A delicadeza das plantas que florescem
encanta viajantes, abelhas e apaixonados;
além de encantar, é capaz de esmorecer
a força bruta das pedras, estas que erguem
castelos e cidades, mas estão vulneráveis
ao trabalho paciente das plantas.
A força bruta das pedras é sinônimo
de fortaleza e de quem se sustenta
pela força em si, mas também é sinônimo
de alicerce firme. A delicadeza
das plantas que florescem é sinônimo
de fragilidade, todavia de resiliência,
para aqueles que se apegam
ao contexto da paisagem.
Aos olhos dos mais observadores, elas
se completam, pois a delicadeza
das plantas que florescem só se forma
sobre a força bruta das pedras,
e esta não se sustenta frente
ao trabalho delicado das plantas.
Ambas se unem para formar
a paisagem como um todo, que contempla
a rusticidade e a leveza,
os tons marrons e cinza e a paleta
roxa-amarelada, como num quadro
que a artista compõe.
Porém, a obra está completa
quando a própria artista compõe
a paisagem junto à delicadeza
das plantas que florescem
e à força bruta das pedras.
Os tons de pele jambo que se misturam
à paisagem são a pincelada final,
os traços finos de seus olhos
e os riscos que recobrem sua pele
parecem ter sido feitos
com um compasso afinado
aos anseios de quem traçou
aquela imagem.
Kantaris