José João Murtinheira Branco

1954-01-27 Vila Franca de Xira
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Alguns Poemas

POETISA DOS SES.......


Conforme prometido aqui te escrevo de uma forma espontânea, passando para o papel alguns dos pensamentos com muitos ses… que traça na sua gene as angústias e vicissitudes da vida e um poema de saudade. 

Minha boa amiga, nos ses… do pensamento dançam sentimentos numa espiral de levitação, ses… de interrogação vagueiam selados em fel perjuro trajados no negro da incerteza. Tontos e obscuros não conseguem ver, tapam e escondem o pavio dessa luz clara que mergulha na curiosidade e ilumina a razão que perpetua a interrogação e segue na leveza de cada ser. Ses… geminados no ciúme cuja sombra cai sobre a tua existência, há-te ceder à luz. Os ses… nascentes de tanta lágrima, chegarão a abrir o abismo de um pecado mortal, que nenhuma ponte do arrependimento, nenhuma mortificação pode eliminar. Renascem e apagam-se até que um dia cessarão de oprimir esse coração frágil. 

Ses… que dão sal ao teu mar de lágrimas, quando a morte e o destino privaram-te ainda de alguma juventude e dita será nos braços da beleza bafejada pelas musas, que o teu coração reencontrará então uma nova vida, sarado nas lágrimas do velho poema de rua, cheio de eloquência e eruditismo fazendo jus à harmonia popular levita no seu percurso a equanimidade de uma sinfonia de sons crescentes cavos e profundos, de um trecho jucundo, que a sós me faz sonhar. Poema que sinto nascer como uma falácia gerada pela minha falta de atenção, por julgar que os teus ses… frágeis e banais, por não conseguir ver para além da minha parca existência. Por tudo o que não vi, ou simplesmente me alheei e não quis ver, entoa no meu peito o sentimento da falta, como o poema de remorso que expressa esse estado de alma, lido e relido de uma forma límpida por entre os sons daquela velha música de Ravel, que tanto gostavas. 

Falo comigo mesmo e cumulativamente contigo velha amiga, companheira de tertúlias. Conforme prometi, hoje nesta data escrevo, simplesmente escrevo. Nasci profano e profano irei morrer, não tenho sagas para cumprir nem demandas impostas por qualquer ordem. O tempo é meu e o caminho da minha alma no teu conceito será puro ou impuro conforme os meus desejos e pensamentos cuja alternativa da escolha da vontade, marca com um sinete, um cunho, uma luta sem trégua no aperfeiçoamento do meu carácter. Mas sou profano e apenas um homem. Um homem grato que diz, obrigado amiga por teres compartilhado bons momentos da tua vida. Obrigado, por me despertares para outros ensinamentos e outra visão do mundo. Obrigado, simplesmente obrigado, por teres sido uma boa amiga. 

Como uma fénix renascida das cinzas solto o pensamento, despertando a razão do sentido exorcizado na força do poema que te escrevo, como se fosse tu que escreverias e declamo esses versos numa voz de ênfase, desejo e ensejo por romper a monotonia latente que vive em cada um de nós, por escorar sem austerismo declinando o turvejar do erro torpe de felonia! Evoluído no saber, no compreender e na tua intrínseca capacidade de perdoar, onde o esquecer é mais versátil e dá corpo a uma causa justa, encontrando no querer, o caminho sem pausa e a arte de percorrer lançando ao vento a força do pensamento e o saber dos poetas mortos. 

Sim, o saber desses poetas que vaguearam pelas ruas, pelas vielas sem nome, esses filhos de mil portos e de caravelas sem asa que vogaram por mares sem estrelas, que calaram a fome no engenho e a arte na criatividade, sugando do corpo a saliva rasa em penas de tinta que escreveram palavras cruas, apenas palavras comprometidas, verdades nuas, palavras sem revolta nem dó, sem mágoas, sem ida nem volta, apenas e só, palavras. 

