.
-j.v
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O raiar não-amanhecido
os mesmos tiques
as mesmas ideias
a mesma bagunça
a mesma dúvida
o mesmo sufoco
o mesmo sentimento
o mesmo medo
a mesma sensação
a mesma rotina
a mesma apostila
a mesma caneta
o mesmo lar
a mesma máscara
o mesmo gosto amargo
o mesmo calor
o mesmo machucado
as mesmas músicas
a mesma playlist
o mesmo álbum
a mesma taylor
a mesma sensação
o mesmo sufoco
o mesmo medo
de você voltar.
o mesmo quarto
o mesmo caderno
o mesmo pijama
a mesma rotina
e são 4h da manhã.
-j.v
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Harmonia Dicotômica
eu ganhei o seu desprezo
ou eu perdi o seu amor?
tudo poderia ter sido diferente,
tudo.
eu tento te escrever
mas eu tô bloqueado
de tudo.
voce acabou com isso ou
fui eu?
e se eu não tivesse revidado?
eu teria o seu carinho?
o seu afeto?
a sua irmandade?
o seu número?
você?
eu teria você?
mesmo você me zoando?
perto dos seus amigos ridículos?
eu teria que passar por tudo aquilo?
eu ainda teria a minha reputação?
eu teria o quentinho do
seu abraço ou do seu beijo?
eu teria você?
me diz
eu te teria?
eu teria um lugar na sua cama
ou no seu coração?
não?
sim?
eu já sabia.
você me odiaria de qualquer jeito
você me ignoraria
você seria o mesmo galinha.
você não muda.
- j.v
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Fuga da Cidade
eu tô jogando anzol pra
todos os lados?
tá tão evidente?
tá tão nítido?
eu tenho medo de chamar
alguém,
de falar,
de compartilhar,
de beijar,
de viver e
de perceber.
parece que todo mundo
tem uma visão negativa de mim.
eu sou galinha?
eu sou mesquinho?
eu sou interesseiro?
eu sempre quis
ter um amor.
só 1.
nada mais.
nada mais e
nada mais
nada mais
nada mais
nada mais
nada mais.
reputação
reputação
imagem
imagem
ódio
ódio
nojo
nojo
desgosto
desgosto
prisão
prisão
ansiedade
ansiedade
maldade
maldade
crueldade
crueldade
amizade
fraternidade
ansiedade
uma cidade
uma fuga
uma luz
um horizonte
um túnel
um cano
uma estrada
uma saída
uma libertação
uma folga
uma morta
uma morta
cidade
uma morta
personalidade
uma morta
novidade.
nada acontece
nada flui,
nada vive
nada respira
nada vive
nada sobrevive.
eu sobrevivo
eu vivo
as marcas do desgosto
do ódio
da angústia
da amargura
da vida
da vida
da vida
da vida
da vida
de tudo
do mundo.
-j.v
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24.12.2020
as luzes têm sido as minhas melhores amigas.
só elas me escutam
só elas me sentem
só elas escutam os meus gritos mais intensos,
os meus choros,
as minhas reclamações,
as minhas poesias,
os meus passos de dança.
só elas me compreendem...
só elas me entendem...
só elas veem a minha cara de decepção,
os meus choros mais profundos,
as minhas lágrimas internas
e os meus sussurros desesperados,
as minhas cartas e poemas de amor que eu te escrevi, mas, por algum motivo, guardei.
só elas escutam os meus berros internos quando eu brigo com a minha mãe
ou quando eu me decepciono por simplesmente esperar demais.
o ano tá acabando...
a minha vida mudou.
o meu chão desabou inúmeras vezes...
eu chorei e gritei muito...
eu escrevi mais do que nunca...
eu senti mais do que nunca...
eu vacilei mais do que nunca...
eu estudei mais do que nunca...
eu tô exausto.
só queria descansar
mas as luzes me chamam para um intenso baile de máscaras noturno.
eu não vejo nada,
eu não sinto nada,
eu só sinto a beleza e a batida de cada piscada,
de cada circuito,
de cada associação resistiva,
tudo....
todos os meus sentimentos são colocados em prova...
eu me esqueço do mundo,
eu esqueço de mim e de todas as críticas e curtidas.
eu me escuto,
eu me possuo.
esse é o mundo em que eu quero viver.
eu cansei da pandemia e da quarentena.
eu sou maior do que fases vermelhas.
eu sou o meu universo,
eu vivo pra mim
eu respiro pra mim
e eu aprendo.
eu sou gigante
eu sou enorme
eu sou esse mar de emoções,
eu sou maior do que fofocas,
do que críticas.
eu sou o universo,
eu sou melhor do que todos que pisaram em mim.
eu só preciso começar a trabalhar isso....
-j.v
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Carta aberta aos vivos vividos
eu não quero escrever.
na verdade, eu nem queria estar fazendo isso.
parece que a escrita perdeu o sentido.
eu voltei para as redes sociais
e comecei a ficar mal de novo.
mas eu não posso fazer isso para sempre.
eu não posso simplesmente desaparecer.
eu não sou um fantasma...
eu sou real....
eu choro,
eu escrevo,
eu sofro.
eu faço tudo por mim....
tudo mesmo....
e nunca precisei da aprovação de ninguém.
porque ninguém tava lá
quando eu chorava pelos
cantos da escola ou de casa
e até mesmo do shopping.
ninguém...absolutamente
ninguém vai entender o
meu sofrimento sobre determinado
assunto.
são meus sentimentos,
e filho da puta nenhum tem direito de me menosprezar.....
ninguém tem direito de criticar
o que eu sempre fiz.
eu sempre fiz sozinho..
e nunca me machuquei.
vai tomar no cú nessa merda...
é tão bom escrever palavrões...
(será que eu agi imprudentemente na minha casa?
no meu quarto?
e no meu caderno que eu escrevo tudo?)
(não.)
(não foi, josé).
eu quero escrever 1000 cartas
para todos.
quero renovar,
quero viver,
quero sentir,
quero respirar e
aproveitar o resto da adolescência...
com certeza eu não vou sentir falta disso, mas eu amo
escrever sobre tudo...
sobre os meus sentimentos...
sobre você...
sobre a vida do meu ponto de vista...
além disso, eu quero escrever
que eu to com saudades de você...
na verdade, não.
não sinto falta de você e
nem do que você causou na minha vida...
nem de todas as pessoas que vieram antes e depois de você...
que merda....
eu só sofri pelo amor....
não era pra isso ter acontecido...
amar é tão bom...
e tão neutro também.
beijos,
-j.v
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Telefonemas falsos e
Tweets incompreendidos
por que é tão difícil?
por que você não me procura?
por que você não me manda mensagem?
é difícil pegar a porra do celular e escrever?
você tem o meu insta, o meu número e até o meu facebook.
a minha mandíbula dói.
por que você apareceu na minha vida?
você sumiu e eu parei no tempo
eu perdi 9 meses.
eu parei em fevereiro.
9 meses.
esperando você voltar.
eu tiro forças para te esquecer.
some.
vaza.
morre.
evapora.
eu nem sei quem eu sou.
eu nunca vou ter o que eu quero.
a vida me odeia.
você me odeia.
ninguém sentiu falta de mim.
eu deveria sumir
evaporar
condensar.
ninguém
nem uma alma
me chamou.
nem os meus amigos.
esse tempo tá me matando.
eu não consigo mais estudar de tanta ansiedade
de tanto medo
de tudo...
-j.v
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#33
por que eu tenho tanto
medo de você?
um galinha,
um chantagista,
um articulista,
um ridículo,
um aproveitador,
um ladrão de
almas e de esperanças.
por que eu tenho tanto medo
do que você pode dizer sobre mim?
pra qualquer um?
pra qualquer pessoa?
pra um futuro amigo?
pra um futuro amor?
pra um futuro destino?
pra mim?
você pode dizer tudo isso na minha cara?
pode?
você roubou tantos sonhos adolescentes,
tantas esperanças e tantos
destinos...
em troca de que ?
da sua imagem?
da sua reputação?
do seu status social e
escolar?
todo mundo te ama...
mas eles sabem o porquê?
eles sabem?
elas sabem?
o que você faz?
não é só simpatia...
não é só generosidade e bondade...
são acordos,
chantagens,
dores
lágrimas,
suicídios e
cortes.
voce não é 1% do que voce prega no seu twitter.
apoio à comunidade lgbt?
voce xinga todas as menorias da escola....
todas.
sem exceção.
voce desrespeita as mulheres, os professores e
as tias...
como eles te amam?
eles sabem do quê você fala?
do que você coloca na fogueira?
do que você xinga?
do que você faz pelas costas?
dos assédios morais?
e dos abusos psicológicos?
das passadas e das
olhadas secretas?
eles sabem?
elas sabem?
elas veem?
elas sentem?
elas percebem?
não...
porque você não muda
e esse poema não adiantou de nada...
as pessoas ainda vão te olhar com os mesmos olhos
de sempre.
mas eles não sabem o que eu vejo,
o que eu convivo e o que eu percebo......
-j.v
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vida
a gente nem se conhece
e eu já tô ansioso
pelos beijos
escapadas
furadas
roubadas
descobertas
cobertas
faltas
alma
amor
odor
pela vida
pela saúde
por tudo.
isso pode acabar a qualquer momento
porque são suposições e ilusões.
que bosta de poema
eu sinto que não falei nada
porque meu coração ainda continua acelerado
ainda sinto um nó na garganta
um ácido que me corrói por dentro.
sinto ânsia
sinto medo
sinto tudo.
eu me odeio.
eu te odeio, ansiedade.
sua merda.
eu saio e desconecto e ainda me sinto assim
parece que eu vou morrer
um ácido bem forte e nada disso vai passar.
eu vou chorar
mas não vai passar
-j.v
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Eu
as minhas atitudes não estão certas.
eu ajo a ferro e fogo.
eu ardo
eu mordo
eu morro
eu sumo
eu desapareço
eu enlouqueço
eu quebro
eu conserto
eu escrevo
eu apago
eu arrumo
eu desarrumo
eu nunca aprendi a me manter e sempre tive más influências.
e quem é o culpado?
quem erra?
quem quebra?
quem conserta
quem vive?
quem sente?
quem se arrepende
quem mente?
quem aparenta
quem me sustenta?
quem me aguenta?
quem me controla?
quem me fode?
quem me faz de rei?
eu.
eu sou tudo isso.
e nunca precisei de nada para me provar o contrário.
-j.v
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Sexta-feira
mais uma chata
amorosa
receosa
risonha
ansiosa
colorida
agitada
clara
chata
medonha
repetitiva
musical
improdutiva
analítica
meio estudiosa
meio amorosa
meio chata
meios fatos
meia vida
meia lua
mais uma
noite tentando dormir.
mais uma preocupante
amarga
lotada
atrasada
nostálgica
vivida
e odiada
sexta-feira
puta que pariu, eu preciso mudar
as minhas sextas-feiras.
-j.v
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laços infantis
Estrela,
isso não é uma carta.
eu estou, agora, escutando uma música de “com amor, simon”.
eu até penso em dormir com o pisca-pisca ligado,
mas eu vou me lembrar de você e chorar até o dia raiar.
você foi o meu anjo e ainda é.
eu te amo até o infinito
mesmo que você seja “deficiente”.
eu nunca senti nada tão forte quanto eu senti com você.
minha estrela, me proteja do céu
e continue brilhando
e brilhando
e brilhando
e brilhando.
eu sempre irei te amar.
-j.v
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sábados insones
é mais um dia assim
ansioso e sufocado.
eu não quero me sentir assim
eu quero me fechar no meu mundo noturno
na minha playlist
nas minhas luzes
nos meus cobertores
e no meu filme favorito.
é mais um dia que eu estou sumido
que eu não vejo nada
nem os stories do insta.
é mais um dia que eu não vejo os seus tweets
e nem as suas fotos.
é mais um dia sem escrever para o público,
para você,
para ter likes
para ter compartilhamentos
ou para atingir um ranking bom.
eu mudei a minha arte por todos.
“espinhos macios” perdeu a essência,
assim como “meu quarto” ou outra coletânea que eu escrevi.
mas eu tô de volta,
pra mim e não
-j.v
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perdi 2020.
o ano tá acabando
e o que eu fiz?
escrevi 5 coletâneas
uma delas foi parar no lixo.
eu não gostaria de trabalhar com aqueles sentimentos.
eu me expus
tentando me manter
em segredo.
eu fui um boca aberta.
não consigo mais estudar
nem sei o que quero fazer da minha vida.
já em pensei em tantas coisas.
eu mudei tanto
tentando me achar.
um grupo de amigos
era tudo que eu queria.
renovar.
2019,2018 e 2017 não foram fáceis.
agora eu sumi e fiquei loiro.
as férias estão chegando
e eu nem sei mais o que fazer.
ainda espero você voltar
parece que eu nunca vou superar você.
o seu jeito.
tudo.
eu não sei se eu te amo
ou se eu te odeio.
mas eu perdi 2020.
perdi mais um ano.
pelo menos eu tentei
ser feliz.
eu tentei.
-j.v
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reputação
as vezes eu acho que
eu só deveria recomeçar.
tipo, do 0.
sem nada,
sem poemas,
sem ressentimentos,
sem amor,
sem mágoas e
sem angústias.
eu não vou responder ninguém
porque ninguém me responde.
eu tento responder
os mais próximos
mas eu acabo
cedendo e puxando assunto.
-j.v
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
eu só queria desaparecer,
eu só queria viver,
eu só quero sumir,
descontrair,
absorver,
desenhar,
pintar,
escrever
sem nenhum peso.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
cidades infinitas (prévia)
esse sou eu.
eu sou essa bagunça,
eu sou esse amor,
eu sou esse ódio,
eu sou essa flor,
eu sou essa dor,
eu sou esse tudo e esse nada.
estou aqui para me descobrir
e não para atender às suas necessidades.
eu sou essa vida,
essa pessoa
tudo....
eu sou tudo,
eu sou esse mundo.
e quero me descobrir a cada dia mais.
-j.v
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323 (prévia)
7.8 bilhões de pessoas
422,5 milhões de pessoas
211,8 milhões de pessoas
12,1 milhões de pessoas
386 mil pessoas
e pelo menos umas 50 no mesmo andar que eu.
são tantas pessoas
tantas histórias
tantas depressões
tantas vidas
tantos aprendizados
tantas lições
tantas decepções amorosas
tantas histórias de amor
e eu aqui
esperando você
uma pessoa que eu talvez conheça
ou não
(...)
você pode ter passado do meu lado
você pode ter saído pelo mesmo portão que eu.
você pode ter vivido na mesma casa que eu.
você pode ter beijado a mesma boca que eu beijei
você pode ter feito tudo que eu não fiz
você pode ter morrido
você já pode ter vivido
são as tuas histórias
os teus pesos
a tua vida
(...)
-j.v
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
inocente (prévia)
era pra eu ter saído
de um lugar que me fez tão bem?
que me fez realmente sentir?
chorar?
viver?
amar?
e abraçar?
era pra eu ter seguido a minha vida?
ou a minha intuição?
(...)
eu não quero terminar isso por aqui...
eu sou muito inocente...
tenho tanta coisa pra aprender...
eu sou inocente demais.
-j.v
Tens uns olhos muito expressivos
Fazes humor a gargalhar
Ficas sério, crítico e apreensivo
Quando de injustiças ouves falar
Tens sentido da responsabilidade
Embora muito pequeno
Falas com muita habilidade
Com teu ar muito sereno
Raciocínio inteligente
Estás em constante desafio
Pões à prova a tua mente
Projectas casas, carros, navios
Tens ideias que surpreendes
Conversas muito requintadas
Fazes lembrar pessoa grande
E me deixas atrapalhada
Metes conversa com as pessoas
Sejam elas de que país for
Cativas e te prontificas na boa
Com soluções e amor
Sempre pronto para aprender
Saber da palavra o significado
Na matemática não quer perder
Na dificuldade está interessado
Quer ser Guarda-florestal
Para defender a floresta
Não quer ninguém a fazer mal
Por ser o bem que nos resta
Criança muito extrovertida
Gosta de brincar em conjunto
Apresenta os pontos de vista
Discute qualquer assunto
18-08-2013 Maria Antonieta Matos
Corra para fora de Si.
Tente pensar por si próprio, sem ouvir a voz do alheio,
cuidado para não entrar num estranho devaneio
Idéias solidas podem de confundir,
ai então é hora de parar e agir.
Parar de pensar e agir é cair no modismo,
é olhar para baixo e enxergar um profundo abismo.
Idéias aqui e ali não param de se fundir,
corra para algum lugar talvez irá conseguir....
Conseguir o que , não adianta fugir,
fugir com artifícios que a lei não cansa de proibir.
Felicidade aparente
se estas linhas fixou em sua mente
Tu fazes parte desta gente.
rogerioalcolea@gmail.com
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Morri
Aqui gostaria de estar,
Neste globo terrestre já não posso mais pisar
Estou só,
minh'alma sofre como as provações de Jó.
Somente minh'alma é que pode se pronunciar,
o meu corpo num lindo jardim f lorido
eternamente a descansar.
Neste mundo já não faço parte,
o meu nome está gravado na sepultura
como se fosse arte.
Sentimentos ainda posso sentir,
lembranças da minha via terrestre,
se fosse pintar um quadro não conseguiria colorir.
O meu cadáver duro e frio,
fechado numa caixa que alguém um dia esculpiu.
Um conselho eu dou para os que possuem um tabernáculo carnal
Procure praticar o bem
evite certamente o mal.
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Autopia de ser um Servidor Linux
Bytes e bytes de vivências,
Gravadas num enorme hard disk.
Às vezes buscando na memória cachê
Pequenas idéias, pequenas lembranças.
Talvez com bad block devido ao stress,
corriqueiro do dia a dia.
De tempos em tempos um descanso na fazenda,
Ouvir os sons dos pássaros, estágios de uma desfragmentação,
E estar pronto novamente para produzir e produzir.
Os anos se passaram é a hora de upgrade,
Apagam-se memórias permanentes e pequenas recordações,
restam apenas um gabinete , um flopy
e um cd-rom que raramente consegue ler algo.
Ou melhor, não resta, lá no fundo de uma prateleira
A fim de ser reutilizada partes de seu conteúdo.
Quem sabe uma nova existência na louca utopia de ser
Over clockizado com um software revolucionário,
Rodar linux e virar um servidor.
Rogério Thiago Alcoléa- Aprendiz de Poeta
rogerioalcolea@gmail.com
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Desempregado.
Estamos ai, a escolha é sua
bem vindo a vida, bem-vindo a rua.
Para expressar o que sinto de parábola usarei.
Minha carreira, uma viagem
para que lugar não sei.
Vi muito da janela deste trem,
belas paisagens, belas ruínas.
Pessoas gritando,
outras falando amem.
Desta viagem apesar dos pesares,
As paisagens pretendo levar,
As ruínas, muito obrigado aqui irei deixar.
A bagagem me desculpe por direito levarei,
Dentro dela todo conhecimento e amor que cultivei.
Me perdoe.. se magoa um dia deixei,
é para você essa linha com carinho dediquei.
O trem continua, minha parada é aqui,
como tudo na vida, hoje tenho que parti.
A uma nova viagem, buscando seguir,
com ética e dignidade usando o que aprendi.
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Oh! Elipse que me inspira.
Traz-me enfastia não poder observá-la de perto
Es tão linda Oh! Elipse incandescente
Deretes o calor desta escuridão.
Não temo o breu que te circunda.
Olha a orbe e não te encalistra
Antes só do que cheia de indivíduos,
pavoneando suas pequenas conquistas.
Solidão não, aqui no planeta azul,
um panegírico incessante a tua perfeição.
Ingênua quem sabe, olho límpido,
não conheces a maldade dos seres,
que a louvam.
Talvez seus dias contados,
Como formigas que descobrem o doce,
hão de descobrir algo para sugar sua alma,
e ofuscar seu brilho.
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Sistema
Reprodutores de um sistema falido,
Que não nos leva alugar nenhum.
O ideal é a revolução ,
Para chegarmos num bem comum.
O que fazer para mudar?
Se a massa acomodada com suas idéias
nos deixa a desejar.
Capitalismo a elite sustentando o egoísmo,
miseráveis procurando no lixo dos ricos
algo para saciar a fome.
Pessoas matam para adquirir
o dinheiro fabricado pelo homem.
A elite esbanjando seus bens
que foram adquiridos sem sacrifícios.
Seres lutando para ganhar um salário
só para sustentar seus vícios.
Ingratidão
pessoas vendendo o corpo para ganhar o pão.
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Mundo medíocre.
A lucidez me padroniza a mediocridade deste mundo.
A embriaguez me abre uma única janela que me faz sair deste mundo medíocre.
A confusão de sentimentos em sintonia com o sorriso de um alcoólatra transmite para os seres que os observam uma certa felicidade disfarçada de angustias reprimidas.
Tudo para sair do mundo real, ou apenas para esquecer as punhaladas provinda da ganancia que nos rodeia
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PENSAMENTOS NA ESTRADA
Sozinho nesta longa estrada,
tento mas não consigo pensar em nada
Turbilhões de pensamentos nesta caminhada,
cumprirei esta jornada
Sorri sozinho com meus próprios pensamentos,
são estes blocos de idéias
que vão e voltam com o vento.
Parece que penso ainda como criança,
com mais experiência
mas sem muita confiança.
A brisa levemente fria
paira sobre meu corpo e me arrepia.
O cheiro da natureza
me faz entrar em sintonia
com esta magnifica leveza
A beleza da natureza
entra em extremo contraste
com idéias e incertezas
Questões não respondidas
mesmo assim não deixo de apreciar
esta linda vida.
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Capas Negras
Não sei porque insisto em viver,
o mundo não e mais aquele
quando buscava crescer
Poeiras sobre pessoas desmerecem
a raça humana
Capas negras envaidecem
camuflando o bacana
Desaparece entre muitos
a igualdade desigual
Faz com que leve a vida
magoando atrás do mal
Objetivos traçados
doa a quem doer
Capas negras vai sangrando
até a alma morrer
Gostaria de voltar, a infância sem igual
Onde sorria puramente
onde não enxergava o mal.
Fecharei este baú,
lançarei a chave ao abismo,
deixarei dentro dele todo ódio e egoísmo.
Mas também não sorrirei
não tenho razão para tanto
Talvez um dia rindo,
embaixo de um manto,
deixarei me levar pelo ultimo canto.
O azul do arco íris serei.
Quando olhares para cima
meu sinal deixarei.
Serei o símbolo da Alegria, Paz e Amor
Não haverás capas negras , não haverás dor
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Numa praça em Piracicaba.
Problemas sentimentais
visão a escurecer
de pé não estava mais
sem muito saber.
Sentado ali estava
vários seres ao seu redor,
e querem saber...
- Família?
- Alguém morreu?
- Fez por merecer?
Com a visão ainda
escura
Sua pronuncia calada
seres desconfiam que se foi
sua verdadeira amada.
Enquanto um evangélico
grita em seu sermão
ao olhar aquele ser
vou-lhe fazer uma oração.
Sobre a cabeça sua mão
palavras fortes e de consolação
Perguntas ainda são feitas
respostas ainda não
O guarda que ali estava disse:
- Cumpri minha missão.
Ao levantar o indivíduo que tinha
caido no chão.
O pregador despediu-se
até logo meu irmão.
E eu que ali observava
Voltei para o serviço
Sei lá porque escrevo
Não tinha nada a haver com isto.
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Reflexão do viver.( a pintura é a mesma de sempre )
Um ano se finda nada se muda,
pessoas eufóricas, outras pedindo ajuda.
O que terá de tão especial
na entrada do novo milênio ?
Evolução, nada estagnado ,
Para compreender esta transformação
não precisa ser intelecto nem um gênio .
O que diz respeito ao ser humano,
muitos regridem e muitos evoluem na arte da vida.
Enquanto uma família feliz enriquece,
milhares de pessoas se sacrificam em sua vida sofrida.
A vida é um quadro cravado na parede
que algum dia alguém quis pintar.
A pintura é a mesma de sempre
só muda a forma de pensar.
Pessoas sacrificam outras,
até fazem pôr merecer ...
Se buscas a felicidade, cultive o amor
E verás que a alegria está dentro de cada ser ...
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A felicidade nas pequenas coisas.
A massa cinzenta entra em erupção,
a alma vaga sobre as nuvens.;
Saltará lá de cima, melhor não .
Reflito na minha vida terrestre,
valores, tabus, bloqueios metais,
recordo nos conselhos do mestre.
Como é bom o agora,
momentos que não voltam jamais.
A brisa passa e leva-o embora.
No meu ser habita uma extrema felicidade,
gostaria de fazer feliz toda a humanidade.
Recordações passam sobre minha mente,
Coisas , cores, lugares, sons e gentes.
Um flash do meu passado ,
uma infância bonita e alegre,
fraternidade e amor sempre ao meu lado.
O tempo apaga a minha vida.
Infância , adolescência não serão mais vivida.
Temos que viver sempre com emoções ,
são gestos simples que marcam nossos corações.
Um sorriso, um olhar, se tu deres valor ,
significará mais que uma noite de amor.
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A Tristeza em teus olhos.
Tio me dá um trocado,
seus olhos descrevem a tristeza
de um garoto mal tratado.
"Deus" lhe pague , muito obrigado
as vezes para comer o pão
as vezes para sustentar viciados.
Sua mão é estendida , tristeza em seu semblante
irmãos passando fome, drogas , misérias
mesmo com tudo isto a vida leva avante. .
Imagine o coração deste ser machucar,
ao ver você o vidro de seu carro fechar.
Se tu não pode ajudar ,
de apenas amor.
Fale uma palavra amiga
com certeza darás valor
Não quer apenas seu dinheiro
que tu gastas em abundância
Quer Ter uma vida digna
E aos seus irmãozinhos
dar uma boa infância.
Seus olhinhos encheram de lágrimas
ao escutar uma engratidão. . .
Ao pedir ajuda no semáforo :
- Vai trabalhar vagabundo
- Para mim você é ladrão.
Do mesmo jeitinho que estes garotos pedem
Peço para ti agora :
Faça o bem enquanto é tempo pois um dia
Desta vida irás embora.
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Sonhos.
Sonhos se confundem com a realidade,
Sonhos bons , sonhos ruins,
sonhos que expressam desejos que estão dentro de mim.
Sonhos sem pré conceitos, sonhos que
expressam nossas verdadeiras essências.
Sonhos que representam nossos íntimos
que nos mostra nossas carências
As vezes me pego sonhando acordado,
sonhando sobre meu futuro ,
tentando enxergar por detrás de um enorme muro.
Quem somos nós para sonhar ?
almas fracas, praticamos injustiças
e temos intenções ingratas.
Mas não podemos deixar de sonhar ,
pois sonhar nos trás bem perto
desejos e conquistas difíceis de se concretizar.
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Tua alma Transparente
A transparência de tua alma
em teus olhos não cessam de cintilar
Meu ser procura em teus lábios
saciar a minha sede de amar.
Tua pele aveludada
com sinceros toques, por mim é acariciada
Se pudesse congelar,
congelaria os teus beijos e abraços,
nestes momentos magníficos atariam
em nós eternos laços.
Não consigo deslizar em tais linhas
A magestosidade do que estou sentindo
Sinto o meu coração pulsar,
entoando um lindo hino
e a cada sorriso teu sobre o horizonte
este hino vai fluindo.
Em teus braços me acalmo do mundo moderno
Minh'alma a levitar gostaria de ser eterno.
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O ritmo do amor..
As pálpebras se fecharam
O ritmo do coração se eleva
Como naquele instante mágico
Retratado por Adão e Eva.
O sangue se flui , de uma forma jamais fluida
Sobre o corpo deitado que ali estava
Arrebatados para a dimensão do amor
Ali nada nos faltava.
Sobre uma sinueta uma escultura divina e macia.
Com os olhos abertos desacreditava
Na magnificência do que via.
Meus lábios sobre teu corpo
Deslizavam em demonstração
das grandezas de sentimentos
que detenho em meu coração.
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Sinto Saudades
O antes sempre será
Melhor do que o agora.
Momentos atrás maravilhosos
Outrora , foram embora.
Loucuras insanas
Êxtases de sensações
Talvez ilusões
O que já foram emoções
Lições,
Escorregões,
Regressaria?
Com certeza,
Impares gozaria
O meu ser invade,
Saudade
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Verdade?
A verdade não existe.
Existem mentes doutrinadas a pensar
Da mesma forma causando sensações
Disfarçadas de uma veracidade coletiva
Vida , Grande Mentira
A cada verdade , duas mentiras se cultivam
O que colhera?
Regresse no hoje
Começaste a mentir para ti mesmo
Ao levantar , reproduzindo mentiras alheias
Maltratando seu próprio ser
Colherás o que plantaste
Talvez sem merecer.
Sofrerás muito
Quem sabe
Estágios do aprender.
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Euforia Musical
Angustia no ser
Talvez merecer
crescer, status
aparecer.
Vocação presente
Pulsar ,
ritmo ausente.
Querendo sair , sons,
claves, musicas, tons.
Vozes gritantes, fãs
Criticas e jogos, clãs.
Alegria fantasiosa
Dar o que está guardado
Sair da alma.
Sem ser crucificado.
Mostrar todo talento
Cantar, pular ao relento
Lual , flauta , violão
Guitarra ,Baixo, Bateria
Euforia, Euforia , Euforia
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Sede de Paz.
Acordei de um sono profundo,
deparei com o mundo real
era bom quando eu sonhava,
ter acordado foi o meu mal.
Agora sofro pôr almas alheias,
No meu corpo circula um sangue
Frio que pulsa sobre minhas veias.
Sensível com tanta destruição,
Posso lutar contra " isto " mas lutarei em vão.
Fico olhando para o relógio
vendo os segundos se movimentar,
a cada movimento do ponteiro
um corpo estendido no chão
que não para de sangrar.
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Dê graças ao divino.
Olho para cima e observo o caminhar das nuvens,
lindo magnifico todos temos o direito de apreciar
Seres, montes e montanhas, brisa pássaros a cantar.
