gersonderodrigues

gersonderodrigues

Escritor, Poeta, Filósofo, Professor e Anarquista brasileiro autor dos livros 'Aforismos de um Niilista' - 'Tragédias & Niilismo' 'Poesias & Maldições' - 'Tragédias & Niilismo'

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Alguns Poemas

Poema – Lúcifer

Poema – Lúcifer

‘’ Enquanto os padres são
executados em praça pública

As freiras dançam
ao lado do diabo

Mas quem de fato
aproveitou a vida?

Os homens pedindo esmola
em frente as igrejas

Ou os padres enforcados
em crucifixos? ‘’

A depressão
que se alastra pelo meu corpo
faz de mim um santo

Preso em um paraíso
no qual todos os deuses
estão mortos

Enquanto eu me afogo
em sonhos
dos quais nunca irei realizar

Eu deveria dizer adeus
e com os pés descalços
e cheios de feridas

Caminhar sobre cacos de vidro
em busca do homem
que eu fui um dia

Eu deveria buscar
em cada um dos meus passos
sentido para esta depravação
que chamamos de vida

Mas o que seriam os sentidos?

Senão os motivos
pelos quais
não nos suicidamos;

Deveríamos aproveitar
cada segundo de nossas vidas


Transformando os dias
que sucedem o amanhã
em feriados que vangloriam
nosso próprio nome

Então rasguem suas bíblias
e transformem suas catedrais
em templos de orgia

Doem suas fortunas
aos pobres

Purifiquem suas almas
cometendo pecados
em seu próprio nome

Resgatem a criança que vive
em seu interior
e brinquem com o Diabo

Mas jamais
permitam que te apontem
os dedos sujos
e zombem da sua dor

Quando duvidarem
das suas angustias
mostrem a eles os seus
pulsos cheios de sangue

Se disserem que
somente o amor dos deuses
podem salvá-los

Mostrem a eles
sua coroa de espinhos

Louvores e bênçãos
serão rogadas em seu nome

Mas só vão compreender
suas dores

Quando encontrarem
seus corpos podres
dependurados na parte
mais elevado do seu quarto

Ah...
Os nossos quartos...


Somente estas paredes frias
conhecem nossas dores

Então até que a morte
grite mais alto
do que a vida

Dançarei ao lado
das freiras
canções antigas
compostas pelo Diabo

E em hipótese alguma
deixarei que zombem
da minha dor

Pois eu sou o homem
pedindo esmola
em frente as suas igrejas...
- Gerson De Rodrigues



Poema – Orgias & Traições

Poema – Orgias & Traições

Foram três horas de orgia
E alguns copos de Whisky

Antes de eu colocar aquela maldita
Corda no meu pescoço

Sua buceta menstruada misturada com o seu gozo
Escorriam pela minha boca

Você me ligava o tempo inteiro
Conseguia ver o seu numero na tela do celular

E se eu tivesse atendido?
Deveria dizer que estava fodendo com a minha melhor amiga?
Que o nosso amor acabou no terceiro ou quarto copo de Whisky?

Não...
Eu não poderia te atender naquele momento

Quando você dilacerou o meu coração
O mastigou e cuspiu na minha cara

Eu não te liguei
Não disse uma única palavra

Fui embora as quatro e vinte e cinco da madrugada
Estava chovendo
O cabelo no meu rosto e a chuva escondiam as minhas lágrimas

Algumas horas depois você me enviou uma mensagem
Pedindo perdão
Perdão? Como eu poderia te perdoar?

Você era a minha Deusa
A minha musa inspiradora

Eu havia te dado o mundo
E em troca você matou a nossa filha
Ainda no seu útero

Eu te perdoei por isso (...)
Assumi a culpa e a responsabilidade pelos seus vícios

Meses depois você me apunhalou pelas costas
Agora que estou sangrando em meio a chuva
Você me liga pedindo perdão?