Estejas onde estiveres e mesmo que o teu tempo não tenha horas, segue o teu processo de alma em evolução, procura a simplicidade dos temas em vida dos pensadores e a sensibilidade daqueles que mesmo solitários foram diferentes! Camões, Cervantes, Florbela, Pessoa, maiores que os demais! Tiveram sede de infinito e suas almas num só grito, livres sem prisão, foram mais alto, mais alto, tendo por companheira a fiel solidão, em doces vagas de experiência de reflexões e sapiência, voaram mais alto! Por entre códigos doutrinais e mitos ancestrais, também os seus ses… colocados foram chorados, desnudados do seu arcano impérvio e decantados na herança de um pensamento de mudança, gerando estas frases legado de um coração de amizade que sente a tua falta e partilha de forma escrita estas linhas num manifesto de saudade de alguém ausente, mas eternamente presente.  
Paz à tua alma. 
  
POEMA SES…….. 
  
Poetisa que colocas ses… No teu poema 

Outro amor deu alento á minha vida 

Outro sonho me encheu o coração 

Retalhas a dor com a tinta da tua pena 

Por parcas palavras em promessa diluída 

Por ses.. Semânticos forjados na negação. 

  
Poetisa da tristeza da angústia, da incerteza, 
da dor e do lamento 

Rasuras e amachucas o que escreves, 
porque te rói o sentimento 

Poetisa da contradição, da meia mentira e da falsa verdade 

Dizes um não masoquista, querendo o sim da liberdade 

Poetisa dos ses.. da ilusão, da ansiedade profunda, 
sólida e permanente 

Moras em mim, no escuro beco da saudade, 
ao lado desse amor, que só foi presente , 
nos teus  sonetos e nas telas pintadas de malmequeres 

Desfolhando pétalas de amores no prenúncio da interrogação, 

Na ansia do desejo que consagre o bem-me-queres 

Nem consigo ver, nem saber o que te digo, 
se esse amor existe ou está ausente
 
Se sou apenas dilema que esvoaça nas frases do poema 
num ósculo esbatido da tua mente. 
  

Poetisa, escritora, artista, contrabandista. 

De mágicos momentos com ses.. de ilusionista. 

Poetisa sedutora, pintora, amante fiel dos ses.. irreais. 

Perdida, vencida, ultrajada, sucumbida por ses.. fatais 

João Murty
José João Murtinheira Branco nasceu em Lagos no ano de 1954. Graduou-se em Direção Hoteleira na Escola do Estoril, tendo concluído a Pós - Graduação em Gestão e Análise de Projetos e a Pós - Graduação em Gestão Integrada pela Universidade Internacional de Lisboa. O lado humano das coisas, a solidariedade e a justiça, levaram a abraçar com coragem e inconformismo, alguns projetos difíceis.

No período de 1993 a 1998, na qualidade de Diretor Geral de Operações, teve intervenção relevante no processo de recuperação e viabilidade do Grupo Torralta – CIF, que veio a ser adquirido pelo Grupo SONAE.

Ao longo da sua atividade profissional integrou o concelho fiscal de várias empresas e exerceu cargos de direção e administração em hotéis e grupos turísticos-hoteleiros. Cumulativamente esteve ligado á área do ensino e formação tendo lecionado no CFA – Pontinha, a disciplina de Planeamento e Controlo. Na área da consultadoria desenvolveu vários trabalhos no âmbito de Estudos, Projetos e Diagnósticos de Investimento e conjuntamente com o prof. Dr. João Carvalho das Neves (prof. Catedrático do ISEG) e com o prof. Dr. Charles Blair (prof. Catedrático da U. Manchester), participou no “Estudo de Desenvolvimento Integrado de Turismo - Ilha Porto Santo.

Em 1997, numa singela manifestação de agradecimento foi agraciado pela Casa do Pessoal do Hospital de Vila Franca de Xira. E, em Março de 2010 foi homenageado pela ADHP (Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal), com o PLACA CARREIRA distinguindo o profissionalismo colocado ao serviço da Indústria Turístico - Hoteleira.

A leitura esteve sempre presente na sua vida Tem como autores de referência Pessoa, Bocage, Florbela, Poe, Quintana, Drummond, Aleixo, Mário de Sá Carneiro.

Gosta de futebol, golfe, mar, e do seu próprio espaço para escrever.

Em relação à vida, entende que é uma caminhada num processo cíclico de evolução. E que tudo é efémero, nada mais prevalece para além da aprendizagem dessa caminhada.

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