Pare um instante e valoriza a visão que tu tens ....
A felicidade se valoriza na simplicidade,
se tu quiseres muito enfeitar,
pelos vão de teus dedos a mesma irá escapar.
Tolos são aqueles que buscam alegria nos bens materiais ..
Um dia todos partiram, restará nada mais do que uma vaga lembrança, e nossos corpos serão consumidos pelos animais.
Escrevo em vão, coisas minha,
feche os olhos e graças a luz divina,
de estar podendo ler e decifrar tais linhas.
Nos momentos difíceis da vida temos que manter a calma
Isto fará que preservemos a saúde da alma.
O melhor remédio para canseira é o descanso
para a raiva um coração manso.
Para o ciúmes a confiança
Para o ódio a tolerância.
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Eis que levitava..
Eis que levitava
com os olhos fechados enxergava
algo que a principio desacreditava
No mundo não mais estava
Minha vida terrestre ali se findava
Maravilhoso o que contemplava
o mundo em forma de miniatura eu observava.
Assim pude entender a essência de quem liderava.
Pude compreender a divindade do criador
que tanto nos amava
Muitos seres pude ver
Alguns praticando o bem
outros não fazendo por merecer.
Alguns preocupados com o porquê da existência......
Outros imitando o alheio sem querer saber de suas essências.
Outros pensando apenas em trabalhar ,em dinheiro ganhar
Esquecendo as maravilhas que estão ai para contemplar.
Triste fiquei .....
Os seres humanos não valorizam o Redentor
Fanatismo ,rituais sem valor.
Em busca da ganância, almas sacrificadas
Não foi em vão que seus pés e suas mãos na cruz foram cravadas
Agora pare e viva!
A vida é uma só , não seja digno de dó.
Valorize cada ser,
cada pôr do sol e cada nascer,
Valorize uma flor.
Dê para receber amor..........
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Dispersão Mental.
A vista enubada
Vozes, múrmuros, tons
Frases pronunciadas que entram e saem
Sem nenhuma edificação
Sem artifícios , sobriedade total,
apenas cansaço e stress do mundo atual
Apenas o corpo
a alma está muito longe daqui.
Aonde será que ela estará?
Tentando fugir?
Assunto interessante ,
atenção nula,
viagem ao além do inexistente.
Mente vazia
A emissão de um eco no horizonte
Que se perde na minha insignificãncia.
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Amor turbulento
Promessas impossíveis prometi
Era sincero não fingi
Me entreguei
meu coração e meu corpo te dei
Não pensava
que este amor se minguaria e se acabava
Eu agora sofro
neste barco já não embarco mais, e nem em outro
Talvez momentâneo seja
E com o passar do tempo o meu coração te deseje
Nunca mais amarei
no meu coração, devido a desi lusão
espaço jamais abrirei
Me martirizo por momentos lindos não aproveitar
jamais pensava que este amor ia se acabar.
Não posso pensar em tua ausência
sentimentos ruins tocam o meu coração
deixa transmitir a minha carência.
Uma incógnita no ar
Para não sofrer com esta desilusão
procuro nisto não pensar.
O amor é mais forte que isto,
se tu insistir
terei que desistir
e meu rumo prosseguir.
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Absurdo Môr.
Absurdo o que sinto pôr t i
Não esperava sentir o que sinto
a primeira vez que te vi
Algo não palpável
,¨sentimentos¨, a vida é inexplicável .
Se tivesse poderes guardaria
meus sentimentos e os teus
numa caixinha fecharia.
O que sinto pôr ti é muito bom
Jamais negaria.
É mais do que amor
não tinha mais esperança
que isto aconteceria.
Agora paro e reflito
nosso amor tem que ser infinito.
Se nós agirmos sempre corretamente
outros seres não terão nosso corpo nossa mente.
"Deus" valoriza a sinceridade e o respeito ,
se tu continuar a me amar e a me respeitar
te amarei sempre ficarás no meu peito.
A prudência e a base da inteligência ,
Somos e seremos felizes , basta ter paciência .
Imagine nós dois flutuando
altura as poucos alcançando.
Observaremos o mundo lá de cima,
veremos muito mais do que é visto,
Verás que o mundo é mal que não fazemos
parte disto.
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Acorde para a Natureza.
Temos que refletir no futuro de nossa nação
O que será de nós com tanta poluição
A hora é esta
Vamos salvar nossas florestas
Conhecemos a mãe natureza
Sabemos de suas maravilhas
e de tuas belezas
Preserve o que resta desta riqueza.
Para ver o que está acontecendo
com a nossa natureza, não precisa ter vivência .
Pessoas desmatam, poluem ,
acabam com nossa fauna com tanta imprudência .
Temos que fazer um minuto de silencio pôr dia
é nossa vida que está morrendo.
Haja paciência......
Com tanta destruição
não há como haver compreensão
Tem que haver conscientização.
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Degustação da liberdade.
No teu coração ,na tua mente não posso entrar
Se pudesse voltarei a te apaixonar
Nada é mais forte que o amor
por isto que sinto tanta dor
Que motivo tão forte
Te levaria a pensar na morte?
O meu coração morreu
O brilho dos teus olhos tu não devolveu.
Se tu pensas em amar outro ser
ódio fará o meu coração ter
Sentimentos ruins me domina
Na minha mente teu sorriso ainda me fascina.
Talvez aprenda a degustar a liberdade
sem amor apenas com amizade.
Sorrisos para manter as aparências
com as dificuldades é que adquirimos vivências.
Não sei mais sobre o amor
para mim estou fazendo um favor.
Para sair desta depressão lutarei com vigor,
é lutando que nos damos valor.
A muitos anos não me expressei
os sentimentos falaram mais alto e chorei
Se fosse nascer de novo muitas coisas não faria
curtiria bastante a vida e jamais me apaixonaria.
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Foi um Pesadelo.
Durmi ,
O relógio tocou e eu não acordava.
A paixão falou mais alto e por anos,
achava que te amava
Sonolento eu estava
Não sabia ao certo se meus atos te agradava
Deitado num colchão macio e aconchegante,
a rotina passou a ser um fato relevante.
Se não fugia se entregava ,
ai então o mundo para ti acabava.
Visões do mundo diferentes,
corações opostos, duas mentes.
Ninguém foi o dono da razão,
me feriu , partiu meu coração.
Já era tarde , então acordei
muito tempo perdi.
Refleti e conclui
Não foi bom
Apenas me iludi,
sofri.
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Reconquista
Queria também parar e pensar,
se tento refletir começo a viajar.
Não consigo finjo que não amo
e nem ligo.
A aparência pode enganar
Mas não cessarei de te amar.
Não me acanho de expressar o que sinto,
escrevo linhas sinceras e não minto.
Acho que assim simplesmente
Não irá acabar
Moverei montes e montanhas para te reconquistar.
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Frases fictícias .
A relação espaço e tempo,
nos obriga regras cumprir
Deixamos a essência
Alheios servir
Nunca chegamos ?
Aonde estaremos?
Nunca chegaremos..
O homem contra si mesmo.
Olhos medíocres
Cameras que perseguem
Em busca da verdade
Mentira de alguém.
Privacidade
nem nas profundezas do oceano.
Tua mente estará lá
acusando teu engano.
Não se deixe levar
Encare
Frases fictícias
Algo para se pensar.
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El espectáculo de la vida. |
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No meio da peça, aplausos e reconhecimento do publico |
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Acorde para a Natureza |
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Temos que refletir no futuro de nossa nação |
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|
Verdade? |
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A verdade não existe. |
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|
|
O antes sempre será |
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|
Cidade Maravilhosa |
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Oh! Titulo absoleto. |
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Lagrimas de sangue |
|
Lagrimas de sangue |
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|
Cidade Maravilhosa |
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Oh! Titulo absoleto. |
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Asas a um pássaro cego. |
|
Do que adianta voar, |
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|
"Deus Escreve" |
|
" Deus Escreveu". |
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Semeando a Poesia |
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Escrevem pouco e dizem muito. |
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Vertentes Musicais
A arte da combinação do som,
Suavidade, e ternura harmônica.
sucessões de sons agradáveis a audição.
Musicas das esferas,
capazes de vibrar constelações,
esferas celestes, estrelas e planetas.
Musicas, patrimônio de um povo, ritos e sons
remetem a focloridade.
Musicas sem destinos religiosos,
Profaníssimo.
Musica celestial, musica sacra dos Deuses,
Voltada a alcança-los.
Grandes peças sinfônicas,
centenas de instrumentos em sincronia,
em cima do que foi escrito.
A que sai da alma,
musica vocálica.
A quem se destina a tal,
musicante.
Quem musicocrafou, sons da natureza ?
Musicocrafar sons de um sentimento,
a tristeza de uma opera,
a alegria de um Axé.
Musicista todos nós,
Musicofilia a maioria,
Musicofobia, como pode existir!!!!!
Sem musica, sem essência,
Buscamos a perfeição,
Hiper-sensibilidade da audição,
Sermos sensíveis a diferença de um bemol,
a um sustenido.
Ao tempo de uma oitava de nota.
Musicalizar sentimentos?
Musica é arte, quadros abstratos que transmitem
Em cima de uma bagagem individual de cada ouvinte.
O que me deixa feliz talvez lhe trará tristeza.
Rogério Thiago Alcoléa)
rogerioalcolea@gmail.com
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Semeando a Poesia
Escrevem pouco e dizem muito.
Poetas são como o semeador que
plantam árvores sem saber que vai
descansar em suas sombras.
Sombras que aliviam o calor, sombras
que trazem sombras.
Poetas não possuem almas, são a própria
alma, são os próprios sentimentos,
buscam o porque daquela brisa,
o porque de tal sorriso,
o porque de tanta desarmonia.
Poetam não vivem!
Apenas descrevem vidas alheias, sentem
o imperceptível.
Poetas não choram, engolem seco, cristalizam
suas lágrimas, e as transformam em linhas.
Missão árdua, descrever o indescritível,
buscar a essência de sentimento de outrem,
talvez nunca sentido, talvez nunca vivido.
Poetas não envelhecem, petrificam,
imortalizam seus nomes e vivem para sempre,
deixam o que foi sentido,
e em cada leitura, um novo sentimento,
que fortalecem sua imortalidade.
rogerioalcolea@gmail.com
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Que venha a dor e anestesie tal sofrimento !!!!!
Íncola desta cápsula incolora,
Degustando o amargo de gariroba,
Furente pôr Ter que Ter, para ser
Minguando neste invólucro,
Encalistrado pôr estar ali.
Face para baixo, como quem observa
vermes embraseado,
horizonte solidão,
sem visão,
anelídeos na terra batida.
Difícil libertar-se,
embalsamado em plantas
leguminosas papilionáceas.
Contas de A até x,(dzeta)
para virar fagulha de um explosão,
Oferecer o corpo ao leu íntomo,
para que suguem seu sangue.
Quem sabe com tal moléstias a dor seja,
o anestésico para mingúes enraizada.
S E L E T A
D
I
V E R S O S
Antonio Cabral Filho
Letras Taquarenses Edições
2014
*
NOTÍCIAS DE MIM
Nasci em 13 de agosto de 1953, no município de Frei Inocêncio - MG. Em 1964, após o golpe militar, fui para a escola, por decreto do generalíssimo Castelo Branco, aos onze anos de idade. Em 1968 concluí a quarta série, com média 7. Nessa época eu fazia teatro, na escola e na igreja, e, com a ajuda da única pessoa que eu considero Professora neste mundo, a Dona Adir, como eu ainda a chamo, montamos a peça O FILHO PRÓDIGO, com a intenção de realçar a auto-destruição em que se encontrava a juventude naquele momento.
Durante as férias escolares de junho de 1968, dei uma chegada ao Rio de Janeiro para fazer uns biscates e comprar roupa nova, mas ao chegar no Catumbi, meu primo Sadi levou-me para conhecer a cidade. Era 26 de junho, dia da PASSEATA DOS CEM MIL. Passeei na passeata.
Em junho de 1969, meu Tio paterno Sebastião Cabral, mestre de obras no Rio de Janeiro, foi buscar peão para suas obras e eu me alistei. Falei com ele da necessidade de eu sair da roça, escapar das garras do meu pai, deixar de ser mão-de-obra gratuita. Tinha quinze anos e era escravo do meu próprio pai.
Ele compreendeu e arrancou-me da casa paterna, não sem antes anunciar-me as agruras da cidade. Ao chegar em seu barraco, na Favela da Mineira, meu romantismo com a cidade grande foi pelo valão abaixo. Vi cair aos meus pés um menino fuzilado pela polícia, que segundo foi dito, era traficante. Durante muito tempo eu tive pesadelos por causa disso.
Morei na casa do meu querido tio até ir para o quartel. Matriculei-me na Escola Geny Gomes, no Rio Comprido e cursei o ginásio. Era um tempo turbulento, com muitos professores fazendo "inquéritos" com os alunos. Logo a seguir, entrei no Colégio Martin Luther King, fiz a sétima e a oitava séries e fui para o profissionalizante, no Curso Santa Rosa, Largo de São Francisco, em frente ao IFCS-UFRJ. Era 1974, fui promovido a cabo do exército, mas de olho no curso de sargento. Fiz o curso e passei, fiquei até 77 aguardando a promoção que não veio e pedi baixa; passei no vestibular e fui cursar direito na UFF. Abandonei por desilusão com a filosofia do direito após o quarto período; fui para comunicação social, mas a psicologia da notícia acabou comigo. Caí na vida e estou pegando touro à mão.
1 -
1 - ECCE HOMO - POESIA, Edições Curupira, 1997;
2 - DUELO DE SOMBRAS, POESIA, Edições Curupira, 1999;
3 - VER...SO CURTO&GROSSO - POEMAS PIADAS, Edições Letras Taquarenses, 2006;
4 - CINZA DOS OSSOS, POESIA, Edições Letras Taquarenses, 2008;
5 - MEUS HAICAIS PREFERIDOS, COLETÂNEA DE 20 AUTORES, Org Antonio Cabral Filho, Edições Letras Taquarenses, 2010
6 - TROVAS DE TORCEDOR, TEMA FUTEBOL, E-BOOK, 2010;
7 - TROVADOR DE FÉ, RELIGIÃO, E-BOOK, 2011;
8 - TROVAS DE AMIGO, HOMENAGENS, CRÍTICAS, IRONIAS, E-BOOK,2011;
9 - AUTOBIOGRAFIA EM TROVAS & VERSOS FAMILIARES, E-BOOK, 2012;
10 - CADERNO DE HAICAIS, E-BOOK, 2013.
11 - SELETA DI VERSOS 2014
2 - PARTICIPAÇÕES
1 - POETAS DA CIDADE DE NITERÓI, ANE -
Associação Niteroiense de Escritores, 1992;
2 - POETAS 10ENGAVETADOS, Coletânea
, Org. Antonio Cabral Filho, Edição dos Autores, 1995;
3 - ANTOLOGIA POÉTICA VOL2, UFF/EDUFF 1996;
4 - INTERVALO, Ano II Nº10,
Edição Francisco Filardi, 2006;
5 - ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO 2007,
Org Ivone Vebber, 2007;
6 - QVADERNS DE POESÍA SETEMBRO 2007,
Org Padre MossenPere Grau i Andreu,
Edição Le Club de Difusion Cultural,
Barcelona-Espanha 2007;
7 - CD DE POESIA 2008,
Org Carmem Borges 2008;
8 - DVD DE POESIA 2008,
Org Carmem Borges 2008;
9 - ANTOLOGIA BRASIL LITERÁRIO 2009,
Org Ivone Vebber 2009;
10 - QVADERNS DE POESÍA SETEMBRO 2010,
Org Padre Mossen Pere Grau i Andreu,
Edição Le Club de Difusion Cultural,
Barcelona-Espanha 2010;
11 - FANTASIAS COLETÂNEA,
Org Rozelia Scheifler Rasia et all,
Edição Alpas21/Ed Alternativa 2011;
12 - ANTOLOGIA 13 POSTAL CLUBE,
oRG Araci Barreto, Edição Postal Clube, 2011;
13 - POETAS EN / CENA 6 - BELÔ POÉTICO,
Org Rogério Salgado e Virgilene Araújo, BELÔ POÉTICO 2012;
14 - VERSOS DE OUTONO ANTOLOGIA
Org Delmo Fonseca, Edição Confraria de Autores 2013;
15 - ANTOLOGIA 15 POSTAL CLUBE,
Org Araci Barreto, Edição Postal Clube 2013;
16 - ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS
Org Elenilson Nascimento, Editora Pimenta Malagueta, 2013;
17 - DIÁRIO DO ESCRITOR - Livro Agenda, Litteris Editora, 2013.
18 - APANHADOR DE SONHOS ANTOLOGIA - Editor Marcio M. do N. Sena - Beco dos Poetas 2014.
*
DEDICATÓRIA
A TODOS,
TANTOS,
QUE SABEM
A SUA IMPORTÂNCIA
NA MINHA VIDA.
***
ÍNDICE ( Lista de Poemas )
1 - Florão da América
2 - Poeta de Periferia
3 - Brecht Sob o Céu de Berlim
4 - Ladeira Saint Romain
5 - Me Disserem
6 - Lições de Tempo
7 - Solilóquio
8 - Cogitação
9 - Instinto Primitivo
10 - Política Anti - Literária
11 - Do Pobre Arlequim
12 - Lira dos Quinze Anos
13 - Cinza Wim Wenders
14 - Canção do Preto Inácio
15 - Canto a Ilu-ayê
16 - Delírios de prometeu
17 - Canção dos Guetos
18 - Tempo Fértil
19 - Lotação Esgotada
20 - Faluja
21 - Canções do Filho
22 - Rimbaudices
23 - Dezoito Brumário de Artur Rimbaud
24 - Deslumbramentos
25 - Neoliberal Postudo
26 - Poema Para Moacy Cirne
27 - Viver Sem Receita
28 - Shakespearíaco
29 - deuses do Gueto
30 - Cantiga Para Cassiano Nunes
31 - Quintana
32 - Quintana
33 - Quintana
34 - Quintana
31 - Ode ao Verso Livre
...
Apresentação
Mário de Andrade é uma fonte de inspiração à qual eu gosto muito de recorrer. Ele diz num determinado trecho do Prefácio Interessantíssimo que apresentação, prefácio, notas introdutórias, enfim, essas coisas de dar satisfações a que veio, são inúteis para quem nos despreza e desnecessárias para quem nos ama, ou algo assim.
Meu objetivo aqui não vai nessas direções. Não dou satisfações a quem despreza as diferenças nem preciso fazer preleções a quem as quer bem. Digo isto porque sempre marchei sozinho, sempre sem medo de aonde vai dar e no quê.
Minhas experiências com a escrita vêm desde a adolescência, quando da realização das festas juninas de 1967 em que meu pai pegou meu "Livro de Versos", apenas um caderno do MEC doado nas campanhas de alfabetização daquele período, e, acendendo o isqueiro do Vovó fumar, transformou-o numa tocha para pôr fogo na fogueira, não me lembro se de São João ou São Pedro, aos berros de " poesia é coisa de marica! " Lembro-me que no dia seguinte eu fui revirar as cinzas acreditando encontrar algum fragmento de poema que me ajudasse a reescrever alguma coisa. Inútil! Desde então trago comigo a noção de " estar só " naquilo que faço. Isso poderia ser um ponto de fraqueza para quase todos, mas aprendi a fazer disso a minha força: Não sei contar com ninguém, na hora do " pega-pra-capar ". Por isso, esta seleta de poemas eu a faço sem buscar apoio de ombros amigos, seja na escolha, seja na ordem dos poemas. E tudo que desejo registrar é que constitui-se de poemas bem divulgados, bem aceitos na nossa imprensa literária, a imprensa alternativa, hoje fortalecida pela internet, com seu mundo fantástico de sites, páginas e blogs.
Espero que quem os leia veja um pouco do meu trabalho, aqui representado por versos livres, sem nenhum poema minimalista, nem poemas-piadas, nem haicais, Nem trovas, nenhum soneto, sequer um poetrix. Apenas versos livres na sua expressão mais prosaica, mais solta, distante das formas fixas, modalidade na qual eu creio me mexer bem. Afinal, ser incluído em livros pela UFF - Universidade Federal Fluminense, ser editado em sites como o Jornal de Poesia, criado e dirigido pelo distinto Soares Feitosa, ou no Momento Litero Cultural, hoje tornado site pelo ilustríssimo Selmo Vasconcellos ou ainda figurar na ESCRITABLOG, do caríssimo Wladir Nader, não creio ser algo pouco significativo. E, com o devido respeito a quem gosta de tapinha nos ombros, eu não bajulei ninguém, não troquei favores, até porque não possuo nada trocável. Já cheguei a quinto lugar em diversos concursos, mas não me ressinto em injustiças e dou-me por satisfeito com os resultados até aqui. Mas de agora em diante, tudo muda.
***
FLORÃO DA AMÉRICA
O menino era pivete
E se chamava Joãozinho
Vivia como engraxate
Ganhando a vida por aí
Sem deus e sem diabo pra atentar
Foi estuprado por um maníaco
E encontrado morto na Lapa
Dentro de um latão de lixo
Não foi homenageado
Com honrarias militares
Nem imortalizado
Num samba de carnaval
Morreu e está morto
Morto, bem morto mesmo
Morto até na memória
O menino que era pivete
E se chamava Joãozinho
Que vivia como engraxate
Ganhando a vida por aí
Sem voz sem vez
E sem lugar na HISTÓRIA
*
POETA DE PERIFERIA
Nunca tirei um sarro
Nos bancos do Central Park
Nem aos pés da Estátua da Liberdade
Sequer algum dia
Imitei Hugh Grant
Trocando boquete
Com alguma Divine
Nos arredores de Los Angeles
Jamais mijei no Rio Hudson
Do vão central da Ponte do Brooklin
E nunca achei graça nenhuma
Em comer pipoca com bacon
No trem fantasma da Disney World
Tampouco nunca peguei um breack-fest
Em alguma lanchonete da Wall Street
Mas ninguém se assuste
Com o meu desdém debochado
Pelas coisas suntuosas
Desse mundo consumista
É que eu me sinto muito bem
Junto aos pés-de-cana
Dos butiquins pés sujos
Desses guetos suburbanos
Onde levo minha vida
De poeta proletário.
*
BRECHT SOB O CÉU DE BERLIM
Olhem para mim, vejam bem!
Eu estou aflito.
Não concebo ficar quieto
Diante da situação.
Se o tempo estiver bom,
Eu saio à rua a passear.
Se não estiver eu saio também.
Não dá pra ficar neutro.
Olhem para o tempo.
Como estão as nuvens?
Claras ou turvas?
Ou não há nuvens?
Chove e faz frio
Ou o calor é intenso?
Não importa!
Conforme a temperatura
Eu respondo à altura.
Não quero saber
Se são nuvens de tnt
Ou se neve suave de amanhecer.
Meus pés caminham...
*
LADEIRA SAINT ROMAIN
A Ladeira Saint Romain
Tem muita história a contar,
Mas a Ladeira Saint Romain
Não quer censura em sua história.
A Ladeira Saint Romain
Precisa de alguém que diga
Sua história com o Pasquim,
Mas que seja enquanto viva.
Pois a Ladeira Saint Romain
Não quer deixar sua história
Pra depois que ela morrer.
A Ladeira Saint Romain
Viu muita gente subir,
Mas não viu tanta gente descer.
*
ME DISSERAM
Eu menino me disseram
Que eu era HOMEM
Com todas as letras maiúsculas
Que eu teria uma mulher
Com a qual me casaria
E seríamos felizes para sempre
Porém eu descobri o AMOR e a LIBERDADE
E percebi que o amor é solteiro
E a liberdade não se casa com ninguém
Em seguida me disseram
Que todos tinham religião
E me venderam um deus
Que eu seguiria para sempre
Porém eu percebi
Que havia muitos templos
Tantas tendas onde comprar-se um deus
Que eu desisti
E fui tachado de ateu
Depois me disseram
Que todos tinham ideologia
E me venderam um partido
No qual eu ingressaria
E S P O N TA N E A M E N T E
E a ele serviria enquanto eu quisesse
Tornei-me então violento ativista
Mas constatei que todos tinham que ser iguais
E que o ser a si próprio era impossível
Até que um dia me avisaram
Que eu estava fora do partido
E que eu não era comunista
Desde então venho notando
Que todas as coisas têm um preço
E eu não posso comprar nada
Do que me querem vender
E ainda assim
o SHOW BUSSINESS
não quer deixar-me em paz
por onde quer que eu passo.
Como é possível
Numa mesma praça
De um lado um religioso
Fantasiado de cristo
Nos oferecendo a paz celestial
E do outro
Um comício eleitoral
Nos oferecendo um Strip-tease
Em troca de voto?
Agora restou-me a pecha:
Disseram que eu sou
ANARQUISTA.
*
LIÇÕES DE TEMPO
Houve um tempo
Não muito remoto
Em que me preocupei
Com a velhice
E até me programei
Pra fazê-la agradável,
Como lutei fiz planos
Formei vasta biblioteca
Pra passar o resto
Dos meus dias
Cercado de livros,
Planejei viagens
Pra conhecer a Ásia
A Europa a África
E da América
Visitar pelo menos
Machu Pichu.
Eu queria ser um
devorador de distâncias
guloso qual um marujo
pirata dos mares revoltos,
mas eu não sabia que o tempo passa
e que alguns copos de vinho
deixam a gente assim serelepe.
*
SOLILÓQUIO DE INVERNO
TUDO ANDA TURVO
Cigarras silentes
Arbustos estáticos
Há muito não noto
Formigas nervosas no seu ir e vir
Nem os grilos silvam mais
TUDO ANDA TURVO
Sapos aposentando pilões
Não sei mais dos agouros da côa
E o Bentivi não mais
Dedura ninguém
Os cães nem ladram mais
Nas noites frias
Não mais há bêbados
Cambaleando as calçadas
Rumo ao incerto caminho de casa
TUDO ANDA TURVO
Não mais se ouvem amigos
Falando alto na esquina
Contando histórias de amores furtivos
E mijando a saideira
Tomada agora há pouco
TUDO ANDA TURVO
E não basta dizer
Que tudo anda turvo
A manhã vem irrompendo
E Netuno acaba de soltar os ventos
E Vênus balança os cachos
Rindo-se de mim
Com seu sorriso de ninfa.
*
COGITAÇÃO
(Ao Poeta e Amigo Pedro Giusti)
Pense
Pense
&
Escreve
Se não puder sussurrar
Pense
Pense
&
Sussurre
Se não puder falar
Pense
Pense
&
Fale
Se não puder gritar.
*
INSTINTO PRIMITIVO
Foi assim
Sem mais
Nem menos
Me aproximei dela
E senti um odor diferente
Odor de terra molhada
Algo natural mesmo
Lhe cumprimentei
E senti todo meu corpo crispar-se
Ela notou e disse
Vem cá
E fomos de mãos dadas
Olhos nos olhos
Assim
Sem mais
nem menos
*
POLÍTICA ANTI - LITERÁRIA
O poeta ingênuo sai no pau com o crítico literário
Pra ver qual deles é capaz de regenerar
O poeta oportunista
Enquanto isso o poeta revolucionário
Panfleta nas favelas
O seu sonho visionário
E o poeta maior
O poeta menor
E o dito marginal
Fazem bolotinhas
Com meleca do nariz...
*
DO POBRRE ARLEQUIM
Nasci no sopé das montanhas
Lá onde terminam os bosques
E as florestas se adensam.
Bem cedo aprendi a brincar
Com os habitantes desse mundo
Onde reinam Sacis e Iaras.
Ainda menino fui pras cidades
Sem seio de mãe nem ombro de pai
Órfão de noite e de dia.
Segui sempre o sem-fim dos caminhos
E a poeira das estradas
Tingiu de vermelho os meus sonhos.
E o ronco do motor dos caminhões
É que ninou a soneca do menino
À sombra dos arbustos solidários.
Meu prato requentado e rápido
Eu soube sempre o seu sabor de sal
Temperado de relento e sol.
Na cidade sou um peixe fora d'água
E vez por outra ponho-me frente aos bares
Perscrutando por que essa gente bebe tanto.
O meu amor não sabe o pranto
Tão fartas comigo foram as mulheres francas
Em darem-se inteiras e detalhes tantos.
Não prometo ser algum dia um gentleman
Mas eu não mijo calçada a fora
Após uns chopes com steinhägen.
*
LIRA DOS QUIZE ANOS
Oh que alívio que eu tenho
Daqueles colegas de infância
Com seus mundos cor-de-rosa,
Heróis de história em quadrinho,
Coca-cola, chiclete, carmanguia,
Lencinhos perfumados, documentos,
Sem sombra de movimentos
Que os anos não trazem mais.
Como eram frios os versos
Profundamente românticos!
Mas contra os versos
Profundamente românticos
A alma dos versos meus
É francamente livre
E cospe na cara do eu-lírico
Que caça borboletas azuis.
Oh que alegrias que eu trago
Das minhas gazetas da infância,
Daquelas tardes jongueiras
À sombra dos oitiseiros
Entre o Largo da Carioca
E o tabuleiro da Baiana
Com tudo quanto é quitute,
Cuscuz, cocada, quindins
E os chamegos da mulata.
Oh que saudades que eu tenho
Da minha Avenida Central,
Avenida dos meus sonhos
Colhidos na Cinelândia
E comidos nos Arcos da Lapa
Por alguma linda Brigite
Com beijo gosto de menta
E seios de Marilyn Monroe.
Pobre do espírito pudico
Que nunca esbarrou com Cupido!
Jamais se esbaldou
Nas tabernas da Praça Mauá
Degustando cuba-libre
Com as nossas Bardots,
Nem trocou beijos calientes
Entre senha e contrassenha
Com alguma companheira
Aos cicios " pela revolução!"
Nas esquinas da Rio Branco.
Livre filho suburbano
Desfilava desafeto
Por meu boulevard sem Paris
Da minha Avenida Central,
Que só virou Rio Branco
Para agradar ditos-cujos,
E ria com meus olhos leigos
Da anarquia arquitetônica
Daquele casario sem eiras,
Que o Pereira "passo" extinguiu
Com um só "bota-baixo".