Não (...)
Não posso te perdoar


Porque hoje eu fodi com aquela garota ruiva
Que você tinha ciúmes

O Perdão é um conceito cristão
Mas você me conhece

Eu e cristo nunca nos demos muito bem
Já o Diabo? Ele sempre foi o meu melhor amigo

O Nosso amor sempre foi um caos não é mesmo?
Talvez por isso nos completávamos tanto

Seus vícios, minha rebeldia
Nosso tesão insaciável

Hoje a sua mãe me ligou
Dizendo que você foi internada
Cocaína (...)

Eu poderia te salvar sabe?
Te tirar de lá
Te abraçar e dizer que vai ficar tudo bem

Mas não vai (...)
Sabemos que não vai

Posso te contar um segredo?
A morte da nossa filha não foi sua culpa
Tampouco minha

Éramos jovens e imaturos
E hoje somos velhos e machucados demais
Para tentar novamente

Com todos esses traumas
O que nos resta?

A não ser aquela velha corda
Que juramos nunca mais utilizar...

Mas você me conhece (...)
Eu sempre tive uma atração pelo suicídio.

- Gerson De Rodrigues


Poema – Inevitável anoitecer

Poema – Inevitável anoitecer

Foi um beijo seco
E um abraço frio
Ambos sabíamos que eram os últimos

Ela se virou para ir embora
Senti o seu cheiro pela ultima vez

Eram como rosas e lírios em um jardim agridoce
Aonde os anjos cantam e dançam

Voltei para casa as dezoito horas e vinte cinco minutos
(Meu cachorro pulando de alegria)
Me recebeu com o seu amor inocente e focinhos gelados

O peguei no colo como de costume enquanto
Ele se debatia em felicidade e euforia

Talvez eu devesse me despedir
Abraça-lo com mais força?
Dizer algumas palavras...

Abro a dispensa da cozinha
Pego um saco de ração de alguns quilos
Despejo por toda a cozinha

Talvez essa ração sirva para alimenta-lo
Por alguns dias, talvez semanas ou meses

- Quanto tempo vai demorar
Até me encontrarem?

Bom, isso já não importa mais
Está decidido

Entro no meu quarto
E tranco a porta

Abro as janelas
Ah... Estas janelas

Quantas vezes com alguns cigarros
E alguns copos de Whisky
Não afogamos nossas mágoas juntos?

Olhando as luzes desta selva de pedra
Admirando a liberdade dos pássaros
Flertando com a melancolia da noite (...)

Abro a terceira gaveta da cômoda
Aonde guardo uma corda velha
Desde os meus dezesseis anos

Coloco-a na parte mais elevada do quarto
A posiciono perfeitamente no meu pescoço

Não deixarei cartas
Menções ou honrarias
Tudo que eu gostaria de dizer
Disse em Poesias

Com lágrimas nos meus olhos
E um sorriso bobo estampado no rosto
Dou meu primeiro passo em direção ao abismo

Dependurado como judas em
Um apartamento vazio
A minha alma chora em agonia

Algumas horas depois a minha esposa
Chega no apartamento
Após várias ligações não atendidas

Em desespero e chorando como uma criança
Ela encontra o meu corpo estirado no chão
(Devido ao meu peso, após o suicídio a corda estourou)

- Gerson!
- Gerson!
(Ela gritava desesperadamente)

- Fala comigo pelo amor de Deus

Deus não podia ouvi-la
Mas o Diabo...
Ele sempre esteve ali ao meu lado

Os uivos de melancolia do meu cachorro
Os gritos de desespero da minha amada

Oh Deus...
O que é que eu fiz?