Naqueles tempos ruidosos
De ardente adolescência,
Papai montava a cavalo
E saía pra campear,
Mamãe brandia o chicote
E o leite fervia
No fogão a lenha,
Eu era pingente de trem
E ofice-boy da Light
E Che Guevara era bandeira
Nas barricadas de Paris.
Ai que saudades que eu tenho
Da Avenida Rio Branco
Como um palco a céu aberto
P'rum côro de cem mil vozes
Cantando Geraldo Vandré:
"Vem, vamos embora,
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer."
Mas "saudades" que eu sinto,
"Saudades" que me doem fundo mesmo
São da Avenida Rio Branco
Na Passeata dos Cem Mil
No auge dos meus quinze anos,
Daquela gente bronzeada
Mostrando tanto valor
Só pra mudar o Brasil,
Dos " bailes" que eu dei nos "ome"
Na Biblioteca Nacional
Com o saco de bola-de-gude,
Do Wladimir trepado no poste
Gritando "Abaixo a Ditadura!"
Alheio ao gás lacrimogênio,
Das balas com endereço certo
E o sangue correndo solto.....
................................................
São "saudades" que a palavra
Lhes recusa a assinatura,
Coisas muito duras para esquecer
Como diz o Rei Roberto,
Mas me fazem muito bem
Que os anos não tragam mais.
Por isso eu sigo cantando
"Caminhando" com Vandré:
" Vem, vamos embora,
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer."
*
CINZA WIM WENDERS
O céu turvo de Berlim
Lembra lona de circo velho,
Onde nossos avós nos levavam
Para vermos aquele palhaço
De há muito nosso conhecido.
Seus prédios cinzas,
De um cinza há muito conhecido,
Soltam o reboco feito animais
Que de tempos em tempos
Mudam de pele.
Suas árvores, em eterno outono,
Sem folhas pelo chão...
Suas cores, não sei como, jazem
Sob esse cinza perene
À espera da plena primavera...
*
CANÇÃO DO PRETO INÁCIO
Nasci nos caminhos de dentro,
Que ligam Minas Gerais à Bahia,
Ali pelas imediações do Suassuí,
Lugar de muita casa grande
E senzala mais ainda.
De início éramos todos lavradores,
Gente de lida que os senhores arrebanham
Com ajuda dos bate-paus,
Ora pegos em quilombos
Ora arrematados em leilões
Feitos pelos negreiros à beira dos cais.
Mas de tempos em tempos
Alguém saía de trouxa nas costas
Pendurada no pau de dois bicos,
Como fez o Preto Inácio
Que nunca mais deu sinal.
Quando fugia, dizia-se
Que fez poeira;
Quando saía por conta própria
Dizia-se que foi pra vida;
E, quando era posto pra fora,
Buchichava-se à boca miúda:
Foi vender puáia,
Que era como tratavam
esses pretos velhos
vendedores de raízes
nas feiras da cidade.
Entre uma e outra leva
Dessa gente que partia
Fui aprendendo com a vida
Lição por lição de partida
E assim que peguei tope
Aprontei meu pau de dois bicos
E fiz poeira,
Fui pra vida
Vender puaia.
*
CANTO A ILU-AYÊ
Negro é raiz da liberdade
Mais forte que qualquer outra
E faz nosso povo se unir
Hoje muito mais que outrora.
Porém, os chacais que o rondam
Ainda encontram lacaios
Contra o nosso porvir,
Pois quem nasceu para Judas
Não se cansa de trair.
Ilu-ayê tem o sorriso negro
Pra fortalecer meus irmãos
E regar a flor da resistência
Desde a grimpa dos morros
Até à vereda mais úmida
Em prontidão na tocaia
Para emboscar bate-estradas
E avisar aos capatazes
Que quem brinca com corda
acaba dependurado.
Ilu-ayê tem o abraço negro
Pra fortificar os quilombos
E multidões de Zumbis
Com suas bandeiras erguidas
Pra celebrar nosso Rei,
Que deu seu sangue por nós
E merece glória eterna.
Ao cismar sozinho relembro
Que todo instante da vida
É sempre vinte de novembro
Com a dignidade iluminada
E o espírito pleno de axé.
Pois nossa pele tem mais sol,
Nosso céu tem mais luar,
Nosso povo tem mais força
Quanto mais doar amor.
Não permita Deus que eu morra
Sem que ainda faça um poema
Digno da beleza negra,
Com maior engenho e arte,
Que exalte Rainha Dandara,
Zumbi e Solano Trindade
Com uma imensa quizomba
Para alegrar nossa raça
E cantar pra Ilu-ayê!
*
DELÍRIOS DE PROMETEU
Acossado por despautérios,
As Tróias do presente
E as Cartagos do futuro
Obrigam-me a transpor muros
Da epopéia de quimeras
E prever que qualquer dia
Serei mito de ficção.
Algo ímpar na literatura universal,
Maior que Sherazad,
Maior que Dom Quixote,
Mais forte que os Três Mosqueteiros,
Mais valente que Robin Hood,
Mais sortudo que Robinson Cruzoé
Com Segunda Feira e tudo.
Desses que viram objeto de estudo,
Mais que Joyce e Ezra Pound
E dão pesadelo em curiosos,
São temas de teses acadêmicas
E motivo de congressos mundiais
Com reunião de exegetas renomados,
Cada qual com seu aporte
Sobre o pobrezinho aqui.
E o maior frisson
É o momento culminante
Em que todos vão à práxis
Acomodados em mesa redonda
Para provarem seus enfoques,
Quando enfim sou dissecado
Letrinha por letrinha
Até à exaustão,
Inclusive com preleção
De Leonardo da Vinci
E sua aula de anatomia.
Depois, todos partem felizes,
Com ares de dever cumprido,
Enquanto eu pairo sobre tudo
Alheio ao suor derramado,
À adrenalina gasta
E ao fosfato queimado,
Todo senhor de mim,
Dono do meu ser ficcional
Infinitamente inexaurível,
Como bem apraz à obra prima!
*
CANÇÃO DOS GUETOS
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD.
Guetos de Roma
Hanói, Formosa
Pequi, ou de la Habana Vieja
Y sus "desintegrados"
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD.
Guetos londrinos
Bem à margem do Buckingham
Guetos germânicos
De Bonn ou Berlim
Divididos em "Òssis e Véssis"
Cada um velando
em seu umbigo
o ovo da serpente
MADE IN GERMANY
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD.
Guetos da Bolívia
E seus índios "cocaleros"
Da tribo Quéchua,
Guetos do Peru
E seus guerrilheiros
Sem sendeiros luminosos
Para TUPAC AMARU,
Guetos da Venezuela
E seus caracazos bolivarianos
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD
Guetos dos guetos amarelos
Brasilverdesifilíticos
Gonorrêicos que não lhes quero
Assim do Oiapoque ao Chuí
Das palafitas ribeirinhas de Manaus
Cheias de prostitutazinhas meninas
Vendida por seus próprios pais
A caftens made in europe
Às margens das trans...amaz
Ônicas de meninos e meninas ao relento
Nas praças da república
De suas megacapitais
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD
Guetos de São Paulo
Dos casarios miseráveis
De tábua e zinco
Das zonas norte
Desnorteadas pro
Sul leste oeste
Que apesar dos pontos cardeais
Que os atritam
Nenhum cardeal
Nos deixam em paz
Nos seus sermões dominicais
YO LOS HABLO HERMANOS
ACÁ TAMBIEN HAY APARTHEYD
Guetos do Rio de Janeiro
De tontas maravilhas
De janeiro a janeiro
E cariocas brejeiras
De cartão postal
De Chapéu Mangueira
E Pavão Pavãozinho
Vidigais e Vigários Gerais
Onde a palavra FAVELA
Fala a língua do "bigode grosso"
Pela graça da mordaça
De tantos COMANDOS
Há que buscar uma linha
Mesmo que seja vermelha
Mesmo que seja amarela
Ainda que seja anêmica
Para juntar tantas
Rocinhas Morros das Viúvas
Ladeiras dos Adeuses
Baixadas e Jardins Catarinas
Contra tantos opressores.
Pero hermanos
Hablar no me basta
Como no me basta
Llorar los hermanos caídos
Pois para poner fin
A tanto apartheyd
HAY QUE ENSUCIARSE LAS MANOS!
*
TEMPO FÉRTIL
Não sei se Homero foi à guerra,
Mas exaltou seus heróis
Que foram fazer fortuna.
Camões eu sei que foi
E cantou em verso e pólvora
Os crimes que cometeu.
Tem bardos compondo hinos
Por honra de seus irmãos
Mortos em alheio chão.
Não sei o que sentiriam
Se tivessem os seus lares
Invadidos por estranhos,
Mas eu digo a todos eles:
Não hastearei minha bandeira
Sobre os restos de ninguém,
Como apraz aos cães de guerra;
Não entoarei cantos de gesta
Pelas desgraças alheias,
Tão caras aos pais da usura;
Não gastarei tinta e papel
Só para matar o tempo
Ou agradar ociosos
Com coisas tão caras.
Nunca joguei porrinha
Valendo escalpe de índio
Nem minas de Vila Rica.
LOTAÇÃO ESGOTADA
Brasil cheio
De raças
De classes
De castas
Brasil rico
De prosas
De histórias
De causos
Brasil farto
De seitas
De facções
De máfias
Até o dia em que
Veremos ruir
Isso tudo
E o caos
Entorne a taça
E eu possa rir
O riso largado
Da sangria desatada
Com o potro solto no pasto
E o nosso povo altivo
Com a bandeira na mão.
FALUJA
Vou-me embora pra Faluja,
Aqui eu não sou feliz,
E vou sem Manoel Bandeira,
Pois na hora da partida
Virou porquinho da Índia.
Vou-me embora pra Faluja
E já disse porque vou.
Faluja é uma terra livre
Onde o povo não tem rei.
Vou-me embora pra Faluja,
Aqui eu não volto mais.
Faluja é terra de luz
Onde o povo faz a lei.
Vou-me embora pra Faluja,
Viver lá é uma aventura
De tal modo comovente
Que churrasco de yankee
É servido ainda quente.
Vou-me embora pra Faluja,
Vou juntar-me àquela gente
E fazer que um mundo surja
Sem choro e ranger de dente.
Vou-me embora pra Faluja,
E encerrar a ladainha
Senão eu não chego lá
Nem saio desta terrinha...
Vou-me embora pra Faluja,
Lá sou inimigo do rei
E minha maior diversão
É combater a opressão.
*
CANÇÕES DO FILHO
Parte I
Na minha genealogia
Tem um Pataxó destribalizado
E uma negra Haussa evadida,
Restolhos das "Entradas
E Bandeiras," por parte de mãe.
Ambos foram caçados
Por um bandeirante
E seus bate-paus,
Por parte de pai.
Nesta terra de Caminha
Que em se plantando tudo dá,
A escravidão sexual
Vira miscigenação
E ganha status em canção
De muito filho bastardo.
Muitos se ufanam
De serem mestiços
E até receitam isso
Com certidões de mulatos.
Mas eu não tenho dúvida,
Não cometo suicídio de raça
Nem viro escravo de sangue.
Parte II
Chamam-te AMÉRICA
E após tomarem teu corpo
E devassá-lo milhões de loucos,
Esquartejaram-no com mil cavalos
E aonde acharam manchas do teu sangue
Batizaram com nomes eurobestiais,
Mas pra conferirem ares santos
Providenciaram as bênçãos
De certa santa madre igreja
E em cada parte violada
Cravaram aí uma espada
Simbolizando a nova fé,
À qual chamaram cruz de cristo.
Santa Mãe Terra,
Tão divina, tão ultrajada,
Teu nome são teus filhos
E tu vives em todos nós
Desde a mais antiga Era
Ao mais distante Futuro.
Como eu vivo em meus avós
E o rio na montanha,
Somos todos um só,
Santa Mãe Terra.
*
Menos teus inimigos,
Que perecerão ao relento
Sem chão sob seus pés
Nem céu sobre seus rostos,
Como os ratos, sem berço
De Mãe nem Pátria.
Parte III
Este é um país de poetas
Em sua maioria crioulos,
Que derramam no papel
Transatlânticas nostalgias
Pelas pátrias de seus pais.
Desde Bento Teixeira e Manoel Botelho
Que lançam seus tentáculos
Aos confins de suas itálias,
Ricas em leonardos dantes;
Às suas lisboas fartas
De lusidíacas iguarias das índias
E bacalhau norueguês;
Às suas Londres opacas
Túmidas de piratas da rainha;
D'espanhas e franças e holandas
De germânicas reminiscências.
Felizmente não vivo aqui
Com o umbigo além-mar,
Não sofro a mácula
Do pecado original,
Não trago em meus ombros
Pesadas montanhas
De negros e índios
Dizimados por meus pais,
Para que eu vivesse em paz.
Não canto, não toco nem faço coro
Com o coral da escravidão,
Pois eu estou em minha terra,
Terra natal eterna
Dos meus antepassados longínquos,
Dela broto e a ela volto
E me deito sem colchão
E me desfaço em seu corpo de mãe.
Parte IV
Minha terra não é "minha"
Nem é de quem diz ser dono,
Mas tem impostor assim, oh,
Que a chamam de minha terra.
Muitos dizem minha terra,
Mas com os pés em chão alheio;
Só que esses "terratenientes"
Passam o dia no formol
Pra vampirá-la de noite
Com seus versinhos biáfricos
Por uma caneca de vinho.
Mas o fazem ser saber
Que só vinho não dá verve
Pra suas poéticas esquálidas
Tirá-los de cena à francesa,
Como se fossem nababos.
E tornam careta o Brasil,
Chinfrinizam os seus milagres
E deixam os marajás tupiniquins
Morrerem comendo acarajé
Na aba do sabiá.
*
RIMBAUDICES
Não confie em ninguém
Que xingue deus e o diabo,
E, como um litle bad boy,
Queira estuprar os anjos,
Mesmo que perca a perna esquerda
E a direita perca também
E ainda morra em Marselha,
Bem à porta do oriente
Carcomido pelo câncer.
Não acredite em ninguém
Com mais de trinta dinheiros,
Com mais de trinta invernos,
Que acredite em demônios,
Que fuja para a Abissínia
E contrabandeie armas
E ainda trafique escravos
E em sua hora final
Chame por seu Djami.*¹
Não confie em ninguém
Que levou tiro de Verlaine
E o colocou atrás das grades
E ainda fugiu para Roche
E, após uma Une Saisson em Enfern,
Mandou a Paul Demany
A Lettre Du Voyant,
Escreveu Iluminations
Sem dúvida bem além
Dos Paradises artificiales
De Monsieur Baudelaire,
Regado a muito haschisch.
Não confie em ninguém
Que nasceu gênio precoce,
Seja filho de gendarme,
Freqüente o CABARET VERT
E zombe de pátria e família
E vague noite a dentro no váquo
Como o Spleen de Paris.
Não confie em ninguém
Que sofra de rimbaudite
E viva pagando mico
Em algum coufeé maudit.
- *1 : Djami é o nome do mordomo de Rimbaud.
*
DEZOITO BRUMÁRIO DE ARHUR RIMBAUD
Tenho apenas vinte anos
A mais que Artur Rimbaud
E nem um segundo no inferno.
Nunca provei a taça da amargura
Nem quebrei a cara na Abissínia
Ou cheguei em casa perneta.
Jamais reneguei meus pais
Nem minha querida Jampruca
Por suas vidas pacatas.
E o fato de mochilar por aí
Não tornou-me um andarilho
Nem me fará urbanóide.
Sair da casa paterna, pra mim,
É o mesmo que ir ao trabalho
Ou à horta colher alfaces.
Não quero fazer do mundo
Um monte das minhas cinzas,
Porque me odeio e não tenho causa.
Não sofro de " cazuzismo ",
Acusando a burguesia
Por falta de ideologia.
*
DESLUMBRAMENTO
Meu primeiro amor
Foi como beijo roubado:
Sem liberdade de escolha.
Meu primeiro amor
Começou com a chupeta
Quando Ritinha ameaçou-me
"Só te namolo se laigá pepeta!"
Meu primeiro amor
Trocou bala boca-a boca
Na Igreja de Frei Inocêncio
Bem no meio da missa
E o Padre Daniel
Mandou-me rezar três Pai-Nossos
E eu rezei até mais
Para ficar bem perdoado
O pecadinho tão doce.
Meu primeiro amor
Bateu muita gazeta
Na pracinha da igreja
Só pra comer cocada
E dar beijinhos na boca
Das filhinhas-de-papai...
Meu primeiro amor
Passou nas provas
De educação sexual
Com notas de louvor,
Mas se o Grupo Escolar falasse...
Meu primeiro amor
Chupou muito ingá
Na galhada dos ingaseiros
Sobre as margens do Suassuí
Com a Dasdô do Mané Cachorro.
Meu primeiro amor
Tinha gosto de pé-de-moleque
Devorado com a gula
Do menino assustado
Com o presente da namorada
Que levantou a saia de chita
E lhe disse " mete aqui!"
Meu primeiro amor
Ficou de coração na mão
Com o bicho cabeludo
Da Maria Serafina
Nuinha na minha cama
Pra comer minha inocência,
Apesar dos avisos da mamãe
De que ela era rapariga.
*
Meu primeiro amor
Era como filme de Speelberg:
O tempo todo de suspense
E no fim sobra surpresa.
Meu primeiro amor
Nunca encontrou seu fim
Porque a poeira vermelha
Das estradas mineiras
Nos cobriu na encruzilhada
Entre o passado e o futuro
E o destino nos levou
Para distintos presentes.
*
NEOLIBERAL POSTUDO
Após a abertura
Lenta e gradual
Do General Geisel
Nos idos de 74,
Aceitei a receita
Do General Figueiredo
E empanturrei-me de democracia
Com eleição após eleição
E overdose de votos hoje
Pra curar o porre de ontem,
Nem sempre de votos.
Desde então aposentei
Meus apetrechos de guerrilha
Contra a ditadura militar,
Entre eles meu quixute
Mais veloz que bala de INA
E os arapongas do SNI
Com seus óculos Ray Ban
E cabelos James Dean,
Meus comprimidos de Redoxon
Contra gás lacrimogênio,
Minha lista de jornais
E ONGs de DH,
Minha coleção de calças jeans,
Meu Livro Vermelho de Mao Tsetung
E o trezoitão solidário
Que nunca "moscou" na hora
Quando fez-se necessário
Falar o idioma inimigo,
Além da inexorável certeza
De poder mudar o mundo
Nem que fosse a bala,
Mas a três décadas disso tudo
Não sou mais assim não,
Já não sei quem são meus inimigos,
Já não vislumbro as classes
Em que se antagonizam as pessoas
No seio da sociedade,
Não identifico mais ninguém
Como direita ou esquerda
E qualquer discurso ideologizado
Soa-me como algo anacrônico...
Enfim, tornei-me um reles
Neoliberal pós-tudo,
Sem os mínimos valores humanos
De respeito aos oprimidos
E à luta contra a opressão,
De solidariedade militante
Às minorias sociais
E aos despossuídos em geral.
Hoje, se o Tio Sam me pedisse,
Eu venderia minha própria mãe
E entregaria a alma ao diabo
Sem nenhum motivo aparente,
Porque tornei-me um neoliberal pós-tudo.
*
POEMA PARA MOACY CIRNE
Faz tanto tempo
Que não encontro alguém
Que há muito
Eu não encontrava
Alguém que me deixe assim
Alvissareiro
Como as flores e o sol
Às nove da manhã
Com o peito cheio de alegria
Pronto a dar vida às novas emoções,
Como aconteceu com o Cirne
E sua fada amante
Certo dia em Ceridó,
Que se sentiram crianças no parque
Com as façanhas que viveram
Tamanha a felicidade da dupla
Algo assim tão radiante
Que faz mister compartilhar
Fazer com que irradie
Em todo ambiente
Onde haja corações
Que buscam alguém
Digno de ser encontrado
Pelo puro prazer um do outro,
Como o vinho e os lábios
Da mulher amada.
*
VIVER SEM RECEITA
E assim foram-se vinte anos,
Vinte anos de namoro,
Após longas operações secretas
Nos hotéis da Frei Caneca
E seus corredores sinistros,
De arrepiar Hichtcock,
Com tantas fugas fantásticas
Pela Avenida Mem de Sá,
De congelar Mon Sieur Poirot
Depois de longas estadas
Nos cortiços da Gomes Freire
Durante tantos carnavais
Regados a frango assado
E muito vinho de buteco,
Muita lasanha com Black Prince
Nos bares da Cinelândia,
Filmes pornôs no Cine Íris
Só pra criar o clima,
*
Depois de muitos natais
Curtidos a dois nos quartinhos de favela
Regados a risoto de frango e Malzebeer,
Depois de muita briga besta,
Muita salada completa,
Muita "volta" recíproca,
Muita paz de beijo e abraço
Nos bancos da Cruz Vermelha,
Depois de Ana e de Edson,
Passaram-se vinte anos
Além dos cinco pregressos,
Almejo ainda mais vinte
Mas isto não é receita
Para mal sem cura...
*
SHAKESPEARÍACO
Ao tocar a sirene da fábrica
João não viu Maria sair
E bater o cartão de ponto
Às dezessete e trinta.
Às dezoito horas
João não viu Maria sair
E bater o cartão de ponto
Às dezoito e trinta
João soube pelo vigia
Que Maria fazia serão.
Às dezenove horas
João viu Maria sair
E bater o cartão de ponto
E despedir-se do amante
Com um longo beijo na boca.
João perdeu a linha,
Bebeu a noite inteira,
Chegou em casa de manhã
E matou Maria
Com um tiro na cabeça,
Depois saiu dançando rua afora
Tocando Carinhoso
Em sua flauta de bambu
E nunca mais foi visto.
*
DEUSES DO GUETO
Na topografia do caos
Veias são avenidas
E ninguém viu
Cruzar esta via
Um calango de pedreira
Mais veloz que um tisio
Ou um guri de patins
Nas vielas da favela,
Que ostenta o status
De "aviãozinho da boca"
Mais querido no pedaço
E finda abatido em pleno vôo
Nos becos do mundaréu...
O "patrão" paga o enterro,
O jornal gera emprego,
A família sabe o troco.
*
CANTIGA PARA CASSIANO NUNES
Recebi poemas durante anos
Do Mestre Cassiano Nunes
E saía com eles pra rua,
Levava para os eventos
E lia para os amigos,
Nas rodas e recitais
E quando soube da sua morte
Fiquei desconsolado, e agora (?),
Pensei, mas certo de não ter resposta,
Segui de boca seca.
Senti por não fazer acervo
De tantos poemas que recebi,
Mas me desfiz deles após
Lê-los para o meu público
E publicá-los em meus fanzines.
E a falta que sinto agora
Seja dos poemas ou do poeta
É a satisfação que vai comigo
Pelos destinos que lhes dei
Enquanto eles se foram
Para outras vidas e outras formas.
Mas quando alguém perguntava
Após a leitura de um poema
Quem é Cassiano Nunes,
Eu respondia todo enrolado:
É um paulista de São Vicente,
foi a Brasília fazer carreira
E nunca mais saiu de lá.
*
QUATO POEMAS A MÁRIO QUINTANA
1 - PARAISO QUINTANA
Dizem os abduzidos
Que ao chegar no Paraíso,
Tão bestunta quanto sempre,
Mário Quintana estacou,
Pregou na nuvenzinha
Que lhe servia de tapete
E ficou abestalhado
Com tanta beleza,
Tanta alegria, tanta paz,
Que até esqueceu de sair do lugar,
Sem dar um Passo sequer
E que um anjo louro,
Louro louro muito louro,
Aterrissou a seu lado
Pegando-o pela mão,
E saíram voando, voando,
De início a meia altura
Para logo em seguida,
Seguros de vôos mais altos,
Estenderem as asas
E ganharem outros ventos...
*
Coisas de abduzidos...
E dizem que Mário Quintana
Pensou em perguntar ao anjo
Que parque era aquele,
Lá embaixo, bem ao centro
De todo aquele Paraíso,
Mas como fosse um anjo
Leitor de pensamentos,
Foi logo explicando
Que era o Parque Mário Quintana,
Onde crianças e poetas
Se exercitam nos versos
Bem aos olhos das musas,
Que as suas lhe aguardavam ansiosas
Para ouvirem os versos seus.
*
E ao notar insegurança
Nos olhos tímidos do poeta
Pensando em Bruna Lombardi,
O anjo se adiantou dizendo
Que ela enviara todas suas semelhantes
Enquanto se desvencilhava
De seus encantos terrenos.
Segundo os abduzidos,
Quintana vive cercado
De musas e discípulos,
Exercitando seus encantos
Lá nos palcos do Paraíso,
Bem alheios à realidade.
Mas
Quem
Diz
São os
Abduzidos!
*
2 - QUINTAN'ESSÊNCIAS
Não consigo imaginar
Quintana chorando,
Cortando soluços sentidos
A não ser lágrimas
De extrema alegria
Para lavarem as faces
Queimadas pelo arco-íris,
Pois a palavra Quintana
Sugere criança brincando,
Alheia a tudo,
Imune a qualquer risco
Longe desta vida,
De direitos e deveres,
De ordens e obediências,
Reduzidas a números e papéis,
Aliás, como Quintana sempre quis.
*
3 - GRAVATA DE QUINTANA
Quintana empaca meu verso,
Mas eu puxo-lhe a gravata
E ele ri seu risinho besta
Cheio de desdém
Pelas coisas deste mundo,
E sem largar a desgraça do cigarro.
Intimo-o a não rir de mim,
Mas sem dar-me nenhuma atenção
Mantem-se concentrado em seu vinho
Sem descuidar com o olhar
Atento para surpresas
Que eu possa aprontar-lhe,
Até que desata a rir mais ainda
E desfaz-se o nosso entrevero,
Como se defraudasse
A bandeira colorida
Dos seus sonhos infantis.
*
Mas novamente puxo-lhe a gravata
E não mais encontro Quintana,
Só o vaquo da mesa vazia,
O salão da adega em silencia
E o jornal à minha frente
Com a notícia repentina...
Quintana decola
Do aeroporto moinho de ventos
Rumo ao seu mundo de estrelas,
Onde pretende esquecer de tudo
E passar o resto da eternidade
Puxando perna de grilo
E beijando brunas lombardes.
*
4 - QUINTANA
Mário Quintana
Partiu
De Porto Alegre
Para Porto Feliz
E foi-se
Sem dizer adeus
Rumo ao Reino de Deus
Esquecido de nós
De vez
Sem mandar notícias
Jamais
Ou seria um deus-nos-acuda
Com tantas Babis, Babys
E Brunas Lombardes
Em êxtase.
*
ODE AO VERSO LIVRE
No princípio a poesia era uma canção regada a vinho
Ao som de harpas tocadas com carinhos e beijos de mulher amada
À sombra de uma palmeira frondosa
Onde o poeta-filósofo se deleitava com a vida sem fronteiras
E ela brincava solta pelos bosques entre duendes
Indiferente ao tempo acariciando a sua nudez
Coberta de inocência,
Depois, veio a escrita e de palavra em palavra
Foi vergando-a sob o rigor do verso
Moldando-a à disciplina da métrica
E aprisionando-a à liberdade
Que lhe permite esta margem de papel,
E agora ela atravessa as grades das gramáticas
Sobrevoa o muro das linguagens
E vem sondar-me
No ondular dos cabelos desta mulher que passa...
*
Não acredito no paraíso bom,
Não acredito no mal infernal,
Não acredito na verdade absoluta,
Não acredito na mentira poluta,
Não acredito em vós,
Não acredito em mim,
Não acredito no autor,
Não acredito no crítico,
Não acredito no amor,
Não acredito na fraternidade,
Não acredito no mar,
Não acredito até no luar.
Acredito na indiferença relativista,
Dum Universo fractal,
Irredutível.
Acredito no acaso aleatório,
Duma corda quântica a vibrar,
Inflexível.
Acredito no laço da forca,
Num pescoço vincado,
Inviolável.
Lisboa, 21-9-2013
pensar em você é o mais difícil.
eu choro
meu coração aperta
você era o meu mar,
o meu oceano.
agora eu nem sei mais.
hoje é noite de halloween
já faz uma semana
que eu sumi de tudo.
o que eu achava que era incrível
virou uma máquina de tortura.
eu não sinto mais
aquela conexão
aquele amor
aquela piada
aquele abraço astral.
eu sinto o frio,
a dor,
a tristeza,
a frieza e a falta de assunto.
não sei se tem amor.
eu posso estar delirando ou ficando louco.
eu te amo demais
esses meses foram incríveis e maravilhosos.
eu preciso de um tempo de tudo
até da vida.
-j.v
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O raiar não-amanhecido
os mesmos tiques
as mesmas ideias
a mesma bagunça
a mesma dúvida
o mesmo sufoco
o mesmo sentimento
o mesmo medo
a mesma sensação
a mesma rotina
a mesma apostila
a mesma caneta
o mesmo lar
a mesma máscara
o mesmo gosto amargo
o mesmo calor
o mesmo machucado
as mesmas músicas
a mesma playlist
o mesmo álbum
a mesma taylor
a mesma sensação
o mesmo sufoco
o mesmo medo
de você voltar.
o mesmo quarto
o mesmo caderno
o mesmo pijama
a mesma rotina
e são 4h da manhã.
-j.v
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Harmonia Dicotômica
eu ganhei o seu desprezo
ou eu perdi o seu amor?
tudo poderia ter sido diferente,
tudo.
eu tento te escrever
mas eu tô bloqueado
de tudo.
voce acabou com isso ou
fui eu?
e se eu não tivesse revidado?
eu teria o seu carinho?
o seu afeto?
a sua irmandade?
o seu número?
você?
eu teria você?
mesmo você me zoando?
perto dos seus amigos ridículos?
eu teria que passar por tudo aquilo?
eu ainda teria a minha reputação?
eu teria o quentinho do
seu abraço ou do seu beijo?
eu teria você?
me diz
eu te teria?
eu teria um lugar na sua cama
ou no seu coração?
não?
sim?
eu já sabia.
você me odiaria de qualquer jeito
você me ignoraria
você seria o mesmo galinha.
você não muda.
- j.v
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Fuga da Cidade
eu tô jogando anzol pra
todos os lados?
tá tão evidente?
tá tão nítido?
eu tenho medo de chamar
alguém,
de falar,
de compartilhar,
de beijar,
de viver e
de perceber.
parece que todo mundo
tem uma visão negativa de mim.
eu sou galinha?
eu sou mesquinho?
eu sou interesseiro?
eu sempre quis
ter um amor.
só 1.
nada mais.
nada mais e
nada mais
nada mais
nada mais
nada mais
nada mais.
reputação
reputação
imagem
imagem
ódio
ódio
nojo
nojo
desgosto
desgosto
prisão
prisão
ansiedade
ansiedade
maldade
maldade
crueldade
crueldade
amizade
fraternidade
ansiedade
uma cidade
uma fuga
uma luz
um horizonte
um túnel
um cano
uma estrada
uma saída
uma libertação
uma folga
uma morta
uma morta
cidade
uma morta
personalidade
uma morta
novidade.
nada acontece
nada flui,
nada vive
nada respira
nada vive
nada sobrevive.
eu sobrevivo
eu vivo
as marcas do desgosto
do ódio
da angústia
da amargura
da vida
da vida
da vida
da vida
da vida
de tudo
do mundo.
-j.v
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24.12.2020
as luzes têm sido as minhas melhores amigas.
só elas me escutam
só elas me sentem
só elas escutam os meus gritos mais intensos,
os meus choros,
as minhas reclamações,
as minhas poesias,
os meus passos de dança.
só elas me compreendem...
só elas me entendem...
só elas veem a minha cara de decepção,
os meus choros mais profundos,
as minhas lágrimas internas
e os meus sussurros desesperados,
as minhas cartas e poemas de amor que eu te escrevi, mas, por algum motivo, guardei.
só elas escutam os meus berros internos quando eu brigo com a minha mãe
ou quando eu me decepciono por simplesmente esperar demais.
o ano tá acabando...
a minha vida mudou.
o meu chão desabou inúmeras vezes...
eu chorei e gritei muito...
eu escrevi mais do que nunca...
eu senti mais do que nunca...
eu vacilei mais do que nunca...
eu estudei mais do que nunca...
eu tô exausto.
só queria descansar
mas as luzes me chamam para um intenso baile de máscaras noturno.
eu não vejo nada,
eu não sinto nada,
eu só sinto a beleza e a batida de cada piscada,
de cada circuito,
de cada associação resistiva,
tudo....
todos os meus sentimentos são colocados em prova...
eu me esqueço do mundo,
eu esqueço de mim e de todas as críticas e curtidas.
eu me escuto,
eu me possuo.
esse é o mundo em que eu quero viver.
eu cansei da pandemia e da quarentena.
eu sou maior do que fases vermelhas.
eu sou o meu universo,
eu vivo pra mim
eu respiro pra mim
e eu aprendo.
eu sou gigante
eu sou enorme
eu sou esse mar de emoções,
eu sou maior do que fofocas,
do que críticas.
eu sou o universo,
eu sou melhor do que todos que pisaram em mim.
eu só preciso começar a trabalhar isso....
-j.v
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Carta aberta aos vivos vividos
eu não quero escrever.
na verdade, eu nem queria estar fazendo isso.
parece que a escrita perdeu o sentido.
eu voltei para as redes sociais
e comecei a ficar mal de novo.
mas eu não posso fazer isso para sempre.
eu não posso simplesmente desaparecer.
eu não sou um fantasma...
eu sou real....
eu choro,
eu escrevo,
eu sofro.
eu faço tudo por mim....
tudo mesmo....
e nunca precisei da aprovação de ninguém.
porque ninguém tava lá
quando eu chorava pelos
cantos da escola ou de casa
e até mesmo do shopping.
ninguém...absolutamente
ninguém vai entender o
meu sofrimento sobre determinado
assunto.
são meus sentimentos,
e filho da puta nenhum tem direito de me menosprezar.....
ninguém tem direito de criticar
o que eu sempre fiz.
eu sempre fiz sozinho..
e nunca me machuquei.
vai tomar no cú nessa merda...
é tão bom escrever palavrões...
(será que eu agi imprudentemente na minha casa?
no meu quarto?
e no meu caderno que eu escrevo tudo?)
(não.)
(não foi, josé).
eu quero escrever 1000 cartas
para todos.
quero renovar,
quero viver,
quero sentir,
quero respirar e
aproveitar o resto da adolescência...
com certeza eu não vou sentir falta disso, mas eu amo
escrever sobre tudo...
sobre os meus sentimentos...
sobre você...
sobre a vida do meu ponto de vista...
além disso, eu quero escrever
que eu to com saudades de você...
na verdade, não.
não sinto falta de você e
nem do que você causou na minha vida...
nem de todas as pessoas que vieram antes e depois de você...
que merda....
eu só sofri pelo amor....
não era pra isso ter acontecido...
amar é tão bom...
e tão neutro também.
beijos,
-j.v
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Telefonemas falsos e
Tweets incompreendidos
por que é tão difícil?
por que você não me procura?
por que você não me manda mensagem?
é difícil pegar a porra do celular e escrever?
você tem o meu insta, o meu número e até o meu facebook.
a minha mandíbula dói.
por que você apareceu na minha vida?
você sumiu e eu parei no tempo
eu perdi 9 meses.
eu parei em fevereiro.
9 meses.
esperando você voltar.
eu tiro forças para te esquecer.
some.
vaza.
morre.
evapora.
eu nem sei quem eu sou.
eu nunca vou ter o que eu quero.
a vida me odeia.
você me odeia.
ninguém sentiu falta de mim.
eu deveria sumir
evaporar
condensar.
ninguém
nem uma alma
me chamou.
nem os meus amigos.
esse tempo tá me matando.
eu não consigo mais estudar de tanta ansiedade
de tanto medo
de tudo...
-j.v
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#33
por que eu tenho tanto
medo de você?
um galinha,
um chantagista,
um articulista,
um ridículo,
um aproveitador,
um ladrão de
almas e de esperanças.
por que eu tenho tanto medo
do que você pode dizer sobre mim?
pra qualquer um?
pra qualquer pessoa?
pra um futuro amigo?
pra um futuro amor?
pra um futuro destino?
pra mim?
você pode dizer tudo isso na minha cara?
pode?
você roubou tantos sonhos adolescentes,
tantas esperanças e tantos
destinos...
em troca de que ?
da sua imagem?
da sua reputação?
do seu status social e
escolar?
todo mundo te ama...
mas eles sabem o porquê?
eles sabem?
elas sabem?
o que você faz?
não é só simpatia...
não é só generosidade e bondade...
são acordos,
chantagens,
dores
lágrimas,
suicídios e
cortes.
voce não é 1% do que voce prega no seu twitter.
apoio à comunidade lgbt?
voce xinga todas as menorias da escola....
todas.
sem exceção.
voce desrespeita as mulheres, os professores e
as tias...
como eles te amam?
eles sabem do quê você fala?
do que você coloca na fogueira?
do que você xinga?
do que você faz pelas costas?
dos assédios morais?
e dos abusos psicológicos?
das passadas e das
olhadas secretas?
eles sabem?
elas sabem?
elas veem?
elas sentem?
elas percebem?
não...
porque você não muda
e esse poema não adiantou de nada...
as pessoas ainda vão te olhar com os mesmos olhos
de sempre.
mas eles não sabem o que eu vejo,
o que eu convivo e o que eu percebo......
-j.v
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vida
a gente nem se conhece
e eu já tô ansioso
pelos beijos
escapadas
furadas
roubadas
descobertas
cobertas
faltas
alma
amor
odor
pela vida
pela saúde
por tudo.
isso pode acabar a qualquer momento
porque são suposições e ilusões.
que bosta de poema
eu sinto que não falei nada
porque meu coração ainda continua acelerado
ainda sinto um nó na garganta
um ácido que me corrói por dentro.
sinto ânsia
sinto medo
sinto tudo.
eu me odeio.
eu te odeio, ansiedade.
sua merda.
eu saio e desconecto e ainda me sinto assim
parece que eu vou morrer
um ácido bem forte e nada disso vai passar.
eu vou chorar
mas não vai passar
-j.v
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Eu
as minhas atitudes não estão certas.
eu ajo a ferro e fogo.
eu ardo
eu mordo
eu morro
eu sumo
eu desapareço
eu enlouqueço
eu quebro
eu conserto
eu escrevo
eu apago
eu arrumo
eu desarrumo
eu nunca aprendi a me manter e sempre tive más influências.
e quem é o culpado?
quem erra?
quem quebra?
quem conserta
quem vive?
quem sente?
quem se arrepende
quem mente?
quem aparenta
quem me sustenta?
quem me aguenta?
quem me controla?
quem me fode?
quem me faz de rei?
eu.
eu sou tudo isso.
e nunca precisei de nada para me provar o contrário.
-j.v
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Sexta-feira
mais uma chata
amorosa
receosa
risonha
ansiosa
colorida
agitada
clara
chata
medonha
repetitiva
musical
improdutiva
analítica
meio estudiosa
meio amorosa
meio chata
meios fatos
meia vida
meia lua
mais uma
noite tentando dormir.
mais uma preocupante
amarga
lotada
atrasada
nostálgica
vivida
e odiada
sexta-feira
puta que pariu, eu preciso mudar
as minhas sextas-feiras.
-j.v
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laços infantis
Estrela,
isso não é uma carta.
eu estou, agora, escutando uma música de “com amor, simon”.
eu até penso em dormir com o pisca-pisca ligado,
mas eu vou me lembrar de você e chorar até o dia raiar.
você foi o meu anjo e ainda é.
eu te amo até o infinito
mesmo que você seja “deficiente”.
eu nunca senti nada tão forte quanto eu senti com você.
minha estrela, me proteja do céu
e continue brilhando
e brilhando
e brilhando
e brilhando.
eu sempre irei te amar.
-j.v
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sábados insones
é mais um dia assim
ansioso e sufocado.
eu não quero me sentir assim
eu quero me fechar no meu mundo noturno
na minha playlist
nas minhas luzes
nos meus cobertores
e no meu filme favorito.
é mais um dia que eu estou sumido
que eu não vejo nada
nem os stories do insta.
é mais um dia que eu não vejo os seus tweets
e nem as suas fotos.
é mais um dia sem escrever para o público,
para você,
para ter likes
para ter compartilhamentos
ou para atingir um ranking bom.
eu mudei a minha arte por todos.
“espinhos macios” perdeu a essência,
assim como “meu quarto” ou outra coletânea que eu escrevi.
mas eu tô de volta,
pra mim e não
-j.v
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perdi 2020.
o ano tá acabando
e o que eu fiz?
escrevi 5 coletâneas
uma delas foi parar no lixo.
eu não gostaria de trabalhar com aqueles sentimentos.
eu me expus
tentando me manter
em segredo.
eu fui um boca aberta.
não consigo mais estudar
nem sei o que quero fazer da minha vida.
já em pensei em tantas coisas.
eu mudei tanto
tentando me achar.
um grupo de amigos
era tudo que eu queria.
renovar.
2019,2018 e 2017 não foram fáceis.
agora eu sumi e fiquei loiro.
as férias estão chegando
e eu nem sei mais o que fazer.
ainda espero você voltar
parece que eu nunca vou superar você.
o seu jeito.
tudo.
eu não sei se eu te amo
ou se eu te odeio.
mas eu perdi 2020.
perdi mais um ano.
pelo menos eu tentei
ser feliz.
eu tentei.
-j.v
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reputação
as vezes eu acho que
eu só deveria recomeçar.
tipo, do 0.
sem nada,
sem poemas,
sem ressentimentos,
sem amor,
sem mágoas e
sem angústias.
eu não vou responder ninguém
porque ninguém me responde.
eu tento responder
os mais próximos
mas eu acabo
cedendo e puxando assunto.
-j.v
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eu só queria desaparecer,
eu só queria viver,
eu só quero sumir,
descontrair,
absorver,
desenhar,
pintar,
escrever
sem nenhum peso.
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cidades infinitas (prévia)
esse sou eu.
eu sou essa bagunça,
eu sou esse amor,
eu sou esse ódio,
eu sou essa flor,
eu sou essa dor,
eu sou esse tudo e esse nada.
estou aqui para me descobrir
e não para atender às suas necessidades.
eu sou essa vida,
essa pessoa
tudo....
eu sou tudo,
eu sou esse mundo.
e quero me descobrir a cada dia mais.
-j.v
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323 (prévia)
7.8 bilhões de pessoas
422,5 milhões de pessoas
211,8 milhões de pessoas
12,1 milhões de pessoas
386 mil pessoas
e pelo menos umas 50 no mesmo andar que eu.
são tantas pessoas
tantas histórias
tantas depressões
tantas vidas
tantos aprendizados
tantas lições
tantas decepções amorosas
tantas histórias de amor
e eu aqui
esperando você
uma pessoa que eu talvez conheça
ou não
(...)
você pode ter passado do meu lado
você pode ter saído pelo mesmo portão que eu.
você pode ter vivido na mesma casa que eu.
você pode ter beijado a mesma boca que eu beijei
você pode ter feito tudo que eu não fiz
você pode ter morrido
você já pode ter vivido
são as tuas histórias
os teus pesos
a tua vida
(...)
-j.v
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inocente (prévia)
era pra eu ter saído
de um lugar que me fez tão bem?
que me fez realmente sentir?
chorar?
viver?
amar?
e abraçar?
era pra eu ter seguido a minha vida?
ou a minha intuição?
(...)
eu não quero terminar isso por aqui...
eu sou muito inocente...
tenho tanta coisa pra aprender...
eu sou inocente demais.
-j.v
Os Dias Nossos do Isolamento
Ainda desperto da noite mal dormida a pensar ser engano, um mau sonho ou a encenação brutal e global de uma série de horror da Netflix, “Walking Dead” ou outra bastante pior. Cada dia que acaba é mais e mais difícil, o suportar deste isolamento purgativo, de purgatório e acima de tudo o futuro, a incerteza, a falta de progresso e de promessa no que pode ainda estar para vir e virá a acontecer futuramente, se haverá e há de com certeza haver, um terceiro e quarto recolher obrigatários, aprendemos paulatinamente que tudo pode agravar-se, a ser pior do que já é, do que já foi.
Sou um rebelde por natureza, cultivei e sempre tive uma certeza, algures moldada na revolução de abril, suponho genética a minha rebeldia e insubordinação contra um sistema opressor, que era um facto genérico, teria, a meio da minha incomum vida, um inimigo comum a todos, maligno e contra o qual iria lutar sem tréguas. Para mim, combater o déspota, o fascista, fazia parte dos meus sonhos de criança e adolescente e eu dei, fui dando corpo a esse espírito rebelde e romântico dos Partisans, senti que iria lutar e lutaria pela pátria, pela liberdade se fizesse falta, faria amor barricado atrás das trincheiras, nos tijolos empilhados nas praças, desta ou de outras repúblicas, subiria audaz um estrado improvisado, às costas, nos ombros de outros camaradas e gritaria vitória, vitória ou morte. Sempre me pensei um Hemingway vindouro, nomeado, “pulitzer” do jornalismo de guerra, um revolucionário.
Nada disso ! nas idas ao supermercado sossego e sonego a minha agonia de anarquista triste, não vitorioso, um Trotsky não violento, afeiçoei-me ao rebanho da porta, atrás das grades e aguardo, como que unido a uma manjedoura, respondo à ração diária de alimento ungido por um sacerdote do destino, com uma mão na glande e outra na grade de segurança que me separa do alimento diário, do galinheiro e das galinhas, não penso muito e sujeito-me, que é o que abranda o desconforto do confinamento obrigatório, à comida, à subida do nível de diabetes, o colesterol e a tensão arterial, a falta de vontade de viver, de fazer exercício físico, de correr, à má qualidade da fruta e dos legumes que o meu bolso ainda aguenta, mas logo penso em todos aqueles que vivem nas cidades superpovoadas, em pequenos apartamentos, famílias inteiras, numerosas, partilhando uma sala de estar minimalista, têm de trabalhar “on line”, os dois sem vontade para isso ou para mostrarem algo que não seja indiferença e desamor numa relação tensa, cuidar de uma ou das várias crianças, pequenas e sempre pedindo por atenção ou a estudar e mais o gato e o cão ou cães rosnando, rogando por não sair fora de portas, cansados da voltinha diária, aborrecida e em redor do bairro, da trela presa, do açaime e da máscara de tristeza do dono por muito que ele sonhasse sorrir para a vizinha noutros tempos jeitosa, talvez até a anarquista que faria amor na trincheira, no meio da praça, outrora publica, junto aos fuzis, da revolução armada, aos barris, na barricada dos insurgentes e da granada.
A saturação do ar e das relações familiares, a promiscuidade, faz dos domicílios lugares ainda mais insalubres, tóxicos até, o inverno não atenua esse sofrimento de segunda e possivelmente terceira e quarta vaga, estarmos isolados por meses em moldes de cimento armado, moldados na nossa Augusta angústia, em quadrados e quartos brancos, a pouca luz dos dias propicia a melancolia e a tristeza, um modelo constante, predatório, pausado, sempre igual, de semanas e meses, de horas e minutos, os segundos entrando como farpas na nossa pele, dilacerando a autoestima de quem está impedido, sem poder, sem o deixarem ir ao trabalho e laborar, produzir, ganhar o sustento dele e da família e neste momento, sem conhecer o futuro, o incerto, a incerteza de como pagar as contas do supermercado, a factura da luz, da água, os detergentes, a conta do aquecimento e as propinas da faculdade dos filhos, o arrendamento da casa e de todas as outras primeiras, segundas e terceiras necessidades, para as quais não há, nem jamais haverá perdão nem confinamento, nem volta a dar por mais voltas que à sala eu dê, no dia a dia do nosso constante, severo isolamento profilático.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, “livrai-nos das nossas ofensas”, são falácia pré-fabricada, massa mal amassada e o pomo ou a maçã dos nossos pecados, criação versus discórdia, ninguém dá nada a ninguém, nem as mãos, nem a igreja é composta por santos, apenas manhosos pecadores, não assumidos aos sábados e domingos, dias de mercado de gado e até as opiniões são “à vontade do freguês ou a retalho”.
Se bem me lembro, sonhava-me um futuro Hemingway nomeado “pulitzer” do jornalismo de guerra, ou antes ainda, quando me imaginava graduado em revolucionário, tinha opiniões e aspirações tantas e diversas que não me conformo agora, não me ajusto de forma alguma, com a apatia pancreática e recente, talvez sinonimo de alguma velhice, esgotado nesta virulenta, violenta e vexatória forma de recolhimento compulsivo, predatória dos instintos mais básicos de sobrevivência, aliado ao ressurgimento de infames nacionalismos inflamados, movimentos retrógrados, regurgitados dos infernos e que advogam uma politização bastarda, descabida de uma pandemia, ignorando milhares, mesmo milhares de milhões de mortes, apenas para fruírem de algum destaque, de um panfleteiro dogma, semelhante ao “terrapalmismo” que nas redes sociais se espalham, procriam como ratos, espalham-se como a peste, por uma população semianalfabeta, carente de expressão critica, que se vê de um momento para o outro e a si mesma como protagonista e narrador, repentinamente na pele de “influencer” anónima, sem rosto, “you tubers”, alguns ainda imberbes crianças, com todo o terrível ónus desta nova estripe mental numa camada alarmada, deficiente de ideais e cultura, assustada, imbecil, a recita básica, o terreno próspero, fértil para uma temida, concomitante pandemia nacionalista, bera, perigosa que se aproxima.
Os dias do nosso entediamento… (..)
Jorge Santos (31 Janeiro 2021)
https://namastibet.wordpress.com
http://namastibetpoems.blogspot.com
Nas tardes que se passam: cobranças no trabalho.
Ao redor selfies, violência, miséria, burrice coletiva,
O mundo é um luar de entediadas mandíbulas a discursarem.
Um planeta acinzentado que não anima os homens.
Nessa pesada realidade, nesse chope sem espuma,
Nesse perfume que não adoça os corpos,
A poesia deve incomodar, nada de suave romantismo.
Seus versos devem guilhotinar os afortunados,
Suas rimas alardear sobre a pobreza que avoluma.
A poesia é plurissignificativa de metamorfoses,
Mendigo a caminhar nas ruas dos sentimentos,
Uma defecadora na boca dos hipócritas.
O versejar não pode ser bobamente feliz,
Descrever jocosamente o amor, ser mero entretenimento.
A poesia deve jorrar sangue, desnudar mundos,
Ser jab bem dado para ferir e remontar o cérebro...
Elegia que expõe vértebras e estômagos.
A poesia tange seus pés junto
A tudo que é desconfortável e agressivo.
Ela cospe sobre o descartável,
Esfaqueia os que buscam a felicidade
Pela satisfação de necessidades econômicas.
A poesia tritura os ossos do imediatismo,
Dá pontapés na superficialidade,
Oferece sentido ao mundo à nossa volta.
Ela grita nossos dilemas,
Busca novas possibilidades.
A poesia é a trova dos críticos,
Uma bastarda entre os deuses do Olimpo...
As flores do mal plantadas por Baudelaire,
Poe, Augusto, Ginsberg, Kerouac e Gregório.
A poesia beija o peito sofredor.
A poesia deve ser maldita!
Abro com a célebre frase de um autor bem mais conhecido do que eu certamente, terei a arte, não a sorte nem o sonho, de todavia o ser:
- "O amor,(o sal) o sono, as drogas e intoxicantes, são formas elementares da arte", assim é também a cultura gastronómica, um modelo aditivo básico, embora incontornável de sabores e criatividade, pedra, tesoura ou vulgar papel.
Sanciona-me na acção, a falta desta, a inalação controla-se facilmente, a inacção controla-me quotidianamente, a vulgaridade do sabor a chocolate mentolado e os olhos fechados da multidão que passa ao lado como se fosse peste ou eu posasse junto a um canário moribundo, que ninguém quer ver, com a possibilidade de estarmos mortos numa mesma gaiola onde passámos a juventude, condenados à prisão perpétua, sabe-se lá porquê ou porquanto, pedra, papel ou vidro martelado.
Enquanto e quando como, experimento diferentes tipos de sabores e alimentos, visito lugares que nunca antes visitei, assim como um cigarro javanês fumado sem nunca ter visitado Java.
Assim como um ensaísta publicitário, num ensaio clínico culinário e numa tentativa cíclica de aumentar o gosto argumentativo de um caldo insonso e duvidoso o qual designo de "Ratatui-Miscelânico", venho frequentemente sonhar e melhorar "a-gosto" o guisado da minha redacção, quiçá insossa, (pedra, tesoura ou papelão), num sótão em forma de lua meia ou caixa cheia de peixe de leilão, no mercado da lota.
Encontro-me amiúde, comigo próprio no primeiro piso da morada habitual, forrado a madeira e onde me sinto mais tranquilo e livre para confeccionar uma caldeirada de ideias como se fossem enguias frescas, talvez porque tenha os pés mais afastados da terra e da rua, do ruído e deixem assim pois, que lhes diga acerca do dia seguinte, nos meus condimentados sonhos de sonolento meio-acordado, meio adormecido.
De entrada principal ou como primeira prato da uma ementa de habituais opiniões e usando para a infusão um simples filtro de papel, o das antigas máquinas de café, lhes digo que o meu sonhar não é cego nem azedo, agridoce não é o caso e nem precisa de trela, apenas de estrelas-guias, deixai-o solto e ele voltará célebre, amanhã ou noutro dia, no meu caso a inspiração criativa volta normalmente dia a dia e sem eu dar por isso, depois da primeira ou das primeiras frases, não precisam ser minhas, mas sim de serem sentidas, podem ser de um jornal diário, um poema de outra qualquer pessoa ou desse mesmo“Pessoa” o qual me inspira incomensuravelmente, como podem ver.
Já não posso dizer o mesmo, "apenas por gozo", do prazer não intelectual mas físico, esse pode não voltar de igual forma e feitio quando é de sobremaneira intenso, então neste caso pode-se pegar, agarrar pela raiz do pelo ou pelos cornos e cotovelos ou então nos arrependeremos redondamente de não o voltar a sentir, imenso, intenso, do casaco ao colarinho, de o deixar escapulir, diluir, acabar, partir, mas na arte livramos-mos de sentir pequenos sentires, detalhados e infectos, como vis escaravelhos, pois se, até o príncipe da Dinamarca coxeava, era manco, maneta e velho, segundo o injurioso Hamlet, pedra, tesoura ou papel e o prazer que me dá ter uma real casa de noz numa árvore com casca grossa, como Reino o apelido de Helsinore Horácio, dito na íntegra e quase se parecendo com o cubículo onde habito, pedra-tesoura ou papel de jornal.
Também vos digo que não, não somos todos integrais, radicais primos, nem números inteiros, racionais como pode parecer, não pretendo dizer com isto que não sou um, dos inúmeros peixe do mar, não sou uma Perca ou um Cherne, não é preciso conseguir falar apenas por não possuir guelras, mas vontade para dizer que sou peixe da pior espécie, esquilo terrestre ou esqualo gigante marítimo, ingrato, pedante, monótono, desintegrado dos cardumes de galgos marítimos, desinteressante como o sabor a gasto ou Tainha, pois de que lhe serve a glória, inútil, feia Imperatriz dos vencidos peixe, segundo o discurso do Salmão aos domingos na missa-metade dos graduados Safios.
Pedra, papel.…ou tesoura, recomeço onde deixei e onde falo, sem limite, de mim para mim, seremos nós, os tolos e eu, neste mundo, as duas Mós, as mãos a tender o grão do trigo, a do Norte e a do Sul, nem razão têm Este e Oeste, Oriente e Ocidente, pedra… papel …acerca de tocar o céu-da-boca, isso não significa senti-lo, a crença lúcida é apenas uma espécie de especulo, assim um céu íntimo em si, o contorno dos limites e o fim do mundo.
Olho pela centésima vez na janela do sótão e sinto-me tão melancólico quanto é o sol no ocaso, aluviões e tormentas, adormecem os sonhos, esperança que ora acena e parte para parte incerta, ora me alicia nas sombras da floresta, ora desencadeia o que suponho vir do meu pretérito, alcançá-lo-ei enfim, em nova manhã encoberta, ao meio da vida, vivida incompleta, pedra, tesoura ou papel.
Os vizinhos recolhem-se, como habitualmente no interior das casas, outono é sinónimo de mudez e meditação e o silêncio é mestre a ensinar o calado e no contorno do limite da boca e dos olhos estão os sorrisos e é o que devemos aos outros, mesmo que franca seja a emoção do retorno e embora todos eles mereçam a nossa sincera simpatia, manifesta numa ubíqua, oblíqua face, mesmo os mais detestados das orelhas, os da outra casta mais ou menos pura, ou os da lua, os amordaçados na garganta, os postiços de cabelo e os de voz cheia de granadas, os da santa Tumba e Adão merecem a nossa especial atenção e crédito, embora possa ser duvidoso este, pedra, tesoura ou papel.
Acredito no silencio e no amor quando posso, pois, que na posse não há amor, nem silencio, impor é para o amor como o azeite para a água ou o vinho na comunhão das almas pouco puras, falso e vicioso, o som que faz um padre se o vaso é apenas vaso e a água apenas água e fraude, saque, cheque sem provisão e crédito mal parado, mau hálito a sardinha.
Sendo assim, bem melhor é imitar-me a mim, eu próprio, elevando a dois, multiplicado pelo melhor exponencial, o conhecimento que tenho a menos, eu mesmo, da minha genérica conta em acções fiduciárias, pedra, tesoura ou papel.
Acabei por descobrir, na melhor formula aritmética, que os poemas são o mais parecido com as tabelas periódicas, jamais estão completas, haverá sempre um elemento em falta, mais uma orbita complementar e um planeta, uma nova crença, será alcunha de átomo ao falar-se de “carência molecular” e uma falácia a escrita quando esta não é tão pura quanto os elementos, terra, ar ou água, pedra, tesoura ou papel.
O despojo, nas palavras pode ter reflexos por vezes anárquicos e complicados, a vontade de ter alma, o preço e peso certos, a má vontade expressiva, parece uma sucessora e não a precursora do apego e do excesso, a que se chama criação criativa e criatividade expressiva.
Olhos - tubarões, palavras - pescada, postas no prato e na mesa, talheres, copos em plástico.
pode ser dito assim, pedra, tesoura ou papel, mas também de outra estranha forma porque nada mais descabido, embora esclarecedor, o que o cabide diz para o juízo ou então, dito de forma diferente e assim, eu trago em mim, nas costas, um cabide em forma de outro e do que falta nesse, o juízo doado de um argonauta tirano de lata, podem ser expressões plásticas, elásticas e poéticas rotas, rasas ou apenas opiniões, nada mais que isso, apenas diferentes.
Considero-me o pior critico de mim próprio e sinto um desejo imediato de apagar e reescrever que não concretizo de cada vez que volto a ler e reler o que escrevo, apenas acrescento um aponto ou uma linha a uma opinião e assim penso que se torna mais fácil para outros deglutirem e continuar eu mastigando por simples habito embora não me agrade muito o sabor daquilo que disse e do que escrevo neste sótão de luz ténue, ao domingo .
Seja como for, sentado confortavelmente no pequeno salão superior, faço o que quero da vida e algo que a ciência ainda não provou possível, reduzo os tolos sorrisos doutros, nas expressões das silabas e nos modos com que descobrirão mil dos meus segredos, Mações livres e as cinzas às cinzas nos sagrados mortos, consequentemente invejo nos pássaros, comuns nos ares, o voar, aos sociais chãos desta feira bera na Terra, desprezo e digo de novo, pedra, tesoura, papel e vidro.