- Gerson De Rodrigues

Poema – Memórias póstumas

Poema – Memórias póstumas

Quando eu disser
que me cansei de todas as coisas
não tentem me salvar

Deixem-me cortar os meus punhos
e sangrar até a luz do meio dia

Quando perceberem
que já estou morto

Transformem este dia
em um feriado santo

Batizem os seus filhos
em meu sangue

Exibam o meu corpo
em um altar de glória e poder

Profiram mentiras em meu nome
lembrem-se de memórias das quais
eu nunca vivi

E tampouco
gostaria de tê-las vivido

Coloquem flores
sobre o meu tumulo

Gritem por todos os cantos
o quanto sentem a minha falta

Digam
‘’Amo-te mais do que todas
as coisas’’

Enquanto olham as minhas velhas
fotografias de momentos dos quais
poderiam ter me dito tais palavras doces

Sim! Ascendam velas
em meu nome

Digam aos meus parentes e amigos
que sentem a minha falta

Mas por favor
esqueçam das vezes
das quais eu estava ao seu lado

Esqueçam de uma vez por todas
todos os passos frios que dei por
estas ruas vazias e cheias de ódio

Não lembrem-se das minhas
unhas arranhando estas paredes sujas
enquanto clamava por ajuda

Fechem os olhos e tampem os ouvidos
tal como fizeram das vezes
que supliquei em lágrimas

Lembrem-se das poucas
vezes em que eu fui capaz de sorrir

Ah (...)
quando eu caminhar
em direção aos vales distantes

Não culparei nenhum de vocês
por não compreenderem os meus demônios

Apenas deixarei que lembrem-se
das vezes que os transformei em canções poéticas
para os seus ouvidos surdos!

Não se preocupem com as lágrimas
ou com as dores do meu ato final

Continuem rezando
para os seus deuses de mentira

Vivendo suas vidas vazias
e cheias de fortuna

Continuem!
suplico que continuem!
em suas guerras ideológicas

Esqueçam aqueles que como eu
morreram abraçando suas próprias pernas

Esqueçam-me de uma vez por todas
enquanto lembram-se
do homem que eu nunca fui...

- Gerson De Rodrigues

Poema – Depressão

Poema – Depressão

Estive ao seu lado em suas
noites de insônia

E quando você se sentiu sozinho
e clamou aos deuses
quem atendeu suas preces fui eu

Caminhei ao seu lado
durante noites infernais

Mas ao contrário da sua sombra
eu não te abandonei na escuridão

Roubei a sua alma
e conquistei a sua fé

Sou o seu novo Deus
você queira ou não

Fiz ateus dobrarem os joelhos
e cristãos clamarem pelo diabo

Dancei na frente de judas
quando ele se arrependeu
pelos seus pecados

Tomei o sangue dos seus pulsos
quando você o dilacerou pela
última vez

Eu sou o monstro que
te impede de viver

A voz presa em sua garganta
querendo fugir desta prisão

A timidez rasgando suas vísceras
quando olhos de julgamento
te encaram em publico

Eu sou a insegurança
que faz você odiar o seu corpo

Transformo os seus sonhos
em pesadelos terríveis
que fariam de mim
o seu melhor amigo

Eu sou a corda
esmagando o seu pescoço
enquanto você se debate em agonia

Eu sou os olhares de pena
quando colocarem em você
camisas de força

O seu único companheiro
quando os remédios
não fizerem efeito

Te contarei piadas infames
que transformarão suas risadas
em gritos de dor

E quando tentarem falar de mim
para alguém

Farei da sua insegurança
um ninho de incertezas
até que a morte seja sua única amiga

Você irá implorar para que
eu te deixe em paz

Gritará pelas ruas para que
tirem a sua vida
como um ato de misericórdia

Farei com que todos aqueles
que te amam
se afastem e o deixem no limbo

E quando na mais negra escuridão
você se encontrar
tirarei também as suas esperanças

Pelas asas podres
de Ba‘al
o rei das moscas e das pestilências

Direi o meu nome em segredo...