É através do tempo e vice-versa que se viaja no sonhar, como se fosse um diaporama, nas bainhas da visão e nas vagens da propulsão, o gosto é um detalhe generoso, fantasia de feijão frade verde…se a palavra em brasa não o queimar, sem se impor na cozinha, só tirar do fogão a tempo, e basta o dedal ideal, meio de sal a gosto para que não seja tão mau o discurso do Santo António aos peixinhos da horta, pedra, tesoura ou papel.
Somos de uma caricatura demasiado simples e ridícula de se ver, apegados ao querer profundo, dois em um, que não podem viver isolados, sob pena de nos tornarmos desinteressantes, empolgados ,assim como num guisado com falta de apuro, sem o necessário condimento e a audiência sentada à mesa, faminta supérflua, na mesa ou távola redonda, o poeta é o infinito em falta, finito mais o tolo que escreve, que a França, pedra, tesoura ou o papel da conta.
Reconhecer-me limitado, igual a actor pouco falado representando sempre a mesma face, é a melhor forma de me “ilimitar” para sempre já que a minha ambição maior é amanhecer na lua ou lá perto, no lado longo, magro, até lá cerro e estalo os dedos, vivo querendo e vou celebrando a sós cada momento, enquanto me lembro e enquanto relembrar meu rosto ao espelho e que é a mim que me revejo na lua ou no engano que deu erro, convenço-me que vejo convexo meu reflexo côncavo no espelho, pedra, tesoura ou papel.
Sociedade de falsos docentes, discípulos reprováveis, doentes e dementes, decentes falsos, pedantes... xeno-frásicos, é o dia da poesia, odeiem-na tanto agora que está morta, quanto a adorava outrora qualquer outro poeta vivo, no entanto não a leiam, por favor, a poesia vai nua em pleno sol do meio-dia, na rua …pobre denegrida e mal-entendida, pedra, tesoura ou papel.
A bem dizer, tudo o mais era cabido ser dito foi escrito(...) excepto a interrupção de facto do que digo, apenas por dizer como por exemplo, que acabou de me ser diagnosticada - chuva severa, quando afinal era seca, cronica e forte a minha tosse, não consigo fazer uma frase inteira sem convulsões nem diarreia, o terceiro estado da matéria…
A vida é uma serie de enganos à “Bollywood”, agora sim, sei o que é ser, enfim nada, o que supunha ser a lua sobre o ombro, apenas a sobra do mundo, apenso ao corpo.
Pois bem, sejamos inadequados a bem de todos, anormais quanto "pasta" picante, mas não nos odiemos uns aos outros, nem andemos de "candeias-às-avessas", emoção e idealismo andaram sempre juntos, tiraram-nos do escuro e do breu, o espaço é a nossa face final e não permitirá reduzirmos-nos à Terra negra mas reproduzir-nos-emos no universo à nossa frente, não nos odiemos uns aos outros, nem adiemos os astros no espaço, pois a nossa semelhança com ele é real, natural e antiga, ele cresce no que digo no que penso, embora a estupidez humana actual tenha atingido níveis considerados inultrapassáveis, pedra, tesoura ou papel.
O ser humano é tal como um amante estrábico, pois vê desigual para ambos os lados, mas pensa no que sente, pela raiz do cabelo, não a singularidade presente e frente a ele, junto ao nariz e ao queixo, nua e em pelo…pedra, tesoura ou normal papel.
Mas o derradeiro sábio será sempre aquele homem que, não sendo o meu caso, acorda já acordado, não havendo nenhum outro ou na falta de acordo entre todos os outros membros da academia do desassossego ...pedra, tesoura ou papel de jornal diário.
(excerto de "Do que era certo")
Jorge Santos 11/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com
Meus pais acabavam de retornar para São Paulo depois de quase 10 anos em Minas Gerais.
Era um garoto da roça, conhecia sim o mundo do campo, os rios, as florestas, os pássaros, enfim a natureza! A vida simples e maravilhosa do campo.
Filho de família religiosa, católica, logo minha mãe procurou colocar-me no colégio das freiras, o Externato Nossa Senhora do Sagrado Coração e logo incentivou-me a ingressar no grupo de coroinhas do Santuário do Sagrado Coração, em Vila Formosa, São Paulo.
Meus dias passaram a ser no Externato e na Igreja sobrando pouco tempo para ficar em casa!
Participava ativamente de todas as celebrações de domingo a domingo.
Logo conquistei a confiança e a proteção da Madre Superiora e do Vigário além da atenção especial do Irmão Afonso que era o responsável pelos coroinhas.
Atuava nas apresentações religiosa tendo representado o menino Jesus aos doze anos e outras crianças bíblicas.
Certo dia ao chegar, como de costume, antes da missa das sete, o irmão Afonso destacou-me a ajudar a missa de um visitante que estava hospedado na Casa Paroquial. Lá fui eu. Como a missa era em Latim mal percebi a origem do Padre. Apenas sabia que era de outra Ordem, pois usava hábito de monge e não dos Missionários do Sagrado Coração.
Foi depois de ter me despedido daquele Monge, dias depois que o Irmão Afonso contou-me quem era o ilustre visitante.
Contou-me que ele havia sido um cantor muito famoso na Espanha e que depois do auge de sua carreira ele resolveu abandonar a carreira artística e tornar-se um monge.
E que uma de suas músicas mais conhecidas era o "Jura-me" ... mal pude conter meu espanto!
Jura-me era uma canção que minha mãe falava sempre e quando chegamos em São Paulo ela pediu para o meu pai procurar um disco que tivesse essa música.
Corri para casa e quase sem fôlego... contei para a minha mãe o ocorrido dias atrás.
Mas o Monge já havia partido e até hoje só ficou a lembrança de que "eu conheci Frei Mojica" o autor de Jura-me !
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"JOSÉ MOJICA pode ser apontado como um dos grandes artistas latinos do século. Através dos discos, filmes e apresentações pessoais, sua arte de cantor e figura de galã foram levadas a todas as partes do mundo. Depois que se tornou sacerdote-cantor, acrescentaria a essa fama e admiração o respeito pelos seus predicados humanos. Nasceu José Mojica, em 14.9.1896, na cidade de San Miguel, Estado de Jalisco, no México, com um nome extenso: Cresenciano Abel Exaltación de la Santa Cruz de Jesus Mojica Montenegro y Chavarín. Só quando se fez adulto, sua mãe, D. Virgínia Montenegro, contou-lhe que seu pai tinha sido um médico que noivara com ela e a abandonara por já ser casado e com dois filhos. De um casamento posterior, D. Virgínia teria outro filho, que faleceria bem pequeno. Não seria feliz no casamento, pois o padrasto de José, de nome Francisco e dono de oficina em que fabricava sapatos, demonstrou ser um homem extremamente violento, por causa disso condenado a alguns anos de prisão, não mais voltando ao convívio da família depois de libertado. Mulher tenaz e muito religiosa, D. Virgínia incutia em José os ensinamentos e a fé católicos. Um dia, sentindo o desprezo da gente do local, decide deixar San Miguel para tentar melhor sorte na capital mexicana. Vende por pouco dinheiro as propriedades que ainda possuía e toma com José o trem para a Cidade do México. Era 1906. Na capital matricula-o no Colégio Santa Maria e a seguir numa escola pública. Vivem os dois uma existência bem modesta com alguns episódios desagradáveis, como aquele em que, em suas ausências, ladrões despojam de tudo a casinha em que habitavam. Para que possam sobreviver, trabalha como costureira e utiliza-se das reservas trazidas. José continuaria seus estudos na Escola Nacional de Agricultura, fechada durante os acontecimentos da revolução de 1910. Como estudante deixa-se envolver pela política, tendo corrido sério risco de morte no momento em que os revolucionários chegam à capital. Ao mesmo tempo em que cursa agricultura, estuda piano e pintura. Não lhe passa pela cabeça a idéia de cantar. Confessaria mais tarde que "nunca tive e nem tenho paixão pelo canto. Tinha sim, e tenho, paixão e vocação para a pintura. Fui cantor famoso, mas nunca pude encontrar tempo para pintar. O cultivo da arte é absorvente. Em quaisquer de suas manifestações, o homem é limitado e Deus o leva sempre para onde convém mais." De certa feita em que estudava solfejo no Conservatório, os alunos são convidados a participar dos corais de uma nova companhia de ópera que se estava formando no Teatro Ideal. Quando são perguntados se desejam fazer um teste de voz, levanta a mão apenas por levantar. Ao saber que tinha voz de tenor sente uma estranha sensação. Sua mãe fica contra essa ameaça de mudança na direção dos planos traçados para ele, mas José argumenta que era uma oportunidade de ganhar algum dinheiro. A conselho da mãe concorda em tomar lições de canto para ter a certeza de que de fato tinha talento. É o que faz durante certo tempo, até se apresentar na companhia, não mais como pretendente a um lugar no corpo coral, mas como solista de pequenos papéis. Suas qualidade potenciais são reconhecidas pelo célebre maestro mexicano Cuevas, que se oferece para ministrar-lhe aulas. O progresso de Mojica evidencia-se cada vez mais, tanto que passa a primeiro tenor. A escola de Agricultura, que reiniciara as aulas, perdia definitivamente um aluno. Em busca da fama e da fortuna, parte em 1916 para Nova Iorque, integrando um conjunto formado por Carmen Garcia Cornejo, soprano, Angel Esquivel, barítono, e Julio Peimbert, pianista, sendo empresariados por Maria Grever, notável compositora mexicana de futuro renome mundial. O resultado da aventura é desanimador, dada a falta de oportunidades. Mojica termina por lavar pratos durante meses num restaurante. Mesmo assim é ouvido a cantar no trabalho trechos de óperas, com isso vindo a receber aulas de uma senhora chamada Blackman. Quando sua triste e desalentadora situação parecia não ter nenhuma saída, afortunadamente é convidado a se juntar a uma grande companhia de óperas em vias de ser montada em sua pátria. Da noite para o dia vê-se ao lado de nomes célebres da cena lírica mundial. Daí em diante sua ascensão gradativa não teria percalços ou descontinuidade. Terminada a temporada, começa outra com a presença do maior astro do bel-canto mundial, Enrico Caruso, do qual se torna bom companheiro. No final de 1919, volta aos Estados Unidos numa situação bem diferente da primeira vez, pois contratado pela Chicago Opera Company. Além dos rendimentos cada vez maiores no palco, tem a oportunidade de gravar seus primeiros discos na Odeon. Conhece então pessoalmente Thomas Alva Edison, uma das maiores admirações de sua vida, a quem pede uma foto com dedicatória. Edison conta-lhe que todas as noites antes de dormir ouvia sua gravação de Golondrina Mensajera e o imaginara um cantor de meia-idade, não tão jovem. Mojica por sua vez não se refere ao fato de que, em sua primeira estada nos Estados Unidos, tinha sido recusado pela Odeon americana depois de teste de gravação examinado pelo próprio Edison. A partir desse contato, Mojica vai alternando concertos nos Estados Unidos e México. Enquanto sua carreira profissional ia cada vez melhor, dando-lhe condições de proporcionar toda a assistência e conforto à sua amada mãe, com qual sempre morou, sua alma continuava inquieta na busca da verdade. Vinha procurando explicações em novas filosofias e religiões e tinha períodos de agnosticismo. Por fim, volta à fé católica pelo caminho de uma devoção particular a São Francisco de Assis, o santo dos pobres. Tal decisão se dá quando estava com 27 anos, exatamente numa visita à escola franciscana de Quincy, cidade do Illionois. Em 1929 é convidado pela Fox para trabalhar em Hollywood em filmes falados e cantados em espanhol, pois, além de ter voz, encarnava o tipo ideal do galã latino exigido pelos roteiros melodramáticos. Assim é o astro de O Preço de Um Beijo, em duas versões, um extraordinário sucesso em diversos países de língua espanhola, inclusive a Espanha, embora mais uma vez a crítica de seu país tenha se mostrado contrária, como sempre fazia em relação aos artistas mexicanos que atuavam no cinema americano. No seu caso não aceitavam que, cantor consagrado de óperas, descesse para cantar simples canções populares. Outros filmes se seguiriam, como Príncipe, Rei dos Ciganos, A Cruz e a Espada, As fronteira do Amor, A Canção do Milagre e outros, neste último no papel de um sacerdote católico, numa antecipação do que faria mais tarde. Seus discos então se vendiam como nunca. Muito de seus êxitos são até hoje páginas clássicas. Cada uma de suas apresentações na América Latina, Europa e Norte da África consituia-se em consagração. Nada deste mundo lhe faltava, mas no seu espírito continuava um vazio, que só uma completa dedicação a Deus haveria de preencher. Em 1941 estava filmando na Argentina, em Buenos Aires, Melodias da América, quando recebe a notícia do falecimento de sua mãe. Decide então entrar para o convento franciscano de Recoleta, na cidade de Cuzco, no Peru, que já conhecia. Dá um último concerto e viaja para o México a fim de distribuir sua fortuna. Em 1942 recolhe-se à clausura e no ano seguinte recebe as ordens menores. Em 1946 ;é ordenado padre, adotando o nome de Frei José Francisco de Guadalupe. Sentindo que ainda poderia com sua arte e fama obter recursos para obras de caridade e divulgar a religião, consegue de seus superiores autorização para apresentar-se cantando músicas profanas. É o que passa a fazer em novas excursões pelo mundo e em filmes, sempre porém vestindo o hábito de frei franciscano. Já tinha visitado o Brasil em 1937 e cantado no Cassino da Urca. Volta em 1942 e 1950, quando participa da inauguração da primeira estação de televisão brasileira, a TV-Tupi de São Paulo. Retorna em 1955 - reza uma missa em intenção da alma de Carmen Miranda - 1964 e 1967. Por causa de problemas circulatórios que afetara sua perna direita, vem a falecer na idade de 78 anos, em 20.9.1974, na cidade de Lima, no Peru. Abel Cardoso Junior. O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira.
Estado da Dúvida Perene ou
Quanto a virtualidade pode ser anémica.
O Talmude do genocídio Nazi-Fascista, fascizante e asfixiante, é o cretinismo arcaico, hemorrágico e o persistir tenaz na esterilização de ideias e ideais, perpetuada por gente nula e respectivos anuentes como a má comunicação social e demais adstringentes metafísicos e anémicos, da classe dos detergentes e que se têm desenvolvido numa sociedade socialmente doente como a nossa, muito à custa de ovíparas redes sociais criadoras de imbecis mal opinados e pseudo-opinadores, a arte é o esquivar a ser normalizado e a fuga, o acérrimo protesto a esta macabra, maléfica e imposta norma, pois impor é para amor, como o azeite para a água ou o vinho na liturgia de quem a não entende como insofismável, a verdade na arte espiritual.
Vivo e coabito ainda assim um viçoso, perene e soberano Estado de Súber Dúvida, em que todas as questões e discussões são próprias e discutidas, excepto por aqueles monoteístas do pensamento, palafreneiros incontestáveis e detestáveis iconautas Orwellianos e Germanizados.
A aristocracia dissemelhante das ideias brota do sonho e o sonho morre, desvanece se lhe tocarmos mesmo que de modo indelével, é essencial disciplina e o aprender a lidar com a sensação de volúpia Odisseíca e marítima, que o sonhar exalta e gera, tal e quanto como Ítaca foi gerar um Ulisses no Mar Egeu e fundeá-lo em Lisboa, no traçado final do Tejo.
A virtualidade é maléfica, é na prevaricadora disciplina do pensamento cognitivo e no compreender orgânico/genético que nasce o virtuosismo, e é no sonho, que nos renovamos, no embrionário mosto de múltiplas castas de opiniões divergentes, depositadas num cadinho de simbioses e “nuances” gestativas e gerativas; é aí que se dão as magníficas e mágicas projecções do entendimento e mesmo de ideais especulativos plásticos grandiosos.
É na disciplina de compreender e no estado de dúvida constante que nos revelamos, onde se desmontam misticismos práticos, cabais e falsos sentidos críticos, instituídos por nocivos profissionais, fazedores carnavalescos de opinião e do estéril entusiasmo tendencioso, visando os mais simples e incapacitados, os imcompreendedores natos e genésicos, também se incluem nesta lista alguns inimigos hostis e anti socias crónicos, indiciando sobretudo os meios artísticos com a sua inevitável peculiaridade individual, não comercial e de expressão revolucionária progressista própria e próxima da dimensão mais célica, céltica e ecléctica do ser humano, que é o de desejar evoluir e compreender a terra e o cosmos do tecido social, enquanto movimento integrante de novos modelos, em moldes representativos, conceituais humanos e exponenciais privilegiados.
É também na pluri-disciplinidade e na eminencia do pensar, que a observância dos detalhes privados é deveras se indubitavelmente importante e o manancial causístico bem mais elevado, senão que o bem mais valioso e não uma simples e ornamental noção destrutiva e casuística ostentação monocromática, verbal e elementar, como na venalidade das redes sociais em que cada um se reclama como ditador, genial progenitor e criador de estapafúrdias opiniões semânticas, sem nitidez nem ciência nítida ou mítica e sem a clareza que se consegue, se adquire, apenas no recolhimento, na angústia do terreno desconhecido e na disciplina do auto-conhecimento, na obediência sem tréguas à razão critica.
A tragédia da Rua Das Flores, é a da vida humana na Terra, é a tragédia no abuso da objectabilidade e a repetição constante e incansável de ferozes gestas e de fenómenos de imbecilidade, brutalidade geral e absurda, enquanto a fonte dos sonhos, continuará sendo a dúvida e a recriação das coisas nobres ao toque, como o prazer verbal, o mimetismo ecléctico e a voluptuosidade espiritual de ver e ouvir com a nobreza do gozo e do tacto, com a clareza de um Surfista Bramânico em itálico e a cheio…
Joel Matos 11/2019
Http://joel-matos.blogspot.com
Não sei escrever poesia,
Mas já passei pela dor e
Conheço o ardor que se sente dentro do peito.
Não sei escrever direito,
Quem dirás usar palavras belas,
Uso tudo muito simples,
Como se fosse a minha própria vida.
Eu não sou um bom poeta,
Mal conheço o amor,
Se não fosse pela existência da família,
Essa palavra para me seria um vapor.
Busco experiências, vivo decepções,
Corro atrás dos meus sonhos,
E caio em tremendas ilusões,
Mas não desisto daquilo que me convém.
Acredito naquilo que não vejo,
Os tais de pescadores de ilusões,
Com minha fé sempre vou adiante,
Subindo nos degraus da vida.
Já errei com muita gente,
Já fui bom com quem não merecia,
Mas não me arrependo de nada que fiz,
Porém no fundo guardo mágoas.
Já fizeram leituras superficiais e equivocadas sobre mim,
Mas isso não define quem eu sou,
Mas a humanidade é essa é falar da vida dos outros é tudo que restou.
Eu não sou diferente, por tentar
Ser escritor, em um país onde,
Quase ninguém ler, parece até
Loucura você tentar ser um autor.
No mundo de hoje, a literatura é mal reconhecida, músicas sem letras ganham fama,
Enquanto texto que mechem com a alma e nos fazem refletir,
Nem se quer são lidos.
Mas eu não crítico a humanidade,
Cada um se diverte com quer,
Se todos preferem assim,
Quem sou eu para contradizer?!
Agora eu me retiro,
Deixando a seguinte reflexão,
Por que as misérias no mundo está crescendo,
Mas os sentimentos que nos torna humanos não?
Pangeia e a deriva continental
“Ex nihilo nihil fit”
Não minto quando me dispo do que poderia ser dito entre o dito e não dito do que realmente digo, sim “Eu jamais parti” mas não digo não, pois poesia não sai de mim, foi-me dada assim, é a minha água pura, a minha força motriz, nem se compara ao ar, infinito o que respiro, é o que a voz me diz, por isso direi mesmo depois do fim, serei futuro ou estarei realmente aqui, de alma e corpo “Eu jamais parti” … “Eu jamais parti”
Um hiato entre o que, ou por quem me tomo e o que sei sou ou sonho todavia subordinado a ser e será o eu verdadeiro enquanto o sonhei que na prática é o que sou e como me vejo, um resíduo, um suborno de sensações anteriores ao pós nas quais creio antever ou antecipar algo como se fosse o meu reflexo real ao espelho e eu espectador fictício de mim mesmo mas com relevo falso artificial e uma memória de outra espécie de elefante que abdicou de si mesmo para se tornar uma outra realidade ciente e sem substancia incorpórea apesar de humana ainda, quem sabe eu mesmo (arte e forma) pois sou aquele que nasceu sem se conhecer, pra quem tudo é estranho e diferente, performance magnífica ou repúdio caustico à boca de cena e ao palco.
Ando sentindo-me mímico e semi-“desfraseado” de nitidez de modo que não consigo equilibrar duas palavras que façam cabal sentido separadas ou uma de cada vez, nem temperar com sal sentidas palavras como cal e mostarda ou alho Francês , mascara-las e dividi-las por dúzias de compartimentos íntimos como se fosse eu do país do um Dali da intuição, Catalão (espero que passe breve,) assim junto algumas de um, dois mestres e uma mestrina regada a estouvados sonhos semivividos semi-sonhados, persegue-me a mim a sensação morfológica de jamais partir e assim retorno constantemente embrionário à ideia minha de verdade onírica de jamais conseguir alcançar a substancia líquida de que são feitos eles mesmos os sonhos e modelar os meus lexicalmente viventes em vividas catarses , depurações de uma alma imperfeita, impura, apesar de lúcida.
Meu caro, distinto, dilecto amigo e poeta, se é que o posso afirmar sem vitupério, me perdoe a demora argumentativa, pois lhe digo não há uma maneira apenas de escrever ou descrever um simples sentir nem um único e só sentido tem a escrita criativa e artística, somente por afirmar e dizer me sinto a pensar encruzilhadas por ser tão complexa a forma e tão curta a linguagem, não a mensagem e o traçado desta, tão completo quanto simples e se possa transmitir fio a fio, por sinais minimalistas como estes que usamos para nos influenciarmos mutuamente, a frio ou não, mas aludindo acerca da tradicional plasticidade pictórica nas línguas vivas como forma de provocar novas formas de “graffitagens” elípticas artísticas e provocativas, considero que a provocação lúcida, em si, já é uma arte maior, aliás penso que, sem provocação higiénica e higienizante ou o erro consciente e racional não existiria arte, no sentido carismático do nome e morreria de pragmatismo a lucidez, por insuficiência renal orgânica, há que ser magnífico para provocar desordem gráfica e conceptual e gástrica com artifício e sabedoria, conhecimento, e não abraçar o erro geriátrico, reles e parabólico, a imbecilidade simplória geralmente enviesada e grosseira, muito embora não devamos domar qualquer critica ou criticismo, como um acto particular e de lesa-divindade postular ou sinonimo de perseguição, apenas simples, vermículos Dantas e incultos “Crassos” Caios, se refugiam em ingratas divisórias caves, insalubres porões, em lugar de ocuparem os salões nobres, os Grão Mestres não decretam e jamais decretarão infalibilidade nem afirmarão como sofismas, misticismos decadentes a propósito da independência moral e mental de cada um, mas à parte isso “a minha pátria é a língua …” e não querendo parecer um papel normal copiado e copiando o “gosto de dizer” de outros garanto-vos,… garanto-me um intrínseco pecador verbal, pois nem que para isso tenha de infringir raízes hierarquias ortográficas e heráldicas para firmar uma tese que seja pancreática e criadora. Antes de dizer, há que merecer humanamente e hemorragicamente o que se diz, e eu digo, bem alto , bom som para deixar de ser escravo submisso de degeneradas formas de dizer e pensar unissonantes, insonsas, insignificantes e banais, libertar-me intimamente da “estabilidade relativa” sendo eu um diletante dos subúrbios subconscientes da escrita, tenho o propósito máximo como autor, como qualquer autor, de dirimir argumentos e especulações funcionais ou disfuncionais utilizando a toponímia semântica que me é dada já preenchida para posteriormente a esmagar, como chouriços e encher de fitas, fintas e outros subterfúgios de uso particular, desses de usar e pendurar ao fumeiro e nos lustres do salão de festas , na minha campa e na própria árvore de natal, nos gerânios, com outras cores, com uma diferente epistolaria geométrica, quiçá mais ousada ou curiosa, mas apesar de tudo destinada a morrer como eu, na noite seguinte ao ano novo, como é normal em todas as espécies semivivas , assim é, são as línguas vivas, a semântica e a própria arte, universal e feita de números primos e integrais complexas e belas contradições lúdico-genéticas, gerúndios de forma continuada e evolutiva pois que, nada surge do nada “Ex nihilo nihil fit”.
Fulgurante sensação esta quando ponho a ouvir-me pensar, alucinado e fora de mim, nisto de passar para a margem menos segura, coisa que o persigo dias sem fim, tentando salvar o pensamento da poluição sonora, talvez por não ter valor o que digo nem a imensidão da minha alma tenha força para abraçar com ardor o rio de pensamentos que fluem e morrem num discurso insosso como o meu é e foi sempre.
Não irei falar das formosas trilobites, nem fugirei das águas impuras da criação de vida na Terra embora polutas em que provisoriamente, faz tempo a esta parte, me tenho banhado, não por acidente ou defeito amoral e trágico, mas por hábito enraizado de escrita e pela sensação de pouca limpeza, a areia tã’necessária à escrita criativa, porquanto particular e “sui generis” me impressione “in immensum” e a sinta di-dimensionar-me, empertigar-se ante os meu olhos e os outros sentidos e aí sinto-me, ou talvez me sinta, semântica e magnificamente asseado a ponto de criar nitidezes e não ser um outro terrível ponto, desgraçado, amovível couraçado de outras guerras, ancorado a letras gordas e esperando ser desmantelado de cima a baixo por corjas de impostores auto intitulados zeladores da escrita pura quando nem escrito têm nem coisa alguma.
Elegi a emoção como opção primeira e privilegiada do meu pensamento e, na minha escrita não permito, nem permitirei, nem a febre dos fenos, nem do contágio decadente que polui de través, é e será o que constituí na minha interpretação de espaço, livre, comum de critica criativa e construtiva, excentricidades são bem vindas aos meus olhos, desde que não rocem a imbecilidade expressiva e a rudeza, as expressões poética querem-se, quero-as eu e todos nós humanos, vazias de exterioridades egoísticas, assim como a caixa onde o gato defeca diariamente se quer limpa de dejectos para que a verdade da agua pura flua e escorra por entre as vistosas pedras em cascata numa montanha livre de doenças parasitárias, malignas e esterilizáveis de pensamento e ideias, que o som das águas nos acompanhe e não o cárcere da infâmia e a lâmina da ignomínia com que muitas vezes sou reclamado a cooperar e reitero desde já um voto pelo bom funcionamento desta incivilizada civilização postuma, que posso e devo chamar assim, para que não se abra a tampa e pandora invada as nossas oníricas quimeras e as transforme em terríveis sensações decrépitas bem acima da linha do cabelo, bem hajam poetas verdadeiramente amantes da escrita…
Por fim luz ao fundo do túnel, não quero incendiar nem demais nem de-menos os ânimos, apenas desejo e apelo ao bom funcionamento de algo que pode e deve ser belo, a partilha de palavras e o desejo, egoísta mas louvável de ser ouvido e partilhado por tantos ouvido, dou as minhas toscas palavras, emprato-as, exponho-as e exponho-me em brancas paredes, no meu pensamento são úteis para me despertar e provocar outros e a exporem-se também e, ou a expressar ideias novas, e aí sim, há momentos em que temos de apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos valemos suficientemente do inconsciente, nem justo seja o que for a consciência sabemos, dela não pudemos duvidar, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir faculdades mágicas e fantásticas que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas, pois as mensagens são eternas como as imagens, para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros, empratadas e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos q.b … Longa vida aos geralmente poetas,
“Não sei ser útil mesmo sentindo”, posso dizer que sinto, nem que seja porque é essa a única, minha e verdadeira causalidade, (“esse o problema de beber”), o sintagma basilar do que me resta de real, a liberdade magnifica, magnânima, mergulhada em ácido ou caustica como uma traição, a de tecer em contos fábulas e contar o que realmente é prosaico e por demais gasto, o que reside inconsciente na” consciência da passagem do tempo”.
Lembro-me da menos valia de Augusto, de Magno, César-do-mundo-anterior ao meu e do desgaste do tempo que conheço, do padrasto desgosto de não compreender no rosto a mãe da pitonisa das dores, maquilhando-se de mar e coragem à medida que se afunda no Egeu Atlântico a oeste da ilha dos Amores antes da deriva continental para poente …
Os vocais e sílabos constroem-me como se fosse eu um puzzle, uma historia desfocada de “nitidezes”, sinto-me evidente e focado face aos sírios e pálpebras de todos, que de outra forma não me concluo, nem me concluirei de facto, “nem me dá gana” continuar sustentando o insustentável, o imponderável que é, como se sabe, criar contradições e complementos a partir da bílis e do esperma e a propósito de coisa alguma e do nada mais, pois que é disso que se trata quando se constrói, destrói-se o útil e o apenas, fica o transversal, a nossa pseudo alma, o pseudónimo exuberante e vital de quando se entorta um prego, a realidade numa outra forma também básica, prosaica e de metal / ferrugem mas quiçá mais real que esta agora e de sempre que, não por se honesta, me basta.
E é isso mesmo na atitude, o escrever simplesmente, ele mesmo, o mito qual nos transforma em crianças “incompreendedoras” crónicos filósofos da graça e da descrença, ínfimos promíscuos até nos crermos inexistentes como flutuantes aliados ao infinito na forma de alheamento alado, somos maravilhosos enquanto bons pensadores e/ou escritores desafinados, assim o desejo endógeno, também ele poético.
Por palavras minhas dou hoje o sempre o que digo e escrevo, escravo das cores que não tenho, doem-me as crostas nas minhas toscas e roucas palavras, compactuas, emprato-as, exponho-as e exponho-me em francas paredes, brancas, singelas no meu pensamento, tão úteis para pensar como para me despertar, pra desertar de mim próprio e provocar noutros o sentido de intimidade exposta e a exporem-se também e/ou expressar ideias novas e há depois momentos em que temos de apagar, apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos símios, q.b de bravos gloriosos e valentes tanto quanto fracos e indecisos.
Por palavras minhas e não d’outros parto à bolina num trem sem carruagens e com um semi-talento atrelado , eu sentado na esquina da maquina de escrever, (chavões à parte e às paginas tantas), algo que não controlo pleno é uma locomotiva a pleno vapor no Tejo ou no Sado eu não cometo abalroamentos quando navego à bolina , planto e dito assim mesmo, como que ao vento, também ele mau conversador, faço de bruto, um pouco menos ou mais que conversa cúmplice de maus presságios, vou de faca afiada nos dentes e já que de palavras lidas está o molhe cheio e o bote transborda aqui e acolá, por vezes vai ao fundo, as palavras são o que me fazem ser e querer ser tal como formiga d’asa.
Serve para dizer por palavras que ouço como se fossem minhas, eu próprio na musicalidade em Oboé das ramagens dos carvalho gigantes e velhos e nas coisas como fosse o som da caminhada que é conjunta e sagrada, estamos juntos nessa estrada longa que é escrever, pois escrevamos …
E viva a poesia
Não sei ser útil mesmo sentindo
“Caminho, por não ter fé …”
Uma corrente humana não passa disso mesmo, de um mega-elo verbal e metafísico e a exposição ou predisposição pretensamente panteísta desse elo, podendo ser ortodoxo ou heterodoxo (embora tente convencer-me do contrário) pode ser balizado por argumentos não actuantes, distintos da função onde assentam os meus princípios e a missão humana que serve de orientação das minhas emoções funcionais vitais mais primárias e dominantes. Essa subjacente emoção, traz consigo o que se pode considerar um selo empático, se o individuo puder explicar-se pelo pensamento e não por acções que redundam a realidade de um mal social maior, que define determinado paradigma, como amoral entre entes imorais, em que uma palavra define outra e outra, assim por diante, como um ser se define definitivamente e infinitamente como inferior ou superior, pela educação ou a irreparável falta dela, se aplicada irracionalmente, com todas as consequências. Justifico-me plenamente pela religião, pelo que ela comporta mais que pela verdade evidente, reduzo-me até ao mínimo absurdo, mas primo pelo direito de conservação da minha racionalidade espiritual e conceitual, excluindo os outros, a partir de um certo ponto, apago-os da minha existência, da minha condição de residente nos elevados subúrbios, embora viva a simplicidade das flores no quintal que cultivo. O que me distingue e á minha tese panteísta, é a função de esgaravatar buscando por almas humanas também elas na busca de outros desses eles, nos locais mais recônditos e isso implica abdicar de determinados conceitos estéticos, que vejo sendo abduzidos e reduzidos, a uma trama sem carácter, à qual não tenho outro remédio, senão disciplinarmente me afastar e conscientemente denunciar a coartação de pensar -liberdade e o direito inalienável – de me conspurcar de todos os desmandos possíveis e imagináveis á luz da verdade, liberdade, excepção e bom gosto. Sou contra quem me erguer defronte um muro, em nome da liberdade, senão contra mim que seja, e não procurar um eclectismo intelectual, talvez ilusório e teatral, revoltar-me contra mim até, se for o caso e sair deste marasmo em que me sinto tolhido e sem argumentos aumentativos, confinadamente assentes e com sentido, é este o primeiro passo para o meu progresso mental poético e argumentativo. Sempre criei poesia de base zero, anuindo natureza a dois números primos, com a hipótese de, dentro do meu espírito, o colorido tinte uma polícroma dimensão, não digo geométrica, mas volumétrica que pode ser tocada por quem do-lado-de-fora também tenha uma designação não convencional, para as duas linhas separando os olhos, servirem de interlocutor lúcido ao queixo em baixo. Sobra-me finalmente uma tristeza que é não ter eco de vozes incógnitas, ou quórum de querubins sem sexo, fazendo piruetas, mas porque havia de ter, sendo de única via a estrada que trilho e o tino igual à distância que me separa deles, externos a mim, salada em geral insone, insonsa e genericamente incomoda, que não gosto de ver nem sentir, tudo depende da minha marcada objectividade, mascarada de manufacturadas realidades, por não precisar de melhor e, deixar de escrever, não é deixar de escrever, já que o meu “phatus”, ou sentimento de imensa paixão não é feito de papel pardo ou faca, nem é jornal de forrar parede de caixote de lixo.
De facto, não me merece respeito quem não me respeita, nem os meus sinais e até rejeita esta grainha rejeitada e a relatada redacção, é a básica matéria-prima que possuo, nesta cara fria por fora e por dentro limão, e é-me tão ou mais cara que o preço de um café, sorvido apressadamente ao balcão. Falta-me qualquer argumento que qual, ainda não sei qual, mas dou-me por satisfeito e retiro-me com estas divagações redigidas à pressa, para que a vossa desatenção ou a atenção parcial não desbote, já que sobriedade não tenho, nem peço aos periféricos deuses por tal, pois perfeito é desumano e eu não desconsidero a aproximação ao sublime. Adoramos o que temos e o que não podemos ter, e eu ouço a respiração da natureza como um Endovélico Dom, ou um efeito alterado de percepção imaginária, não como uma vantagem de quem mora um andar mais alto e elevado, mais que a maioria dos inquilinos desta cidade parida dos mortos, mas que deixou de ser refúgio sacro para mim. Os pensamentos surgem-me nas mesquitas, às esquinas, nos cotovelos presentes em mesas, cadeiras e chávenas de café quente e quando menos reparam em mim, em nós outros, passageiros das passadeiras brancas e pretas, olhando no fixo do olhar vazio dos nossos semelhantes, de quem nem vê quem lá anda, quem lá passa de manso. Sinto uma inveja profunda na realidade e nas imensas coisas que tornam monótona a contemplação do mundo exterior a mim, como uma paixão visual, manifesto-me pela escrita argumentativa e na poesia não decorativa, o que diminui ainda mais o efeito ilusório da realidade, sensação congénita em mim. As coisas que procuro, não estão em relação a mim, quanto eu em ligação a elas; encolho os ombros e caminho devagar, por não ter cura para este mal-entendido com a realidade e retiro-me com o pressentimento de não voltar eu próprio, por via de me ter tornado outro mais puro e poroso, por fim magnânimo, ao ponto de nada ser igual ao que era, quando volto a cabeça e olho para trás, sobre o ombro. A propósito de charlatãos, desses que não merecem o meu respeito, antes o desprezo, servindo servis propósitos pseudo-mediáticos ou esquemas sociopáticos ainda mais obscurantistas que eles próprios conseguem conceber numa confrangedora confraria de simplórias bestificações da miséria alheia a que se associam de candeia acesa, insinuando-se beatos estudiosos com uma maior-luz dentro que os ratos de que se rodeiam, também eles roedores buscando migalhas de dispensas pobres em orfandades imundas. “Não sei ser útil mesmo sentindo”, posso dizer que sinto, nem que seja porque é essa a única, minha e verdadeira causalidade, (“esse o problema de beber”), o sintagma basilar do que me resta de real, a liberdade magnifica, mergulhada em ácido ou caustica como uma traição, a de tecer em contos fábulas e contar o que realmente é prosaico e por demais gasto, o que reside inconsciente na” consciência da passagem do tempo”. Lembro-me da menos valia de Augusto, de Magno, César-do-mundo-anterior ao meu e do desgaste do tempo que conheço, do padrasto desgosto de não compreender no rosto a mãe da pitonisa das dores, maquilhando-se de mar e coragem à medida que se afunda no Egeu Atlântico a oeste da ilha dos Amores … Os vocais e sílabos constroem-me como se fosse eu um puzzle, uma historia desfocada de “nitidezes”, sinto-me evidente e focado face aos sírios e pálpebras de todos, que de outra forma não me concluo, nem me concluirei de facto “nem me dá gana” continuar sustentando o insustentável, o imponderável que é, como se sabe, criar contradições e complementos a partir da bílis e do esperma e a propósito de coisa alguma e do nada mais, pois que é disso que se trata quando se constrói, destrói-se o útil e o apenas, fica o transversal, a nossa pseudo alma, o pseudónimo exuberante e vital de quando se entorta um prego, a realidade numa outra forma também básica, prosiaca e de metal / ferrugem mas quiçá mais real que esta agora e de sempre que, não por se honesta, me basta. E é isso mesmo na atitude, o escrever simplesmente, ele mesmo, o mito qual nos transforma em crianças “incompreendedoras” crónicos filósofos da graça e da descrença, ínfimos promíscuos até nos crermos inexistentes como flutuantes aliados ao infinito na forma de alheamento alado, somos maravilhosos enquanto bons pensadores e/ou escritores desafinados, assim o desejo, ele também. Por palavras minhas dou hoje o sempre o que digo e escrevo, escravo das cores que não tenho, doem-me as crostas nas minhas toscas e roucas palavras, compactuas, emprato-as, exponho-as e exponho-me em francas paredes, brancas, singelas no meu pensamento, tão úteis para pensar como para me despertar, pra desertar de mim próprio e provocar noutros o sentido de intimidade exposta e a exporem-se também e/ou expressar ideias novas e há depois momentos em que temos de apagar, apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos símios, q.b de bravos gloriosos e valentes tanto quanto fracos e indecisos. Por palavras minhas e não d’outros parto à bolina num trem sem carruagens e com um semi-talento atrelado , eu sentado na esquina da maquina de escrever, (chavões à parte e às paginas tantas), algo que não controlo pleno é uma locomotiva a pleno vapor no Tejo ou no Sado eu não cometo abalroamentos quando navego à bolina , planto e dito assim mesmo, como que ao vento, também ele mau conversador, faço de bruto, um pouco menos ou mais que conversa cúmplice de maus presságios, vou de faca afiada nos dentes e já que de palavras lidas está o molhe cheio e o bote transborda aqui e acolá, por vezes vai ao fundo, as palavras são o que me fazem ser e querer ser tal como formiga d’asa. Serve para dizer por palavras que ouço como se fossem minhas, eu próprio na musicalidade em Oboé das ramagens dos carvalho gigantes e velhos e nas coisas como fosse o som da caminhada que é conjunta e sagrada, estamos juntos nessa estrada longa que é escrever, pois escrevamos … Viva a poesia Não sei ser útil mesmo sentindo, detesto dizer “geralmente”, não falo por falar de generalidades nem assumo o papel sagrado do mérito que me cabe por evidencia e “ipsis verbis” por excelência ou incumbência criativa, “Ipsis factus” não falarei de trilobites nem da minha própria natureza, das grandezas homéricas, mas da deriva genésica, do afastamento e da náusea limítrofe adjacente e léxica mas sim do que chamarei de “alegoria da ignorância”, da mediocridade, da cretinice genérica e genética, da “burrice mediática” e mediúnica, insalubres quanto estas águas pobres em que me banhei e teimo tal qual um Santo António tagarelando aos peixes. Defino-me como o Orfeu lúdico e lírico ou mais prosaicamente o homem que nunca existiu, a singularidade do Peloponeso telúrico, daí a sensação de deriva contínua e uma mão cheia de sísmicos argumentos para me afastar da escuridão da caverna e das trevas dos falsos líricos, dos entrincheirados leprosos que coabitam ciumentos estes canais estreitos e corruptos assumidos de antemão assim como uma assunção de indignidade assumida. Apesar de excepcionais orelhas curvas e magníficos desproporcionais probóscides estomacais vestidos a quase tudo quanto podemos ingerir e conseguimos defecar sem dificuldade por aí além mas com elevada mestria, como oleiros em potenciais olarias familiares/tradicionais, temos largos e apurados esófagos, descendentes de afegãos sorumbáticos e pagãos, somos depurados e dependurados pelos órgãos genitais por crime de divergência existencial por estrambólicos eunucos circenses, sacrificados fiduciários nas fogueiras dos maldosos e malvados argonautas do desprezo e por decreto, nem sempre presentes fisicamente mas omnipotentes, esquartejadores de consciências, somos desqualificados, silenciados, apedrejados por símios seminus e estrábicos orgânicos, expomos-mos servilmente aos mais baratos, feios, básicos escrevinhadores seminais, monossilábicos e somos agredidos das formas mais vis, humilhantes, baixas que se conhecem apesar da diarreia verbal destes ser completa, corrupta e gástrica, de refluxo semi-animal, enjoante, enojante e maldoso, maliciosos carroceiros animalescos a caminho do mercado de gado bi-semanal, sem causa básica nem amalgama que não seja escrota, repolho e feijão preto, apenas desgosto, má língua e mácula ao repasto, sem bom gosto, nem pá de porco, nem afago de vizinho naturalmente sempre bem disposto. Assumo com responsabilidade monástica e monogâmica, a desordem no feminino, como transformadora natural e dinamizante de uma sociedade recticulada e gesticuladora, naturalidade é dignidade na dimensão do humanista e “Partizan” e é minha a de conspirador, às sextas feiras á noite na mata dos medos solitários, não traio as minhas convicções nem que me deem alpiste, são tal forma humanas de maneira clara e magnânima nas minhas opiniões , sou magnífico e valente nas minhas partes genitais e magistral nas artes que ofício depois da cinco da tarde, os meus atos mais brandos bradam e ardem como se fossem fogo de artificio nos céus ao domingo de ramos, na aldeia da Piedade (que não tenho). Ponderados quanto honrosos os palavrões e chavões, os impropérios que grito aos quatro ventos, não me calo, quantos mais e ilegais e violentos estes sim, servirem a defesa da liberdade e da plenitude, sou condescendente desde tenra idade ao ponto de arrotar um obrigado mesmo que palavras Ad.Hoc me firam, sou educado q.b.. e como bolacha maria de agua e sal ao lanche, não faço dieta, nem bem nem mal faço em jejum apesar de estar disposto a tudo e até à guerrilha armada e à guerra santa como um bom Filisteu e ateu de renome que se borrifa de agua benta ao sábado se for disso o caso, dou vida aos caos aniquilador e completo se a causa for justa e a calmaria suprema no fim do embate, a bonança depois da tempestade violenta provocada pelos drusos negros “sem orelhas”, Pechenegues beligerantes e pouco afáveis ou fiáveis das florestas Andaluzas de ind’agora, franco-atiradores disfarçados, cobertos de ramos embora de chinelas suásticas gastas, suavos castanhos e pretos. Ajo para fora de mim embora a agilidade espiritual seja bem lá dentro e por fora quer seja benevolente quanto á desordem material e sem cura ou me incline pelo pacifismo beligerante em roda dos testículos escuros e pretos, sou pragmático, considero em todas as minha palavras escritas o suborno a alguém e ao além bem mais profundo e profano que a Pietá de joelhos, prostrada ou sentada com um santo indefeso e defunto ao colo com sinais de arrependimento no rosto e uma chaga no peito, presumo que em assunção da dignidade finalmente assumida por ti por mim e por todos vós outros… Não há maneira sóbria de descrever o sentir nem único o sentido, somente por eu o afirmar e dizer me sinto a pensar por ser tão complexa a forma e tão curta a linguagem não a mensagem. Fulgurante sensação quando ponho a ouvir-me pensar alucinado nisto de passar para a margem segura que persigo dias sem fim tentando me salvar talvez por não ter valor no que digo nem a imensidão da minha alma tenha força para abordar com ardor os rios de pensamentos que fluem e morrem num discurso insosso como o meu é e sempre foi…será !
Uma corrente humana não passa disso mesmo, de um mega-elo verbal e metafísico e a exposição ou predisposição pretensamente panteísta desse elo, podendo ser ortodoxo ou heterodoxo (embora tente convencer-me do contrário) pode ser balizado por argumentos não actuantes, distintos da função onde assentam os meus princípios e a missão humana que serve de orientação das minhas emoções funcionais vitais, mais primárias e dominantes.
Essa subjacente emoção, traz consigo o que se pode considerar um selo empático, se o individuo puder explicar-se pelo pensamento e não por acções que redundam a realidade de um mal social maior, que define determinado paradigma, como amoral entre entes imorais, em que uma palavra define outra e outra, assim por diante, como um ser se define definitivamente e infinitamente como inferior ou superior, pela educação ou a irreparável falta dela, se aplicada irracionalmente, com todas as consequências.
Justifico-me plenamente pela religião, pelo que ela comporta mais que pela verdade evidente, reduzo-me até ao mínimo absurdo, mas primo pelo direito de conservação da minha racionalidade espiritual e conceitual, excluindo os outros, a partir de um certo ponto, apago-os da minha existência, da minha condição de residente nos elevados subúrbios, embora viva a simplicidade das flores no quintal que cultivo.
O que distingue a minha tese panfletária, é a função de esgaravatar buscando por almas humanas também elas na busca de outros desses eles, nos locais mais recônditos e isso implica abdicar de determinados conceitos estéticos, que vejo sendo abduzidos e reduzidos, a uma trama sem carácter, à qual não tenho outro remédio, senão disciplinarmente me afastar e conscientemente denunciar a coartação de pensar -liberdade e o direito inalienável – de me conspurcar de todos os desmandos possíveis e imagináveis á luz da verdade, liberdade, excepção e bom gosto.
Sou contra quem me erguer defronte um muro, em nome da liberdade, senão contra mim que seja, e não procurar um eclectismo intelectual, talvez ilusório e teatral, revoltar-me contra mim até, se for o caso e sair deste marasmo em que me sinto tolhido e sem argumentos aumentativos, confinadamente assentes e com sentido, é este o primeiro passo para o meu progresso mental poético e argumentativo.
Sempre criei poesia de base zero, anuindo natureza a dois números primos, com a hipótese de, dentro do meu espírito, o colorido tinte uma polícroma dimensão, não digo geométrica, mas volumétrica que pode ser tocada por quem do-lado-de-fora também tenha uma designação não convencional, para as duas linhas separando os olhos, servirem de interlocutor lúcido ao queixo em baixo.
Sobra-me finalmente uma tristeza que é não ter eco de vozes incógnitas, ou quórum de querubins sem sexo, fazendo piruetas, mas porque havia de ter, sendo de única via a estrada que trilho e o tino igual à distãncia que me separa deles, externos a mim, salada em geral insone, insonsa e genericamente incomoda, que não gosto de ver nem sentir, tudo depende da minha marcada objectividade, mascarada de manufacturadas realidades, por não precisar de melhor e, deixar de escrever, não é deixar de escrever, já que o meu phatus, ou sentimento de imensa paixão não é feito de papel pardo ou faca, nem é jornal de forrar parede de caixote de lixo.
De facto não me merece respeito quem não me respeita, nem os meus sinais e até rejeita esta grainha rejeitada e a relatada redacção, é a básica matéria-prima que possuo, nesta cara fria por fora e por dentro limão, e é-me tão ou mais cara que o preço de um café, sorvido apressadamente ao balcão.
Falta-me qualquer argumento que qual, ainda não sei qual, mas dou-me por satisfeito e retiro-me com estas divagações redigidas à pressa, para que a vossa desatenção ou a atenção parcial não desbote, já que sobriedade não tenho, nem peço aos periféricos deuses por tal, pois perfeito é desumano e eu não desconsidero a aproximação ao sublime.
Adoramos o que não podemos ter, e eu ouço a respiração da natureza como um Endovélico Dom, ou um efeito alterado da percepção imaginaria, não como uma vantagem de quem mora um andar mais alto e elevado, mais que a maioria dos inquilinos desta cidade malparida, mas que deixou de ser refúgio sacro para mim.
Os pensamentos surgem-me nas mesquitas, às esquinas, nos cotovelos presentes em mesas, cadeiras e chávenas de café quente e quando menos reparam em mim, em nós outros, passageiros das passadeiras brancas e pretas, olhando no fixo do olhar vazio dos nossos semelhantes, de quem nem vê quem lá anda, quem lá passa de manso.
Sinto uma inveja profunda da realidade e de imensas coisas que tornam monótona a contemplação do mundo exterior a mim, como uma paixão visual, manifesto-me pela escrita argumentativa e na poesia não decorativa, o que diminui ainda mais o efeito ilusório da realidade, sensação congénita em mim.
As coisas que procuro, não estão em relação a mim, quanto eu em ligação a elas; encolho os ombros e caminho devagar, por não ter cura para este mal-entendido com a realidade e retiro-me com o pressentimento de não voltar eu próprio, por via de me ter tornado outro mais puro e poroso, por fim magnânimo, ao ponto de nada ser igual ao que era, quando volto a cabeça e olho para trás, sobre o ombro.
A propósito de charlatães indesejáveis, desses que não merecem o meu e o nosso respeito, antes o desprezo e a náusea, dizem eles (ou ele) que editam 150 milhões e mais, de livros, pobres livros jamais lidos, servindo servis propósitos pseudo-mediáticos ou esquemas sociopáticos ainda mais obscurantistas que eles próprios conseguem conceber numa confrangedora e antipática confraria de simplórias bestificações da miséria alheia global e globalizante a que se associam em sociedades maléficas de candeias mal acesas, insinuando-se beatos estudiosos com uma Maior-Luz central dentro do que aquela estripe de ratos de que se rodeiam, também eles roedores buscando migalhas de dispensas pobres em orfandades imundas, pobres e indigentes, cabe-me a mim e a todos denunciar a falta de argumentos argumentativos destas seitas que se dizem a luz da verdade.
Liberdade, excepção e bom gosto são estandartes nobres que não quero , não queremos ver “por terra” enquanto vivos e sediados neste mundo digital cada vez mais brutal e desumano, ladeados dos incapazes mais pequenos e sujos, subjugantes parcos e ignorantes , suínos de pocilga lembrando tristemente o “Triunfo dos Porcos”) ….
Dou livremente asas às minhas moucas palavras, ouço-as na mente, emprato-as, exponho-as e exponho-me em brancas paredes, no meu pensamento são úteis para me despertar e provocar outros e exporem-se também e ou expressar ideias novas e há momentos em que temos de apagar-nos, dormir para despertar instintos adormecidos, o equilíbrio e o sonho aparecem e nos tornam numa balança, na memória do elefante e a razão ambivalente, essa que nem sempre o é, não parece nem corresponde à ideia que dela temos, não somos longos suficiente para nos validarmos nem aos nossos ideais bem ou mal seguros, não nos validamos suficientemente, nem justo seja o que for, mas ao duvidarmos de nós mesmos declaramos possuir poderes mágicos que nos permitem descrever o belo em imaculadas paredes que mesmo sendo derrubadas são intensamente nossas pois as mensagens são eternas para quem as sabe decifrar e mesmo as curtas pausas e as pontuações caladas são agentes secretos das palavras dadas, emprestadas a nós por d’outros e assim sucessivamente até ao fim desta espécie falante mas não omnipotente, hominídeos q.b …
Longa vida aos realmente poetas
Jorge Santos, (aliás Joel Matos)
(Dezembro 2020)
https://namastibet.wordpress.com
http://namastibetpoems.blogspot.com
(Nada menos estranho para mim do que ser universal, humano e eu próprio, de versão consciente e de consciência livre, eu e sempre que posso)
A sucessão dos dias e a sede de voyeur
A sucessão dos dias é de facto consensual, a inalterável sequência das horas, a sequela da sensação dos minutos, a prossecução das gerações e das estações do ano, são como um guia, uma cúmplice realidade, viva e implícita, embebida num sudário ou num sáurio sonho, qual fazemos todos parte, a nossa expressão superlativa-quantitativa, embora diminuta, do tempo em forma de arte, pois que emoção é isso, a impressão expressiva do erro racional e não admitido, em forma de apelativo prazer, de estimulante vivido e vital perante a crueldade sincera e a consciência dolorosa in-vitro, que é viver de facto e realmente uma vida ultra e curta, sem sensações para invocar, nem dimensões de ordem extra, a pira ou o crematório para os oito intuitivos sentidos que nos restam e hão de soçobrar pateticamente na gesta de fogo versus ar e luar.
Se todos se sentissem tão comuns perante a vida e nós, como eu, perante a frieza da solidão que de facto se sente e eu sinto mais e muito, na paisagem agreste que me reveste da mesma forma e no mesmo género de satisfação de que eu sou, decomposto a meio, e todos tivessem a mesma sensação indiferente perante o vício solto de pensar e sonhar, dulcíssimos como a natureza do ar, lar intimo do que sinto e o orgulho ferido da realidade que a transfigura em irremediavelmente minha e eu em fatalmente seu, sucederíamos à quinta dimensão do tempo / espaço que diziam as divindades gregas suceder aos desejos de Omega, nas paisagens estéreo/ impassíveis, da fala e do falar que apenas na lua e no luar podem e há-de-haver em cada um, como em todos nós.
Controlamos os nossos defeitos em batalhas e rebeliões viscerais e não há, não existem impropérios reais, nem impérios virais “Do-bem” ou do mal que nos valham, nem sacrifícios que não amputem a razão na dimensão pura do ego, na vala comum e o eco da contenda que nos avise que perdemos. Clamamos pedindo repouso, misturando à lama do chão, ossos e as escaras dos que se diziam superiores, por quem os descreveu, sem estarem presentes nos sons dos campos de guerra, vazios passageiros do que resta da chama real, onírica e do vale de fumo, sem fundo que se chamam, ou de “falhar” ou de fama humana.
Na loucura, as faunas planas vestem-se de ouro em escamas e nas tardes sem honra, estranhos frades de toga buscam um Santo Graal sem validade, sem hora, nem nenhuma outra cura para a fé humana que não seja fraude e a incapacidade de viver sem o Omega, nem da palidez do Alfa, no mármore rósea nas capelas bizantinas, outrora na Capadócia extrema.
A isenção de sensibilidade censuradora, pisciforme, não nos purifica, antes nos esteriliza as escamas ao ponto de negarmos gerações conceptuais divergentes, somos seduzidos pelo asco e pela “touguia” universal, triunfal, pela mecânico quântica da mesquinhez vigente e da gargalhada persistente e viscosa, aplaudível por multidões universais, tosquiadas, sem formas e iguais a nós, eles mesmos, isentos e parciais, asquerosos pisciformes sem cor, ninguém de alma ilesa, acomodados funcionários e convalescentes do sentido estético, conspurcados assintomáticos.
A sucessão genética e embrionária é facto consensual e claro, uma tragédia estéril, quando se caracteriza de ambição e ganância gonorreica e a avidez protagoniza um placebo pouco nobre na ilusão de reproduzir semântica duma caixa de cartão liso ou papel canelado, mas vendável, já previamente cozinhado, com data de consumo obrigatória e a promessa de fomentar a realidade metafísica das sensações que não possuímos, mas reclamamos, tal como estéreis animais de esterco e de pasto para açougueiro.
Reajo contra a ideia cerebral, exacerbada de verdade, acertada e venal que vulgarmente se agrega ao papel higiénico numa crise diarreica fortíssima, provoca em mim uma náusea verbal mística e um sufoco do pensamento que vai além do desígnio consciente repugnante e auto purgante, persigo com o instinto do que procuro, como se fosse uma clarividência arejada, arrojada e doce, embora lhe dê uma designação de destaque, sinto-o agudo e pungente, assim como algo externo a mim, como um destino, um conceito, uma manifestação do que – “há de vir a ser”, clarividente e desapossada até ao tutano.
Bem hajam no futuro os deuses brandos e os mancos que pronunciam simples profecias, pois não haverá tíbias, nem pictóricos porteiros nem cadáveres pendurados pelos dedos em ameias, nem tratados tardios de paz, nem Sibilas, apenas a sucessão parda dos dias parados, como se fosse uma praia vizinha de Tróia, depois da guerra, num mar inclemente mas que é de todos nós, qual nos escapa como areia pelos nós dos dedos, como se fossem cabelos de Portia Deusa, pacata e mansa …a sucessão dos dias e por fim luz, luz ao fim do túnel …
No final da luz o fumo e o fim do túnel, sei que já disse tudo isto pois “ando-pouco-de-palavras” ultimamente, uso do mais grave que já disse, por não saber dizer nem mais, nem melhor, sou tudo o que me acusam e ainda mais, mas felizmente para mim segundo eu, ou não, segundo outros. Elegi neste lado do mundo, nesta parcela gástrica virtual, uma vaidade mecânica de escrita pouco limpa e gasta como opção primeira e privilegiada de pensar e de pensamento e, na minha escrita não permito, nem permitirei, nem a febre dos fenos, nem do contágio decadente que polui de través, é e será o que constituí na minha interpretação de espaço, livre, comum de critica criativa e construtiva, excentricidades são e serão bem vindas desde que não rocem a imbecilidade expressiva e a rudeza, as expressões poética querem-se, quero-as eu e todos nós, vazias de exterioridades egoísticas, assim como a caixa onde o gato defeca diariamente se quer limpa de novos excrementos para que a verdade da agua pura flua e escorra por entre as vistosas pedras em cascata numa montanha livre de doenças parasitárias, malignas e esterilizáveis de pensamento e ideias, que o som das cristalinas águas nos acompanhe a todos e não o cárcere da infâmia e a lâmina da ignomínia com que muitas vezes sou reclamado a cooperar e reitero desde já um voto pelo bom funcionamento das nações e das instituições que minhas são também, quais posso e devo chamar assim, para que não se abra a tampa e pandora invada as nossas oníricas quimeras e as transforme em terríveis sensações decrepitas bem acima da linha do cabelo, bem hajam poetas e homens verdadeiramente amantes da escrita e da poesia, “no pasaran”, jamais passarão, eu passarinho.
Por fim luz ao fundo do túnel, não quero incendiar nem demais, nem – “de-menos” – os ânimos, apenas desejo e apelo ao bom entendimento funcional do género humano e de algo que pode e deve ser belo, a partilha de palavras e o desejo, egoísta mas louvável de ser ouvido livremente e partilhado em comum por tantos e muitos ouvintes. Obrigado a todos por lerem o que partilho e o que escrevo, nestes momentos difíceis que atravessamos, toda a partilha é, como diz Bernardo Soares “A mais vil de todas as necessidades — a da confidência, a da confissão. E a necessidade da alma de ser exterior ” Obrigado a todos, bem hajam os seres humanos livres por vontade, bem hajam todos os poetas que amam as letras que usam, de todas as formas e em forma de arma, inclusive recriando uma nova, alterada e revolucionária sucessão de dias horas e mentes, pois que inalterável não é apenas a dor, Inalterável é a cachaça e um antropólogo em Marte, inalterável a minha sede de voyeur e a metafísica do terror, inalterável até o leite da Deusa Hera, mas eu não altero em nada seja o que for que sinta, seja ele quem for inclino-me ante quem é alterável quanto a minha dor que alterna entre a brava fúria e essa a qual me converto por amor.