Eu sou aquele
diante do espelho!
- Gerson De Rodrigues






Poema - Samael

Poema - Samael

Certa vez um arcanjo
que havia sido expulso do paraíso
isolou-se em um profundo abismo
a escrever Poesias

A sua solidão
era como a morte de um buraco negro
primeiro extinguia-se toda a luz que existia em seus olhos
depois suicidava-se
na mais terrível escuridão

Nas auroras do tempo
uma jovem humana
tão bela quanto as canções angelicais

Mas tão triste
quanto ao suicídio de uma criança órfã

Se aproximou do solitário arcanjo
oferecendo a ele todo o seu amor

Durante dois dias
e duas noites

Amaram-se tão completamente
que as estrelas do universo
voltaram a brilhar

Não demorou muito
para que a escuridão voltasse a assombrar os seus corações
pois quando você passa muito tempo no abismo
a sua alma morre a cada segundo

Suas asas tornaram-se negras
e a escuridão em seu peito
afastou a única humana
capaz de amá-lo

Recluso no abismo
afogando-se em miséria
aceitou a solidão como a sua única companhia

Ela nunca foi capaz de deixa-lo
suas poesias conversavam com as suas lágrimas

E a distância em seus corações
os separavam de um amor impossível

A dor se transformou em angustia
e a tristeza em uma terrível tragédia

Ela se envenenou com as suas poesias
e ele a segurou em seus braços pela ultima vez

Existem muitas formas de morrer
mas nenhuma delas causa tanto sofrimento
quanto ao suicídio de um amor sincero
nos corações gélidos de uma alma decadente

A Culpa fez o arcanjo ir a loucura
batendo as suas asas ele viajou até o paraíso
e com as suas próprias mãos
matou todos os deuses

Caminhando descalço sobre o sangue
sagrado de cristo
enforcou com as tripas dos deuses
todos os homens

Espalhando a sua dor pelo mundo
ele se enforcou sobre o túmulo da sua amada...

- Gerson De Rodrigues

Poema - Insônia

São três horas da manhã
e eu não consigo dormir

Encaro o vazio
com a mesma paixão que judas
encarou a crucificação de cristo

Mudo
completamente mudo!

Nos devaneios de um inquietante silencio
a minha mente flerta com ideias suicidas
que se reveladas
trariam mais miséria ao mundo

Nas auroras dos meus pensamentos
o universo se curva sobre a minha vontade
e a minha mente não se cala nem por um segundo

Por fora sou um homem apático
frio como se nunca pensasse em nada
calado como um homem mudo que vendeu sua alma ao diabo

Eu me levanto e vou até o banheiro
encaro no espelho a figura de um homem morto

O que é a morte para quem nunca viveu?

Naquele quarto sozinho
eu sou deus
sobre um reino de baratas e desprezo

Das minhas janelas eu escuto os pássaros cantarem
mas é impossível
a última vez que eu olhei o relógio
eram três horas da manhã

Abro as janelas assustado
e vejo uma rua repleta de gente
pessoas dos mais diversos tipos

O barulho das correntes em seus pés me deixam louco
não adianta gritar para avisá-los
eles não podem vê-las
tampouco escuta-las

Passei a madrugada inteira pensando
e não vi a hora passar
eu deveria estar surpreso
mas isso acontece todos os dias

Fecho a janela para não escutar as correntes
ou os gritos dos deuses a clamarem pelo meu nome

Eu moro sozinho
desligo o telefone para não me procurarem

Volto para cama
aonde eu afogo todos os meus sentimentos
compartilhando com o nada as minhas dores

E sem que eu perceba
adoeço todos os dias
com a maldição de viver

Eu deveria ligar para os meus pais
e dizer que está tudo bem
mas eles morreram quando eu tinha dezesseis
e desde então estou sozinho no mundo

Todos os meus amigos se afastaram de mim
mas não posso culpa-los
quem seria amigo de um homem insano?

Penso todos os dias em suicídio
a primeira vez que eu pensei eu tinha doze

Levanto da cama e amarro um lençol
na parte mais alta do quarto

E encaro a mim mesmo
dependurado com os meus pés
tentando tocar o chão
mas já era tarde demais para rezar
o diabo havia tocado a minha alma

São três horas da manhã
e eu não consigo dormir...

- Gerson De Rodrigues
Gerson De Rodrigues
Data de nascimento: 18. Agosto 1995
Poeta, Escritor, Filósofo e Anarquista brasileiro

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