Quando uma pessoa quer ver repetidos os mesmos padrões nos gestos, nas estrela mestras e os mesmos sorrisos nos rostos dos outros e não apenas nos das crianças, imutáveis quanto os castigos quer nos céus como nas gentes e nos despojos de dia zero, que as inúmeras vidas nos deram, quando alguém quer tudo isso o herdado e o por herdar, duma só vez, na breve vida, torna-se autista, Inalterável, incolor, inverneiro…
Joel Matos (Junho 2020)
http://joel-matos.blogspot.com
https://namastibet.wordpress.com
Uma crônica...
Crônica !!!
Frangalhos!!!
Foi assim que me senti...
Ao chegar aqui, onde escrevo agora esta crônica
esquisita.
Para os letrados na língua...
Sem pé nem cabeça ou coisa que o valha.
Sem falar nos pontos que nada acentuam...
Prefiro os teus pontos de vista leitor, a pontos gramaticais, que não me emocionam.
Claro é, que não deixo de escrever, pois não tenho medo de criticas.
Muito menos de ser tachada de ignorante. Pois sou e não tenho medo de erros de escrita. E você?
Já perdeu a paciência comigo?
Não?
Então sigamos...
Cheguei ao destino.
Lar doce lar !!!
Estava em cacos.
Mil e treze pedaços, devido a coices verbais...
Intimidações físicas e
Perdigotos viróticos de raiva,
Devido a intimidação groceira... Tosca... Rude... Bronca!
Coisa de proximidade... O téte a téte!!!
Ah, OsFebrís hermanos...
Desumanos, com CPFs e RGs.
Parece gente. Mas não é !!!
São seres com a alma atrofiada.
Mentes se mentes, que nunca germinaram.
Acha estranho eu escrever isso? É só verificar...
Tem macaco que anda de moto. Procure o vídeo no tal de youtube.
Gente sem alma...
Dedo em riste como um rifle, mirando você.
Basta um bronco deste e...
Caós geral no ambiente.
Momentos de muita tensão, que exigem ATENÇÃO
plena...
Em frangalhos eu me sentia, naquele exato momento de chegada.
Girei a chave e abri a porta.
Adentrei e acendi as luzes...
Todas !!!
Exorcismo intuitivo eu diria.
Colar de pérolas emocionais
Ligando-se aos fios da
Energia sutil, física e vital.
Que o sol generoso e a Bandeirantes, dispõe para
todos.
Já era noite quando cheguei aqui.
Depois de rever amigos legais... Leais
Com muita pompa, café fresco e abraços.
Amados conselhos de sem... Viu?
E que veem, cobertos de carinho.
Falo de sem, ela docemente frisou a letra ésse e
não de CEM...
Frisando a letra Cê.
Ocê veja!
Bom humor e amor. Tudo o que eu precisava encontrar num amigo.
Claro que não ficou claro prá você que
Agora lê.
Mas isso não importa.
Receber carinho e sorrisos sinceros é cura certa.
Prá todos os males
Que envolvem emoção e alma.
Luzes acesas e o ritual de inspeção na casa.
Muitas lembranças dela, pipocavam na mente.
Pelos cantos...
Roupas, pente, esmalte, chapéus, óculos e tudo o mais.
Era só... Olhar e
Um filme passava na memória. Eu tinha uma videoteca
na cabeça e um leitor escaneava cenas, correspondentes aos objetos que eu me
deparava.
Eu? Eu olhava tudo e tudo lembrava ela.
Já era grande a saudade... Dela!
Logo percebi.
Respirei fundo controlando emoções que erupcionavam.
Feito pipocas em panela quente.
Confusão geral, em mim.
Perguntas bobas mesclavam na minha cabeça.
Descarrego as coisas ou faço nada afinal?
Abro as janelas ou deixo tudo fechado?
Ou isso ou aquilo.
Tornei-me um grande... TALVEZ, encarnado.
Confusão total eu sou, naquele instante de pane
geral.
Percebi meu desconforto e pensei comigo mesma...
Não, não falo sozinha. Querido leitor.
Falo com meus botões...
Com meu carro...
Com uma câmara de vídeo...
E com muita gente que não existe...
E daí? Vai me fazer mudar de assunto, justo agora?
Essa confusão, Leitor...
É minha, tá bem?
Relaxa enquanto
lê, estes patéticos escritos!
Voltando ao ponto... Falo mesmo com gente que não
existe, e daí?
Estava mesmo sem saber o que fazer e...
Não saber, confunde a gente.
Só até você
Decidir algo e... Começar a fazê-lo.
Isso... Começar, acaba com confusão!
Não importa a ordem que se comece.
Apenas comece...
Isso acaba com qualquer crise existencial,
Ou profissional e
Até mesmo as financeiras.
Comece!!!
E eu? Comecei...
Sai do... Talvez isto... Talvez aquilo e decidi.
Decidi, não fazer nada!!!
Nada que...
Que não fosse além de fazer algo, que me desse
prazer e
Que provocasse em mim,
A sensação de estar no controle da minha vida.
E isso é uma sensação muito prazerosa...
Maravilhosa!!!
E assim foi.
Parei de lutar com minhas lembranças.
Quando elas vinham...
Eu as mesclava de realidade e fantasias.
Imaginava ela rindo...
Rindo muito e feliz.
As vezes como uma jovem menina,
Recém nascida e inocente, a mamar num peito morno.
Recebendo afagos e sendo muito bem acolhida.
Imaginava ela crescida a dizer-me...
Sofri tantos anos...
Por medos imaginários e ignorância, filhota.
Filhota. Era assim que ela me chamava, vez ou outra.
Filhota, eu compreendi algo muito grandioso, sabe?
EU TENHO...
EU SOU...
EU VIVO...
EU TEREI
EU SEREI...
E VIVEREI...
Por toda a eternidade!
Filhota QUERIDA e AMADA !!!
Não tem fim e está tudo certo!!!
Eu tô feliz e muito bem!
Te cuida e relaxa.
E assim fiz...
~~~~~~Relaxei~~~~~~~~ Namastê~~~~~~~~~~
Teka Barreto
Imaginação Fértil, Fertiliza Novos Terrenos.
Vê Se Aprendes A Sorrir, Porque Todas Estás Tragédias Apenas Dão Forma A Tua Vida, Já Começo A Ficar Farto Dos Teus Pacíficos Protestos Que Procuram Executar A Tua Própria Vida, Primeiro Remenda Os Erros Do Passado E Só Depois Vir Te Desculpar, #Ordens!NãoSãoRestrições. Segundo, Diz-me Que Estás Apaixonada E Só Depois Podes Voltar A Amar, Ouve-me... Ordens Não São Restrições, Da Um Passo Para Traz E Permite-me Reaprender Tudo O Que A Alma Esqueceu, Se Estamos Num Percurso Consciente Onde É Que Está O #BotãoDePânico, Que O Divino Nunca Nos Favoreceu, A Lei De Que Nada De Esquece Esqueçeu-se Da Importância Dos Centímetros Que Integram A Nossa Distância,Revivo A Constante Dor Que Faz Vigência A Quem Sempre Teve Razão É Como Tirar Seculares Lutos De Carência, Escalar As Montanhas Da Lua E Mergulhar Na Moral Da Tua Dimensão, Eu Dou Por Mim A Elaborar Todo O Futuro Movimento Porque O Passado É Apenas Mais Um Pretexto Que Contem A Respiração Dos Meus Constrangimentos, Quebrei A Barreira Das Obsessões Do Anti-Socialismo De Forma A Simplificar A Passagem Da Virtualidade Dos Teus Fragmentos, Aceitei A Situação E Continuei A Andar, O Que Tu Perdeste Não Era Teu, Eu Agora Só Quero É Voar, Sou Um Desesperado Que Não Tem Amigos Nem Reputação, Sou Um Ego Artificial Da Primeira Era Que Vibra Ao Sabor Das Contradições, Sou Um #IndivídoIsolado Que Não Aceita A Solidariedade Da Solidão, Porque As Minhas Vontades Têm As Tuas Razões, Se O Verdadeira Trabalho É O Mental, Eu Mentalizo O Espírito Da Justiça Neste Processo De Iluminação.
Nós... Somos Os Filhos Que Nunca Alcançaram O Pódio, Nós.... Somos A #VerdadeiraTragédia Que Foi Generada No Intervalo De Um Episódio De Ódio, A Realidade Transmuta-se Entre As Alternativas, Das Muitas Falhadas Conexões, Palavras Radioativas Graduam Vidas Pregando Os Obstáculo Das Minhas #IntelectuaisRelações, Enquanto A Tua Vontade Técnica Sorri Sobre O Meu Sereno Desalento, Eu Danço A Volta Da Verdade, Estimulando Os Teus Nojentos Blocos De Arrependimentos, Muitas Das Nossas Histórias Tem 6 Rumos, Vejamos Eu Não Te Ouço, Tu Não Me Ouves, Não Nos Ouvindo Divergimos, Uma Das Doutrinas Que Suprime O Nosso Ser Aflora Enquanto Desperdiçamos A Nossa Juventude Em Torno Dos Imortais, Vulnerabilidades São Fortalecidas Pela Falta De Educação, Quando O ADN Não Identifica Os Dentes Sorriem Os Restos Mortais, Não Forces A Minha Jornada Ou Ainda Podes Vir A Embolsar Um Passeio De Volta Ao Ventre Da Criação, Eu Acho Que Ninguém Foi Criado Para Ser Meio Amado, A Rota Que Tracei Para Conquistar O Teu Espírito Revelou-me Um Sabor Humano Meio Deformado, Vazio E Sem Significado, Ela Pode Parecer Louca Mas Tem #ACabeçaNoLugar, É Uma Mulher Livre Superior E Elegante, O Seu Rosto Tem Aquela Expressão Que Me Faz Querer Falar Cantar E Amar, Enquanto O Sorriso Desperta Em Mim Um Duplo Movimento Para O Interior, É Como Injectar Alucinantes Momentos Contemporâneos De Aspecto Gratificante.
Ela É Conhecida Por Muitos Nomes E Descrições.
Acordar-mos Para Ir Trabalhar O Suficiente Para Não Sermos Despedidos, Enquanto Isso Recebemos O Suficiente Para Fazer A Digestão De Todos Os Sonhos Já Perdidos, Deixa-me Lavar O Passado Da Minha Cara Porque O #MensagueiroDaMiséria Tem As Consciências Humanas Hipnotizadas, As Gotas Do Nosso Divino Remédio Redefinem-se Pelo Fracasso Das Experiências Que Temporalmente Em Nós São Acorrentadas, Ainda Assim Todos Estes Contratempos Nunca Irão Definir A Pedagogia Do Meu Efeito, A Inesgotável Actividade Construtiva Da #OrdemPensante É Um Império Clandestino E Eu Sou O Autoconceito De Todo O Sujeito, Os Meus Sonhos São Sementes Que Desenvolvem A Tua Realidade, Eu Falhei 100% Das Vezes Que Procurei Abraçar-te Com Os Resultados Dos Meus Pensamentos, O Sublime Gesto Da Tua Ausência Ameaça A Variedade Do Élan Da Minha Biodiversidade, Eu Não Quero Ouvir-te Através Dos #ImponderáveisElementos Que Dão Rumo Aos Sentimentos Que Desaguam No Atlântico, Porque Tu És Uma Providência Sem Proprietários, És A Deidade Que Eu Venero E Crítico, O Klan Sãos Os Cavalheiros Templários, Que Abrigam O Tesouro Que Fez De Mim Um Ser Romântico.
Caminharmos Com O Sangue De Deus No Coração, Mas Muitas Das Vezes Caminhamos Com O Mesmo Sangue Nas Nossas Mãos, A Morte É Apenas Mais Uma Governamental Instituição Que Renova #ANossaIdentidade, Já A Vida É A Prescrição Que Vem Mascarar O Problema Do Infinito Loop Da Universal Ilegalidade, O Meu Psiquiatra Diz Que Eu Já Não Tenho Esperança, Posso Parecer Um Homem Forte Mas No Fundo Reside Uma #InocenteCriança, Sou Lento No Deciframento Do Comportamento De Certas Expressões, Porque A Harmonia Vive Embarricada Em Sociais Centros De Avaliações, O Ritmo Da Esfera Faz A Colheita De Toda A Ideia Significante, Que Mutuamente Se Implicam Mas Nunca Se Explicam, Visto Que A Humanidade Só Será Livre Reconhecendo O Plano Do Nosso #DivinoFrabricante, Sempre Que Perco O Meu Tempo Com Alguem Que Não Me Valoriza, Eu Envio Uma Conta, Ganho Conhecimento Com O Tempo De Sonho, Mas Quando Acordo O Pesadelo Só Desaponta, Toda A Essência Espiritual Oferece Uma Dimensão De Desenvolvimento, Não Existe Confusão! Sensações São Sinais De Realidades Não #SinaisDeSofrimento, Se Tu És A Âncora Que Liga O Meu Céu A Tua Unidade Polar, Vê Se Das Uma Oportunidade Ao Depoimento Do Meu Amadurecimento, Eu Dou Por Mim A Desmontar As Tuas Molduras De Ideias Sem Cansaço, O Dificil Só É Negativo Quando Me Sinto Longe Do Teu Abraço.
Não Confundas O Medo Com Respeito, Porque Eu Não Respeito O Medo.
Perdi O Livro De Instruções De Como Viver Em Sociedade, A Inevitável Tendência De Generalizar Cortou O Fluxo Dos Procedimentos Entre Eu Tu E As Dualidades Das Minhas Identidades, Porque Que Continuamente Tropeço Sobre Pessoas Que Aparentam Ter Respostas Para Tudo Mesmo Vivendo No #CentroDaTragédia, É Como Acompanhar O Movimento De Transição Que Faz O Suporte A Toda Tentativa De Acção Que Consome A Luz Dos Teus Olhos E Canaliza-lhe Com Instrumentos De Mais Um Dia De Comédia, O Poder Da Minha Intensidade Apavora E Remove As Vidas Das Tuas Fraquezas Como Se Fossem Abortos, Os Meus Objectivos #DormemDespertos Porque Sabem Que Eu Estou A Caminho, Já Os Elementos Espertos Recebem Caixões Pelo Insofismável Esforço Do Mal-Falar, Se Certos Julgamentos Dão Forma Ao Teu Propósito Tenta Não Propositadamente Espreitar Pela Janela Do Vizinho, E Por Favor Ajuda-me O Mundo Analisar, Porque Que Uns Treinam Para Eliminar Vidas Enquanto Outros São #TreinadosParaSalvar, As Fazes Continuas Das Nossas Atitudes Gravam E Armazenam Informações, No centro Dos Nossos Corações Existe Uma Ressonância Magnética Que Vive Desejosa Para Se Exprimir, Mas Preferimos Fumar E Beber Com A Intenção De Abafar A Ascensão E Progressão Deste Amor Que Nos Poderá #RegastarOuDestruir.
Kedson- Relaxa Nada Está Perdido, Eu Ainda Estou Aqui! 2018 É Um Lugar Primitivo, Desde Que Entrei Em Sincronia Com A #SinfoniaDoUniverso, Comecei A Deixar Pensamentos A Beira Da Estrada Enquanto Procurava Pelas Tuas Previsões Nas Estrelas, Não Te Preocupes Assim Que Alcançar Uma Eu Trago-lhe De Volta, Sou Mais Um Dos Seres Modernos Que Procura Pela Sua Alma, Um Corpo Perfeito Com Um Aroma Encantador, Esses Sonhos Têm Preços Que São Pagos Em Sangue, A Vida Fortalece Os Fracos Tirando-lhes O Chão, Se O Teu Coração For Equivalente A Positividade Que Neglet A #ConvergênciaDoCaos, Poderás Seguir O Ciclo De Evolução Com Mais Conhecimento, As Sequências Das Linhas De Tempo Fixaram-me Num Lugar Onde Não Preciso De Nada, A Liderança Nem Sempre Caminha Na Linha Da Frente, Estou Pronto Para Abraçar A Pressão Porque A Ambição Que Tenho Para Proteger Os Meus Aliados, É Uma Legítima Fonte De Energia Que Brilha Sobre As Sombras Do #MundoPararelo, Um Pouco Atordoado Mas Continuo Na Luta, Porque Este É O Momento De Manipular O Pensamento Hospedeiro Que Reprograma A Diferença, #KudzaFazADiferença.
Alguns De Nós Vive Melhor Num Mundo Perdido.
Kudza
Fiz meu barquinho mal ajambrado, única dobradura que sei fazer,
e fui a bordo para navegar até a Ilha que idealizei, que fica no
Mar Lacrimal, lacrimal de mim mesmo.
Agora nessa Ilha estou voltado a mim mesmo, para que possa
chorar em paz, sem que isso seja motivo de criticas e aborrecimento de quem quer que seja.
Mas, estou exorcizando minhas angustias, meus medos, meuspesadelos e pensamentos loucos, para poder ficar com meus bons pensamentos de momentos únicos e incríveis, que no fim foram só para mim, de tão bons que foram, fico na duvida, se foram reais ou sonhos, mas não importa, de qualquer forma foram sonhos bons.
Vou seguindo naufrago na minha ilha, repensando minha vida e que vou curtindo meu Amor eterno e infinito, curtindo mesmo, mesmo que tenha perdido minha felicidade, porque não tenho autossuficiência para ser feliz só comigo mesmo, e ai não há dependência de outro, eu pensava, pelo contrario, que havia comunhão, não havia, porque afinal, todos, todos sem exceção, querem ter a felicidade com alguém, seja esse alguém quem for, mesmo que para isso deixe escapar a oportunidade de realmente ser feliz, não comigo, mas por alguém que passou e deixou passar.
E agora entendo, quando uma vez, um "Guru da Diversidade", me disse, do nada, que eu não era a " ultima bolacha do pacote " , não era mesmo, muito sábio ele, apesar de nunca ter pensado nisso, mas como foi dito por ele, e ele sabe de tudo e de todos,
quem sou eu para duvidar.
Não, não quero os conselhos de especialistas em fim de relacionamento, para sair, conhecer outras pessoas e coisas do gênero para quem possa me ajudar, quem sabe de mim sou eu mesmo, só eu sei o que perdi e como perdi, tenho minhas
certezas e por te las, agora com essa dor na alma e aperto no coração, estou enlutado por alguém que esta extremamente viva, e sera para sempre o grande Amor da minha vida.
Então, vou para minha Ilha que fica no Mar Lacrimal, que só eu sei onde é, porque é feito de minhas próprias lagrimas, que tanto incomodam os que me cercam e não querem mais me cercar.
M.A. Tisi
(16/03/2012 )
quando você quiser me dar um beijo na boca
por favor não me diga nada
sou um astronauta das madrugadas
sob a influência de aquário eu nasci
tenho os mais diferentes conceitos
sei que a terra gira que o vento faz curva
e que as estrelas são psicólogas
dos bêbados e das galinhas
por isso quando você quiser me procurar
me achará dentro de um livro
de rimbaud ou de artes plásticas
ou ainda ouvindo schummann
os meus conceitos as minhas poesias
os meus retratos são fúnebres concertos
de vanguarda e de guarda-chuvas
aliás eu adoro a metafísica de um pé de mamão
sonhos tenho aos milhares de milhões
nas esquinas os meus passos têm o esboço
da via-láctea e a minha poesia dorme de costas
tentando conversar com o futuro
RECÉM-FORMADO EM BOTÂNICA
arrumei cinco folhas era madrugada
na mesa um macarrão fora de moda
agora não posso desistir
os meus óculos passeiam pelo chão
o dia inteiro não foi como uma sinfonia
por ironia não foi como uma de mahler
rasguei a primeira e joguei ao destino
as minhas pupilas declamavam rilke
estava ensaiada toda a obra da minha vida
tudo fantasia do meu retrato que sorria
sem parar gáudios de safo
o pensamento platônico me fazia brincar
com uma borboleta
o tempo não depende das asas de uma borboleta
a segunda tinha um tom meio balzaquiano
rimei em versos dodecassílabos
antes de opugná-la ao lixo
a noite navega como um argonauta apaixonado
o sono toca sua harpa indolentemente
o tempo aterrissa para confidenciar ao crepúsculo
a terceira veio impulsionada pelo concerto de brahms
desta vez o inverno não chegou aos meus ombros
com ela o sincretismo de descartes
sófocles ao piano passa pelo meu subconsciente
estava eu em delírios gregos
a lua começa a bocejar
tudo é sombra e abandono
no meu quarto a vida é insatisfação
de quem nunca viajou por si mesmo
a quarta completa os estágios de mallarmé
não consigo esquecer os versos do sobrinho
neste momento tudo é pausa
o universo é monótono átomos em prosa
o poema flui como galáxias
a madrugada brilha uma vez mais
a quinta está completa
pelos passos prostituídos das outras
o tempo não depende das asas de uma borboleta
COTIDIANO DE UM POETA
acordo às nove e meia da manhã
com os olhos no sol que dormiu
comigo pego um copo com água
olho-me no espelho escovo os dentes
sento-me em uma mesa
como um pão com chocolate frio
aos poucos vou me sentindo no mundo
minuciosamente vou em direção ao quarto
observo a velha máquina de escrever
arrumo algumas folhas e começo a trabalhar
a mesma cor metafísica de sempre
a névoa começa a dançar em meus neurônios
sinto-me como se estivesse com ressaca
tento estralar os dedos como forma de abstração
uma pessoa me telefona está tudo bem
volto para o vazio não sei me convencer
estou perdido nem o noticiário é interessante
a tarde namora meu telhado
estou confuso sai a primeira linha
muito inocente desenho a chuva no campo
a lua para atrás da minha janela
é tão estranho que a noite não me sorria
ouço prelúdios de brisas
aprendo a conviver com a verdade já é tarde
minha cama é o caminho da eternidade
amanhã quem sabe
eu me ouça menos
e a poesia fale
VIOLETAS DANÇAM NO PLAYGROUND
sete e meia da manhã
um menino busca o pão
a família o espera
oito e vinte e cinco
um carro o atropela
doze e quinze
a família fica sabendo
dezesseis e trinta e sete
o seu corpo é sepultado
sete e meia da manhã
do dia seguinte
o pão aumenta
uma família diminui
A PENÚLTIMA CASA
1. eu não lerei o último
poema meu
talvez seja anacrônico
ou até mesmo contrabandista
2. terá por certo a perfeita alusão
de mim
sem me desvendar
3. cicatrizes no peito
olhos bem espantados
2,20 m de curiosidade
4. suave como borboletas
no cio
metade eterno por todo tempo
metade orgasmo por insatisfeito
ETERNIDADE MÍNIMA
estou cego
e a coleção completa dos filmes
de lars von trier ainda não assisti
o gato que antes passeava pela minha
imaginação agora só dorme no tapete
entre todos estes combalidos anos
não encontrei o lado b da vida
que consiga me causar espantos
ou a mulher de beijos estonteantes
que me faça negar meus pedros
estou cego
e a felicidade é só mais um lúdico cartaz
os fantasmas que nunca ousei encarar
riem das minhas fotos de casamento
amigos me culpam pelo crasso silêncio
mesmo a guerra não declarada
do meu comportamento antissocial
é capaz de compreender
os carinhos extremos dos amantes
da ponte neuf
estou cego
e cada vez mais os sorrisos recuam
os amores não mais se reconhecem
o absurdo sepulta em mim seu engano
na incerteza cambaleante de continuar
A DOMÉSTICA CASA DAS INVENÇÕES PARTICULARES
o tempo elege sempre uma vida para levar
mas aprendi que não existe certeza
antes corria dos trilhos incendiados
para compreender a perda que imaginamos
nem todo dia é para comemorarmos
existe uma parada ela estava lá silenciosa
há uma música que sempre ouço pela manhã
faça chuva ou quando lembro de meu pai
estão disfarçados os amantes que mandam flores
sem meus valores não julgo ninguém
meu filho acha engraçado eu dormir de pijama
a vida é uma série de confusos movimentos
escolhi o vazio dos lugares sem nomes
para mutilar lembranças que nunca existiram
RODOPIO
não esperarei mais
que teus beijos encontrem
meus sapatos trocados
nunca ninguém me disse
que eu deveria correr tanto
amar foi para mim
uma estranha maneira
de se comparar amanhãs
sempre segui na contramão
do que eu sentia sem saber
não sei te amar mais
do que uma imagem
desfocada no espelho
OS PÁSSAROS
a cada dia extinto uma dívida
imagens que rangem no espelho
ouso sentir mais que quase tudo
talvez bispo do rosário tivesse olhos
para os infalíveis caos que me perseguem
às vezes desamarro
meus girassóis
cada foda que dermos uma serpente
tigres famintos rodeiam minha solidão
enquanto escuto o sussurrar das coxas
teus olhos parecem se perder em mim
nem mesmo os poemas de hilda hilst possuem
a báquica carne
de tuas ancas
possuídas
MÃOS
as mãos sobre o papel
como se fora um barco
o papel
mas na verdade um branco
que dói
as mãos sobre o papel
como se esperassem um sonho
nascer
mas na verdade é um sino
que nasce
as mãos sobre o papel
como que derrotadas
por hoje
mas na verdade a derrota
não houve
as mãos sobre o papel
como se não tivessem nada
a fazer a vida inteira
mas na verdade o tempo
não importa
ESTUÁRIO
poesia
uma insatisfação
pausa que pulsa por detrás
do mundo lâmina de alta precisão
contraventora de palavras
fuga da minha imaginação
destino que me alucina
rupestre inscrição
incêndio controlado
em minhas mãos
HABITAÇÕES
I)
vague entre estrelas e sóis imaturos pregue a doutrina do beijo
compreenda a dor enamorando-se beba o belo e o feio que são
eternos vista o sonho de realidade ressuscite retratos amarelecidos
com o mesmo ontem solitário experimente novidades sem naufragar
em mares de nunca cruze a saudade velejada nos ombros
II)
fale de ventos e tempestades íntimas dance com ternura a valsa dos
peixes deposite o azul dos céus nos olhos mudos toque em notas nuas
as pausas da solidão cicatrize feridas com um leve silêncio de luas
faça versos em sereno utópico à procura do momento exato anuncie
em prosa amiga a grandeza das trevas brancas
III)
cante para as noites as suítes úmidas do vento busque no horizonte
um sonho de mãos descalças trace o ridículo em carinhos incomuns
acene em gestos simples sem reduzir rostos de papel ultrapasse
mundos vazios sem flagelos de um soprar castanho escute histórias
de atalhos com urgência de nuvens
IV)
suavize as madrugadas num deleite de estrelas trilhe pelos muros do
tempo sem um único sinal de beijo póstumo envolva dores de mães
em dédalos de linho olhe para os homens como palavras rudes resista
calado às dores das cicatrizes amanheça em brumas com sonhos de
distâncias viva à sombra da foice sem massa de cadáveres
V)
pinte de aurora a tela do infinito pacifique cóleras com doações
de simplicidade respire corpos perfeitos sem cansaço de bandeiras
tenha mãos pacíficas e seja poeta até no desalento sorria sem perder
a identidade sonhe transparências sem nitidez de suspiros lute contra
os medos são apenas pensamentos
VI)
reviva a rosa noturna sem cotidianos de sangue dispa destinos
incertos na nua profundeza dos sonhos decifre províncias sem reter
liberdades pese pecados enrolando confissões sopre o perfume
das fêmeas acariciando orgasmos tenha segredos sem se tornar
prisioneiro conforme o pranto com travesseiros de nunca
VII)
abrace o covarde para que ele saiba o que é amar beije a face de
modo elétrico saúde cada momento com exatidão beltrana ore com
olhos sinceros para os de pés cansados procure na dúvida o futuro
embaçado absorva fábulas sem desperdiçar uma borboleta sequer
reduza incertezas em cemitério de comas
VIII)
garanta aos humildes um necessário lugar alegre a mesmice em
infernos de flores roucas dissolva o hálito da ruína percebendo o
silêncio mármore dos girassóis retire do lodo as pessoas puras
procurando a essência dos beijos conviva lúcido em um mundo de
hashtags whatsapps & selfies torne público o que de público não há
IX)
pregue um mundo de perdões de franciscos protestando contra as
mazelas seculares fuja dos intolerantes dos preconceituosos dos
moderadores e se arrependa das amantes que nunca amou acorde
e olhe para o céu para o sol e o mar para as estrelas como símbolos
contínuos do nosso existir sede vós a essência dos mundos
SERENDIPIDADE
quase observo
uma velhinha passear pela rua
do sol com os calcanhares duros
pelas tantas do meio-dia
quase cai e o vento passa
de longe apreensivo
pergunto se não quer ajuda
abre a sombrinha e me dá a mão
lembro do meu avô que morreu
em uma queda de um muro
ou melhor meses depois
de banhar por horas na chuva
abruptamente ela para me olha
até aqui está bom vá com deus
o caminhar impreciso e frágil
flutuava pelos paralelepípedos
como guiados por uma razão maior
LEITO QUATRO
se vai mais um dia entre muitos que pensei viver melhor olhares como
se esperança fosse um entulho de lamentações acelera meus pulmões
ginsberg tece comentários entre a luva indesejada e o prato de comida
que chega como hospitalidade aquele antro de desespero e chagas
destila em meu caos inconformidades com o divino que insiste em me
reter sem qualquer motivo na verdade queria estar em um aeroplano
sobrevoando as praias de humberto de campos ou conversando com
uns amigos na porta do bar do Adalberto
às vezes yeats faz me lembrar da samsara que é um copo de leite gelado
após a bebedeira flanando pela avenida melo e povoas agarrado nas
arrepiadas ancas de uma morena observo o marasmo da calcinha
da mulher que ri ao lado naquele bar entre estrelas descontinuadas
todos os meus provérbios de existir me negam tropeço mais uma vez
na mesmice de acreditar em corações complacentes hainoã quando
me chama de pai caem meus hemisférios sobre a baía de são marcos
há felicidade entre o roer de unhas e a dor da cutícula
na rua do giz minha vertebral luz minha jerusalém estoica meu
gozo sobre o colo de prostitutas noites que como beatnik caminhava
desolado em busca de algo mais que pudesse estancar as interferências
prejudiciais dos versos inacessíveis anti-herói soprava a dualidade
dos anos oitenta/noventa com barba rala & jaqueta desbotada
transpirando revoluta paixão um ser barroco à procura dos
espelhos perdidos com a obscura missão de continuar em precipícios
acreditando que há um verão orgástico no caminho do poeta
a verdade da vida era para ser escrita em forma de poesia pouparia
do desgaste secular de acreditar em são tomás de aquino o amor
só vale a pena se não exigir tíquetes de estacionamento bandeira
da mastercard crediário nas lojas de departamento da magalhães
de almeida agora recluso entre gotas interestelares seringas peidos
fortuitos e azedos o deserto de barreirinhas é o arpoador das minhas
abstrações bundinhas tesas adornadas de branco tangenciam minha
libido meu cacete endurece entre uma e outra troca de antibióticos
o céu mais azul que já havia visto se instala em meu coração do olho
d’água à ponta do farol iemanjá me guia com suas ondas caudalosas
o espírito de meu avô parece dançar entre as pedras de arrebentação
da ponta da areia batuques inebriantes cadenciam aquela noite
enquanto os trinta e nove e meio graus me jogam de um lado para
outro iniciado em rotinas e fast-foods inconformismos parecem me
tragar para o boqueirão se pudesse acenderia velas para os ancestrais
bashô está comigo é o que me deixa calmo pelo menos dessa vez
reviro-me para tentar apaziguar o cansaço do trópico de capricórnio
que há em minhas costas as mulheres da antiga sunset rasgam meus
olhos pela madrugada naquele equinócio de desesperança onde líamos
camus pessoa gullar chopes ecoavam no saloon pronto a explodir a
nudez de uma amistosa moça nem todos se sentiam na primeira fila
do carnegie hall o cobertor florido aquece meus ossos embargados
por um dia quase todo de febre e delírios ao lado da cama minha
mulher ronca baixinho como um poema arisco de alice ruiz
rabolú encontrou as engrenagens simbióticas de jesus maomé
quetzacoaltl pelas ruas desfilou em seu fleetmaster conversível muito
embora a discoteca fosse o religare preterido chove sobre os telhados
do turu e não sinto nada estou vazio como um biscoito ensopado
de café frio aproveito para conferir intempéries não aguento mais
ficar imóvel sobre a esquálida cama apesar de muitos livros ao meu
redor nenhum tem a atmosfera lúdica de peshkov se eu fosse líquido
precipitaria sobre os túmulos carcomidos do cemitério do gavião
queria caminhar pela rua portugal destilar imoralidades com sotero
vital ou ouvir o guriatã cantar que a coroa está no maracanã meu
alento são alguns metros quadrados e a memória profícua e desolada
a contemplar a kalevala entre uvas tangerinas e sorrisos de minha
mãe a conversar há uma catarse de choros e ainda não é sexta-feira
nos corações das pessoas nem mesmo o extremismo fático dos grupos
muçulmanos a cortar gargantas pelo iêmen calará os preciosos traços
dos redatores da charlie hebdo
meus cabelos parecem a décima quinta de shostakovich a antissepsia é
tão complexa quanto as linhas de nazca mamãe me dá uma ajudazinha
e me enche de sândalo barato ouço no rádio que o país não é mais o
mesmo crise à vista salários minguados violência se instalando dentro
das casas a oligarquia baixando a guarda no maranhão o mundo é
uma sobra de falências múltiplas enquanto uma criança vietnamita
chora a perda de seu cão assado em um mercado público a standard
& poor’s rebaixa a nota de investimentos no brasil
RELIGARE
o tempo todo guardou segredo
na noite de núpcias baixou a luz
pediu que eu viesse com calma
abriu o zíper virou-se de costas
beijei-lhe o pescoço as nádegas
a virei de frente desci a calcinha
suguei os seios a batata da perna
quando estava lá pediu que eu
parasse que seguiria ao closet
fechou a porta apagou as luzes
de repente surgiu todinha nua
maluquice da minha mulher
tatuar um buda em sua xoxota
MÍNIMO MÁQUINA
uma pessoa que escreve poesia
não é nenhum pouco diferente
de uma costureira de franzidos
de um instalador de antenas
não difere em nada
de um ostreiro de um pirata
que rouba barcos fundeados
na baía de são marcos
não é nada distante
de copeiros de fast-foods
de acionistas de fundos
de investimentos
pelo contrário
um sujeito como os outros
que desliza seus olhos
pelas cidades de si mesmo
uma pessoa que escreve poesia
de maneira alguma é diferente
a não ser por levar humanidades
dentro do seu hábito de caminhar
TERMOS E CONDIÇÕES
A velhice é a crítica da mocidade
José de Ribamar Brito
sempre quis o futuro todos querem o futuro
mesmo com suas ameaças seus mísseis e guerras
açoitado pela rotina não desnorteio o carinho
por quem um dia foi o meu amor
nunca seremos ideais ou seja lá o que for
nem admitiremos que a morte nos espreita
pelos corredores e filas ou no orgasmo
com sua manta pungente cheia de significados
vivo como se o respirar fosse sempre festa
não minto que já passei por momentos difíceis
me preservo ouço a chuva e preparo o espírito
ninguém nunca duvidará do futuro
nem as tais tecnologias serão capazes
de automatizar o que de humano já fomos
tudo se alinha com o que é certo
todos os contratempos são antíteses
ou então deus ainda insiste em estrelas
ninguém é muito diferente das ruas à noite
não existe futuro o que existe é agonia
lamentável que os sinais da existência
sejam reticentes ou maneiras de otimismo
já deixei você antes agora só quero voar
vou sair
procurar alguém para escolher minhas árvores
ouvir boa música ou mesmo sentar em uma pracinha
de um lugar sem ninguém por perto
pessoas passarão por mim
verão meu carimbado rosto
meu livro de cabeceira
a eternidade há muito deixou de estar
em meu cabide de roupas prediletas
sempre se constrói algo quando se tenta acreditar
vivências me fazem lembrar que pouco mudei
não havia cordas pesadas em meu pescoço
beiramos a estupidez ao pensar em inovações
tudo é complexo para parecer que estamos bem
não ria de mim eu também já me apaixonei
talvez reescreva meu destino na tua porta
ou quem sabe me desespere em fugir de ti
PASTO
quando fernando pessoa
ensaiava o livro do desassossego
minha avó debulhava juçara
nos brejos do interior
quando manuel bandeira
modernizava as cinzas das horas
meu avô galopava cavalos
pelas manhãs infinitas
quando jorge luis borges
ilustrava a história universal da infâmia
meu pai ainda caminhava
dentro da voz do meu avô
quando carlos drummond de andrade
apresentava a rosa do povo
o mundo se diluía entre guerras
meu pai carregava água nos ombros
quando pablo neruda
apaixonava com cem sonetos de amor
minha mãe descascava coco babaçu
para ajudar a renda da família
quando bandeira tribuzi
se mostrava em pele e osso
meus pais se encontravam
nos clubes de dança de são luís
quando cecília meireles
despetalava flor de poemas
eu nascia na benedito leite
com muita gritaria
quando luís augusto cassas
concatenava rosebud
eu nos primeiros versos
tomava um espanto
quando hagamenon de jesus
emplacava the problem
minha poesia começava a trilhar
entre as transições do mundo
quando ricardo leão
palpitava em primeira lição de física
meu combustível se expandia
em anticópias de paixão
quando antonio aílton
fulgurava com cerzir
há tempos já acreditava
na desordem das coisas
poesia essa ponte de significados
que trisca os olhos necessários
como se o tempo fosse incrustado
no penso parâmetro do porvir
A ESPOSA
i)
foi necessário perder a costela
para entender toda sua ontologia
mesmo no desfiladeiro não desisti
aprontei as malas retornei ao círculo
nesta turbulência pude entender
os romances de virginia woolf
ii)
apesar dos filhos da casa mobiliada
só restou o que não me desgastava
esqueci de tudo voltei para casa
abrigo de minha mãe um paraíso
não era para ser este destino
vivíamos em rota estrangeira
iii)
estranho ter que cruzar
com a alma em precipício
desconstruir incertezas
apostar o que não podia
desprender das perdas
estender cálidas feridas
iv)
apaguei os rastros
o caos se equilibrou
fui criando apego
pela paz interior
tudo se cadenciou
o amor revigorado
v)
a vida é o entrelaçar
de aparentes dúvidas
não crio mais expectativas
só com o que me satisfaz
meus olhos agora brincam
como sempre quis
INTERVALOS BURLESCOS
1
ele brinca atirando pedras no rio
enquanto o pai se distrai
com uma mossberg 500
caçando patos selvagens
2
a irmã sem o que fazer
ouve imagine dragons
entre gibis baratos
pede proteção a belzebu
3
a mãe com a boca
entupida de cannabis
descarta bitucas
no vaso sanitário
4
o namorado da irmã
bate na janela do quarto
entre uma transa e outra
faz boquetes inesquecíveis
5
o pai chega com o filho
coloca a arma sobre a mesa
bate na porta do quarto
da filha sem dizer nada
6
o namorado não espera
pula do terceiro andar
a mãe morre
de rir com a cena
CISÃO AMÉM!
aos 50 anos de Antonio Aílton
1.
era uma época de beleza de ignorância lamber os seios de uma mulher um feito merecedor de uma chuva de meteoros quando tocava meu pênis detrás daquele jardim luzes inebriantes solapavam os olhos vermelhos dela que se dizia relâmpago entre meus colhões a verdade é que todo aquele tempo vivíamos uma sinfonia de medos não seguíamos mais os beatles e o que se queria ser era só vanguarda ou rebeldia para agradar um bando de gente com suas interrogações doenças bombardeios ônibus espaciais se desintegrando na hora da sessão da tarde mas sobrevivemos a todos os meandros circunscritos nas calças jeans de nossos pais
2.
há muito estive cansado meus cachorros se jogaram de dentro dos meus olhos e escaparam da comida ruim dos fast-foods baratos é certo e não existe coisa mais desagradável que um punhado de caos no final de uma sexta-feira naquela cidade naqueles degraus da matriz de são josé de ribamar vi os olhos de deus caminhando nos cabelos crespos de uma senhora que vendia potes de barro meus pecados talvez não durem mais que o olhar do bêbado dormindo na porta daquela casa em ruínas a fila é grande para os que desistem de amar durante muito tempo desisti de me contentar com um pouco de sexo vinho e discos de pink floyd
3.
às vezes necessito que teus olhos larguem meus destinos nunca disse que amanhãs estão escritos na parede do quarto na incerteza encontraremos nosso refúgio necessário há um calendário de perdas no desnorteado sentimento tudo conspira e sopra a nosso favor mesmo desiludido encontro suas pegadas na minha sala de estar é a hora que me inflamo e beijo tuas mãos como reverência aquela fogueira não alcança mais minhas dúvidas divide meus vazios as coisas mudaram não são mais como sempre imaginei quando menino sentando em um banco de praça na avenida jerônimo de albuquerque conferia carros e admirava estrelas
4.
hoje passam por um menino na calçada profissionais liberais advogados pessoas comuns casais de namorados desviam do inoperante destino mudam os olhares talvez só o apreciem o sol a chuva ou um amontoado de latinhas descartadas os sentidos de todos estão vidrados mesmo é com o aumento dos seios da filhinha do papai são silêncios que nos perseguem que quebram as asas dos anjos se eu permitir você com suas conchas estarei contribuindo para o eterno marasmo que nos persegue uma esquina é sempre um bom lugar para chorar calma que deus até hoje não desabrigou nenhum filho seu por isso esperemos
5.
em horizontal perspectiva se esconde entre a neblina sugando a metafísica sem estralos da porta que o conduz ao precipício o faro de satã faz habitat na planície da noite é mais belo que o compulsivo sexo da amante amo a noite não me ouve às vezes ninguém me espera há uma chance para abrir a porta me sinto no precipício dentro dos meus olhos a vida basta as pessoas nunca se escutam espio o exercício de cada dia na espiral das escolhas todas as manhãs não tomo café meu vizinho ouve baixinho as notícias dos jornais nem mesmo chuva é ritual nesta existência talvez felicidade seja mais que todas essas coisas juntas
6.
ela desce as escadas do corredor risca as paredes sem motivo inventa caos é estupidez o retrato do que poderia ser estepe diário filosofia esperança e minha debandada ela que retrai sorrisos é luta íntima o olhar nervoso as estrelas o piano e as cordas vocais as rinhas os reinados a bússola a poesia e tudo que inverna e supera a maresia a santidade e a descrença é iemanjá a pausa a alegria dos casais por ela que tudo se acalma tudo se destrói com um gesto põe tudo a ganhar ou a perder é o destino a que todos esperam é o amor é a que se adianta porque nenhum inverno a espera nem a jose cuervo ou o cabaço da mocinha tremendo
7.
naquele tempo tudo era muito impreciso nem imaginávamos como seria nossa atualidade quantos filhos só intentávamos em comer um monte de besteiras já passaram tantas tempestades meio século e ainda corremos para a felicidade a vida anda chata demais nem mesmo jogar futebol ou empinar papagaios nos distraem a vida é um acúmulo de cabelos brancos aos poucos vamos brilhando cada vez menos rugas até nas fotos de infância desesperança e angústia nossos companheiros do andar de cima e saber que um dia não mais estaremos por aqui o mal existe deuses e raparigas lindas sorrindo no sofá de um clube de adultos
bioquemesito@gmail.com

Sua técnica de guardar o coração tem algumas semelhanças com o uso atual da meditação.
Os Padres do Deserto, cristãos que se abrigaram nos desertos da Mesopotâmia, Egito, Síria e Palestina, entre os séculos III e VII, viviam como eremitas em cabanas, cavernas, árvores ou mesmo em cima de um pilar de pedra. Eles procuraram por uma vida de solidão, trabalho manual, contemplação e silêncio, com o objetivo de crescer espiritualmente. Convencidos da união íntima entre corpo, alma e espírito, os Padres do Deserto - que também poderíamos dizer que foram os primeiros terapeutas - desenvolveram recomendações para curar as “doenças da alma”. Entre essas recomendações estava a de controlar nossos pensamentos, alcançado graças a um método em particular: proteger o coração. Jean-Guilhem Xerri, um psicanalista e biólogo médico, desenvolveu esta prática , mostrando quão relevante ela é na sociedade atual.
Por que devemos controlar nossos pensamentos?
De acordo com os Padres do Deserto, pensamentos descontrolados são as origens de algumas das doenças da alma. Eles identificaram oito doenças não-psicológicas de origem espiritual, classificadas pelo monge Evagrius como: ganância de qualquer tipo, uma relação patológica com o sexo, uma relação patológica com o dinheiro, tristeza, agressividade, acedia (uma doença da alma expressa pela indiferença tédio, preguiça - precursora da indolência) vaidade e orgulho. Essas oito doenças genéricas têm uma fonte patológica: o narcisismo, que os Padres chamavam de philautia , amor excessivo por si mesmo.
Uma das causas desses pensamentos, que eram considerados preocupantes, era a imaginação. Se uma imaginação é deixada descontrolada, ela evoca visões que às vezes sobrecarregam nossas mentes a ponto de assumir o controle. Com os piores cenários decorrentes de imagens pornográficas, elogios imerecidos ... “A imaginação nos leva a inventar histórias em nossas cabeças que nem sempre são corretas ou pacificadoras”, resume Xerri. Onde está em nosso poder controlá-los: “Se os pensamentos nos incomodam ou não, é algo além do que fazemos. Mas se eles habitam dentro de nós ou não, que eles provocam paixões ou não, é algo que está ao nosso alcance”, escreveu um dos Padres do Deserto, João Damasceno, em seu A Speech Useful for the Soul. Seremos sempre um teatro de sensações e pensamentos: a questão é: o que fazemos com isso? “Diante de tal pensamento”, lembra Xerri, “o homem tem várias possibilidades: consentir ou não, alimentá-lo ou resistir a ele”.
Para esses monges antigos, o objetivo de obter controle de seus pensamentos era alcançar o hesicasmo ; um estado caracterizado por paz, calma, descanso, silêncio e profunda solidão interior; necessário para a contemplação espiritual das coisas e seres, e a compreensão de Deus. Os Padres do Deserto prescreveram muitos métodos para conseguir isso: “guardar o coração”, sobriedade, hospitalidade e praticar meditação.
O que é "Guardando o Coração"?
Guardando o coração, na nepsis grega (vigilância), está atento a tudo que acontece em nosso coração. É um método espiritual que visa libertar o homem de pensamentos ruins ou passionais. Convida-nos a observar os pensamentos que penetram nossa alma e a discernir entre o bem e o mal. Evagrius disse: “Cuide-se, seja o guardião do seu coração e não deixe nenhum pensamento entrar sem questioná-lo.” Como Xerri aponta: “Os mais velhos notaram que os pensamentos sagrados levavam a um estado de paz, os outros a um estado conturbado. ”
O meio indispensável de guardar o coração é prestar muita atenção aos pensamentos e discernir entre aqueles que são bons e curadores, e aqueles que são uma fonte de distração ou obsessão. O objetivo é ganhar a liberdade e alcançar a indiferença, a capacidade de não ser dominado pelos nossos pensamentos.
Estava guardando o coração o antepassado da mediação?
Hoje, as ciências cognitivas estão de acordo com o diagnóstico estabelecido pelos Padres do Deserto a respeito das doenças da alma, que estão crescendo rapidamente hoje, junto com as terapias que já haviam recomendado há quase 2000 anos. É reconhecido que hoje todos nós estamos sofrendo de incontáveis e contínuas demandas sem nossa atenção, e que essa tendência perturba nossa interioridade. Xerri enumera uma variedade de áreas nas quais somos muito estimulados, especialmente graças aos meios digitais: comida, bens materiais, sexo, lazer, auto-imagem, superficialidade, crítica…
Permanentemente em demanda e precisando estar disponível imediatamente, temos em média entre três ou quatro decisões a serem tomadas a cada segundo, de acordo com Xerri. Portanto, é fantasioso esperar ser capaz de controlar voluntariamente nossas decisões em toda a consciência, é simplesmente impossível. "Somos vítimas de um verdadeiro atraso em nossas habilidades de atenção", lamenta Xerri, "mas nossa atenção determina nossa relação com o mundo".
A tradição patrística e as neurociências concordam: retomar o controle de nossa atenção é um desafio fundamental para nossa saúde mental. Os Padres do Deserto recomendaram guardar o coração; a moda hoje é meditação consciente. Ambas as terapias praticam a observação do que está acontecendo ao nosso redor. A meditação, no sentido contemporâneo e não religioso, significa abrir-se à experiência presente, com atenção ao que estamos passando. Como guardar o coração, nos convida a mudar nosso modo de ser no mundo e a torná-lo um hábito a prestar atenção aos nossos pensamentos que se infiltram em nossa alma.
Uma pequena oração para ajudar a proteger seu coração
Em sua tentativa de encontrar o hesicasmo , os Padres do Deserto freqüentemente esvaziavam suas mentes e recitavam a muito simples Oração do Coração, ou Oração de Jesus . Então, se você quiser uma pequena ajuda de nossos antepassados ortodoxos para poder controlar os pensamentos que atravessam nossas mentes, tente encontrar tempo na manhã para dizer esta oração antes que as exigências do dia realmente entrem em ação: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha misericórdia de mim, um pecador. ”(Embora“ pecador ”tenha sido adicionado ao longo dos anos.)
Traduzido do francês por Cerith Gardiner.
Você às vezes perde tudo,
Tudo aquilo que nunca foi seu,
Foi um engano absurdo,
São providências de um Deus.
O mal não prevalecerá,
O bem é uma dádiva predominante,
Engrandece um coração disposto a lutar,
Lutar contra essa força delirante.
Um sonho viaja em meu coração,
De um dia tudo ser diferente,
Planejar uma grande restauração,
Abandonar a dúvida e ser coerente.
O amor é todo seu,
Você dar a quem quiser,
A luz desses olhos teus,
Enaltece o valor dessa mulher.
O amor é dedicação e doação,
De um tempo que lhe pertence,
No final teremos a real noção,
Desse filme de suspense.
O amor é uma caixa de surpresa,
Coisas novas irão surgir a cada momento,
O coração é uma grande represa,
Que armazena todo tipo de sentimento.
Alegrias e sorrisos,
Ódio e rancor,
Senso crítico e juízo,
Amor ou dor.
Lourival Alves
Contra a bomba, metrónomo monótono,
Contra o megalómano que me trauteia
Contra a destruição de qualquer ideia.
Contra a pressão que leva à depressão.
Contra Hiroshima, contra Nagasaki
Tanta beleza não podia recuar perante
Uma bombazina, ragazina de destroyer of worlds,
Worlds are not destroyed by littlenesses
It seems more likely that radiation is bringing caresses
Contra come and see, Alain Resnais, contra Hiroshima mon amour ser tão bom,
Contra ela ter falecido e eu alheio,
Como encantado e fascinado com as meninas mortas de uma colagem de fotos antigas…
Contra as V1, Messerschmitt e Stucka sobre London,
Ò loved imperial city,
Contra a ocupação dos Nórdicos.
Contra os B 29, contra Köln, Stuttgart e Hamburg
Contra o vilipendiado Reichstag, Brandenburg e a arte ofendida
Contra a ocupação de França contra a zanga dos vizinhos
Contra o cerco mudo de Vienna
Contra o rapar do cabelo das mulheres livres de Paris e de toda a França.
Contra ser contra o amor que não conhece fronteiras
Contra a violação e violência sobre todas as Alemãs
Contra o purgante da Wehrmacht na entrada em Berlim
Contra Buchenwald, Dachau e Auschwitz
Contra o cerco da Judiaria de Praga,
Contra Joseph Stalin nos seus assassinatos e Gulags
Contra a frente Russa dos dois lados culpados.
Contra Dien Bien Puh e a França também
Contra Hanoi, contra o Napalm
Contra o desfolhante,
Contra o gás mostarda reeditado,
Conta o neuro agente VX
Contra os Estados Unidos e o Viet Nam
Contra a Guilhotina e os decepados e a morte dos Romanov
Contra a PiDE e otras polícias políticas
Contra a guerra civil Espanhola e seu símbolo Guernica
Contra cortarem as mãos dos cirurgiões pelos republicanos
Contra fuzilarem tantos padres, alguns, não podiam ser todos maus...
Contra todos os abusos e contra abusos, guerras e guerrilhas,
Contra as Ditaduras Argentina e Chilena e o totalitarismo Brasileiro
Contra as barbárie da América Central
Contra todas as minas terrestres plantadas na mãe África,
Contra os assassinos de quem teve um sonho
Martin Luther King e John Fitzgerald Kennedy,
Contra a orelha de Van Gogh,
Contra a demagogia caída sobre Jackie Kennedy Onassis
Contra o FDR não ter lido mais discursos da mulher,
Contra o Scott Fitzgerald ter mimado a Zelda
Contra o machismo do Hemingway
Contra os críticos, quando abusam do poder,
Contra a falta de Henry Millers e Barra não levar La Sodomite além...
Contra a intervenção da Nato, USA com tato, na ex Jugoslávia
Contra os submarinos nucleares e as ogivas múltiplas
Contra os B2B Bombers e americanos com fome.
Contra o Idi Amin Dada
A favor de comer os inimigos,
Mas não por princípio, só quando o ódio nos cegue e afaste da banal culinária...
Contra os coronéis da Argélia,
Contra a dominação da Síria
Contra a intervenção no Panamá
Contra o MI-6, Quai d'Orsay, Mossad, GRU etc
Contra a infiltração nas Filipinas
Contra a Invasão de Timor Leste
Contra as guerras do ópio
Contra Mao Tse Tung e Chiang Kai-Shek
Contra o Lesotho isolado do mar,
Contra a guerra do Kuwait e todas as ladroagens
Contra o lado mau do plano Marshall
Contra os smart bombardment,
Contra o ISIS
Contra a Artificial Intelligence no DOD
Contra a execução de Sadam Hussein no Natal
Contra a pena de morte no Sul ou no Norte.
Contra este eterno sistema que não vale a pena.
Contra a guerra do Afeganistão,
Contra a guerra Irão - Iraque
Contra os Ingleses imperialistas quando saiam dos clubes,
Contra a morte do Trotsky e do Che guevara,
Contra o Jack Kerouac e danos que causou
Contra o Maquiavel e o Sun Tsu
Contra as querelas das cruzadas
Contra as heterodoxias e seitas de todos os tempos e lugares
Contra o que os homens fizeram às mulheres em nome de Deus, da moral dos filhos ou por mero capricho
Contra a inquisição a Reforma e a Contra Reforma
Contra a castração de Pierre d'Abelans e todas as outras.
Contra as terríveis práticas na contraparte feminina, morram seus autores…
Contra as antigas práticas de partir os pés das meninas chinesas.
Contra arrancarem as solas dos pés e a língua para não blasfemar.
Contra o Doutor Angélico que me irrita
Contra a invasão do Iraque de um achaque.
Contra as perdas das torres gémeas.
Contra todos os mortos de guerra,
Exceptuando os Berserkers, que gostariam disso.
Contra a tirania dos Kahns na China
Contra a tortura pelos chineses na China,
Contra o código do Samurai e o admirável período Kendo
Conta os Ronin terem de viver assim
Contra a España ter usado Portugal sem pagar compensações suficientes
Contra España, contra Cortez, contra Pizarro.
Contra todos em Trafalgar, e sobretudo a presença da armada portuguesa
Contra a forma como trataram o Rommel.
Contra o afundamento do Bismark.
Contra a explosão do Arizona.
Contra a morte do Moritz Schlick.
Contra a KristalNacht.
Contra as piores batalhas do Iraque
Contra os 48 países que se vergaram ao American Empire
Contra o tráfico dos opioides dos países ocupados
Contra a monetization de serviços essenciais.
Contra o preço absurdo dos sapatos como Manolo Blahnik, Louboutin whatever
Contra o preço da Informática, inflacionado pela política da Apple
Contra os preços da Apple
Contra os Cartéis serem novas fachadas para operações especiais financiadas,
como foi o coronel no Panamá
Contra a ideia de que desenvolver Cuba no modelo da América é bom.
Contra a teoria cosmológica Standart
Contra a teoria das cordas
Contra todos os ataque e danos a Gaia, O planeta...
Contra o existencialismo francês ter um casal tão bonito que quase nos convenceram que toda a sua argumentação era pertinente.
Contra Maurice Merleau-Ponty por certos pontos dos quais já não lembro.
Contra a mania do Poetic Genius do William Blake
Contra as críticas exageradas de Lollita do Nabokov
Contra os adoradores do Franz Kafka
Contra a extensão das obras de Gustav Mahler.
Contra a hipocrisia da vil metal no rap moderno.
Contra o YouTube estar a migrar contra a Google a limitar o free Android Market.
Contra a desigualdade em todo o planeta a aumentar,
Contra o nepotismo e outros ismos. Sismos. Contra sismos. Bad vibes.
Contra a psicanálise ter hora de tic tac
Contra o Alibaba, o Baidu e o wechat
Contra as patentes na gaveta e toda essa treta
Contra la danse macabre,
Contra o nome do compositor cuja pronúncia é equívoca.
Contra Beth Hart usar o passado de toxicodependencia para se promover.
Contra a perseguição de Julián Assange
Contra os exageros teatrais do #metoo
#metoo e não faço teatro.
Contra as vocalistas que eu penso serem femmes fatales, soft as baby skin, very nice educated ladies, like Lady Gaga, Bebe Rexha, Maria Brink, Rihanna, Mon Laferte, Ariana Grande, Cardi B. etc. (still nice, against not being fatal as black panthers or white tigers…)
Contra todas as atrizes maravilhosas que deixam embotar o seu talento.
Contra o libertarianism of Robert Nozick, it's somewhat fishy...
Contra a mania de fungar do Slavoj Zïzek que parece acabar de cheirar cocaína, não me interessa o que ele faça, para de fungar. Rinite alérgica? Conta outra.
Contra a expulsão de quem revelou as listas da NSA e punição de Eduard Snowden
Contra o Great cyberbully named NSA-CIA-HomeSecurity-DARPA-DOD e todos os motherfuckers
Contra a Rússia na parte em vai além do tit for tat. Hail Russia.
Contra a militarização do espaço.
Contra A China nas suas pretensões imperialistas.
Contra o trabalho escravo na Austrália e Sudeste Asiático.
Contra o hiper sensível exterior da impiedosa mente nipónica.
Contra a complacência da União Europeia relativamente a permitir o Brexit
Contra a decisão do UK de enlouquecer e votar o referendo
Contra o idiota do Bolsonaro pelo mal que faz no Brasil.
Contra a decadência e totalitarismo do Império Americano.
Contra o reinado de Silicon Valley prestes a acabar. HAIL.
Contra Nasdak, Dow Jones, Nikkei, Futse, cac, dax etc
Contra o tráfico de mulheres crianças e trabalhadores
Que nem acredito que ainda exista, cabrões, até na Austrália, vão pagar.
Contra o Bitcoin, proof of Work, and its energy unsustainability.
Contra eu ser contra o Imperador Tiberius atirar escravos da escarpa em Capri,
Contra queimarem as mulheres que exerciam medicina natural,
E contra queimarem as bruxas se as encontrassem, o que raramente aconteceu
Contra a Letra Escarlate,
Contra a Burka, que não me agrada pessoalmente
Contra os que são contra os versos satânicos e os abusos tidos contra o Islão
Contra haver tanta vodka em São Petersburg e eu não a poder beber.
Contra eu estar cansado de estar contra sem saber de que sou a favor.
Seven nation army, give me your power,
All of me and all of you,
We are against so many things,
Beginning by those who look at us without a smile on their faces…
Escritas.org